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História Can You Keep A Secret? - Capítulo Único


Escrita por: conterstellar

Notas do Autor


HIYA HIYA HIYA
Eu queria agradecer por tudo em relação á oneshot Enorace que eu fiz - a recepção foi tão boa que fiquei com vontade de chorar. Vocês são os melhores.

Com isso, resolvi escrever mais uma do meu ship maravilhoso. É um universo alternativo em que eles não são peculiares (o que explica o porque do Millard ser visível aqui) e vivem no século vinte e um - com o Jacob ao invés do Abe, e o Victor vivo. Também, acho que o Enoch deve ter ficado muito OOC (fora de personagem), mas enfim, espero que seja só impressão.

Uma outra nota é de que era para ser 5+1, mas faz cinco dias que estou escrevendo essa one-shot e nunca acabava, então resolvi fazer três ao invés de cinco. Espero que não tenha ficado um lixo. E também tem aquela coisinha de que só coloquei +18 por culpa das regras. Não tem nada além do usual aqui.

(O título é o nome de uma música do The Cab - embora, não tenha relação alguma com a letra.)

Enfim, vejo vocês nas notas finais!

Capítulo 1 - Capítulo Único


I

Eram raras às vezes em que Horace adormecia e tinha um sono limpo de pesadelos, mas este fato não o impedia de ter o privilégio de dormir por mais de cinco horas sem sonho algum – que era o que, pessoalmente, ele preferia á ver seus piores medos em seu estado inconsciente onde ele não podia fazer nada para mudar o que acontecia.

Infelizmente, não era o caso atual. Ele tinha o dia de folga e suas intenções e metas principais consistiam em conseguir o dia inteiro de sono que havia perdido durante a semana por culpa dos pesadelos e, em parte, do seu despertador também. Horace havia adormecido no sofá diante da televisão, onde assistia a um programa de moda, e estava longe de ser o melhor sono de sua vida.

Os sonhos envolvendo seus amigos e pessoas de olhos sem íris já eram algo comum para Horace, embora, ele ainda não tenha aprendido á lidar com o que enfrentava na maioria das vezes em que caía no sono. O conselho relacionado á procurar profissionais para seu problema também era algo muito ouvido, mas ele não conseguia forçar-se á se importar o suficiente para ouvir as ideias e realmente fazer algo contra o que lhe assombrava.

Horace tinha a expressão rígida durante seu sono, e o corpo suado pelo desespero se revirava no pequeno sofá enquanto ele era obrigado á enfrentar as visões que sua mente projetava. Ele estava prestes á ver um dos seus amigos levar um tiro no peito quando sentiu seu ombro ser chacoalhado; o que o trouxe de volta á realidade e assim, acordando.

Um rapaz de olhos azuis o olhava de sobrancelhas franzidas quando Horace piscou aterrorizado, levantando levemente sua cabeça para perceber que estava em seu apartamento e, de certa forma, seguro. Ele então olhou de volta para o rapaz, dessa vez com os olhos semicerrados e a mão sobre o rosto, o que se devia á si mesmo tentando trazer sua própria mente para a realidade.

― Está tudo bem? ― Enoch perguntou, a ponta de seus dedos ainda tocando o ombro do amigo. ― Você estava choramingando alguma coisa. Achei melhor te acordar.

― Obrigado. ― Horace disse, sentando-se propriamente antes de passar as mãos sobre seu rosto para então abrir completamente os olhos. Ele encarou um ponto fixo além de Enoch por alguns segundos até sentir que estava cem por cento ali; acordado.

― Você quer falar sobre isso?

Horace olhou para Enoch novamente. Não era do feitio do rapaz mais velho demonstrar preocupação, e se ele o fazia naquele momento era porque a situação provavelmente era ruim e, bem maior do que ele mesmo havia feito parecer quando o informou do que acontecia. Com isso, ele apenas ignorou sua própria surpresa inicial sobre a reação e balançou a cabeça.

― Não é agradável nem de se falar sobre, porque significa relembrar. ― respondeu, vendo Enoch assentir em compreensão. ― Mas está tudo certo agora, acredito.

 ― Tudo bem. ― disse. Ele havia se afastado relutante enquanto falava, e quando as únicas duas palavras foram pronunciadas, Enoch piscou desconcertado e ofereceu um sorriso fraco para Horace antes de olhar para a direção que levava ao corredor.

Era claro que Enoch parecia indeciso sobre seu próximo ato, o que deu mais tempo para Horace pensar melhor no que desejava naquele momento antes de dizer em voz alta – o que poderia causar muito arrependimento mais tarde. Mas ele disse mesmo assim.

― Espera ― chamou, vendo Enoch olhar para o amigo por cima do ombro quase que imediatamente, como se o rapaz esperasse por seu chamado. ― Você pode... Você pode ficar? Por favor.

