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História Canned milk - 7


Escrita por: MarinaJauregui

Notas do Autor


Ain't no crying in the club (hey, hey)
Let the beat carry your tears as they fall, baby
Ain't no crying in the club (hey, hey)
With a little faith, your tears turn to ecstasy
Ain't no crying in the club

Capítulo 7 - 7


Durante toda a apresentação, simplesmente não prestei atenção em mais nada além dos meus próprios movimentos. Percebi que as garotas estavam bem próximas e gritavam bastante a cada vez que Flavia e eu cuspíamos o fogo para os ares. Gostava muito de fazer aquilo, estava satisfeita com meu desempenho. Depois de vinte minutos de danças, movimentos curtos, rápidos e precisos, já me sentia confiante para tentar novas acrobacias. Flavia arrasava mais do que eu, porém tínhamos combinado que ela iria “maneirar” um pouco, para que assim a diferença entre nossas técnicas não ficasse muito gritante. A música servia como verdadeira gasolina para nós. Particularmente estava tão empolgada com o ritmo que achei que deveria me dedicar um pouco mais à pirofagia. Era uma ótima terapia, dava-me tranquilidade.

Quando nos cansamos, quase uma hora depois, apagamos as tochas e limpamos nossas bocas com as garrafas de água. O querosene que usamos para cuspir o fogo não podia ser ingerido sob nenhuma hipótese. Flavia se aproximou das meninas sem pensar duas vezes. Foi então que dei uma olhada geral; Vanessa, Lucy, taylor e Carla estavam na pista, dançando como loucas enquanto bebiam drinks coloridos. Procurei Clara pela área externa, encontrando-a sentada num sofá, ao lado da Simone. Ambas estavam muito sorridentes e também bebiam. Comecei a dançar com as garotas na pista de dança, por falta de melhor opção. Dinah foi a primeira a se aproximar de mim.

– E aí, Marina, tudo bem? Quanto tempo, né?

– Pois é. Tudo beleza, e com você?              

– Tudo ótimo também! Vocês estão arrasando! – Ela piscou um olho.

Acho que Vanessa só tinha vestidos escandalosamente curtos em seu guarda-roupa, podia até apostar. Bom, o fato é que estava chamando muita atenção para si, principalmente por que era a mais empolgada na dança. Vanessa estava tão empolgada que se permitiu contracenar passos sensuais na minha frente, incitando-me a acompanhá-la. O que eu podia fazer? Nada, além de demonstrar a mesma empolgação. Puxei-a pela cintura e a embalei numa dança meio louca, mas muito... Quente.

Olhei para Clara de soslaio. Ela ainda conversava com Simone, observando os garotos que dançavam nas gaiolas. Estava ignorante ao que acontecia na pista, ainda bem. Aos poucos Taylor foi se aproximando, e comecei a dançar com as duas, um pouco mais afastada. Flavia já se engraçava para a Lucy, mas às vezes puxava Carla para que não ficasse afastada demais.

Sempre gostei de dançar e sou obrigada a fazê-lo com frequência, mas prefiro ritmos mais lentos e uma boa companhia a tiracolo. Apenas uma é o suficiente. A dança tem que ser um momento tão íntimo quanto o sexo; os movimentos precisam estar encaixados, e a sintonia deve existir obrigatoriamente. Sinto muito prazer quando estou dançando com alguém.

Como se estivesse ouvindo meus pensamentos, Luís trocou a música eletrônica por uma balada romântica. As luzes diminuíram de velocidade, e o ambiente ficou ainda mais escuro. No impulso, olhei para o sofá. Simone aceitava dançar com o Chris – que havia saído das gaiolas, bem como os outros rapazes –, segurando sua mão. Vanessa praticamente voou para os braços do Pedro, que se aproximava depressa, exibindo seus músculos dignos de algum evento repleto de fisiculturistas. Estava me sentindo muito idiota parada no meio da pista, sem saber o que fazer. Vi quando Frank chamou a Clara para dançar, mas desviei os olhos depressa. Puxei Carla de repente, começando a dançar com ela. Olho por olho, dente por dente. Frank sabia que eu queria a Clara, por isso tratei de envolver meus braços na cintura da gordinha por quem ele gamou.

