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História Canned milk - 3


Escrita por: MarinaJauregui

Notas do Autor


Olha eu aqui passando correndo !!!
Valeu por tudo!

Capítulo 3 - 3


– E aí, Marina! – cumprimentou Flavia, dando-me um abraço com batidinhas nas costas. – Beleza?

– Beleza.                

Havia chegado à casa do Matt um pouco depois do previsto. Os rapazes já estavam entrando na van. Ainda bem que não os deixei esperando, cheguei na hora exata da partida. Cumprimentei todos com um aperto de mão. Pareciam tão animados quanto eu, mas nunca fui de demonstrar empolgação.

Marley, nosso coordenador naquele fim de semana, entregou-me uma pasta com algumas informações necessárias. Já tínhamos realizado alguns treinamentos antes, mas nada se comparava ao que vinha a seguir; iríamos finalmente colocar tudo em prática. Fui informada de que aquela despedida serviria como um teste, as meninas nada estavam pagando pelo serviço, embora o dinheiro que nos pagaria estivesse vindo de algum lugar – sabe-se lá de onde. Não tive interesse em perguntar. Não faço perguntas, apenas cumpro meu dever e recebo a minha remuneração. Sempre fui muito quieta, na minha. Nunca fui de conversar muito, gosto mais de escutar e me manter atenta.

Os meus colegas iniciaram conversas aleatórias sobre esportes de um modo geral e, claro, mulheres, até mesmo Flavia. O caso era que Flavia era a única mulher ali presente, digo, totalmente mulher, afinal, juntando nós duas, somos lindas fêmeas até que tirássemos as roupas e aí poderiam ver claramente a diferença. Apesar de ser mais comum que garotas de programa normalmente procurem grana fácil como essa porque realmente necessitam e usam deste artifício como ultima opção para ajeitar suas vidas, Flavia fazia, assim como nós, porque gostava, gostava de sexo, de mulheres e de falar sobre elas, então este era o assunto agora, mulheres. Mais propriamente as mulheres que iríamos conhecer em breve.

– Elas são muito bonitas – comentou Matt, animado. Ele estava sentado na minha frente, portanto eu tinha uma visão completa do seu cabelo preto, longo e escorrido. Matt era legal, tinha traços orientais e uma habilidade magnífica com copos e garrafas. Já o conhecia de alguns trabalhos anteriores e, sinceramente, nunca vi alguém que fizesse malabarismos tão perfeitos. – Todas elas. Estamos com sorte, sem barangas.

Não evitei acompanhar os risos. Fiquei animada, pois estava farto de mulheres feias, embora considerasse a beleza algo muito relativo. Já passei noites maravilhosas ao lado de mulheres longe dos padrões, momentos mais prazerosos do que com as lindas, consideradas gostosas. Só esperava não dar de cara com uma louca sadomasoquista. O resto dava para aguentar numa boa.

– Amém! – gritou Pedro, outro colega. O cara era negro, enorme e musculoso. Parecia um guarda-roupa ambulante, mas as mulheres gostavam de tipos como ele. Nunca entendi por que, mas vai saber, né? – Essa semana foi complicada pro negão aqui. Nunca vi tanta baranga na minha vida. Contrataram meu mano Chris aqui e eu para uma festa entre mulheres... – Pedro deu uns tapinhas no ombro do Chris, um homem loiro de cabelos bem cacheados. Não o conhecia. – Pra quê? Nenhuma se salvava!

 

– Verdade. Parecia um circo dos horrores – concordou Chris, gargalhando. Os rapazes e Flavia o acompanharam. – Mas a grana era preta, muito boa.

Soltei um suspiro. Pelo menos eu não era a única a suportar certas coisas. Mas bem, não vou reclamar. Como já disse antes, tem pessoas que trabalham a vida toda sem gostar do que fazem e ainda ganham bem menos. O que acho mais legal quando converso com outros garotos de programas é o fato de eles não ficarem reclamando da vida que levam. No fim, o dinheiro sempre vence a questão, e o assunto é dado por encerrado. Pode parecer estranho, mas isso me deixa confortável. Odiaria ter que ouvir lamentações, afinal, fazemos aquilo porque queremos. Ninguém ali era obrigado a continuar.