― Não vou á lugar algum. ― franziu o cenho. Enoch já havia virado o corpo para Horace novamente, e ele parecia quase aliviado de não ter feito aquela decisão sozinho.

― Eu quis dizer ficar. Comigo. ― Horace murmurou, seu tom de voz diminuindo á cada palavra pela vergonha repentina. A ideia havia soado menos absurda em sua cabeça e ele deveria ter pensado mais sobre ela, afinal. ― Desculpe. Eu ainda estou um pouco assustado com os pesadelos.

A surpresa era clara e brilhava pelo modo como Enoch arqueou as sobrancelhas e inclinou levemente a cabeça para trás. Ele tinha os lábios entreabertos e o olhar fixo em Horace, mas por sua expressão facial além de tudo aquilo, ele parecia decidir-se silenciosamente sobre o que fazer em seguida, o que era típico e esperado.

No fim, Enoch assentiu de uma forma misteriosa, considerando que ainda não era a resposta que Horace queria. Mas então o rapaz deu curtos passos até o sofá e sentou-se ao seu lado, olhando para o amigo com certa hesitação, como se esperasse que ele lhe desse os comandos sobre o que fazer em seguida. Horace estava acostumado com a relutância insistente de Enoch quando era relacionado á assuntos como aquele, então poupou sua irritação e impaciência para o modo como ele agia.

― Você quer ficar aqui? Talvez fique desconfortável. ― Enoch fez uma careta, olhando para o sofá comprido em que sentavam.

― Se ficar muito ruim, podemos sair. ― Horace disse, dando de ombros e com os olhos no amigo. Enoch havia feito um som para representar sua compreensão, e após, apoiou uma de suas pernas sobre a outra para que então, tire o sapato. Ele fez o mesmo com a outra perna até restar apenas suas meias. ― Mas se você quiser, podemos ir para o quarto mesmo, não tem problema...

― Está tudo bem. Acho que estou tão cansado quanto você para levantar-me agora. ― disse; o canto de seus lábios arqueado em um sorriso que acabou por levar um para o rosto de Horace também. Este teve a atenção atraída para os círculos negros em volta dos olhos de Enoch por um segundo, o que representava suas noites sem dormir.

Enoch arrastou-se para mais perto de Horace, e após encostar-se ao sofá, ele passou um dos braços sobre a cintura do rapaz e os dois deitaram-se; Enoch abraçando Horace por trás enquanto suas pernas se entrelaçavam. A posição era levemente desconfortável como o esperado, mas ambos não podiam importar-se menos depois de caírem rapidamente no sono – o que se devia como consequência de seu cansaço.

Horace não teve sonhos daquela vez, o que sempre acabava o levando á mesma questão: o porquê do que antes era raro acabar por ser comum toda vez que ele adormecia próximo de Enoch. O mais velho sabia sobre o fato que o envolvia, e havia dito algumas vezes em seu estado meio adormecido que podia dormir daquela forma todos os dias se Horace quisesse, e este não podia negar as borboletas que sentiu em seu estômago em ouvir aquelas palavras. Embora, eles nunca haviam discutido a ideia propriamente.

Mais tarde naquele dia enquanto os dois ainda estavam adormecidos, Millard Nullings destrancava a porta do apartamento com uma das chaves extras que havia recebido dos donos do lugar. Ele tinha uma expressão confusa após bater algumas vezes sem receber respostas mesmo sabendo que Horace e Enoch estariam no apartamento naquele dia – pois, haviam combinado de se encontrarem mais tarde em uma lanchonete no bairro vizinho, mas nenhum dos dois apareceu.

Ele caminhou silenciosamente pelo apartamento á procura dos amigos, e quando chegou á sala de estar e os viu enroscados um no outro sobre o sofá, Millard arregalou os olhos e não conseguiu evitar a arfada que saiu de sua garganta após deparar-se com aquela visão. A surpresa se esvaiu tão rápido quanto apareceu, pois quando Millard pensou melhor sobre o que presenciava, lembrou-se de suas desconfianças anteriores em relação á amizade suspeita dos dois.

O rapaz pensou em tirar uma foto dos amigos, mas decidiu contra depois de muito debate mental. Ele então se aproximou e balançou o ombro dos dois, resolvendo acordá-los antes que o fato de encará-los enquanto dormiam serenamente tornasse-se perturbador.

Enoch foi o primeiro á acordar, sua respiração desregulando por um momento antes que abra os olhos, vendo os cabelos loiros de Horace antes de subir para Millard, que tentava manter uma expressão neutra diante daquilo. Ele piscou várias vezes antes de arregalar os olhos ao mesmo tempo em que Horace também olhava para o garoto, tendo a mesma reação aterrorizada.

― Não se preocupem. Isso não aconteceu. Eu não vi nada. ― Millard disse, ficando ereto antes de sorrir afetado e sair da sala de estar para a cozinha.