– Oi – Carla murmurou no meu ouvido. Confesso: sua voz era madura, mas todo seu ar de garotinha a deixava mais infantil, de modo que alguns pelinhos do meu braço arrepiaram.

– Oi, tudo bem? – perguntei.

– Tudo! Estou adorando a festa, vocês arrasam!

– Obrigada, fico feliz por estar se divertindo.

Girei Carla para o lado direito, tentando encontrar a Clara na pista de dança. Não tive sucesso, mas vi Frank dançando com a Taylor. Que estranho! Fiz outro movimento e tornei a encarar o sofá; Clara ainda estava sentada, desta vez sendo convidada por Matt. Vi quando negou, balançando a cabeça.

– Vocês são de alguma agência ou o quê? – perguntou Carla. Nossos rostos estavam meio grudados, só que, como ela era baixinha, seu cabelo roçava no meu queixo. A sensação era boa.

– Somos treinados para proporcionar toda diversão possível – murmurei, sem saber direito o que responder. Não queria assustar a garota, ela parecia tão inocente. O que eu ia dizer? “Somos garotos de programa, e aquele colega meu ali quer te foder”?

– Ah...

Vi quando Matt se aproximou e praticamente roubou a Lucy de Flavia. Ela, por sua vez, foi seguindo na direção de Clara. Para minha surpresa, ela também a rejeitou. Depois de girar o corpo mais uma vez, dei de cara com Frank. Ele fez uma careta e sinalizou para trocarmos de par. Não sou idiota, esperei o momento certo para fazê-lo. Não queria dançar com a Taylor, tinha que começar a agir. Dali a algum tempo seria o momento de fazer as escolhas, e todo meu plano daria errado se não tivesse sequer uma chance de trocar meias palavras com Clara.

Sendo assim, aguardei Flavia retornar à pista de dança. Assim que se aproximou – sei que ela ia acabar pegando a Lucy de volta –, adiantei-me e puxei o Frank para a Clara. Com outro movimento, juntei a Flavia com a Taylor e finalmente me vi livre. Quase ri de tudo aquilo, não fosse o nervosismo que tomou conta de mim a partir do momento em que me dei conta de um detalhe: eu podia ser rejeitada pela Clara com a mesma facilidade que ela havia rejeitado os outros rapazes.

Suspirei profundamente, saindo da pista de dança. Clara parecia distraída, encarando alguma coisa além da piscina. Meu estômago começou a doer de verdade, e meu coração batia cada vez mais acelerado. Reações esquisitas até demais para a minha compreensão. Nem tentei explicá-las; simplesmente cheguei o mais perto que consegui, rezando mentalmente para não ser descartada. Havia treinado umas trezentas frases de efeito no percurso da pista até o sofá, mas quando Clara notou minha presença e virou seu rosto na minha direção... Perdi a fala. Sim. Eu, Marina, trinta e um anos de conquistas, não soube o que dizer para uma mulher. E olha que nem consegui vê-la direito, o ambiente estava demasiado escuro. Totalmente desnorteada, senti-me uma idiota enquanto estirava uma mão na direção dela, sem nada dizer.

– Desculpe, eu não quero dançar – ela disse, com a mesma voz delicada de sempre. Claro que não queria dançar. Já tinha notado isso sozinha.

– Se me der apenas um bom motivo, prometo que ninguém lhe incomodará – consegui responder.

– Tenho um perfeito: não sei dançar – Clara respondeu. Pareceu meio envergonhada. Então era isso? Ela não sabia dançar e estava com medo? Não consegui conter um riso.

– Isso pode ser um motivo, mas não é um problema – falei. Minha mão ainda estava esticada, esperando sua aceitação. – Venha comigo, você não vai pisar no meu pé. E, se assim fizer, tenho certeza de que não acharei ruim. - Não acharia mesmo.

– Bom, na verdade eu não apenas não sei dançar, como também não gosto. Simplesmente não me atrai.

“Como não?”, pensei. Em minha opinião, poucas coisas conseguem ser mais envolventes do que uma dança. A resposta de Clara só havia me deixado ainda mais curiosa em relação a ela. Uma mulher que não dorme com o noivo e não gosta de dançar. O que mais não se permitia fazer?