Toda a conversa sobre possíveis lamentações foi trocada por um conteúdo que detesto: ficar exaltando a própria capacidade de manter a ereção por três, quatro vezes seguidas, bem como o modo como consegue dar conta de três, quatro, cinco mulheres de uma só vez. Sou muito discreta e odeio contar vantagem. Não interessa a ninguém o que consigo fazer; só devo satisfações às minhas clientes e tenho certeza de que elas estão bem satisfeitas com o meu trabalho. Por isso comecei a ignorar a conversa entre os rapazes.

Abri a pasta que Marley me entregou, estava curiosa com relação ao conteúdo. Havia algumas cópias de contratos, já devidamente assinados. Tinha feito aquilo assim que aceitei o serviço, na semana retrasada. O documento falava sobre tudo o que era permitido e proibido – por exemplo, não podíamos levar celulares e nenhum outro aparelho eletrônico –, apresentava uma descrição minuciosa do trabalho que realizaríamos e um acordo de silêncio para proteger a reputação das clientes. Havia também alguns contratos de segurança física, bem como cópias dos exames que tive que fazer para garantir que sou uma pessoa saudável.

Nunca gostei de fazer aqueles exames, mas os faço periodicamente. Sou uma mulher muito prevenida, jamais realizei um programa de forma insegura. Algumas clientes não gostam do uso de preservativos, por isso exijo sempre que façam exames em um laboratório em que confio. Cada programa só é realizado sem proteção mediante a entrega de exames novos, atualizados. Até porque não faço ideia se a cliente está dormindo com outra pessoa que, por sua vez, pode ter alguma doença. Odeio correr riscos, não sou considerado uma mulher imprudente. Minhas coisas são certas, organizadas, planejadas e meticulosamente calculadas.

Juntei todos os contratos na pasta. Havia um envelope grande no fim; não sabia do que se tratava, pensei até que já fosse o pagamento. Para minha surpresa, dei de cara com seis fotos grandes; eram a identificação das garotas a quem serviríamos na despedida.

Lembrei-me de imediato que o combinado era tratá-las pelo primeiro nome – o único que saberíamos –, e também nos referir a elas sempre como “senhoritas”, até mesmo a única mulher entre elas que era casada. Isso era uma regra geral que não podia ser corrompida, visto que manter o profissionalismo constante podia significar diretamente o sucesso do empreendimento. Como passaríamos o fim de semana inteiro com as garotas, e não somente algumas horas, manter o relacionamento em um nível profissional era uma necessidade inquestionável. Tanto que beijo na boca foi considerado íntimo, sendo incluso na lista das coisas proibidas.

 

A primeira foto me chamou atenção logo de cara. Estava escrito “Clara”, e ao lado “noiva”. Interessante. Era uma mulher muito bonita, embora estivesse séria demais na foto. Sou uma adoradora de sorrisos. Ela tinha cabelos escuros, lisos e longos. Os olhos eram castanhos bem tradicionais, porém algo neles me fez parar um pouco. Havia intensidade no olhar daquela mulher. Não consegui identificar o que era, por isso tratei de ignorá-lo. Sua pele era morena, meio dourada eu diria, mas fiquei na dúvida se aquela coloração era original. Podia ser resultado de algumas sessões de bronzeamento ou ela era latina. Bem, olhando bem, com certeza ela é latina. Clara tinha também uma boca pequena e avermelhada, mas ao mesmo tempo carnuda. Formava um desenho perfeito.

– Esta é a noiva – apontou Frank, o cara que estava ao meu lado. Conhecia-o vagamente. Ele tinha os cabelos compridos e meio ondulados, chegando até sua cintura. Não sei como conseguia mantê-lo, se eu fosse homem os cortaria bem curto, o meu já dava muito trabalho daquele modo. Era difícil deixá-lo apresentável sem usar gel, mas só usava dessa forma em ocasiões especiais, casamentos, festas chiques, essas coisas, pra variar ele estava natural, bagunçado, como as mulheres gostavam. – Bonita, não?

– Sim... Pena que é a noiva – soltei. Nem sei dizer por que disse aquilo.

– Não faz tanta diferença assim, você sabe. Essas noivas acabam se revelando em festas deste tipo. Já me diverti com tantas noivas que nem conto mais nos dedos – ele disse, vangloriando-se.

