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História Canções Perdidas - Capítulo 7


Escrita por: GiuBlue

Notas do Autor


Oiiiii geeente, eu recompensei a demora né? Enfim o capítulo esta bem fofinho, vou ser bem breve por que não tenho muito tempo na internet. So... Aqui esta. Bjs e até mais.

Capítulo 8 - Capítulo 7


 Naquela noite levei meu jantar para o quarto sem intenção nenhuma de sentar na mesa e comer com mamãe me analisando dos pés a cabeça. Mas apesar de tudo ela já estava acostumada com a minha ausência. Eu normalmente sentava-me na escrivaninha, comia e lia algum livro de romance. Depois de um longo banho e depois de colocar o típico pijama de verão, sentei-me no sofá ao lado da janela e comecei a reler a maldição do tigre, um livro de ficção que era com toda certeza o meu predileto.

 Estava entretida no livro quando me senti vigiada. Sabe aquele momento que você sente que tem alguém te espiando? Era exatamente isso. Levantei o rosto e observei o celeiro ao lado do quarto e de frente para mim lá estava Harry. Fechei o livro e sorri para ele. O garoto retribuiu e pegou o caderno que Nora lhe dera. Escreveu e colocou sobre a janela.

 

 Por que não jantou com a gente?

 

 Levantei os ombros mostrando indiferença. Procurei pelo meu caderno, peguei a mesma caneta de duas semanas atrás e escrevi rápido.

 

Estou cansada. 

 

 Percebi seus olhos esverdeados cerrarem e seus lábios criarem um sorriso irônico. Ele pegou o caderno de novo e escreveu.

 

Cansada? Cansado estou eu que tive que carregar aqueles troços, eu sei muito bem o que você fez.

 

 Joguei minha cabeça para trás e gargalhei alto. Adam seu fulero. Pensei.

 

 Admite você mereceu.

 

 Gargalhei de novo e esperei a resposta dele. Ele sorriu de leve e concordou com a cabeça.

 

 De certo modo mereci sim. 

 

 Voltei a escrever uma resposta.

 

Ei! Quer descer?

 

 Ele pareceu estranhar.

 

Mas está todo mundo dormindo.

 

Sorri peralta.

 

Exatamente. Te vejo na varanda.

 

 Acenei novamente e fechei as cortinas com a intenção de trocar de roupa. Eu não iria me sentir confortável com um short curto. Não dava para ir com aquele projeto de pijama. Terminei de refazer a trança e sai do quarto fazendo o mínimo de barulho possível. Depois de descer as escadas sem fazer se quer um ruído fui para o desafio final: Abrir a bendita porta de carvalho. A porta era a coisa mais antiga da casa e as dobraduras estavam muito velhas, ou seja... Barulho na certa.

 Mas aí é que estava. Eu tinha uma manha para abri-la sem fazer som. Levantar, escorar e levantar. Como sempre consegui abri-la sem barulho. Logo que coloquei a cabeça para fora encontrei Harry sentado na varanda.

 - Psiu! – Chamei. Ele virou-se e sorriu. Estava com uma camiseta, calça pantalon e chinelo igual a mim. 

 - Boa noite Rapunzel. - Ele sorriu. 

 - Boa. - Retribui caminhando até ele sem ligar para o apelido.

 - Você ainda não levou aqueles livros que me prometeu, no primeiro dia. – Ele relembrou.

 - Podemos ir à biblioteca depois.

 - Aqui tem uma biblioteca? 

 - É. Amanhã eu te mostro ela. - Falei. - Vem, vamos sentar no balanço. - Desci a escada e esperei por ele. Harry se levantou e me seguiu. O silêncio pairou, a calamidade da fazenda tomando conta. O barulho dos grilos e do vento acalmava qualquer alma abatida e atormentada. Ao longe e bem abaixo da serra eu podia ver as luzes da cidade. Era uma bela vista, para quem estava sentado no balanço, no caso nós dois.

 - Eu posso te fazer uma pergunta um tanto pessoal? - Perguntei.

 - Hum... Pode. - Ele respondeu hesitante.

