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História Cancer - Capitulo 2


Escrita por: Maduziinha

Capítulo 2 - Capitulo 2


Fanfic / Fanfiction Cancer - Capitulo 2

Frank era uma pessoa definitivamente agitada.
Aos 21 anos, trabalhava como técnico em enfermagem num hospital famoso da cidade, o qual tinha tratamento especializado em pacientes com câncer. Tinha um apartamento simples, e ia para casa a pé, economizando cada centavo para pagar a faculdade de psicologia.
Iero era amigo de todos naquele lugar, talvez por isso quisesse tanto fazer aquele curso. Entre uma troca e outra de soro, o garoto tinha o costume de sentar perto de algum paciente e perguntar como fora seu dia, e tratava de botar um sorriso no rosto do mesmo. Quando não estava trabalhando, ou conversando com algum paciente, era fácil de encontra-lo em algum canto, com um livro de estudo nas mãos, e um saco de doces na outra.
Provavelmente era uma das pessoas mais adoradas daquele lugar.

         Ele teve uma infância normal, mas sempre foi muito esforçado para conseguir o que queria. Tinha uma família presente, e que o amava, mas mesmo assim sentia falta de algo.

         Um dia, Frank estava apoiado no balcão que ficavam os materiais para seu trabalho, enquanto lia mais algumas páginas de seu livro de psicologia. Com uma das mãos segurava o livro aberto na mesa, e com a outra, devorava um saquinho de balas de gelatina.
O garoto lembrava-se bem de como se assustara quando um homem que aparentava estar em fase terminal escorou-se no balcão, e sorriu, tentando ser simpático.

- Você pode me dar um copo d’água? Meus lábios estão ressecados. Sabe como é, quimioterapia... – Ele bocejou. Parecia extremamente cansado, e pressionava um lenço na palma da mão.

- Ah... Claro, espere um minuto. – Frank guardou seu livro e jogou o saco de doces no lixo, e pegou uma garrafa de água num pequeno estoque que tinham dentro de uma gaveta. – Aqui está.

- Pode abrir pra mim? – O homem pareceu um pouco envergonhado com o pedido, mas Frank não deu importância, apenas sorriu e abriu o pequeno recipiente, observando o outro fechar os olhos verdes – que Frank podia jurar que eram os mais belos que já tinha visto. -, enquanto sorvia o líquido avidamente.
- O que houve com sua mão? - O baixinho tinha seus "instintos quase médicos" alertas, e direcionou um olhar preocupado até a mão do homem a sua frente.

- Nada demais. Um pequeno corte, que sangra bastante. - O homem de olhos verdes respondeu, enquanto Frank já vasculhava nas gavetas do balcão, a procura de alguns materiais de higiene.

- Leucemia, né? Qualquer coisa pode causar um grande sangramento. Melhor eu limpar antes que isso ai infeccione. - Frank tomou a mão esquerda de Gerard nas mãos com tanta delicadeza que deixou o mais velho surpreso.

O menor era completamente cuidadoso, apesar das muitas tatuagens e do jeito sério, que fez com que Way acreditasse que ele poderia ser tão bruto como os enfermeiros que castigavam suas veias para aplicar a quimioterapia.

Agora nada mais importava mesmo, não é? Ele já havia desistido só estava ali para avisar seu médico de que não voltaria mais ali.
8 meses, era o que lhe restara para aproveitar.

      Frank cantarolava baixinho enquanto colocava suas luvas e tratava de limpar e enrolar o pequeno corte com gazes novas.

     Tudo acontecera tão rápido em tão pouco tempo, que a mente afobada de Frank ainda não havia processado como aquilo tudo acontecera. Em três meses havia se apaixonado, e largado seu emprego e a faculdade para cuidar de Gerard.
Lembrava-se bem de como havia o conhecido.

      Era uma noite tranquila no hospital - o que era uma coisa rara-, e seu turno estava quase acabando quando o dono dos olhos verdes mais belos que Frank já vira apareceu. Ele parecia surpreso pelo cuidado o qual estava sendo tratado, o que fez Frank pensar se ele não recebia carinho. E como sempre, o menor não se conteve ao começar a perguntar algumas coisas. Desde pequeno sentia aquela vontade de ser amigo de todos, aquela necessidade de sempre ajudar a todos, aquela...curiosidade e cuidado fora do comum

         Way se mostrava fechado no começo, mas depois de ter o telefone do outro, finalmente podia dizer que tinha um amigo.
Apesar de ser bem ocupado a todo tempo, Frank tratava Gerard como nunca havia amor, havia paixão.

         E então, logo veio o primeiro abraço e o primeiro beijo. Logo depois, vieram as primeiras lágrimas.

         Frank lembrava-se de como Gerard ligou em desespero para ele; e o pediu que fosse até sua casa. Iero sabia que Gee não o faria numa situação de emergência. O mais novo saiu da sala de aula e foi até a casa do outro apressado. Lembra-se bem de ter encontrado aqueles olhos verdes bem tristes, e de como quis tomar toda a dor de Gerard para sí.
Gerard havia lhe negado um beijo, e Frank compreendia, já que ele tinha vomitado tudo o que podia. Se contentou em aninha-lo nos braços, enquanto observava o homem adormecendo em seus braços, vez ou outra coçando a pontinha avermelhada do nariz afilado.

