Uma semana após o incidente, Lauren já estava completamente recuperada.
Voltara para Miami com a memória intacta e lembrando de absolutamente tudo, uma sensação extremamente boa. Mas alguma coisa dentro dela havia mudado. Estava mais tranquila, mais serena e sem quaisquer resquícios de mágoas.
Sentia-se também mais confiante até mesmo em relação a Camila e embora não tivessem discutido a relação ela não via a hora de reencontrá-la após a festa do halloween, já que ambas passariam em lugares diferentes. E tais sentimentos de completude ela só conseguia atribuir à experiência pós-morte que tivera no hospital.
Os médicos negaram qualquer parada cardíaca que justificasse a experiência de ter se visto fora do corpo, mas ela insistia.
-São alucinações, Lauren. - o médico dissera. - Nós demos fortes medicações para você assim que deu entrada no hospital. Mas é normal você ter essa impressão... Temos diversos relatos de pacientes cujos sintomas foram os mesmos: sensações de flutuação, ilusão fora do corpo, imagens de visitas de entes queridos...
-O senhor quer dizer que eu sonhei? Que não foi real?
-Digamos que tudo o que sentiu foi causado pelas medicações. Nada mais...
-Mas eu vi o senhor no corredor junto com outros médicos discutindo o meu caso, posso até reproduzir o que o senhor disse! Como posso ter visto e ouvido se eu estava entubada?
-Bem... Foi uma mera coincidência. Você sonhou algo que realmente ocorreu.
Malditos céticos, pensou Lauren.
Ao menos agora estava de volta a Miami com a sua família e o melhor: lembrando de tudo.
-Lauren, lembra da sua escola? - perguntou sua mãe ao passarem de carro por ela.
-Lembro, claro.
-E da padaria? Eles pintaram a fachada de verde, olha. - disse seu pai.
-Costumava ser rosa... Mas ficou bonito. - disse Lauren olhando pela janela do carro.
-Muito bem filha! Sua memória voltou mesmo! - Mike vibrou.
-Lauren. - disse seu irmão. - Você lembra o que é isso? - perguntou mostrando seus dedos.
-Sua mão?
-Pronta pra te dar um beliscão! - disse tentando apertar o nariz dela.
-Ai! Pára! - disse Laur rindo e o empurrando.
Sua irmã mais nova, Taylor, suspirava olhando todos:
Ainda bem que minha família está de volta... E unida..., pensou aliviada.
Queria ficar feliz como todos ali, mas não estava. A sua preocupação após todo aquele estresse agora era convencer a sua mãe de aceitar a sua namorada. Taylor sabia que isto era bem difícil, mas teria que tentar.
-Sua melhor amiga? Vocês estão mesmo namorando? - perguntou Clarinda esfregando o rosto nervosa assim que chegaram em casa.
Sentara no sofá do quarto de música escutando atentamente o que Taylor queria lhe dizer desde cedo:
-Sim... Eu queria pedir a senhora, queria perguntar, se a Audrey pode dormir aqui em casa na noite de Halloween.
-Mas ela sempre dormiu aqui. - disse Clarinda.
-Então ela pode? - perguntou Taylor abrindo um sorriso.
-Não. Porque agora vocês namoram e se você nunca pediu permissão antes e agora me pede é porque você sabe a razão de eu não querer.
-Mas mãe!
-Chega Taylor. Não bastasse todas essas preocupações! - disse suspirando nervosa. -Tudo, absolutamente tudo o que passamos nessa turnê, o inferno que foi pra gente, pra mim... Você quer continuar com o meu martírio?
-Qual martírio?! - gritou Taylor chorando. - Eu apenas perguntei se a Audrey poderia dormir aqui! Que mal tem?
-Sabe o que ocorreu com sua irmã e a Camila quando dormiram aqui da última vez? Tá lembrada? Foram parar na internet com um vídeo das duas tendo relações!
-Mas eu não sou famosa! - gritou Taylor soluçando.
-Eu não me importo! - disse Clarinda se levantando. - Não quero a sua amiga, namorada, seja lá o quê aqui, dormindo nesta casa e ponto final! Não me contrarie mais! Vá estudar!
Taylor saiu correndo do quarto e foi se trancar em seu quarto batendo a porta forte.
-Mas o que houve? - perguntou Lauren passando pelo corredor.
-Nada! - gritou Clarinda. - Eu estou cansada! Cansada de vocês todos! Todos me trazendo problemas! Cansei! Cansei!
-Clara! - disse Mike surpreso ao ouvir os gritos. - Por que está gritando?
-Receba esta bomba, pai. Eu vou dar uma saída. Vou na sorveteria. - disse Lauren saindo.
-Ah bomba?! Eu que sou a bomba?! - exclamou Clarinda.
-Lauren. - disse Mike. - Tem certeza que pode dirigir sozinha?
-Tenho pai. Mas vou chamar Taylor pra ir comigo. Não se preocupe.
.....
No caminho para a sorveteria Taylor desabafara com Lauren. Contara sobre os meses de namoro com Audrey, sobre a descoberta de perceber estar apaixonada pela amiga, a resistência em se aceitar lésbica, o primeiro beijo, a primeira noite juntas.
-Ow! - disse Lauren. - Talvez eu não queira saber os detalhes de vocês na cama. - disse rindo. - Poupe-me disso.
-Mas eu não tenho a quem contar! - disse Taylor. - É normal sangrar tanto assim? Eu achei que tinha menstruado.
-Cada mulher tem um corpo diferente e o mesmo se dá ao órgão sexual. Alguns hímens são complacentes. Outros mais frágeis. Algumas mulheres sangram, outras não...
-Mas eu não tive orgasmos nas primeiras vezes.
-Eu também não. É o nervoso... Mas com o tempo relaxamos e a coisa flui melhor. Não se preocupe com isso.
Lauren passou direto pela sorveteria e Taylor achou que ela tivesse se esquecido:
-Lauren? A sorveteria era ali... Sua memória está bem? - perguntou receosa.
-A minha memória está melhor que a sua. - riu. - Nós vamos depois na sorveteria. Agora eu quero fazer duas coisas com você: 1° Você vai me acompanhar numa tatuagem que quero fazer em homenagem a nossa avó Angélica. 2° Nós vamos escolher nossas fantasias do Halloween. Eu e você. E eu já sei qual vai ser a minha.
-Qual? - perguntou Taylor empolgada.
-A rainha dos dragões. Games of thrones!
-Arrrgh. Detesto essa série... É muito chata... Mas ela é lésbica?
-Digamos que eu sou mais... - deu risada.
-Já sei qual fantasia eu irei!
-Qual?
-Xena. A princesa guerreira!
-Puta que pariu... - murmurou Lauren.
-Que foi?
-Super sapatão! - disse gargalhando.

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