 - Como é não ter memória? Não ter lembranças? - Ele voltou a ficar quieto pensando em uma resposta.

 - Bem... Eu não sei explicar. - Ele falou rindo.

 - Tenta.

 - Digamos, que é estranho. A única lembrança verdadeira que eu tenho é dessa mulher.

 - Mas, você sabe tipo... De coisas que qualquer um saberia. Do tipo... Você sabe quem é Harry Potter, e em que ano estamos. Eu não consigo entender... Como consegue?  - Ele riu.

 - Eu não sei. Você se lembra quando ouviu pela primeira vez quem era Harry Potter? Ou quando você soube que ano era? São coisas automáticas do ser humano, entende? Quer dizer... Essa é minha teoria.

 - Ah. - Murmurei como se ainda não tivesse entendido. 

 - Olha eu não sei como sei, eu só sei. - Ele falou fazendo-me rir.

 - Tá bom. - Virei meu rosto para fita-lo. - Deve ser horrível.

 - E é. - Ele respondeu ainda olhando as árvores. - Eu me sinto angustiado. Tento me lembrar, mas não consigo. - Ele falou. - Imagine ter um enorme ponto de interrogação em sua mente. Não saber quem você era, como você era. É literalmente a pior sensação que uma pessoa pode ter. Eu tenho medo de nunca conseguir me lembrar da minha vida. - Ele falou. Aqueles olhos tristes, profundos e perdidos. Ele me fascinava. Em tudo. Na beleza, na personalidade, na história... Ele era um mistério para ser resolvido.

 - Vai lembrar. - Disse confiante.

 - Mas e se eu não me lembrar, Lika? Ninguém consegue viver sem seu passado. - Fiquei em silêncio e respondi calmamente.

 - O "e se" da sua frase... Vai acabar com tudo. Não existem coincidências nessa vida Harry. Se você perdeu a memória foi por uma razão. Sendo boa ou ruim, a razão esta aí em algum lugar basta você arriscar. A resposta pra tudo não está no passado... Está no presente. - Ele fixou o olhar em mim fazendo-me estremecer interiormente. - Está no agora. Se tem uma coisa que eu aprendi aqui, foi a lutar. Arriscar. Viver. - Percebi ele colocar uma mão sobre a minha. Assustei-me com o gesto. Um calor tomou conta de minhas mãos e se espalhou por todo o meu corpo. Um calor que eu nunca senti em toda a sua vida. Provavelmente o rosto estava corado.

 - Eu queria ser assim. - Ele falou, franzi a testa confusa.

 - Assim como?

 - Assim... Desse jeito. Livre - Levantei os olhos para as luzes da cidade. 

 - Livre não é uma palavra que se encaixa na minha realidade. 

 - Eu não quis dizer fisicamente. Você é destemida Lika, faz a sua vontade nem que ela seja diferente. Você sabe o que falar nos momentos certos, você sabe ajudar... Você sabe o que fazer. Eu não faço a mínima ideia do que vai ser o meu amanhã.  - Ele falou.

 - Ninguém sabe o que vai acontecer, nem que seja um segundo antes. Só se sabe depois que acontece. - Respondi com os olhos fixos nele.

 - Você sabe usar bem as palavras, não é? - Sorri, desviando os olhos dos dele.

 - São os livros. Eu leio muito e fico com esse lado pensador. - Ele riu. – E... Ah Harry, eu sei o que você vai fazer esse domingo.

 - Sério? Vou fazer o que?

 - Você vai para igreja comigo. 

 - Igreja? 

 - Hum-rum. Daqui a cinco dias é domingo. É o nosso dia de folga é o dia de ir pra igreja. 

 - Sério que a palavra folga existe no seu vocabulário?

 - Se não existisse eu morreria. - Falei rindo.

 - O que a gente vai fazer lá?

 - O que se faz numa igreja Harry? - Perguntei irônica. Nós dois demos um ataque de risos no balanço. – Ai meu Deus. Só você mesmo. - Tentei me controlar. - Respondendo a sua pergunta, nós vamos pra missa depois vou te levar no grupo de jovens de oração. Lá é bem legal e talvez se você se abrir com as pessoas de lá mostrando a sua história possa ajudar até mesmo na questão da sua memória.