      Após isso, Frank decidiu que tentava tornar a vida de Gerard - que agora era seu namorado -, um pouco melhor. Apesar de ter pedido as contas no hospital, ainda estudava bastante quanto podia.

Logo depois, veio o primeiro "eu te amo".

Era aniversário de Frank, e Gerard resolvera lhe fazer una surpresa. Após uma maratona de filmes de terror acompanhada de doces variados, Gerard deu uma aliança para o aniversariante e lhe contou o que era uma surpresa até para ele mesmo: havia voltado a fazer o tratamento.

Nesse meio tempo, Frank havia desenvolvido a esperança a Way. Lhe mostrara o que era amor de verdade, e lhe dera vontade de viver novamente, apenas para ficar mais tempo com aquele pequeno que o trouxera de volta a vida.
Frank foi o primeiro a dizer. As três pequenas palavras saíram num gemido baixinho, enquanto Gerard o fazia seu pela primeira vez.
O mais velho respondeu, e tratou de repetir diversas vezes até a hora em que os dois adormeceram, enroscados na cama de casal do mesmo. Naquele momento tudo parecia exatamente perfeito, como se nada mais importasse, como se fossem apenas dois homens adultos se amando incondicionalmente. Frank estava assustado pela intensidade a qual amava Gerard, como se pudesse dar sua própria vida em troca de mais alguns meses ao lado de seu, agora, namorado.

         Como Gerard gostava de dizer, tudo o que era bom em sua vida durava pouco. Frank acordou no meio da noite, e se virou em busca do corpo quente de Way ao seu lado, mas encontrou um monte de lençóis e cobertores sozinhos e... molhados?
O mais novo despertou completamente em um estalo, e acendeu o abajur que repousava na cômoda ao lado da grande cama. Com a ajuda daquela fraca iluminação, pode ver suas mãos levemente avermelhadas, e os lençóis antes brancos, agora manchados de um líquido vermelho. Frank levantou-se em um salto e foi até o banheiro, aonde o corpo de Gerard estava desmaiado.
Tinha o rosto mais pálido que o normal, e os lábios coloridos apenas pelo tom carmesim. Os cabelos negros estavam mais ralos, devido a quimioterapia e a mania incessante que ele tinha de coloca-los para trás a todo momento.

         Pela primeira vez em sua vida, Frank sentiu o chão sumindo debaixo de seus pés. Pela primeira vez ele não sabia o que pensar, e viu tudo perder a cor e esfriar ao seu redor.
As cenas se passavam em câmera lenta enquanto Gerard era levado pelos paramédicos que adentraram o banheiro, o arrancando de seus braços. O homem fora inteligente o suficiente para pedir socorro antes de perder a consciência.
Frank conseguia se lembrar do barulho da ambulância o levando embora, e de ter que correr quadras e mais quadras até chegar ao hospital em que trabalhava antigamente.
Lembrava-se de receber a notícia que ele estava fazendo um transplante de medula no exato momento o qual Iero conseguira alcançar o hospital, e também de ter sentado no chão da sala de espera, com os grandes olhos amendoados inchados por causa do choro, e quase se fechando de cansaço, sendo finalmente domado.

         Agora, Frank estava ali.
Sentado na cama aos pés de Gerard, observando seu namorado em um coma induzido, após seu corpo ter rejeitado todo e qualquer tipo de tentativa de expulsar as células cancerígenas de seu sistema.
Era o fim, e Frank sabia disso.
Todos os dias, ele conversava com seu namorado como se ele estivesse realmente entendendo tudo, como se estivesse acordado, e o escutando atentamente como sempre fazia. Era doloroso ver seu gordinho naquele estado, numa magreza doentia, entubado e monitorado por um emaranhado de fios. Todos os dias, ele ficava ali mais tempo do que era permitido, já que trabalhara naquele local, Frank tinha certos privilégios.
Às vezes, se permitia chorar baixinho, clamando para que seu namorado abrisse seus olhos mais uma vez, para que ele pudesse ver mais uma vez o tom de verde mais lindo de toda a eternidade. Até que Gerard o fez.

         Frank foi até a cafeteria, tentar ingerir algo que não fosse água ou gelatina, e quando voltou, com um copo já vazio de café em mãos, percebeu a movimentação estranha no leito de seu namorado. Quando tentou abrir as portas, o médico de Gerard impediu que o fizesse.

-Desculpe senhor, não pode entrar agora. – E então, antes que o médico fechasse também as cortinas que cobriam da porta de correr, pode ver Way tombar a cabeça pro lado – agora usando apenas uma cânula para auxiliar sua respiração -, e sorrir, olhando para ele com aqueles olhos verdes que Frank um dia jurou amar por toda eternidade. 



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