Os dois levaram longos segundos para se levantar, e quando o fizeram, Horace olhou alarmado para Enoch, como se esperasse alguma palavra sobre o que deveriam fazer em relação á Millard os vendo juntos em uma posição incomum para rapazes que costumavam se considerar apenas amigos.

― Ele não vai ver mais nada depois disso. ― Enoch ameaçou entre dentes antes de pegar seus sapatos do chão e caminhar para seu quarto.

 

II

Não era costume de Enoch comemorar o Halloween como seus amigos faziam, e na verdade, ele preferia permanecer indiferente á data por motivos simples – era apenas mais um dia que não carregava nenhum fato espetacular para ser comemorado.

Mas no fim, não era complicado como ele fazia parecer para tirá-lo de seu apartamento com intenções de arrastá-lo para alguma festa ou festival relacionado ao dia das bruxas. Horace podia provar isso; sendo o único do grupo de amigos que obtinha sucesso em convencer Enoch de que sair naquele dia específico não era uma má ideia e ele deveria fazê-lo. Além disso, também era o único com coragem o suficiente para chegar perto de Enoch e fazer tal pergunta.

Com isso e uma expressão irritada, Enoch caminhava até o festival de Halloween que raramente acontecia na cidade em que morava, e com esse pensamento, seus amigos haviam combinado de se encontrarem todos em tal lugar. Ele viu suas intenções do que fazer naquela noite serem excluídas de sua mente assim que chegou a seu destino, e a decepção de ter desistido em questão aos insistentes pedidos de Horace subia á sua cabeça enquanto ele suspirava e tentava fugir dos olhares das pessoas ao seu redor, mesmo quando não havia realmente alguém olhando.

Ele caminhou entre as pessoas fantasiadas do lado de fora, observando as crianças personificando os personagens de suas fantasias ao lado das abóboras e placas com mensagens assustadoras que rodeavam a tenda que vendia os ingressos. Enoch colocou a mão no bolso para pegar o ingresso que havia comprado com antecedência naquela manhã, e então viu um rosto conhecido na frente da entrada.

O rapaz caminhou naquela direção com um pequeno sorriso e esperou que Horace olhasse para o lado contrário antes de arrastar sua perna com ruídos enquanto andava lentamente até o amigo; mas no fim, as intenções de assustá-lo falharam ao Horace virar o rosto mais uma vez, vendo Enoch quando este estava próximo o suficiente.

Horace sorriu com as reclamações em murmúrios de Enoch, mas seu divertimento logo se tornou incredulidade ao que seus olhos desceram pela fantasia do amigo.

Zumbi? Isso é tudo que você conseguiu fazer? ― arqueou as sobrancelhas, então olhando em seus olhos.

― Até que gostei.

― Você nem se esforçou! ― Horace exclamou, levando sua mão para os cabelos de Enoch para bagunça-los mais do que já estavam. ― Além do mais, você já parece um zumbi diariamente, então você está apenas usando roupas rasgadas. Não tem graça.

Enoch não pode evitar, mas revirar os olhos para aquela afirmação.

― Disse o cara que está fantasiado de vampiro. ― zombou, passando as mãos sobre a fantasia que usava. Ele olhou de cenho franzido para Horace, da mesma forma como o rapaz havia feito alguns segundos antes consigo. Então, ele riu abafado. ― Vamos entrar agora ou esperar aqueles ingratos chegarem? Se é que já não estão lá dentro, porque eu conheço aque...

― A Bronwyn me mandou uma mensagem de texto. Nos encontramos lá dentro. ― disse, esperando que Enoch assinta para seguirem a pequena fila para entrar. Com isso, eles logo perceberam que havia uma probabilidade alta do local estar cheio o suficiente para separá-los com facilidade. ― Mhm, imagino que zumbis não andem com um celular no bolso.

― Estou tentando entender porque um vampiro teria. Você é uma criatura imortal, então não é antigo ou algo assim? ― Enoch olhou para Horace, mas seu olhar não foi retribuído vendo que o amigo estava claramente tentando o ignorar. ― Por que você está falando de celulares tão de repente?

― Vamos acabar nos separando. Tem muita gente só para entrar, imagine lá dentro. ― explicou, inclinando a cabeça para ter uma visão melhor sobre as pessoas em sua frente. Eles não precisaram esperar muito para que chegassem á porta, e ao estarem lá, entregaram os ingressos para a mulher que os recebia e permitia a entrada.

Como previsto, havia um mar de pessoas logo após passarem pela porta, e o fato de as luzes se apagarem repentinamente não ajudava com a visão dos rapazes. Eles ouviram alguns gritos e sentiram o corpo de outras pessoas esbarrando nos seus, empurrando-os para os lados e sendo com clareza uma das causas para afastá-los. Enoch olhou para o lado direito, onde Horace antes estava, e levou a mão para esta direção, esperando encontra-lo ainda ali apesar dos empurrões.