– Tem razão – respondi, sabendo que Frank estava certo. Eu mesma já havia transado com muitas noivas em despedidas de solteira. Sinceramente, elas nem me pareceram arrependidas. Tudo isso me faz chegar a uma única conclusão: nós somos todas iguais. O que é uma pena, pois bem no fundo eu gostaria de ser surpreendida.

Achei melhor verificar as outras fotos. Frank já estava me encarando de modo esquisito enquanto eu observava cada contorno dos olhos da tal Clara. Mal sabe ele que sou apenas uma curiosa. Gosto de observar os detalhes de tudo o que me rodeia e é por isso que amo fotografias. Posso exprimir meu ponto de vista e admirá-lo quando estiver de mau humor. Retratos me confortam de um jeito que nem sei explicar.

A outra garota se chamava Vanessa. Eu a conhecia de alguns serviços realizados no passado, sabia que trabalhava no ramo. Participamos de um swing bem louco há muitos anos, porém não cheguei a transar com ela. Foi Vanessa quem entrou em contato com o nosso grupo. Não me demorei admirando sua foto, apesar de achá-la gostosa. Tinha a beleza padronizada: Ruiva, olhos castanhos, decote sempre à mostra. O tipo de mulher com quem eu transaria sem pensar duas vezes, desde que não abrisse a boca para falar. Psicologicamente ela não fazia o meu estilo.

O próximo retrato era de uma mulher que parecia mais madura. Seu nome era Taylor, e havia um alerta de “casada” ao lado. Tay, como decidi chamá-la, tinha cabelos longos e lisos. Ela também não parecia tão magra ou alta. Tinha os olhos clarinhos, castanhos.

– Linda, não é? – Frank se intrometeu de novo. – Quando vi esses lábios, confesso que saí do foco.

– Ela é casada – respondi.

– E daí? – Flavia, que prestava atenção na conversa, comentou.

– Noventa por cento das minhas clientes são casadas – completou Matt, já se envolvendo no papo.

Aquilo chamou a atenção dos outros rapazes, fazendo-os parar de conversar sobre energéticos e o uso de Viagra. Claro que ninguém ali confessava que já tinha tomado, mas até eu já havia ingerido uma vez, antes de encarar cinco clientes marcadas em um dia só – logo quando eu estava indisposta, duvidando de que alguma coisa tivesse a capacidade de ficar ereta. Aquilo acabou me rendendo uma bela dor no meio das pernas, passei quase uma semana sem trabalhar. Pelo menos as meninas ficaram satisfeitas, as cinco.

– As minhas também – disse Pedro. – Todas casadas e mal amadas. Os maridos não sabem agradá-las. Uma de minhas clientes nunca havia atingido um orgasmo com o marido. Tenho raiva quando fico sabendo de algo assim. Como um cara tem a capacidade de gozar sozinho?

– Verdade, o que mais gosto é de vê-las gozar – disse Flavia, sorrindo maliciosamente.

Todos concordaram com ela. Isso é mesmo um fato. Ver uma mulher atingindo o orgasmo me causa um prazer absoluto. Pode ser o que for; bonita, feia, gorda, magra, velha, nova, casada, solteira... Se ela gritar como uma louca ou se permanecer silenciosa. Não importa. Uma mulher entrando no clímax é uma obra de arte. Dá vontade até de fotografar.

Peguei outro retrato enquanto os caras comentavam sobre orgasmos. Minha concentração se esvaiu completamente, o assunto já não me interessava mais. Devo ter algum problema, eu sei, porém estou acostumada comigo mesma. Minha personalidade introspectiva não me era um incômodo.

A mulher diante de mim era bem interessante. Parecia a mais nova entre elas, tinha um rosto que chegava a ser infantil. Carla é o seu nome. Estava séria demais na foto, mas daquela vez não me importei. Carla era branca e rechonchuda. Tinha as bochechas redondas e os olhos escuros amendoados. Seus cabelos compridos e pintados de loiro estavam ao vento, contracenando um efeito bem bacana. O mais interessante era sua boca grande que dava a entender que só de vê-la sorrindo uma luz se ascendia em todo o ambiente. Deveria ter um sorriso muito bonito. Parecia uma boneca de porcelana.

