Ás vezes eu fico relembrando do dia em que o acidente aconteceu. Eu nunca poderia imaginar que minha vida mudaria drasticamente como ocorreu; eu tinha planos pra o futuro, eu tinha ideais nos quais eu desejava chegar, e especialmente, eu tinha sonhos. De repente tudo havia se perdido, arrancado de mim de forma brutal fazendo-me crer que já não havia mais motivos para sorrir. E muito pior do que perder a minha popularidade, meus amigos e a minha vidinha perfeita, era perder a minha felicidade.
Foi nesse momento em que fui ao fundo do poço e para ajudar me apresentaram ela: a tão famosa depressão. A princípio eu a tratei como uma desconhecida, mas a medida que fomos ficando mais próximos, ela se tornou minha melhor amiga; e quando percebi só estava vivendo por ela.
Sempre havia uma desculpa, o acidente era meu álibi perfeito para me dar razões de entristecer. Não que de fato esse não fosse um motivo racional, porém aquilo havia se tornado parte da minha rotina e com a minha capacidade de sentir alegria estando quase nula, só aumentava e reforçava que aquela era minha penitencia. Só quem já sentiu na pele o que é o desespero por não encontrar sentido em nada, é que sabe como a morte se torna algo tão atraente. Numa analogia, posso dizer que a depressão é como estar dentro do poço e ao olharmos para cima só se percebem as nuvens negras trazendo cada dia uma tempestade diferente. A sua luta diária é escalar as paredes escorregadias de um poço infinitamente profundo. Para piorar, quando você acha que está perto da beirada para sair, vem novamente a chuva e te joga para baixo. Então você coloca em sua cabeça que é impossível sair e acaba se matando (ou tentando) porque está é a única possibilidade de sair do inferno que está sua cabeça.
O mais louco de tudo isso é que debruçado sobre o poço tem um monte de gente te dando apoio, te esticando a mão e lançando cordas para te ajudar. Mas você está tão ansioso pela próxima tempestade que não enxerga nada disso. Bem, esta é a depressão. E por muito tempo eu fui esse garoto que não conseguia ver solução, muito menos uma saída para o caminhão de sentimentos ruins que vinham me atolando. Era uma rasteira atrás da outra, até que você vai perdendo a vontade de tentar.
Para a minha sorte, diante das nuvens negras lá no céu, surgiu um arco-íris. Porque Baekhyun muito mais de que oferecer ajuda, ele me serviu de incentivo para ver as pessoas ali ao meu lado tentando me ajudar enquanto eu acreditava estar completamente sozinho. Byun não estava ali debruçado lançando sua corda, pois ele estava lá no céu me mostrando que assim como eu, ele também tinha seus dias de fundo do poço. A diferença era a sua força de vontade que o fazia lutar contra todos os monstros que vivem em nossas cabeças diariamente. Insegurança, medo, ansiedade, desvalia, desesperança, solidão e tristeza profunda. Baekhyun foi a luz que me guiou a vencer um a um até que eu pudesse viver em paz novamente. E, claro, dessa forma eu pude me apoiar em minha irmã, em minha mãe e também em meus amigos.
Pensando em tudo isso em que passei, hoje já vejo as coisas de forma completamente diferente. Como diz Billie Joe em sua música “Wake me up when september ends”, sete anos passam rápido demais, imagina um ano então. Pois bem, após a descoberta da minha mãe a respeito da minha sexualidade e meu relacionamento com meu melhor amigo, as coisas voaram de uma forma que eu nem pude sentir. Em um dia estávamos desmontando a árvore de Natal e no outro já estávamos montando novamente.
E em resumo, para não ficar aquela coisa chata, como uma vida normal coisas boas e ruins aconteceram durante esse ano. A primeira delas foi a separação dos meus pais, algo bem conturbado para ser sincero. Mamãe optou por ficar ao meu lado e Yoora também bateu o pé dizendo que papai era preconceituoso e que estava abandonando sua família em nome de algo completamente errado. A discussão fora bem grande, papai ameaçou de bater na mamãe quando ela resolveu me proteger dos tapas fortes que ele me deu. Cheguei a cair da cadeira, ele disse coisas horrorosas a mim que eu jamais vou esquecer; carrego cicatrizes na pele e na alma.