― Horace?! ― chamou, seu tom de voz elevado apesar de ainda não ser o suficiente para ser escutado por si mesmo. Mas para seu alívio, escutou a voz do amigo ao seu lado.

― Estou aqui! ― disse Horace. Enoch hesitou mesmo com o conforto de saber que não havia o perdido entre as pessoas, mas no fim, com um suspiro, ele procurou pela mão do rapaz com a própria e parou apenas quando tocou seu polegar. ― Por favor, me diga que essa mão é sua.

― É para não nos perdermos! ― Enoch explicou aos gritos, fechando os dedos agora entrelaçados aos de Horace. A intenção dita era legítima, mas seu coração ainda havia perdido uma batida quando ele sentiu o aperto recíproco da mão do loiro na sua. Embora, ele não iria falar sobre isso nem sobre a sensação de nervosismo repentina que teve com a reação recebida.

Os dois caminharam como conseguiam pela multidão, ignorando as pessoas fantasiadas de criaturas aterrorizantes que causavam o susto e medo em quem passava por aquela porta – o que também era o motivo dos gritos que podiam ser ouvidos. Com certa dificuldade por culpa da quantidade de pessoas naquele lugar e dos empurrões, eles finalmente chegaram á saída, sendo recebidos pelas luzes de fadas que rodeavam algumas das barracas mais próximas e também, da luz dos postes e abóboras ao redor.

― Vamos para a barraca de feitiços; algo assim. É o ponto de encontro que eles resolveram. ― Horace disse após eles saírem do lugar escuro e analisarem o festival e suas luzes fluorescentes. ― Deve ser por aqui.

Ele caminhou pela direção que indicava, e embora Enoch não tenha prestado atenção em suas palavras, foi levado junto por culpa de seus dedos ainda estarem firmemente entrelaçados aos de Horace. Este pareceu não se importar mesmo depois de ser lembrado de tal fato, e Enoch tentou fingiu que não havia sentido um conforto inexplicável com a informação.

Horace seguia o padrão das barracas até chegar à seção relacionada á bruxaria, o que só poderia ser onde o ponto de encontro estava localizado. Enoch mal conseguia manter o olhar desviado de suas mãos juntas, mas fazia seu melhor. Quando os dois avistaram uma mesa com as palavras “lance um feitiço” escritas em letras garrafais em uma faixa que servia também como uma toalha de mesa, logo seguiram em tal direção lado a lado.

Ao chegarem, decidiram parar certa distância, considerando que havia pessoas observando a atração. O silêncio e calma eram predominantes, embora Enoch sentisse como se seu coração fosse sair de seu peito á cada momento.

― É sério Enoch, por que um morto-vivo? ― Horace foi quem quebrou o silêncio, e seu tom de voz indicava impaciência, como se ele estivesse em uma batalha consigo sobre se deveria esclarecer suas dúvidas.  ― Era pra ter alguma ironia por todo mundo dizer que você não tem um coração, ou sei lá?

― Você realmente está incomodado com isso? ― Enoch riu fraco, olhando para Horace apenas para encontrar seus olhos o encarando de volta. Ele engoliu em seco, mas o sorriso ainda estava ali para não levantar suspeitas. ― Bom, só achei que seria divertido. Além do mais, não é uma fantasia difícil de encontrar ou fazer. Eu iria colocar um lençol na minha cabeça com furos para os olhos, mas alguém sumiu com todos os lençóis da casa.

― Para o inferno se você achava que eu iria deixar você vir assim. ― disse, fazendo com que Enoch arqueie as sobrancelhas e se esqueça por um segundo sobre seus dedos entrelaçados e o contato visual mantido. ― E se eu soubesse que sua segunda opção seria rasgar algumas roupas e fazer uma maquiagem boba que tenho certeza que você aprendeu no YouTube com um vídeo de cinco minutos, te garanto que iria impedir isso também.

― E por que um vampiro, Somnusson? ― perguntou com um sorriso divertido.

― Bom... ― ele ajeitou o terno com a mão livre enquanto mantinha a cabeça inclinada para cima mesmo quando Enoch era menor. ― Primeiro porque eu poderia continuar me vestindo bem, e segundo por que... Bom, eu poderia continuar me vestindo bem.

― Pode ser mais de quarenta graus, mas você ainda vai usar essas roupas. ― comentou. ― Que diferença faria se você mudasse pelo menos uma vez no ano?

― Achei que você achasse que o Halloween era apenas mais uma comemoração desnecessária. ― Horace sorriu. ― Se for para tratar essa data com indiferença, estou em minhas roupas usuais.

― Você é absolutamente ridículo. ― disse, piscando com certa indignação e os olhos ainda fixos nos do amigo.

