História Cancer - Chapped & Faded

Cha Hakyeon estava internado há meses, vivendo a base de remédios e quimioterapia. Já não havia mais sombra daquele alegre dançarino que fora outrora; era amargurado e quase não falava.

A única pessoa que ouvia sua voz era Jung Taekwoon, o enfermeiro responsável por sua medicação e tratamento. Nem mesmo deixava Lee Jaehwan entrar e este era seu namorado. Foi quando rasparam-lhe os cabelos que a porta do quarto começou a ficar trancada para Jaehwan; desde que a única família que Hakyeon possuia era sua tia, e ela não se sentia na obrigação de visitá-lo, o moreno apenas ficava sozinho o dia todo. Vez ou outra Jaehwan ainda aparecia, batendo como louco na porta e insistindo para entrar. Cha sempre negava-o, não deixaria-o vê-lo apodrecendo aos poucos. Não, pois amava Jaehwan e queria preservar na mente dele sua imagem saudável, não aquele corpo transbordando câncer que havia tornado-se.

—Ele está aí fora novamente.-A voz de Taekwoon era calma, enquanto aplicava os remédios no cano ligado a veia do moreno-Não quer mesmo vê-lo? Ele está chorando.-Hakyeon nem mesmo abria os olhos, negava com a cabeça em completo silêncio-Hakyeon-ssi, perdoe minha intromissão, mas quer passar o resto dos seus dias sem ver a pessoa que ama?-Questionou quando acabara de injetar o remédio.

—Ya, Taekwoon-ssi, você vai viver bem mais que eu e mesmo assim não saiu ainda com o Dr. Wonshik.-Retrucou, abrindo os olhos a tempo de ver o rosto do enfermeiro corar.

—C-como você sabe disso?-Gaguejou, fazendo o outro rir.

—Eu vi vocês dois, se ia deixar ele te beijar, por que negou sair com ele?-Provocou novamente.

—I-i-isso não é assunto para agora!-Escondeu-se atrás de sua prancheta de anotações-Não vai mesmo vê-lo? Ele vem todos os dias.-O moreno desviou o olhar.

—Ah, esses remédios me deixam sonolento.-Reclamou, fechando os olhos novamente-Taekwoon-ssi, deixe a porta destrancada.-Sussurrou, fazendo o enfermeiro sorrir minimamente.

Assim que a porta fechou-se, Hakyeon abriu os olhos novamente, fitando a porta. Foi questão de segundos para que ela se abrisse e os olhos dele se fechassem novamente. Jaehwan entrou, encarando a figura de seu namorado. Estava diferente da última vez que lhe fora permitido vê-lo; agora os cabelos haviam caído por completo, o corpo estava mais magro e a pele mais pálida. O loiro se aproximou calmamente, sentando-se na cadeira que ali havia.

Observou o rosto adormecido, Hakyeon estava tão belo quanto antes, tinha certeza. Aquela doença não lhe apagava o brilho, pois isso doença alguma conseguiria fazer. Os dedos passearam pelo rosto do namorado e um sorriso bobo brotou-lhe nos lábios.

—Hakyeon-ah, tenha bons sonhos.-Entrelaçou seus dedos aos dele, sem interromper o carinho que fazia em seu rosto-Eu am-Interrompeu sua frase ao sentir a mão do mais velho apertando a sua.

—O que está fazendo aqui, Jaehwan?-Mesmo que tivesse deixado-o entrar, ainda não queria que ele o visse daquele modo.

—Por que não me deixa te ver?-Retrucou, olhando-o nos olhos.

—Não é essa a visão que eu quero que você tenha de mim.-Suspirou-Você pode respeitar isso, não é?-A voz começava a falhar, em consequência da sonolência que o remédio causava-lhe.

Jaehwan ficou em silêncio, o moreno levou sua mão ao rosto do namorado, acariciando-o. O aperto entre as mãos aumentou, seus olhos encontraram novamente quando as lágrimas do mais novo começaram a cair.

