História Camren no Brasil - A Vidente

         Lauren P.O.V

         ​- LAUREEEEEN – Dinah me chamou do outro lado da porta e em seguida pude ouvir algumas batidas fortes na madeira. -ALGUÉM ABRE A PORTA!
         Peguei meu celular que estava do lado da cama e olhei para o horário indicado, 09:04.
         Eu sei, não era muito cedo, mas depois de tudo que havia acontecido ontem com a  ̶e̶l̶e̶f̶a̶n̶t̶a̶ presidente eu pretendia acordar não antes das 11 da manhã.
         - CALMA DINAH CARALHO TÔ INDO - Caminhei até a porta ainda sonolenta e a abri com certa força me deparando com Dinah e Normani rindo provavelmente da minha irritação.
         - Espero que vocês tenham um bom motivo para me acordar a essa hora da manhã.
         - Nós temos. - Mani falou sorrindo para Dinah.
         - E qual é esse motivo?- Perguntei.
         - Nós acordamos hoje 08:00 e decidimos dar uma voltinha pela região aproveitando que a rua estava calma... E encontramos isso aqui pendurado em um poste- Disse fazendo um gesto para Dinah me entregar um papel.
         -O que é isso?-Respondi pegando a folha.
         -Leia!
         Olhei para o papel em minha frente e notei imediatamente a foto de uma mulher morena de cabelos cacheados usando um biquíni que cobria seus 20 litros de silicone. Acima da foto, apenas duas palavras em caixa alta e negrito "Mãe Inês”.
         -Oi???- Falei confusa olhando para minhas duas amigas.
         -Termina de ler Lauren!- Dinah respondeu irritada.
         Voltei minha atenção para a folha e analisei o texto que se encontrava abaixo da imagem da misteriosa mulher.
         -Trago a pessoa amada em 7 dias.
         -Tiro o capeta do corpo.
         -Problemas financeiros.
         -Problemas familiares.
         -Problemas com a inimiga
         -Na verdade resolvo qualquer tipo de problema.
          Telefone: (61) 6969-6969

         -Espera...Vocês querem ligar pra uma MÃE DE SANTO???- Falei confusa e indignada com o quão absurdo a ideia parecia.
         -Por que não? O que temos a perder? – Normani falou.
         -A Papai Noel versão fêmea deixou bem claro, não tem como sair do Brasil e ela não vai mudar de ideia de repente.
         -Lauren se a gente não tentar nunca vai conseguir. – Dinah falou colocando a mão em meu ombro.
         -Eu só não acho que a gente tenha que chegar ao ponto de se arriscar ligando para uma desconhecida que DIZ resolver problemas.
         -Amiga, arriscado foi passar a mão na bunda da Camila enquanto tinha gente filmando. E se não bastasse a mão boba você ainda decide tirar férias aqui no Brasil. Não me venha agora com essa de “Ain é arriscado”.
         -Nossa que delicada Dinah.
         -Mas então, vamos ligar ou não? – Normani perguntou
         -Ligar para quem? – Camila apareceu do meu lado.
         -Uma mãe de santo desconhecida que diz poder resolver qualquer problema. – Respondi
         -TIPO UMA FADA???- A garota perguntou animada.
         -É Camila, tipo uma fada.- Normani respondeu.
         -Ok então vamos ligar pra essa tal de Mãe Inês. Vocês já falaram com a Ally a respeito disso? - Perguntei
         -Não, nós a deixamos dormindo.
         -Então vamos lá falar com ela.

         [...]