Horace havia aberto a boca para dizer algo, mas foi interrompido por uma voz conhecida e que soava cansada.

― Até que enfim encontrei vocês! ― era Bronwyn, e ela tinha uma expressão farta como seu tom de voz ao encontra-los. Eles quebraram seu contato visual para olharam para a amiga, ao invés. ― Procuramos por toda parte, vocês não receberam a mensagem dizendo que mudam...

Ela havia se interrompido subitamente, seu olhar fixo em algum ponto baixo entre os dois rapazes. Quando Enoch seguiu seus olhos, percebeu que ela encarava suas mãos juntas, o que o deixou tão alarmado quanto Horace parecia. Os dois soltaram as mãos imediatamente, não confiando em si mesmos para trocaram um olhar durante ou após o processo.

― Era para não nos perdermos. ― Enoch explicou adiantado, o coração palpitando e quase sendo ouvido por ele mesmo sem ajuda de nenhum instrumento ou ato. Bronwyn inclinou um pouco a cabeça para trás, assentindo lentamente, mas ela ainda não parecia convencida pelo modo como tinha as sobrancelhas franzidas e os olhos semicerrados; alternando entre os dois amigos com indecisão.

― Ok... ― ela murmurou, mas ainda olhava para os dois com a desconfiança explícita em sua expressão.

Enoch sentiu um nó em sua garganta pelo modo como ela havia o encarado por mais tempo após alternar tantas vezes entre os dois, mas havia sido salvo por outra voz de uma garota mais jovem vindo pelo mesmo caminho que Bronwyn o fez. Ela usava uma fantasia elaborada de anjo; os cabelos louros caindo sobre o vestido branco elegantemente.

― Você os encontrou! ― Olive exclamou, abrindo um sorriso enorme ao vê-los. Bronwyn piscou várias vezes, então finalmente desviando o olhar de Enoch, o que foi a razão pela qual ele pode soltar a respiração que havia segurado por aquele tempo. ― Vamos, todo mundo já chegou! Temos muito que fazer!

Horace foi rápido ao sorrir com Olive e ao segui-la para a direção para qual ela havia saltitado animadamente. Bronwyn olhou por curtos segundos para Enoch e ela pareceu que iria dizer algo por um breve momento, mas havia mudado de ideia ao sorrir para o amigo antes de acompanhar Horace e Olive, deixando um Enoch aliviado por último a seguir o mesmo caminho.

 

III

Se havia uma coisa que Horace havia aprendido sobre seu colega de apartamento era de que ele odiava toques humanos com todo seu um metro e sessenta e cinco de altura. Havia levado um tempo considerável para que Enoch se acostumasse com as batidas ocasionais no ombro vindas de seus amigos, ou com os abraços que Claire e Olive pareciam adorar dar, ou até mesmo com o modo como Horace e ele haviam adquirido o costume de adormecerem.

Ele não dirigia mais um olhar mortal para um dos seus amigos quando este tocava passava o braço sobre seus ombros, nem quando uma mão era colocada sobre seu joelho ou até mesmo durante toques de mão ou os abraços comuns vindos das duas garotas mais novas do grupo. Horace considerava isso como um progresso, embora ainda houvesse o humor negro de Enoch que também precisava ser eliminado e que levaria um tempo.

Mas ainda assim, não era como se ele tocasse o amigo o tempo inteiro só porque não havia mais a ameaça silenciosa de morte ou de perder a mão se o fizesse. Não era por uma questão de medo de Enoch em si, mas sim de seu corpo trair á si mesmo e revelar muito mais do que Horace jamais gostaria.

Naquele dia, não havia acontecido nada mais do que um acidente. Enoch estava sentado no sofá com seu laptop no colo enquanto Horace sentava-se do outro lado da poltrona, superficialmente assistindo ao programa que passava na televisão – quando na verdade, olhava de canto de olho para o amigo sentado ao seu lado, mas ao mesmo tempo, á uma distância considerável. Victor havia entrado em um dos banheiros para tomar um banho, considerando que iria passar a noite no apartamento.

― Você realmente assiste á America’s Next Top Model? Estou surpreso. ― Enoch comentou depois de um tempo; os olhos fixos na tela do computador enquanto movia o mouse. ― Eu sabia que você gostava de se vestir bem, mas ver um programa de moda...

― Eu gosto de ver só pra demonstrar minha opinião. ― Horace deu de ombros. Não era completamente uma mentira, e ambos sabiam disso. ― E também, tem uns garotos bonitinhos, então não reclamo.

Enoch cerrou o punho sobre o teclado do laptop por um segundo, mas logo a tensão havia desaparecido e ele riu fraco.

― Admita que você só quer criticar todo mundo. ― disse, ignorando a última frase de Horace com o máximo de indiferença que conseguiu reunir. Ele olhou para a televisão, mantendo seu olhar no que passava por alguns segundos.