Foi uma das piores tempestades que enfrentei, perdendo apenas para o dia em que descobrir minha paraplegia. Porém dessa vez eu tinha uma visão mais clara das coisas e ao invés de me culpar por tudo isso e me sentir um lixo por destruir minha família, eu ergui minha cabeça e fui cuidar da minha mãe. Saíamos juntos, cozinhávamos juntos, conversávamos sobre tudo e estávamos cada dia mais próximos. Eu não tinha pretensão alguma de substituir o amor que ela tinha pelo meu pai, mas estava disposto a cuidar dessa decepção assim como ela cuidara de mim quando também fiquei decepcionado. Mesmo sem meu pai, ainda éramos uma família e eu fazia questão de cuidar como tal.
Baekhyun também estava mais próximo, já não precisávamos esconder nada dentro de casa, eu podia beijá-lo, abraçá-lo e dizer que o amava. E ele mimava a sogra com flores, chocolate e tudo mais que ela tinha direito. Era uma maravilha. Por mais estranho que pareça, mesmo com a partida do meu pai, eu me sentia mais livre, mais leve e, porque não, mais feliz. Era como se as coisas finalmente estivessem dando certo ou pelo menos eu estava dando mais valor aos acontecimentos positivos do que aos negativos.
Ah! Não posso me esquecer de contar sobre a escola! Era o último ano do colegial para Baekhyun e para mim e nós estávamos estudando como condenados. Tudo isso para conseguirmos entrar nas melhores universidades e, de preferência, que fossem bem próximas. Apesar dos desejos diferentes, por exemplo, por causa dos problemas com o pai, Byun queria sair da cidade e ir viver sua vida sem amarras; já eu sabia que seria complicado ficar longe de minha mãe, então preferia ficar pela cidade mesmo. Após muitas conversas concluímos que tentaríamos entrar na universidade da cidade vizinha e alugaríamos juntos um apartamento. Parecia perfeito demais, eu fiquei até com medo de comentar com as pessoas e o destino estragar tudo, então planejamos tudo caladinhos e esperaríamos com calma o que aconteceria no futuro.
Em relação a Sehun não posso dizer nada senão expressar um agradecimento por sua amizade. Ele era praticamente o padrinho do meu namoro com Baekhyun e sempre estava pronto para soltar a língua e se exibir como o “melhor jogador de vôlei da escola”. O time estava crescendo e muito, no ano seguinte disputaríamos as nacionais! Era um apoio mútuo que só favorecia o tempo que aproveitávamos juntos. Infelizmente não estaríamos mais grudados 24 horas como costumávamos a estar, até porque Sehun estava no colégio e nós a caminho da faculdade. Mas uma coisa é certa: a nossa amizade jamais se findará.
E já que estamos falando de esporte, após um ano de muito suor e muita garra, finalmente Jongin havia me escalado para a equipe titular dos jogos regionais de pessoas deficientes. Eu já havia participado de alguns campeonatos, mas a coisa estava ficando séria e durante os regionais havia alguns “olheiros” que poderiam muito bem me convidar para entrar no time sul coreano de basquetebol sobre rodas. Meu sonho estava se encaminhando tão bem que eu tremia de nervoso só de pensar que poderia me tornar atleta de verdade. Fazia pouco tempo que o professor Kim havia me escalado como titular então meu primeiro jogo “oficial” foi num amistoso entre dois times de Seoul. Graças a Deus e a muito treino nós saímos vitoriosos bem no dia do meu aniversário. Eu nunca me senti tão feliz em minha vida.
Mentira vai, eu me senti tão feliz quanto o dia da vitória, uma semana depois quando eu estava em casa jogando video-game com Baekhyun. Mamãe havia acabado de chegar do trabalho e fora direto tomar um banho. Yoora estava em seu quarto fazendo um trabalho final para sua faculdade e eu estava detonando o meu pequeno num jogo de corrida. Sehun estava para chegar porque nós pretendíamos fazer a “noite dos garotos” para comemorar o final das aulas e da temporada esportiva na qual nosso amigo de cabelo colorido vencera pela segunda vez consecutiva. Seria aquela comemoraçãozinha que fazíamos como de costume, só não contávamos com uma novidade de tirar o fôlego.