 - Ah certo.

 - A gente vai ver minha família quase que inteira. Quase todo mundo vai pra igreja dia de domingo. - Falei já pensando no alvoroço que seria apresentar o Harry para todo mundo. Fitei o rosto dele e senti uma pena quase que misericordiosa.

 - Sua família é legal. - Ele murmurou de repente.

 - Você acha? - Perguntei assustada. 

 - É. Sua mãe é muito simpática, Adam é idiota, mas gente boa, Tia Mae é uma graça, Nora é um doce e Isabel é a garota mais fofa que eu já vi. 

 - Você sabe que ela não gosta de ser chamada de Isabel, não sabe?

 - Por que você acha que a chamo assim? - Ele só precisou passar um dia na fazenda e: aprendeu a cavalgar em uma manhã, carregou galões de leite de um lado para o outro (não reclamou) e já tem essa intimidade com a minha família. Meu Deus esse garoto é meu herói.

 - Agora me diz aí. Como é que você aguentou passar uma noite com a minha família e achar ela... Legal?! Cara isso é mérito que pouca gente tem. - Ele gargalhou. Do nada escutei latidos ao longe.

 À noite, a única coisa que eu podia ver era o pelo dourado do meu cachorro idiota. O labrador mais fofo e chato que já existiu. Suas orelhas, língua e rabo balançavam de um lado para o outro enquanto ele corria pelo campo em minha direção.

 - MANGA! SEU CACHORRO IDIOTA! ONDE VOCÊ TAVA? - Gritei quando ele pulou em cima de mim, lambendo a minha cara e o que via pela frente.

 - Manga? O que é Manga? - O Harry perguntou rindo.

Acariciei seu pelo com força tentando acalma-lo.

 - É uma fruta. Você nunca comeu? - Perguntei.

 - Eu nem sabia que existia. - Ele falou rindo, olhando-me brincar com Manga.

 - Ah fala sério Harry? Você nunca ouviu falar da fruta manga? – Questionei ressentida.

 - Nunca.

 - Eu tenho dó de você. Manga é muito bom. Né Manga? – Perguntei continuando a acariciar a cabeça do cachorro.

 - O nome do cachorro é mesmo manga? Por quê?

 - Por que esse cachorro retardado ama comer mangas. - Harry riu. - Sério Harry você tem que comer, vou te mostrar o que é manga amanhã. - Falei sorrindo.

 - Tudo bem. - Ele murmurou. Acariciei mais um pouco Manga e olhei com raiva para ele.

 - Onde você estava cachorro? Você foge de mim e não dá notícias! Kaka voltou faz três dias. Por que não veio junto? - O Harry me olhava com uma cara tão confusa e retardada que eu não pude deixar de gargalhar. - Kaka é a minha gata. Eles dois vivem juntos. Quando um some o outro também some. Eles ficam por aí pela fazenda e só voltam depois de uma semana. 

 - Até os bichos de estimação desse lugar são meio loucos.

 - Nisso eu preciso concordar. Manga vai pra o teu canto. Está na hora de dormir amanhã vou dar um banho em você. - Empurrei o cachorro para minha casa e observei ele se deitar na varanda. Ajeitei o corpo sobre o balanço e acabei deixando a mostra minha gargantilha. 

 - Nossa você tem uma moeda no pescoço? - Harry comentou segurando delicadamente a corrente. Desconcertada com o toque dele assenti.

 - É uma moeda de 1 centavo do Brasil. Não se fabricam mais.

 - Brasil?

 - Minha mãe é de lá.

 - Sério? Que legal. 

 - Hum-rum. Essa gargantilha me dá sorte. Em todas as encrencas em que me meti, todas as vezes que estava com ela eu me dei bem no fim da história. Quando te encontrei eu estava usando ela. Ela me protege. - Sorri olhando a moeda na ponta da corrente de prata.

- Pra uma pessoa que gosta de aventuras como você é bom ter uma moeda dessas. – Ele desviou os olhos fitando a mim. – Posso ver? - Ele perguntou. 