― Ah, não é como se fosse um segredo. Olha esse vestido, como um ser humano consegue sair usando isso? É um desastre. ― comentou com uma careta, fazendo com que o sorriso de Enoch permaneça em seu rosto. Então, ele olhou para o computador novamente ao mesmo tempo em que Horace suspirou. ― Bom, acabou. Provavelmente porque você estava zombando.

― Não me arrependo de nada. ― Enoch levantou as mãos no ar em um sinal de autodefesa, mas ele dava risadas.

Horace olhou ao seu redor depois de revirar os olhos para as palavras do amigo.

― Me passa o controle, por favor? ― ele inclinou-se na direção de Enoch e cutucou sua cintura para conseguir chamar sua atenção com mais facilidade. Mas a reação que teve não foi a que esperava: Enoch deu um pulo para o lado após abrir um sorriso que durou pouco e olhou imediatamente para Horace, parecendo horrorizado por um segundo antes de piscar e esconder o que ele sentia de verdade com uma expressão ilegível. Mas Horace sabia o que tinha visto. ― Ei, o que foi? Você está machucado ou algo assim?

― Não. Só não... Não me cutuque assim mais. ― disse, seu tom de voz contrariando suas tentativas de manter-se indiferente. Ele pegou o controle remoto ao seu lado e entregou para Horace sem olhá-lo nos olhos.

Enquanto isso, este tinha os próprios semicerrados em desconfiança até que uma ideia passou por sua mente. O canto de seus lábios se arqueou ao que ele os abriu para falar.

― Enoch... Você é coceguento? ― perguntou cuidadosamente, mas o divertimento era claro no modo como sua voz soou.

― O-O que diabos é essa palavra? ― Enoch disse, forçando uma risada embora fosse quase possível ouvir o nó em sua garganta. ― Claro que não. Eu só não gosto de ninguém cutucando minha cintura, isso é tudo.

― Será? ― arqueou as sobrancelhas, quase se deitando sobre o sofá ao tentar alcançar Enoch, que discretamente moveu-se para o lado oposto. ― Eu acho que você sente cócegas sim e é bem sensível, por isso você não queria que ninguém te tocasse desde o começo.

― Do que você está falando agora? ― questionou, continuando á rir fraco e nervosamente enquanto mantinha o olhar fixo na tela do laptop, embora Horace soubesse que ele não olhava para nada específico. ― Já te disse que não sinto cócegas.

― Vou ter que me certificar... ― ele disse, e antes mesmo que Enoch pudesse responder ou fazer algo para se defender, Horace cutucou sua cintura novamente e dessa vez, o mais velho deu uma risadinha antes de afastar rapidamente o computador do colo e pular para fora do sofá, o dedo apontado em riste para Horace enquanto seus olhos estavam arregalados. ― Oh meu Deus... Enoch O’Connor sente cócegas!

― Você... Você não pode falar uma palavra sobre isso... ― Enoch começou, o olhar alarmado enquanto Horace tinha uma expressão surpresa.

― Não se preocupe. Seu segredo está a salvo. ― respondeu, rindo fraco.

Enoch não parecia convencido, mas ele abaixou a mão lentamente. O rapaz olhou para seu laptop sobre o sofá e alternou o olhar entre o aparelho e Horace, que já parecia distraído com a televisão, o que era um bom sinal. Ele aproximou-se para pegar o computador, mas logo ao colocar o computador sobre o colo novamente, foi surpreendido por Horace próximo o suficiente para causar cócegas em seu torso e deixa-lo sem saída.

Ele explodiu em risadas enquanto tentava empurrar Horace para longe, assim, para poder levantar-se. Sem obter sucesso por sentir-se fraco e vulnerável com as cócegas causadas, ele suplicou entre gargalhadas para que o louro parasse; seu rosto vermelho por culpa das risadas persistentes que impediam que ele parasse para respirar.

― H-Horace... H-Horace p-pare a-agora mes... ― Enoch tentou, mas sem sucesso ao entrar em mais uma erupção de gargalhadas.

Horace deixou que Enoch o empurrasse para o lado, dando tempo o suficiente para que o rapaz se levante e corra para a cozinha, se afastando o mais rápido que conseguia do amigo. Este tinha um grande sorriso no rosto quando se levantou do sofá e dirigiu-se até a cozinha, cobrindo os passos apressados do mais velho.

― Enoch... ― ele cantarolou, caminhando lentamente pelo cômodo e olhando vez ou outra para os cantos para procura-lo.

Então, ouviu um estalo, o que fez com que Horace se virasse imediatamente a tempo de ver Enoch derrubando uma cadeira ao tentar sair de trás da geladeira com cautela. Ele fez uma careta ao ver que não havia conseguido evitar o barulho, mas então Horace já havia o cercado. Enoch franziu as sobrancelhas e tentou escapar ao contornar a mesa, mas o louro copiava seus movimentos como se fosse seu reflexo.