– Fiquei apaixonado por essa daí – comentou Frank. Acho que estava disposto a tecer comentários sobre cada uma das clientes. – Nunca vi gordinha mais linda.

– Verdade, ela é diferente – falei. – Parece divertida, mas ao mesmo tempo tem inocência.

– Vou gostar muito se for inocente – completou Frank. – Ou se for complexada com as gordurinhas. - Fiz uma careta, franzindo o cenho.

– Gosta de mulheres em crise? – perguntei. Odiava mulheres que não sabiam se dar valor. Também detestava conversar com elas; clientes mal amadas costumam chorar incessantemente e gritar para os quatro cantos, expondo o modo como se sentem feias. Uma garota de programa é uma espécie de psicóloga, não posso negar, mas confesso que não sou de dar conselhos. Minha receita nunca muda: uma boa dose de sexo. Pego a criatura de jeito e pronto. Num instante ela se sente novinha em folha.

– É mais emocionante – Frank respondeu, sacudindo os cabelos. – Não o fato de a cliente ter crise, mas poder ajudá-la é um grande desafio.

Certo. Gosto de desafios. Não é o desafio que me deixa irritada, são as coisas que a cliente fala. Evito me envolver ao máximo com a situação, levando o desafio apenas para o plano sexual, e não das ideias. Nunca precisei convencer ninguém a transar comigo, portanto não fazia sentido ficar de ladainha. Parece difícil de entender, mas na minha mente tudo se encaixa. Talvez só nela.

Achei que Carla já tinha ganhado muito a minha atenção, por isso dei uma bela olhada na próxima cliente: Lucy. Cabelos longos, castanho-médio, meio loiros, olhos também castanhos e um belo rosto. Tinha uma beleza muito natural, mas sem dúvida era interessante. Parecia magra demais para o meu gosto, mas o modo como posava na foto não me permitiu pensar em algum comentário negativo. Lucy trajava um terninho feminino elegante, dando-lhe um ar inteligente e sofisticado. Adorei.

No meio de tudo aquilo me perguntava qual das garotas tinha uma leve inclinação para o lado colorido da força, afinal, quando nos chamaram, os superiores sabiam que eu era mulher e tinha um brinquedinho no meio das pernas e Flavia é uma por completo, logo alguma delas, ou mais de uma, sentia atração por garotas. Só me restava adivinhar quem. Algo me dizia que Lucy poderia ser essa garota, mas quem seria a outra, que pelo menos teria de ser bi ou curiosa o suficiente pra não se importar em eu ter um pouco dos dois em um só? Não que isso importasse, podia fazer uma mulher sem nenhuma inclinação gay aflorar seus desejos por mim, mas internamente eu torcia para que não precisasse usar disso e que a garota fosse Clara, não sei por quê.

– Gostosa – Frank comentou. Suspirei fundo. Estava começando a me incomodar com ele, mas deixei para lá. Sou meio chata mesmo.

– Quem? – perguntou Matt, interessado. Como ele estava na minha frente, não conseguia ver as fotos, logo não sabia de quem estávamos falando.

– Lucy – respondi por falta de opção.

– Ela é gata – comentou Flavia.

Passei a foto rapidamente, pois não queria que o assunto se prolongasse. A última garota era linda; traços marcantes, negra e com olhar maduro. O cabelo dela era tão liso e comprido, parecia aplique, mas não me interessei, já que imaginei a mim mesmo puxando-o para trás. Às vezes consigo ter pensamentos adolescentes, é bem engraçado quando acontece. O nome dela era Simone, e certamente havia me deixado interessada.

– Adoro uma negra! – Sabia que Frank ia comentar alguma coisa, portanto apenas sorri. Também adorava negras, embora muitas delas não gostassem da própria cor. Vivemos em uma sociedade de merda mesmo, onde fazem mulheres fantásticas se sentirem inferiorizadas pela cor de sua pele.

Juntei todas as fotos e devolvi para o envelope. Guardei tudo dentro da pasta e a fechei. Já havia decorado o nome de cada uma das clientes, pois tenho boa memória fotográfica. Definitivamente, o fim de semana ia prometer. Fiquei mais animada do que antes, louca para chegar. Felizmente o tempo passou rápido, e abri um grande sorriso quando senti o cheirinho de maresia.


Notas Finais


Desculpem os erros??
Volto logo!


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