 - Claro. - Tirei a gargantilha e deixei ele ver de perto. Ele a colocou na palma da mão e aproximou dos olhos.

 - 1994... – Ele franziu a testa pesando.

 - O que foi Harry? – Perguntei preocupando-me.

 - Esse número não me é estranho. – Ele murmurou.

 - Bom, na moeda isso significa o ano que ela foi feita. O que pode ter acontecido nesse ano? – Perguntei.

 - Eu... Eu nasci nesse ano. - Ele falou levantando os olhos para mim.

 - Hum... Espera aí. Harry... Você se lembrou de um fato!

 - Primeiro de fevereiro de 1994. - Ele falou com um sorriso.

 - Meu Deus Harry! Isso é ótimo! - Falei dando-lhe um abraço. Ele retribuiu e nós ficamos assim até percebermos o que estávamos fazendo. Solto-me dele e os nossos olhos se encontraram de novo. Aquele olhar dele... Era muito intenso e profundo. - Eu disse que a moeda dava sorte. – Sussurrei o rosto perto do dele.

 - Percebi. - Ele sussurrou também com o hálito de hortelã se espalhando permitindo que eu o sentisse. Um silêncio morno se propagou. Em muitas situações, ou pelo menos na maioria, o silêncio é um sinal negativo para uma relação. Não era o nosso caso. O silêncio era acalentador, era algo bom. Era romântico e conhecido. O tempo simplesmente parava quando nos olhávamos. Parecia que nos conhecíamos há muito tempo, que sabíamos cada traço esculpido nas íris dos olhos um do outro.

 - Harry... - Ele continuou olhando, mas pareceu acordar do transe assim como eu.

 - O que? - Ele perguntou afastando o rosto do meu.

 - Eu vou dormir. Amanhã a gente vai acordar cedo.

 - Tem algum dia nessa fazenda que a gente não acorda cedo? 

 - Não. - Respondi com o fantasma de um sorriso no canto da boca. Ele se levantou do balanço e me puxou.

 - Argh! Só não me faça carregar aqueles galões de leite de novo, por favor. Aquilo dói.

 - Pode deixar. Nós vamos fazer uma coisa diferente amanhã. - Falei caminhando com ele até a varanda. – Você pode me considerar a sua chefa.

 - Olha que ousadia! Então... Chefa... O que a gente vai fazer amanhã?

 - Surpresa. - Falei subindo as escadas da varanda e acariciando a cabeça de Manga, quase como um “boa noite”. 

 - Fale Lika. - Ele pediu.

 - Eu falei que era surpresa. - Continuei sorrindo.

 - Você é má. - Ele falou brincando e me seguindo até a varanda. Senti ele próximo demais. Virei-me lentamente ficando de frente a ele.

 - Só de vez em quando. - Harry deu um sorriso arrasador. Toquei o rosto dele com a ponta dos dedos sentindo uma ardência desconhecida e o estômago revirar. - Só quando sou tentada. – Abaixei a mão. - Boa noite Potter. - Brinquei e entrei dentro de casa rapidamente. 

 - Boa noite Rapunzel. - Escutei ele sussurrar.

 

 Por Harry.

 

 Caminhei lentamente até o celeiro ainda extasiado com o toque de Lika. As galinhas estavam todas dormindo, mas o cheiro era... Estranho. Subi as escadas até o meu quarto e me joguei na cama. Meu corpo estava completamente dolorido. Balancei a cabeça tentando afastar os pensamentos que rodeavam minha cabeça. Afofei o travesseiro me lembrando da conversa com a Lika. Ela era tão linda. Não sei o que era aquilo, mas meu rosto formigava desde o momento que seus dedos haviam entrado em contato comigo. Toquei meu rosto, no mesmo lugar em que ela havia passado seus dedos delicados. 

 - Garota... O que você está fazendo comigo? - Me questionei olhando a janela de seu quarto.


Notas Finais


Espero que tenham gostado ^^ beijinhos e até a próxima pessoas lindas do meu s2


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