Por fim, Enoch deu um grito de frustração e correu para a saída da cozinha, esbarrando em algumas cadeiras no processo. Horace o puxou pela cintura antes que ele pudesse sair, não falhando em fazer cócegas e em ouvir as gargalhadas do mais velho. Pensando rápido e com desespero, Enoch tentou abaixar-se para longe do aperto de Horace, que confuso, acabou sendo distraído e dando a chance do amigo escapar, correndo até a sala de estar novamente.

Ele não arriscou olhar para trás, mas quando diminuiu o ritmo ao imaginar que estava livre, sentiu sua cintura ser segurada mais uma vez, e o susto acabou por fazê-lo se desiquilibrar e cair no sofá. Horace manteve-se em pé enquanto continuava á fazer cócegas no louro, apreciando o som das gargalhadas de Enoch – sendo também a primeira vez que as ouvia, e assim, ele havia decidido que era um som agradável e que deveria ser ouvido mais vezes.

― P-Para H-Horace, e-eu n-não consigo... R-Respi... ― pediu entre risadas, sabendo que deveria poupar o fôlego ao invés de falar, pois apesar de estar vermelho e com lágrimas no canto dos olhos, sabia que suas tentativas de fazer o amigo parar seriam inúteis.

O rapaz caiu do sofá durante sua segunda tentativa de escapatória, e logo ao virar-se para deitar de costas no chão, Horace havia colocado as pernas uma de cada lado da cintura de Enoch, ficando assim por cima do amigo; mas ele havia parado de fazer cócegas.

Ele limpou as lágrimas de Enoch com o polegar em um ato ousado, mas o louro ainda não havia se situado completamente após ter a opção de respirar. Quando finalmente voltou á si, ele gelou debaixo do toque de Horace, os olhos arregalados e o coração acelerado contra seu peito mais uma vez, logo depois de ter se acalmado.

Horace pareceu vidrado por um momento assim como Enoch, o contato visual dos dois tão intenso e frágil que qualquer movimento poderia quebra-lo. Nenhum dos dois atreveu-se á abrir a boca para produzir algum som, sabendo que aquilo poderia ser destruído facilmente não importavam as palavras.

Enoch sentia como se fosse desmaiar á qualquer minuto, e a sensação não melhorou nem um pouco quando Horace inclinou-se para baixo, seus olhos azuis e brilhantes se aproximando cada vez mais – e a proximidade acabou fazendo com que ambos os olhares desçam para os lábios um do outro; e eles estavam á apenas um centímetro...

― O que diabos vocês estavam fazen... Oh.

Victor interrompeu-se imediatamente ao ver a posição em que os dois se encontravam, mas que havia mudado no exato minuto em que ele pronunciou a primeira palavra. Horace pulou para o lado, saindo de cima de Enoch enquanto este se levantava tão rápido quanto uma piscada. Eles evitaram o olhar um do outro e de Victor; Enoch fingiu estar focado em pegar seu computador do sofá e Horace pegou o controle remoto novamente, mudando para um canal aleatório.

― E-Eu derrubei uma cadeira. Pois é. Acho que tenho que arrumá-la. ― Enoch disse subitamente, ignorando o olhar alarmado de Victor, como um veado pego sob a luz dos faróis, ao passar pelo amigo para chegar á cozinha.

Este olhou para Horace então, como se esperasse por respostas.

― Espero que você goste de Harry Potter, vai ter uma maratona de todos os filmes nesse canal hoje. ― Horace disse, mas embora se refira á Victor, ele não fez movimento algum para olhar para o amigo, que continuava parado estático no espaço entre a sala de estar e a cozinha.

Mas Victor não recebeu respostas sobre o que havia visto naquela noite.

 

+1

Era o último dia do ano quando o grupo reuniu-se novamente. Eles haviam decidido que não iriam ter grandes preparações para comemorarem a virada do ano, então apenas encontraram sua própria forma de fazer alguns salgados e refrigerante funcionarem – e havia afinal, como esperado.

Faltavam alguns minutos para o dia seguinte e todos já se reuniam na sala de estar espaçosa para assistirem ao estouro dos fogos de artificio que seria televisionado de Nova York. A melhor opção seria que eles apenas caminhassem para o centro da cidade em que moravam para verem o que eles conseguiam, mas sua decisão final havia sido ficar dentro da casa; assistindo pela televisão ao programa de Ano Novo.

Todos estavam focados em suas próprias conversas para perceberem muito sobre o que ocorria ao seu redor, embora ainda mantenham o olhar no relógio na parede; que sinalizava apenas dois minutos para meia noite. Enoch conversava com Emma, ainda que esteja certo de que ela não estava muito interessada.

― Por que você está falando de cadáveres? ― Emma reclamou com uma careta. ― Que horror, Enoch. Isso não é bom.