Turn away ( Vire-se )

'Cause i'm awful just to see ( Porque eu estou horrível apenas de ver )

And all my hairs abandoned all my body (E todo o meu cabelo abandonou meu cabelo) 

All my agony ( Toda minha agonia)

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Hakyeon estava cansado de apenas ficar deitado; juntando o pouco de força que ainda possuía, levantou-se puxando o suporte do soro. Parou na porta, ao ver a maçaneta girar. Taekwoon tinha a chave, então não poderia ser ele.

—Hakyeon?-A voz estava calma, diferente das últimas vezes-Fique tranquilo, eu não vou entrar. Quero apenas conversar.-No lado de fora, o loiro sentou-se no chão, encostando as costas na porta. Hakyeon fez o mesmo do lado interno, deitando sua cabeça sobre os joelhos, os quais abraçava contra o peito.

—Eu quero muito ficar com você todo o tempo possível, mas se você não quer.-Respirou fundo, pensara naquilo a noite toda e ainda assim era difícil-Eu decidi respeitar isso, não nos veremos a menos que você queira.-A voz do loiro soava embargada, enquanto Hakyeon já chorava.

—O-obrigado, Jaehwan.-Limpou as próprias lágrimas, sorrindo-Eu também quero estar com você, mas não fico em paz lhe deixando ver essa imagem miserável de mim.-Falou, ainda tentando conter as lágrimas.

Jaehwan encolheu-se no corredor, ficar sem ver o rosto do namorado num momento como aquele era sufocante. Queria quebrar a promessa e abrir aquela porta, envolvê-lo em seus braços e acalmar-lhe com beijos.

Entretanto, Jaehwan teve que quebrar a promessa por outros motivos. O som do baque do corpo de Hakyeon contra o chão fez-lhe abrir a porta de imediato, o rapaz tossia e parecia sem ar.

O mais novo foi rápido em chamar Taekwoon que viera com Wonshik, ambos colocaram o moreno de volta em sua cama e trataram dele enquanto Lee voltava para o lado de fora. Mordia os lábios, sentindo-se nervoso. No celular haviam mensagens da mãe e dos amigos da faculdade, perguntando onde estava áquela hora da noite.

Só podia responder sua progenitora com sinceridade, afinal ela era única que tinha conhecimento de sua relação.

–Como você está meu filho?.

Ouvir a voz dela acalmava-o, mas seu coração ainda estava dentro do quarto hospitalar, vigiando Hakyeon e sentindo todas as dores que ele possívelmente sentia.

–Só saberei quando me disserem como ele está.

–Ele ficará bem, Hakyeonnie é forte e aguentou bem todo esse tempo.

–Omma... Eu estou morrendo de medo.

Jaehwan nunca considerara-se emocional, mas quando lembrava-se do que o destino reservava-lhe, chorava como criança.

–Eu mal posso imaginar, mas vocês ficarão bem. Ainda tem muitas promessas para cumprir, não foi o que me disse?

O loiro lembrava-se de contar da doença de Hakyeon para mãe e sorrir em seguida, dizendo estar tudo bem.

Eles ainda tinham muito a viver juntos...

—Jaehwan-ssi?-Dr. Wonshik sorria gentil, Jaehwan nunca teve tanto medo de falar com um médico em toda a sua vida.

—E-ele está bem!?-Sua voz saía falha, no celular era possível ouvir a voz baixa de sua mãe chamando-o.

—Sim, foi apenas uma convulsão, pode vê-lo se quiser. Ele está dormindo.-Com uma reverência, o doutor partiu levando o enfermeiro consigo.

Jaehwan comunicou a mãe e desligou o celular em seguida.

Tinha uma decisão difícil para fazer; queria vê-lo, mas não queria quebrar a promessa.

Não outra vez.