Eu havia acabado de vencer Baekhyun na corrida e estava pentelhando na orelha dele o quanto eu era o melhor quando o telefone da sala tocou. Como eu estava esparramado no sofá e um pouco longe do aparelho, o nerdzinho se levantou e pegou o telefone o trazendo até mim. Agradeci rapidamente e logo atendi não fazendo ideia de quem poderia ser.
-Gostaria de falar com o senhor Park Chanyeol. –Congelei ao ouvir uma voz séria do outro lado da linha. Fiz uma expressão de dúvida e Baekhyun se aproximou para escutar também.
-Pois não, ele mesmo quem fala.
-Boa tarde senhor Chanyeol. Meu nome é Kim Kangjae, sou diretor esportivo e técnico da seleção sul-coreana de basquete sobre rodas. Estava assistindo o amistoso da semana passada e meus olhos focaram-se bastante em você. Vejo que tem bastante talento.
-Sério? –Eu parecia uma criança! Meu sorriso abriu de orelha a orelha e Baekhyun começou a sacudir minha perna de nervoso.
-Conversei com seu professor, Kim Jongin, e ele me contou um pouco de sua história o que me chamou mais atenção ainda pela sua perseverança e rápida adaptação ao esporte. Gostaria muito de conhecê-lo melhor, senhor Park.
-Nossa... Eu também adoraria conhecer o senhor! –Falei com tanta empolgação que o tal diretor até riu do outro lado. –Desculpe senhor Kim.
-Tudo bem jovem. Vou lhe mandar um e-mail com o endereço do local e o convite para um joguinho que vai acontecer aqui em nosso ginásio. Espero sua participação na seletiva.
-Claro, o senhor pode contar comigo. –Após uma despedida um pouco mais formal, eu larguei o telefone e fiquei olhando para Baekhyun com uma feição de espanto, alegria e incredulidade. Mas o que estava acontecendo?
-Você foi convidado para uma seletiva? –O baixinho apoiou suas mãos em meus ombros olhando fundo em meus olhos; eu apenas concordei com a cabeça e senti meu corpo colar ao dele.
-Parece que sim... Eu... Nossa não imaginei que seria tão rápido.
-É claro que seria, Chan! Você é incrível, é esforçado, tem talento! Você pode fazer isso! E eu confio muito no seu potencial. Ah, estou tão feliz.
É impossível descrever a sensação, parecia que eu havia ganhando na loteria, sabe. Devolvi o abraço de Baekhyun que fez força e me arrancou do sofá nos jogando desastrosamente no chão. Rimos e continuamos rolando ali sobre o tapete entre beijos abraços e um pouco de poeira, fazer o que. Estávamos tão animados e distraídos com a nossa comemoração particular que nem nos ligamos na campainha tocando desenfreadamente. Muito menos nos sinais de alerta do celular anunciando uma nova mensagem. Só acordamos do transe quando escutei os passos pesados de Yoora e sua respiração curta denunciando que ela estava bem irritada.
-Vocês dois são surdos é? –Ela parou em frente a porta com uma chave na mão e nos olhou com surpresa. –Hey! Seus indecentes! A mamãe está em casa, eu estou em casa e isso não é pra ser feito aqui na sala!
-Não estamos... –Calei minha boca quando vi que minha calça de moletom havia abaixado e boa parte da minha cueca estava exposta. Fiquei bem envergonhado e subi tudo correndo querendo dar mil explicações a situação.
-Nem tenta Chanyeol, conheço você e sei bem que vai querer levar o inocente Baekhyun para o mau caminho. –Ela encaixou a chave na fechadura e abriu a porta revelando um Sehun impaciente.
-Porra, Chanyeol, eu achei que ‘cê tivesse morrido! Que demora do caralho, meu... –Ele se calou assim que viu minha irmã plantada a sua frente. –Uau.
-Boa tarde para você também, Sehun. –Ela deu uma risadinha leve e deu espaço para ele entrar.
-Desculpe Yoora! Eu achei que fosse o Chanyeol e acabou saindo, mil perdões você não merece ouvir estas besteiras.
-Está tudo bem, Sehun. Agora pode entrar logo, por favor, estou querendo voltar aos meus estudos.
-Oh, sim –Sehun entrou ligeiramente e de forma teatral ajoelhou em frente a minha irmã lhe oferecendo uma rosa vermelha, que até então estava escondida em suas costas. Era incrível que mesmo passando um ano, o atleta ainda morria de amores por Yoora e ela não estava nem ai para o coitado.
