História Candy Lips - Gosip Website

A maquiadora falava algo aleatório enquanto enchia o meu rosto com diversos pós – a maioria desnecessária, em minha opinião. Se dependesse de mim, eu usaria apenas base e lápis de olho.

- E guria, acredita que ele me levou pra jantar e... – Eu realmente não queria saber, mas ela não conseguia ficar quieta nem parar de sorrir. Eu não a cortava nem respondia, apenas fingia que prestava atenção enquanto, na verdade, em minha mente uma musica era formulada enquanto eu decidia as letras.

 Ah, qual é. Eu respiro musica 24/7.

- Eu tô precisando dela – Adam apontou pra mim, logo após bater na porta e colocar meio corpo pra dentro da sala.

- Mais um dez minutinhos. – Cantarolou, fazendo bico e guardando o delineador, pegando outra coisa qualquer.

- Eu não tenho nem dois. – Lamentou enquanto entrava e fechava a porta, recostando-se na mesma. – O que falta?

- Blush – Meteu o pó no meu rosto e eu quase espirrei. – e batom – Falou comemorativa enquanto passava pra outra bochecha. Honestamente, eu estava com medo da cor do batom. A minha maquiagem estava legal, mas a dela não. Sombra azul, lápis na sobrancelha de outra cor, batom alaranjado que ficava ruim no tom de pele dela. Na verdade, acho que ficaria ruim em qualquer um.

- Ela não precisa de batom, fala sério. – A maquiadora o observou como se fosse pular nele. Adam gesticulou para a cadeira enquanto ela se virava e pegava um batom na mesa. – Olha essa boca vermelha p...

 - Candy. – Murmurou, testando um cor de vinho em sua própria mão.

 - Oi?

- O nome da cor dos lábios dela. – Virou-se. – Candy. – Adam revirou os olhos e observou o relógio rapidamente, enquanto ela pegou no meu queixo e passou o liquido mate.

Como se quisesse provoca-lo, ela passou o batom devagar, mas eu sabia que a intenção era não borrar ou fazer merda. Gesticulou para que eu espalhasse o batom e assim eu fiz. Quando ela me liberou, meu empresário quase voou da sala, puxando-me pelo pulso.

Seguimos por um corredor que, como quase tudo, era num cinza escuro. Como se dançasse entre as pessoas, desviava delas e me levava consigo.

O moreno parou quando chegou nas câmeras e, enquanto me empurrava pra frente delas – onde a banda 5sos já estava sentada, provavelmente me esperando – murmurou ordens em meu ouvido.

- Não grite, não brigue e acima de tudo, não provoque.

Ri para mim mesma e me sentei na poltrona vermelha, ao lado das azuis dos meninos – cada um com seu correspondente instrumento em mãos. Menos o Ash, que estava sentado em cima do Cajon, levemente curvado para que suas mãos pudessem tocar nele. A frente de cada um tinha um microfone.

Comprimentamo-nos e então a gravação começou. Nossos nomes foram ditos, o intuito do vídeo também. Então a música começou – eu cantava e eles tocavam. Como era “She Looks So Perfect”, eu cantava algumas partes como se fosse eu na canção e em outras como se fosse “ele”. E, contrariando as poucas regras de Adam, olhava para o demônio de olhos azuis ao cantar o refrão. E ele me olhava de volta.

E assim foi o vídeo todo. No total, cantei cinco músicas deles e eles três minhas, enquanto eu tocava o teclado elétrico. As conversas, entre as musicas, foram típicas de televisão – falsas, exageradas e teatrais. Sempre seria assim conosco na frente das câmeras. Mas isso não me impediu de seguir meu objetivo – irritar Hemmings o máximo possível, o que, por ora, seria feito apenas com olhares que eu sabia que pareciam cortar a alma de alguém.

Muita gente reclama disso – que meus olhos verdes são gélidos demais, que parecem prestes a esfatiar alguém a cada olhar profundo. O quão errado seria eu admitir que amo isso?

Despedimo-nos do publico e, quando a gravação foi dada como encerrada, eu fui a primeira a levantar, praticamente pulando da poltrona.

Os produtores parabenizaram o pessoal (tanto quem apresentou, quanto quem ficou na parte técnica) quando eu abri uma fresta na porta, para que não fizesse barulho, e me espremi para sair – ou melhor, fugir.

Peguei meu celular no bolso da calça skinny e o desbloqueei enquanto andava sem rumo. Só queria sair daquele labirinto em que estava. Observei o papel de parede por alguns segundos (uma rosa pegando fogo, em preto e branco) e pensei que deveria troca-lo, já estava enjoada.

Brinquei de abrir alguns aplicativos aleatoriamente, até que abri o google e, nas sugestões, tinha algo sobre Luke futuro-iludido Hemmings, afinal o stalkeava direto. Abri o link, que obviamente caiu num site de fofocas adolescente.

Li rapidamente, frisando nas partes que não eram propagandas, porque eram poucas. Resumidamente, dizia (e mostrava) fotos de Arzeylea (que nome horrível) traindo o até então namorado.

O demônio tinha cifres.

E isso ajudaria no meu plano, que por ora não existia.

Sorri discretamente. É, Adam tinha razão em falar que tenho gosto pela desgraça alheia, jesuis. Sai do lugar, encontrando o estacionamento de cimento e concreto. Como se o dia fosse combinar com o lugar, o céu estava cinza e eu agradeci mentalmente por isso – iria ao futuro ex-estúdio do 5 Seconds of Summer, tentaria falar com o Ash para ver o que eu queria.

Escorei-me na parede e continuei a mexer no celular, ignorando o movimento a volta.

Adam queria saber se eu estava pronta. Ignorei-o.

Shade o que era teoria musical. Respondi-o com uma gif de olhos revirando.

Brian me mandou um áudio de sua filha cantando Blunk-182. Sorri, minha sobrinha era fofa demais.

Advogado me avisou do processo do Courtney. Ele vai perder de qualquer jeito.

Shade, de novo, me perguntou o que fazer pra um garoto se apaixonar por ele. Ri e mandei áudio, mais provocando do que ajudando.

Brooke me cobrou uma festa. Porra, ela estava do outro lado do mundo, literalmente!

Adam me flodou, pedindo resposta.

Estava abrindo a conversa do meu irmão mais novo novamente quando uma mão pegou meu celular. Nem precisei ver o rosto para saber quem era – com a visão periférica vi a altura e, pela cor (ou falta de) na mão, logo deduzi quem era.

- Precisamos conversar. – Luke me pediu e eu sorri, preparando minhas armas.