Abriu a porta do quarto, olhando-o de longe. Ver Hakyeon de olhos fechados dava-lhe medo, seria a última visão que teria dele quando de fato se fosse. Talvez realmente não quisesse nenhuma lembrança da época atual; talvez fosse melhor apenas conservar os doces dias que tiveram juntos onde a única preocupação era achar um local para seus encontros que agradasse a ambos. Andou lentamente até a cama, sentindo-se aliviado em ver o peito dele, mesmo que lentamente, subindo e descendo.

—Me perdoa por quebrar a promessa, será só por essa noite.-Sentou-se, agarrando aquela mão que antes costumava procurar a sua sempre que andavam juntos.

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Quando o mais velho acordou, sentiu sua mão direita dormente e quente. Abriu seus olhos encontrando Jaehwan deitado sobre sua mão, num sono profundo; seu coraçao apertou e os olhos ameaçaram transbordar em lágrimas.

Ah, como era bom vê-lo de novo...

Levou a mão até aqueles fios, os mesmos que o mais novo descolorira apenas porque Hakyeon dissera-lhe que ele ficaria bonito daquela forma. Amava tantos aspectos de Jaehwan que doía-lhe pensar que não veria aquele rosto, do qual era apaixonado por qualquer expressão que fizesse, para todo o sempre. Nos primeiros sinais que Jaehwan acordaria, o moreno endireitou sua postura, fitando as paredes brancas; sua mão ainda estava embaixo da bochecha do namorado, deixando-o um pouco envergonhado.

Assim que os olhos de Jaehwan abriram-se por completo, ele não evitou de abraçar o namorado o mais forte possível. Hakyeon fraquejou, prendendo-se ao abraço dele; sentindo aquela fragância acalmar-lhe o coração.

Entretanto, quando tentara beijar-lhe, Cha virara o rosto, mordendo os lábios com força.

—Não me beije.-Pediu, deixando o mais novo confuso-Meus lábios estão uma porcaria, eu não quero me esquecer ainda mais da sensação maravilhosa que é te beijar.-Sorriu, triste.

I will not kiss you (Eu não vou beijar-lhe ) 

'Cause the hardest part of this is leaving you ( Porque a parte mais difícil nisso é deixá-lo)

I will not kiss you (kiss you) ( Eu não vou beijar-lhe)

Lips are chapped and faded ( Lábios rachados e desbotados )

—T-tudo bem.-Sorriu de volta, sentindo o peito doer.

Seu celular tocou, era seu alarme. Como morava longe do hospital, teria pouco tempo para chegar em casa e se arrumar para ir á faculdade; quando pensava em faltar, Cha pareceu ler seus pensamentos.

—Ande logo, se você se atrasar sua mãe vai ficar brava.-Falou, bagunçando os cabelos do namorado.

Sem escolhas, Jaehwan levantou-se e depois de se despedir aproximou-se o bastante do rosto de Hakyeon para que ele sentisse sua respiração juntando-se a dele.

—Fique bem até que eu volte.-Sussurrou olhando-o nos olhos.

—Sempre agindo como se eu fosse morrer a qualquer segundo.-Resmungou, devolvendo o olhar no mesmo nível-Não se distraia no caminho, entendido?-O loiro assentiu, sorrindo e então beijou a testa de Hakyeon, saindo correndo em seguida.

—Essa criança.-Murmurou, sorrindo bobo.

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"—E quanto a se casar?-Questionu Hakyeon, enquanto arrumava os cabelos na frente do espelho.  

Sairiam para um encontro em poucos minutos e o mais velho estava animado. 

—Não tenho certeza se quero.-Respondeu o mais novo, sincero. 

—Sério? Eu também não faço a menor ideia sobre isso!-Mentiu, sentindo-se magoado com a resposta alheia.

Queria que Jaehwan dissesse-lhe que gostaria de se casar consigo, mas como esperado ele era lento demais para perceber. 

