1. Spirit Fanfics >
  2. Cancer >
  3. Capítulo 1

História Cancer - Capítulo 1


Escrita por: Maduziinha

Notas do Autor


Espero que gostem.
Comentem, porfavorzinho ^^

Capítulo 1 - Capítulo 1


Fanfic / Fanfiction Cancer - Capítulo 1

Gerard

Gerard se sentia cansado.
Nunca fora do tipo que desistia facilmente de algo, mas havia mudado seus conceitos de um tempo pra cá.
Ali, naquele quarto de hospital – que odiava, apesar de ser pintado em suas cores favoritas -, Gerard Arthur Way, um homem de 23 anos, havia decretado que era o fim.
         Ora, quem ele queria enganar?
Aquilo não era viver muito tempo. Passava a maior parte de seus dias dormindo e sonhando/pensando em tudo o que vivera até ali. E lembrava muito bem de cada passo seu dado até ali.

         Como qualquer garoto de 16 anos, Gerard tinha planos para toda uma vida que tinha pela frente. Ou ao menos deveria ter. Sua real vontade era viajar o mundo, ter dinheiro o bastante para conseguir sobreviver ao lado de alguém que amasse de verdade, casar e ter uma família.
Mais ou menos nessa idade que as coisas começaram a dar errado.
         Havia feito alguns exames de rotina comuns, que deveriam revelar a saúde de um jovem normal dessa idade.
Way lembrava-se bem de estar sentado na cadeira do mesmo médico que agora conversava com a enfermeira que agora trocava seu soro. Sentado naquele lugar, com sua mãe em prantos enquanto o garoto escutava atentamente, que em seu exame de sangue, algo havia dado errado. Seus leucócitos resolveram sofrer uma mutação inexplicável e se multiplicavam mais rápido do que um cronometro podia contar os milésimos passando. Talvez aquilo explicasse o porque de ter febres tão altas sem motivo nos últimos meses, e porque um simples corte na língua podia sangrar por horas. Seu sistema imunológico enfraquecia cada vez mais, e rapidamente.
         Meses depois e Gerard dava mais alguns passos para o que considerava o fracasso total de sua vida.
Completara 17 anos nesse meio tempo, e seu corpo era bem diferente do que antes da doença. Antes, tinha a fama de ser gordinho, e um pouco guloso. Agora ele estava mais magro do que qualquer médico consideraria normal, e também não se sentia disposto como outro jovem de sua idade. A falta de apetite se fazia presente, assim como a fadiga, a febre e as manchas roxas. Todo cuidado para que não se machucasse era pouco, afinal, agora qualquer pancada ou corte bobo era capaz de fazê-lo ter uma hemorragia severa.
Naquele fatídico dia, tinha a cabeça encostada na janela do carro, que estava gelada devido a chuva que caia lá fora. O capuz do moletom grosso escondia os fones de ouvido e boa parte de sua cabeça ausente de qualquer fio de cabelo. Mesmo ouvindo suas músicas no volume máximo que era permitido, podia escutar seu pai gritando com sua mãe, e acelerando mais e mais a cada palavra grosseira que lhe era dirigida.
Way mais velho culpava a mãe do garoto pela doença do mesmo, que nem ligava, pois após meses, já havia acostumado com as brigas constantes. Talvez ele não houvesse percebido o cheiro de bebida que exalava do homem na direção.
         Então tudo aconteceu como num relâmpago; um rápido flash de luz. Seu pai jogando o carro contra a outra pista sem motivo algum, o carro derrapando na pista e, a mãe de Gerard empurrando o peito do garoto contra o banco, para que esse não se machucasse enquanto o carro capotava várias e várias vezes. Quando o automóvel finalmente parou de balançar, Way abriu seus olhos com dificuldade, antes de olhar pelo vidro quebrado da janela e ver um caminhão de carga avançando em alta velocidade contra o Sedan preto de seu pai.
Meses depois acordara no hospital, o mesmo que se encontrava no presente momento.
Estava órfão, e sob a guarda de sua tia Marie, uma parente distante, mas que tinha bom coração. A perna engessada, até quase sua cintura, indicando que provavelmente seu fêmur estava quebrado. Os cabelos cresciam novamente, e recebera uma notícia boa pela primeira vez em tempos: Seu corpo havia se estabilizado.
Gerard teria de continuar fazendo constantes exames, mas ao que parece, seu corpo começava a produzir menos leucócitos defeituosos, o que fazia com que seu organismo pudesse ficar um pouco melhor.

         Way podia finalmente tentar ter uma vida normal.
Continuava a tomar alguns remédios, a maioria para suprir a falta de vitaminas em seu sangue precário, mas não era nada comparado a sentir o líquido que formava sua quimioterapia adentrando seu corpo. Ele se lembrava bem como era aquela coisa avermelhada subindo por suas veias, lhe deixando com enjoo e dor de cabeça.
Passaram-se anos até que se sentisse completamente curado. Ainda haviam algumas células defeituosas em seu sangue, mas não era nada alarmante, segundo os médicos. Gerard agora já tinha recuperado o ano que faltava para se formar, e finalmente estudar algo que realmente gostava. Vivia sua vida carregando um lápis no bolso, desenhando em qualquer superfície possível, e tinha uma boa ajuda de sua Tia Marie, que por sorte, tinha dinheiro o suficiente para sustenta-los pelas próximas três vidas.
         Você poderia dizer: Olha só, Gerard Way venceu na vida, e agora vive tudo o que sonhou!
Errado.
Os estudos, os privilégios de uma pessoa rica, tudo aquilo era uma máscara para o verdadeiro Gerard Way que vivia dentro daquele corpo, agora mais gordinho e de aparência sadia. O Gerard que morava ali, ainda tinha no fundo, seus 16 anos. No fundo, sua ficha ia caindo aos poucos, de como havia perdido 6 anos de sua vida lutando contra uma doença idiota que tirara tudo de mais valioso que tinha.
Levara seus pais, seus amigos, e sua transição pela fase adolescente-adulto.
Agora era um universitário solitário, que tinha sua tia, e uma gata como companhia, assim como seus pensamentos amargurados sobre a “vida” que havia conquistado.

         Algo faltava na vida daquele homem, e qualquer pessoa em sã consciência apreciaria seus esforços para achar o que era. Talvez ele fosse apenas alguém traumatizado com o que passara, e com medo de que acontecesse de novo. E novamente, quem Gerard queria enganar? Ele havia chegado ao fundo do poço.
Talvez aquela situação em que se encontrava fosse pior do que sua doença, já que naquela época, ele tinha algo com o que ocupar sua mente.
Agora, tinha apenas sua solidão caminhando mais perto do que se podia imaginar, algumas folhas de papel rabiscados, ilustrando um homem confuso e perdido.
Sim, algo faltava à aquele homem.
Algo chamado Frank.



Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...