-Ai Sehun, eu já falei para você que não vai rolar, você é muito bebê ainda. –A menina pegou as bochechas de Oh e apertou enquanto fazia um biquinho. –Você é muito fofo, mas tem que crescer um pouco mais.
-Tudo bem senhorita Yoora. Eu irei me tornar o homem que você deseja. Por favor, aceite esta flor como símbolo desta promessa. –Há essa hora Baekhyun e eu já estávamos gargalhando do melodrama de nosso amigo; parecia novela latino americana.
-Olha quando seu amigo aqui embaixo crescer a gente conversa. –Yoora deslizou sua mão pelo abdômen de Sehun e deu uma apontada para o meio das pernas do menino. Eu fiquei em estado de choque e acho que ele ficou ainda mais perplexo. Da onde que veio tanta perversidade da minha irmã? Que horror!
-Ô louco! –Baekhyun fez questão de gritar.
-Você cala sua boca que você estava trepando com meu irmão no meio da sala. –Yoora devolveu e mostrou a língua para Byun antes de sair desfilando para seu quarto.
-Vocês estavam trepando? –Sehun se virou todo curioso como se fossemos fofocar sobre nossa primeira vez.
-Não! –Gritei e depois até me espantei com o volume da minha voz. –Claro que não.
-Claro que não... –Ele imitou minha voz e se aproximou. –Porra Chanyeol, já faz um ano que vocês tão junto, vocês pretendem ficar no boquete até quando?
-O que eu faço com o meu pau não lhe diz respeito, Sehun. –Mostrei a ele um bom dedo do meio e o maior veio todo cheio de gracinha pulando em cima de mim para me provocar com beijinhos no pescoço.
-Sai, Sehun, tira a mão do meu namorado. –Baekhyun entrou na bagunça e quando eu percebi já estávamos os três num “esfrega-esfrega” que parecia cena de filme pornográfico. Óbvio que nesse instante minha mãe chegou né, não esperaria menos.
-Meninos? –Ela perguntou toda cautelosa.
-Mãe, calma, não é nada disso que você ‘tá pensando.
-E você lá sabe o que eu estou pensando Chanyeol? –Ele colocou a mão sobre a cintura e fez uma careta de brava.
-Desculpe senhora! –Sehun se levantou rapidamente assim como Baekhyun que falou a mesma coisa quase que no mesmo segundo.
-Vocês dois vão me deixar largado aqui no chão mesmo? –Comentei tentando me mexer e fui completamente ignorado por ambos.
-Senhora Lee eu desejo muito que a senhora seja minha sogra um dia, mas fique tranquila que não é pelo Chanyeol. Não tenho interesse algum nele. –Sehun começou a se explicar de uma forma desorganizada deixando minha mãe toda confusa.
-Ah que bom que você não tem interesse nele, não é Sehun! –Baekhyun ficou nervoso de verdade e lançou um olhar mortífero para o amigo. Eu que já não estava entendendo mais nada.
-Ei vocês dois! Primeiro me tirem do chão, depois vocês discutem! –Berrei chamando a atenção dos dois que vieram me pegar para me colocar sentado no sofá. Cada um pegou de um lado como de costume e eles me ajeitaram. –Obrigado. Ah! E vocês dois se aquietem que eu tenho algo para revelar a mamãe.
-Baekhyun está grávido? –Sehun se virou colocando a mão sobre a barriga do meu namorado. –Bem que eu percebi essa pancinha crescendo.
-Larga a mão de ser otário Sehun! –Baekhyun o empurrou.
-Eu já falei que não transei com o Baekhyun, que moleque chato! E quem te garante que ele que estaria grávido? –Olhei todo “puto” para o maior e só então lembrei que minha mãe ainda estava parada logo a nossa frente tentando entender alguma coisa. –Ai, desculpa mãe.
-Ai Chanyeol... –O nerdzinho ajeitou seus óculos que a essa altura estava todo torto em seu rosto e escondeu-se por detrás de suas mãozinhas.
-Enfim, mãe, a questão é que o diretor esportivo Kim acabou de me ligar e me convidou para participar da seletiva da seleção sul-coreana de basquete sobre rodas.