—Você está tão bonito.-O loiro abraçou-lhe por trás, beijando seu pescoço. 

Bonito o bastante para você desejar se casar comigo?

—Vamos.-Disse um tanto seco, arrastando o namorado pela mão. 

Jaehwan estranhou, mas decidiu não confrontá-lo, seguiu-o sem protestar. 

Iriam á um restaurante simples do qual gostavam bastante, lá podiam agir como um casal sem se preocupar.

Assim que sentaram-se na mesa de sempre, o loiro pode notar que seu namorado não estava mesmo bem. Ele não estava falante como sempre e até estava checando o celular, coisa que nunca fazia em encontros. 

—Hakyeon, está tudo bem?-Chamou-lhe a atenção, olhando-o preocupado. 

—C-claro.-Colocou o celular no bolso rápidamente, segurando na mão do loiro por cima da mesa-Como está na faculdade?-Resolveu perguntar, sorrindo mínimamente. 

—Estaria melhor se eu pudesse te ver por lá.-Disse, manhoso, apertando a mão alheia. 

—Mesmo? Aposto que nem olharia para mim.-Murmurou, sorrindo ao ver a surpresa no rosto do mais novo. 

—Eu passaria o dia olhando para você.-O sorriso nos lábios do moreno aumentou-É assim que eu quero passar o resto da minha vida, olhando para você.-Sorriu junto ao mais velho. 

—Não vai se cansar?-Arqueeou uma sobrancelha, rindo fraco.  vai se cansar?-Arqueeou uma sobrancelha, rindo fraco.

—Nunca. Mas você tem que prometer que não vai se cansar também.-Estendeu-lhe o mindinho, ficando sério de súbito.

Hakyeon encarou-lhe com o cenho franzido e o loiro chacoalhou a mão, como se o apressasse. Quando teve seu mindinho envolvido pelo alheio, Jaehwan apertou-o com força.  

—Mais cedo, quando eu disse que não tinha certeza se queria me casar.-Disse, surpreendendo-o-Eu não tenho certeza se me casaria com um alguém qualquer, mas se for você, eu tenho certeza de todo o meu futuro.-Sorriu ao ver o rosto emocionado do namorado-Vamos prometer que jamais estaremos cansados um do outro e que nos casaremos.-Hakyeon sorriu, concordando com a cabeça."

—Hakyeon-ssi? Você escutou o que eu disse?-Taekwoon estalou os dedos na frente dos olhos do paciente.

—Me desculpe, eu estou meio desligado.-Falou e o rapaz franziu o cenho.-Pare de agir como se eu já estivesse morrendo, fale logo!-Protestou.

—Certo.-O enfermeiro suspirou-Há uma paciente sendo transferida para essse quarto hoje.-Contou, olhando a prancheta para lembrar-se de tudo que precisava dizer-É uma garota que também tem câncer, ela é um pouco difícil e não podemos ficar de olho nela sempre, por isso eu pedi para colocarem-na aqui.-Hakyeon arqueeou uma sobrancelha.

—Está dizendo que tenho que ser uma babá?-O descontentamento era vísivel em sua face, mas Jung estava sério.

—Bem, desde que não é um paciente da ala vip, temo que vai ter que nos contar se vê-la sair do quarto sem permissão.-Disse, calmamente-Ela estará aqui em alguns minutos, seja gentil.-Saiu do quarto deixando um Cha frustrado para trás.

A garota chegou realmente após uns minutos da saída de Taekwoon, o próprio Dr. Wonshik trouxera-lhe. Ela parecia jovem, era assustadoramente magra, a pele era branca o bastante para que grande parte das veias ficasse a mostra e os cabelos, que eram claramente uma peruca, eram negros e possuiam um corte chanel. Depois que Wonshik arrumou-a na cama, ela encarou-o irritada e ele sorriu.

—Vou deixá-los a sós, se comporte por favor.-Pediu, olhando para a garota, quem bufou.