― Por que eu não estaria falando? Todos vamos acabar desse jeito algum dia, não é nenhuma surpresa. ― Enoch disse, dando de ombros. ― Mas é interessante saber o que acontece com nosso corpo depois.

― Talvez não hoje. ― ela então sorriu repentinamente, como se estivesse se esquecido do que esteve ouvindo nos últimos minutos. ― Vê se ilumina um pouco seus assuntos. Pelo menos por dez minutos. Daqui á alguns minutos é outro ano.

― E...? Quando você for ver é outro ano de novo! ― exclamou, mas Emma o ignorou ao balançar a cabeça e levantar-se, caminhando na direção em que Hugh estava com Fiona. ― Você vai se arrepender algum dia de não ter ouvido.

― Se já estivermos mortos, que utilidade teria de saber o que acontecesse depois? ― Horace perguntou, aparecendo segundos após a reclamação de Enoch e o surpreendendo por não ter percebido antes sua presença.

― Ah... É interessante! ― respondeu, arqueando as sobrancelhas enquanto olhava para cima, considerando que ele estava sentado em um dos cantos do sofá comprido e Horace estava de pé. ― Mas me disseram que sou mórbido, então eu deveria parar de falar sobre isso.

Horace acabou rindo e eventualmente, Enoch se juntou á ele.

― Um minuto! ― Claire exclamou em um tom alto, chamando a atenção dos amigos ao seu redor. Com seu aviso, os que estavam sentados se levantaram, esperando pelo ponteiro do relógio se mover mais uma vez.

Enoch olhou rapidamente para a sala inteira, vendo Hugh e Fiona de dedos entrelaçados em um canto do cômodo; Victor e Bronwyn sorrindo enquanto olhavam para o relógio; Claire e Olive lado a lado com os braços enganchados; Jacob, Emma e Millard reunidos e próximos de onde ele e Horace estavam. E ao ter uma visão completa sobre todos seus amigos, acabou por deixar o olhar sobre o louro por mais tempo inconscientemente enquanto pensava sobre qual deveria ser seu próximo ato.

Ele provavelmente havia encarado por mais tempo do que desejava e percebia, pois logo quando Horace o olhou de volta confuso, eles já podiam ouvir os gritos sincronizados dos amigos contando os segundos restantes. Mas dessa vez, ao ser pego no ato, Enoch não desviou o olhar.

Seus amigos ainda contavam ao seu redor, mas sua atenção estava focada no rapaz ao seu lado. A confusão de Horace já havia desaparecido de sua expressão para algo suave que Enoch não sabia exatamente como definir. Quando todos gritaram em comemoração ao ano novo, eles não quebraram o contato visual, e ao invés, apenas viraram-se de frente um para o outro; hipnotizados como uma mariposa atraída por uma chama.

De repente, Enoch viu-se em uma distância perigosamente curta de Horace – e estava tão próximo que se ele apenas se inclinasse um pouco...

― Aqui? ― Horace sussurrou repentinamente, mal sendo ouvido por baixo do barulho que os seus amigos faziam ao redor, e Enoch não iria entender o que o rapaz havia dito se não tivesse lido a palavra saindo de seus lábios. Os dois retornaram ao contato visual por curtos segundos antes de Enoch assentir de uma forma quase imperceptível.

Então seus lábios se encontraram.

Havia sido suave e calmo daquela forma; nenhum dos dois moveu os lábios, mas podiam sentir como o outro havia relaxado com aquilo, além do fato de ambos estarem com os olhos fechados de uma forma serena. A duração também havia sido curta, pois se afastaram lentamente alguns segundos depois, encostando as testas enquanto tinham um sorriso tímido no rosto.

― Finalmente!

Eles abriram os olhos com a voz próxima e viraram o rosto ao mesmo tempo para a direção em que havia vindo apenas para ver Millard sorrindo e olhando de volta para os dois. Bronwyn, Victor, Emma e Jacob também tinham aquele sorriso e uma expressão que mostrava certo alívio em relação ao que observavam.

― Não precisam ficar surpresos, todos nós já sabíamos. ― Hugh disse do lado contrário, fazendo com que os dois o olhem ao lado de Fiona ao invés. ― Mas acho que vocês mesmo não sabiam.

Enoch suspirou, ignorando as palavras de Hugh embora tenha pensado nelas. Ele havia entendido o sentido que o amigo se referia, mas acabou preferindo não comentá-lo naquele momento, aproveitando-o enquanto tinha Horace tão próximo.

E o abraço que recebeu deste alguns segundos depois não havia sido nem um pouco ruim e talvez até mesmo melhor – do seu próprio jeito – dos que recebia dos outros amigos.


Notas Finais


Espero que tenham gostado! Ficou maior do que eu esperava, mas, bom, fazer o que?

Até ^-^


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