-O que? –Sehun pulou me olhando de forma encantada. –É sério isso? Não brinca com uma coisa dessas!
-É mais que sério, Sehun! –Comentei abrindo meu sorriso novamente.
-Puta que pariu! –E pronto, após um palavrão bem dito, fomos Sehun, Baekhyun e eu para o chão novamente surtar, gritar e fazer coisas meio obscenas que eu prefiro não comentar. Brincadeira! É que o meu colega atleta nos espremeu tanto que acabamos gemendo. Imagina a minha mãe vendo tudo isso, coitada.
Com grandes noticias vem grandes celebrações e devido ao meu convite para a seletiva, mamãe mudou os nossos planos de pipoca com filme e fomos todos para a cozinha preparar uma refeição digna da comemoração. Parece bem bobinho, mas foi uma das coisas mais engraçadas que já fiz na minha vida. Sabe esses programas de culinária que estão em alta, onde tem um chefe e os participantes tem que fazer de tudo para agradá-lo? Pois bem, a equipe éramos Sehun, Baekhyun e eu, já o chefe era minha mãe. Yoora seria a cliente que provaria o prato e daria o veredito final.
Não preciso nem dizer que a cozinha se tornou um caos. Era colher de pau para um lado, pimenta para o outro, ovo quebrado no chão, deixamos a minha mãe louca da cabeça! Mas tudo deu certo no final e até um bolo de chocolate conseguimos colocar no forno. Eu estava me sentindo um chefe de cozinha viu. Por fim, ajeitamos os pratos, talheres e copos para o refrigerante. Foi uma noite bastante especial e eu pude sentir a energia boa que pairava sobre nossa casa. Houve risadas, piadas, recordações e muita comida mesmo.
Depois foi necessário lavar tudo, pelo menos a Yoora ajudou um pouco nessa parte. Deixamos tudo arrumadinho e bem limpo, a senhora Lee (nome de solteira da mamãe), até nos agradeceu com uma chuva de elogios e disse que poderíamos ficar a vontade. Foi bem o que fizemos. Pegamos os colchões do meu quarto e arrumamos na sala que era mais espaçosa. Afastamos o sofá de um lado, a mesinha de centro do outro e ajeitamos as cobertas e os travesseiros. Então ligamos o video-game para uma disputa sem igual de Naruto: the ultimate ninja. E foi durante uma batalha contra Sehun na qual meu personagem era o Gaara e o dele o Orochimaru que tive aquilo que chamamos de insight, ou talvez na literatura a palavra epifania descreva melhor.
De repente eu entendi que eu era um vencedor. Que eu era um vencedor da depressão, sim, eu havia nocauteado ela! Eu era um vencedor do preconceito porque não me deixei abalar pelas palavras rudes de meu pai. Um vencedor na vida porque mesmo tendo a mudado completamente pelo destino, eu estava ali, com vontade de continuar. Um vencedor no amor, pois acima das diferenças eu aprendi a me aceitar para amar alguém. De repente eu me senti a pessoa mais especial do mundo, pois sim, todo mundo é especial! E a felicidade está justamente em descobrir o que te faz ser especial e abraçar isso com toda a sua alma.
Eu precisei aprender muitas coisas, tive que cair e levantar do zero. Milhares de pessoas passam por situações similares a minha; pode ser que não seja tão grave como perder os movimentos, ás vezes é um sentimento de não pertencer a lugar algum. Não importa a intensidade ou o que motivou a pessoa a ficar assim, é preciso lutar até o fim! Eu descobri que sou um vencedor porque eu posso chegar onde quer que eu deseje. Seria muita pretensão minha dizer que é fácil porque, pelo contrário, é tão difícil quanto a coragem para começar. Mas você não está sozinho, jamais. Sempre tem alguém que pode estar ali por você, permita-se ser ajudado também.
Apesar das complicações e dificuldades eu tive uma aprendizagem muito grande com tudo isso e espero que outras pessoas também consigam enxergar o arco-íris através das nuvens negras. Estamos todos por um só mundo onde as pessoas possam ser felizes aceitando-as como elas são e, principalmente, respeitando as diferenças dos outros. Eu sonho por um mundo assim. Eu posso fazer isso, você pode fazer isso e, principalmente, nós podemos fazer isso. Porque todo dia somos vencedores.
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