Assim que o doutor saiu, ela olhou curiosa para o rapaz ali.

—Qual seu nome?-Hakyeon disse, encarando-a como ela fazia.

—Ko Minsoo.-Respondeu-o, num tom meio baixo e falho.

—Minsoo não é um nome masculino?-Tentou soar divertido, visto que a garota parecia desconfortável.

—Isso realmente importa?-Ela riu-Qual teu nome?-Perguntou-o, sorrindo mínimamente.

—Cha Hakyeon.-Sorriu de volta-Então, Minsoo, quantos anos tem?-Prosseguiu a conversa.

—Eu vou ter catorze esse ano-Minsoo sorriu novamente, mesmo que soubesse que o moreno havia se surpreendido com sua idade-Você é mais velho, não é?-Indagou, tirando-o de seu transe.

—A-ah sim, eu tenho vinte e três-Gaguejou, ainda surpreso com o quão nova a garota era.

Os dois continuaram a conversar de modo que se conhecessem melhor; Minsoo contara-lhe que não estava naquela situação há tanto tempo, faziam apenas três meses que havia descoberto e dissera-lhe para não assustar-se com seu peso, alegando ser "magrela" desde sempre. Era uma garota divertida e educada, o que deixava Hakyeon intrigado com as palavras de Taekwoon.

O que exatamente ele quis dizer com "difícil"?

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—Você se lembra que se alimentar é importante, não é?-Taekwoon encarava descontente a bandeja com a comida intocada.

—Você sabe o quão ruim a comida está atualmente?-Hakyeon resmungou-Mudando de assunto, o que você viu de difícil na Minsoo?-Arqueeou uma sobrancelha, fazendo o enfermeiro suspirar.

Minsoo não estava por ali naquele momento, então não havia motivos para não responder-lhe.

—Minsoo já fugiu mais de uma vez do hospital, ela não aceita bem o tratamento, mas fraca como está é perigoso que fique andando por aí sem ninguém por perto.-Explicou-lhe-Por isso pedimos sua ajuda com ela.-Completou.

—Ela tem chances de ser curada ou é como eu?-Não que Hakyeon não pensasse em ajudá-la, mas queria saber daquilo.

—Há quase cinquenta por cento de chance de ela se curar, se conseguirmos fazê-la seguir o tratamento corretamente.-O moreno assentiu-Não vai mesmo comer?-Questinou.

—Oh, olhe o Dr. Wonshik!-O rosto de Jung avermelhou-se instantaneamente-Vá lá e o convide pra sair de uma vez!-Deu batidinhas no ombro do rapaz, fazendo-o ficar ainda mais vermelho.

Hakyeon riu alto quando Taekwoon correu desajeitado para fora do quarto e até terminara sua refeição como recompensa pela coragem dele.

—Você gosta de rir sozinho ou eu perdi alguma coisa?-Minsoo entrou no quarto, sorrindo para o mais velho.

—Você perdeu uma das melhores coisas desse hospital.-O moreno ainda tentava parar de rir.

Hakyeon contou-lhe sobre Wonshik e Taekwoon dando-a todos os detalhes que sabia, o que garantiu gargalhadas para a moça por um bom tempo. Afinal, quem advinharia que uma pessoa tão quieta como o enfermeiro Jung tinha um relacionamento com o alegre e brincalhão dr. Wonshik.

—Oppa, você já pensou em quem irá no seu funeral?-Minsoo perguntou, ela sempre falava bastante de sua morte em momentos aleatórios.

—Bom, eu não tenho família, então talvez apenas o meu namorado.-Respondeu-a.

—Namorado? Você não tinha me contado sobre isso!-Ela sorriu sugestiva.

—Não é como se você não fosse descobrir, não é?-Retrucou, fazendo-a rir.

—O oppa tem sorte, eu vou morrer antes de conhecer alguém pra namorar.-Encarou o teto do quarto, sentindo-se emotiva-Acho que minhas amigas não irão ao meu velório, nem meus pais farão questão de estar lá-Murmurou.