         Chegando perto do quarto pude perceber um barulho estranho e baixo, parecia ser alguma pessoa gritando ou tentando se comunicar em uma linguagem indígena.
         -Gente vocês estão ouvindo isso? – Dinah perguntou confusa.
         -Será que está vindo de algum quarto?
         À medida que nos aproximamos mais do quarto das farofeiras o som se tornou mais alto e claro.
         -Dinah está vindo do nosso quarto...
         -Ai meu Deus será que a Ally está bem???- Perguntei preocupada.
         Ally você está ai?...- Normani falou abrindo a porta e se deparando com Ally em cima da cama virada para a televisão e segurando uma escova de cabelo como microfone.
         - ...O SANGUE DE JESUS TEM PODÊÊÊÊÊÊÊÊ FAZ O INFERNO ESTREMECÊÊÊÊÊÊÊÊ.
         -Ally??? – Falei confusa e assustada ao mesmo tempo.
         -FAZ O SATANAIS CORRÊÊÊÊÊÊÊ E O MILAGRE ACONTECÊÊÊÊÊÊÊ...
         -MAS QUE ISSO? PARECE QUE TE INVOCANDO UM ESPÍRITO! – Normani disse.
         -Ah, eu não vi vocês ai... Tava assistindo o canal religioso.
         -Eu já estava achando que você tinha sido possuída pelo capeta.
         -ME DEIXA LOUVAR EM PAZ!
         -Ally, a gente tem que falar com você. – Camila falou se aproximando.
         -Ai meu Deus, não me diz que é mais problema.
         -Nós decidimos ligar para uma mãe de santo para tentar resolver esse rolo com a presidenta. – Dinah disse entregando a folha de papel
         Ally pegou o anúncio e examinou por alguns segundos.
         -Eu não vou ligar para essa macumbeira/satanista/ anticristo.
         -Mas ela pode nos ajudar Ally...- Normani falou.
         -Quem ajuda é Jesus, o resto é obra do capeta. Eu tenho certeza que na hora que ela atender o telefone a nossa alma já vai estar na listinha do inferno.
         -Credo Ally, para de ser paranoica.
         -Mani, eu não vou ligar pra ela.
         -O que você tem a perder?
         -Minha comunhão com Cristo.
         -PARA DE FRESCURA NÃO VAI DAR NADA.
         -Ai tá bom... Mas só porque você está insistindo... E se eu sentir uma vibração diferente vindo daquela mulher eu juro que jogo o celular na parede e taco água benta.
         -Ally você tem que parar de jogar água benta em tudo...- Camila falou provavelmente se lembrando da noite anterior.
         -Eu já pedi desculpa ok??? E outra coisa, ninguém mandou deixar a porta destrancada quando...
         -Lauren me empresta seu celular para ligar?- Dinah perguntou cortando o barraco que havia sido formado.
         -Aqui está.
         Entreguei o aparelho e Dinah rapidamente discou o número indicado na folha de papel. Quando o celular começou a chamar um silêncio se fez presente na sala de modo que a única coisa que podia ser ouvida era o “tu” do telefone. Porém o barulho logo foi interrompido pela voz de uma mulher.

         [Ligação ON]
         -Alô Alô, Você sabe quem sou eu?
         -Alô, é a Mãe Inês?
         -Sou eu mesma monamu.
         -Han? O que é monamu?... Calma Ally você nem sabe se é uma palavra satânica... LARGA ESSA ÁGUA BENTA!
         -Nossa que estresse é esse?
         -Desculpa, minha amiga pastora tá tendo um treco.
         -Tudo bem, mas me fale... Qual é o seu nome?
         -Dinah.
         -Me fale Jaina qual é o problema?
         -Então... Eu tenho uma amiga que não sabe controlar a mãozinha e acabou apertando a bunda de outra amiga minha...
         -Ai não vai me dizer que você é daquelas que ligam para tirar o espírito de sapatão do corpo. Olha, eu não faço essas coisas até porque ser sapatão não é nenhum problema e sim uma maneira de viver o amor...
         -Calma mulher deixa eu continuar!
         -Ai desculpa, pode continuar monamu.
         -O problema é que nós somos famosas e os nossos fãs caem em cima quando a gente deixa o nosso espírito de sapatone escapar. Por isso decidimos viajar para o Brasil e deixar tudo se acalmar.
         -Vocês são famosas? Quem são vocês?
         -Fifth Harmony.
         -Ah... É aquela banda de meninas que cantam aquela música ”guivi tumi im uorfit”???
         -Sim... Eu acho...
         -VIADA! Adorei aquele clipe na construção. Tudo cheio de homem bunito, musculoso. Posso falar a verdade? Não vou mentir, ADORO.
         -....?
         -Desculpa me empolguei, pode continuar.
         -Então, quando chegamos ao Brasil pensamos que ninguém iria nos reconhecer, mas o aeroporto praticamente parou com a nossa presença. No dia seguinte tentamos pegar um avião para fora do Brasil, porém fomos barradas por dois seguranças que nos levaram até a presidenta.
         -A presidenta? Por quê?
         -Ela disse que o povo não se animava daquele jeito há muito tempo e que não nos deixaria ir embora, já que isso ajuda a tirar os olhares do povo da política. Agora estamos proibidas de embarcar em qualquer avião.
         -Meu Deus aquela mulher é mais louca que eu pensava.
         -Por isso nós ligamos. A gente PRECISA sair do Brasil.
         -Pode deixar meu amor, eu sou profissional nesse assunto de “Viajar para onde eu não devia estar viajando”.
         -Sério?
         -Claro, aqui é 18 anos de Alemanha.
         -Ai meu Deus isso é ótimo.
         -Podemos marcar uma conversa pessoalmente para eu explicar o plano?
         -Claro, aonde pode ser?
         -Me encontrem na minha tenda, eu passo o endereço por mensagem.
         -Pode ser agora?
         -Pode, se vocês são tão apressadinhas assim...
         -Ótimo.
         -Então até lá. Beijos e um tapa na bunda.
         [Ligação OFF]