—Então por que não aceita o tratamento? Talvez você não precise pensar no próprio funeral se fazê-lo.-A garota encarou-o confusa-Eu sei o quão ruim pode ser, também passei por ele e tive minha vida prolongada-Um nó formava-se na sua garganta quando lembrava-se daquilo-Mas com você pode ser diferente, pode ser que nunca mais tenha que pisar num hospital para tratar disso.-Minsoo escutava com atenção, nunca haviam lhe dito palavras que a encorajassem-na verdadeiramente a aceitar aquele tratamento.

—Hakyeon?-A voz de Jaehwan prendeu a atenção dos dois, a porta ainda estava fechada e ele não ousaria abri-la sem a permissão do namorado.

—Por que ele não está entrando?-Ko sussurrou, confusa.

—Porque eu tenho medo.-O mais velho confundiu-a ainda mais-Jaehwan não vai entrar a menos que eu deixe, não quero que ele me veja muito nesse estado, sabe?-A garota sentiu-se triste em olhar para o rosto de Hakyeon, ele parecia sofrer com a própria decisão-Ele veio apenas para conversar, faz isso todos os dias.-Suspirou ouvindo mais uma batida na porta.

Minsoo se levantou, caminhando até a porta e abriu-a o bastante para que conseguisse passar. Jaehwan encarou-a surpreso.

—Você é o namorado do oppa, não é?-O loiro assentiu, um pouco desconfiado-Ele me disse que você vem sempre aqui para conversar, mas hoje ele está com medo de te ver.-A menina falava baixo, para que Hakyeon não escutasse-a delatando-o.

—Medo?-Indagou Lee, completamente confuso.

—Eu não sei exatamente o porquê.-Confessou-Mas estou aqui para conversar com você no lugar dele.-Sorriu, gentil-Eu me chamo Minsoo, Jaehwan oppa, é um prazer conhecê-lo.-Ela disse, sentando-se no chão e o loiro fez o mesmo.

—Não sabia que havia mais alguém no quarto de Hakyeon-O loiro disse.

—Eu fui transferida essa manhã.-Explicou-lhe-Mas vai ser chato te contar tudo sobre mim, já que eu falei tudo para o Hakyeon oppa.-Riu fraco-Jaehwan oppa, o quanto você gosta do Hakyeon oppa?-Surpreendeu-o com a pergunta repentina.

—O bastante para mesmo com toda a saudade conversar com ele por esta porta.-Respondeu-a, sorrindo.

—Então o oppa não está com medo de você não amá-lo.-Concluiu-Isso é complicado.-Bufou, um tanto irritada.

—Acho que não é algo que alguém além dele possa entender.-Riu do desespero da jovem-Nos resta respeitar e torcer para que o enfermeiro deixe a porta destrancada mais vezes.-Minsoo encarou-o sorridente.

—Você gosta mesmo dele.-Comentou-Eu vou dizer ao Hakyeon oppa para deixar você entrar mais vezes! Eu tenho certeza que ele quer te ver também.-Pôs-se de pé, sendo segurada por Jaehwan no exato momento.

—Não precisa, Hakyeon me verá quando ele quiser, eu esperarei pacientemente.-Sorriu deixando-o perplexa.

Hakyeon parou seus passos, ainda estava um pouco longe da porta, mas chorava tanto que enxergava apenas borrões. Quando a porta se abriu, pois Taekwoon mandara Minsoo de volta para cama quando passara pelos dois, Jaehwan pode visualizar o namorado em prantos com os braços estendidos em sua direção.

Chamando por ele, pedindo por seu amor. 

Não demorou para que Lee estivesse com o mais velho em seus braços, num abraço forte que fez as enfermeiras pararem o que faziam para observá-los. Minsoo sorria contente diante da cena; no fim ela sabia que Hakyeon queria vê-lo, ouvira o som do choro dele vindo de dentro do quarto.

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Jaehwan estava sentado perto da cama de Hakyeon, observava a respiração lenta do mais velho. Nos últimos dias era difícil prever quando encontraria-o ainda vivo, mas fazia-se de forte; mimando-o e amando-o como sempre. Acariciava-lhe o rosto com a mão esquerda, enquanto a direita segurava a de Hakyeon.

Ver aquela cânula abaixo de seu nariz, guiando o ar para os pulmões que de tão fracos não conseguiam fazê-lo, entrestecia-o. Os olhos de Cha abriram-se lentamente, piscando diversas vezes antes de olhar para o namorado; sorriu fraco, apertando a mão que segurava a sua. Ele pouco conseguia falar, portanto guardava sua voz para dizer coisas mais importantes.

No entanto, Hakyeon sabia o que estava acontecendo consigo, por isso gastaria toda a sua voz para se despedir de Jaehwan apropriadamente.

—Jaehwan.-Chamou baixo, tendo a atenção para si rápidamente-Eu vou ser egoísta se-Tomou um tempo para respirar fundo-Se eu quiser ficar nos teus braços pelo resto do meu tempo?-Sorria ao falar cada uma das palavras, não por estar feliz, mas apenas por Jaehwan ainda estar por ali.

—Vai ser um prazer.-Jaehwan sorriu de volta, ignorando as lágrimas que desciam-lhe pelas bochechas-Eu te amo tanto, Hakyeon.-Ajeitou-se ao lado dele na cama, puxando-o para seus braços.

"Espero que na minha próxima vida eu conheça você mais cedo e nenhuma doença me impeça de amá-lo.

Eu desejo que você continue me amando assim, mas que você também ame a si mesmo.

Lee Jaehwan, não pense muito em mim e apenas continue vivendo. Eu já roubei muito do seu tempo. 

Me desculpe por partir antes de cumprirmos todas aquelas promessas; mesmo depois que eu me for, eu tenho certeza que continuarei te amando do mesmo jeito. 

Cha Hakyeon."  

—Oppa você se lembra quando disse que ninguém além do Jaehwan oppa viria a seu funeral? Você estava errado.-Minsoo falava baixinho próxima ao caixão-Eu estou aqui, assim como o enfermeiro Jung e o dr. Wonshik-Sorriu, observando aquele rosto uma última vez-Antes de dizer qualquer coisa, eu quero lhe agradecer por me encorajar no tratamento, se não fosse por você, talvez eu nem pudesse estar me despedindo hoje.-Fungou, limpando as lágrimas que começavam lentamente a cair-Oppa, o enfermeiro Jung e o dr. Wonshik estão finalmente namorando-Mordeu os lábios, contendo um soluço-Eu já voltei para a escola e minhas amigas não haviam mesmo esquecido de mim-Voltou a sorrir, mesmo que seu choro já ecoasse-Vou deixar o Jaehwan oppa se despedir, eu sei que está louco pra ouvir a voz dele. Até mais, oppa.-Saiu de perto, permitindo-se chorar ainda mais.

Jaehwan não disse nada por longos minutos, ele apenas observava Hakyeon sem fazer uma expressão sequer. Seu coração estava despedaçado e o único comando que o cérebro realizava era para derrubar cada vez mais lágrimas até que ele finalmente conseguiu dizer, num tom baixo e falho:-Não se distraia no caminho, entendido? Eu amo você.  

If you say ( If you say) ( Se você diz )

Goodbye today ( goodbye today) ( Adeus hoje) 

I'll ask you to be true ( I'll ask you to be true)  ( Eu vou pedir-lhe para ser verdadeiro )

'Cause the hardest part of this is leaving you ( Porque a parte mais difícil nisso é deixá-lo )

Yes, the hardest part of this...( Sim, a parte mais difícil nisso... )