         -Então meninas...- Dinah disse virando-se para todas.
         -Vamos lá! – Normani falou já caminhando até a porta
         -A pastora está de acordo?- Perguntei em tom irônico.
         -É... Acho que sim... Dinah, vê se ela mandou o endereço
         -Deixa eu ver... Mandou sim.
         -Ok, então vamos!- Camila falou se dirigindo à porta.

[...]

         O taxi entrou em uma rua estreita e em seguida parou em frente a uma tenda vermelha com apenas uma pequena placa indicando a numeração.
         -Então meninas... Parece que é aqui.
         -Obrigada, quanto deu?- Perguntei
         -R$32,75.
         -Caralho! Quer meu rim também?
         -LAUREN!- Ally falou me dando uma cotovelada.
         -Desculpa moço...Toma o dinheiro.- Entreguei uma nota de 50 reais.
         -Aqui está o troco senhorita.
         Descemos do taxi e andamos em direção a tenda vermelha que exalava um forte cheiro de incenso e de temperos.
         -Com licença...Tem alguém ai?...- Falei entrando e examinando o ambiente.
         -MENINAS VOCÊS CHEGARAM! Sentem-se. – A mulher atravessou uma cortina de seda apontando para um sofá que estava no centro da sala e em seguida sentou no sofá que se encontrava no lado oposto.
         -Obrigada por nos receber-Falei me sentando no local indicado.
         -Imagina amores é um prazer receber vocês aqui querem um chazinho?
         -Não obrigada.
         -Nossa...-Camila falou olhando para o teto e observando algumas pedras e outras coisas que eu não consegui identificar mas pareciam ser amuletos, pendurados - ...Quanta tranqueira desnecessária.
         -Hahaha- A mulher soltou uma gargalhada. – Isso são pedras energizadas, servem para limpar o ambiente e ativar os chakras, já esses amuletos servem para afastar os espíritos ruins.
         -Ahh... E isso aqui?- Camila apontou para um símbolo desenhado no chão com algumas velas em volta de diferentes cores.
         -Ah, isso é só uma macumba pra bunda da minha vizinha cair.
         -Credo, isso não é errado?- Perguntou.
         -Errado é matar e roubar, eu só estou me vingando daquela vagabunda desgraçada... Mas não vamos falar dela, vamos falar sobre o plano.
         -Então... Qual é o plano?- Dinah perguntou.
         -Bem, o plano é o seguinte: No meio da noite invadiremos o aeroporto já que o movimento é um pouco menor e roubaremos um uniforme de segurança. Eu tenho um amigo que nunca se recusou a ajudar uma amiga e com certeza se disponibilizaria a fazer o papel de “falso segurança”. Depois é só pedir para ele acompanhar vocês até o avião e se algum funcionário do aeroporto preguntar sobre o fato de vocês estarem pegando um avião para fora do país ele vai dizer que a presidenta autorizou a viagem para resolver assuntos sobre a banda e que vão voltar dentro de 2 dias.  Eu também vou chamar uma amiga para ser a “segurança particular da presidenta” e acompanhar vocês durante a suposta viagem assegurando que vocês vão realmente voltar em 2 dias.
         -Nossa! Isso é genial!- Normani falou animada. – E quando vamos fazer isso?
         -Se meus amigos concordarem e estiverem disponíveis podemos colocar o plano em prática hoje mesmo. Se quiserem podem voltar para o hotel que eu mando uma mensagem avisando.
         Perfeito!- Falei.