– E o que te atrai senhorita Clara? – questionei, aproximando-me um pouco mais. Minha mão já estava ficando dormente, porém a mantive no ar.

– Muitas coisas me atraem. O que te atrai senhorita...? - Senhorita? Nunca me senti tão velha em toda a minha vida. E por que ela queria saber o que me atraía?

– Pode me chamar só de Marina – falei.

– Marina?

– Sim, é o meu nome.

– Então, Marina, pode me dizer o que te atrai? - “Você”, pensei.

 

– Neste momento, estou tentando atraí-la para uma dança – respondi, sentindo-me meio sufocada. Como era possível uma mulher ser firme e delicada ao mesmo tempo, como se misturasse força e suavidade de modo a compor um misto perfeito? Aquilo estava me tirando do foco.

 

– E isso iria te atrair? – Clara perguntou, insinuante.

 

– Consideravelmente – respondi e fui muito sincera.

 

Quase não acreditei quando sua mão pequena finalmente segurou a minha. Puxei-a do sofá com delicadeza, sem saber direito por que me sentia tão estranha. Clara trajava um vestido preto simples, mas muito elegante, combinando com sandálias de tiras com saltos, também pretas. Seu cabelo estava solto e balançava um pouco por causa do vento marítimo. Entrelacei meus dedos nos dela, guiando-a até a pista de dança. A música suave preenchia meus ouvidos e me levava a um lugar meio longe da realidade. Tive que controlar a minha excitação quando finalmente envolvi os braços na cintura dela.

 

Clara era uma mulher não tão magra, digo, como achei que Lucy era quando vi sua foto; tinha quadris largos, uma bunda maravilhosa, e seios pequenos. Desculpa, não deixei de reparar no seu decote discreto. Mulheres com seios pequenos realmente me atraem, cabem perfeitamente em minhas mãos, além de que as mulheres com quem eu saio tem grana suficiente pra colocarem silicone ou pra conquistar qualquer um com pares de seios médios, então Clara definitivamente saía dos meus padrões. Ela era baixa, mas não tão baixa como Taylor, naquele momento, usando aqueles saltos, estávamos quase da mesma altura. Nossos rostos se colaram, e fiz questão de trazê-la para bem perto. Loucamente, aquela mulher enigmática ergueu os braços e os entrelaçou no meu pescoço.

 

Seu cheiro logo invadiu os meus sentidos; adocicado, parecia uma mistura de flores exóticas. Era uma fragrância marcante, intensa, mas ao mesmo tempo feminina. Devo ter respirado fundo umas quinhentas mil vezes, pois havia gamado no seu perfume. Aquilo só fez meu desejo aumentar ainda mais. Definitivamente, eu a queria em um nível incompreensível. Poderia fodê-la ali mesmo, na pista de dança. Acho que era o desafio que me instigava. O doce sabor da novidade misturado com doses de mistério e o velho gostinho do proibido. Tudo isso sempre me atraiu. Clara se afastou de mim quando dançávamos a terceira música. Nenhuma palavra havia sido proferida, nem por ela, nem por mim. Eu não queria que parasse, mas as coisas boas costumam durar pouco. Já estava acostumada com isso.

 

– Acho que já foi o bastante para quem nunca dançou na vida – ela falou baixinho, deixando um rastro de arrepios percorrendo o meu corpo com certa liberdade.

 

– Tudo bem – respondi, sem querer forçar a barra.

 

Fiz uma curta reverência, soltando Clara de vez. Ela se distanciou muito depressa, caminhando na direção do bar, onde Matt conversava com Simone. Fiquei sobrando na pista de dança, por isso segui para o estande. Não havia sinal do Sr. Amoretto, mas seus ajudantes preparavam alguns petiscos. Foi quando Marley se aproximou de mim.

 

– Chegou a hora, Marina – avisou, depois deu meia volta e foi para o minibar. Vi quando ele trocou algumas palavras com Clara, que depois seguiu para dentro da casa. Acho que ela ainda nem sabia que ia precisar escolher. Suspirei profundamente.

 

Por que raios estava tão nervosa?


Notas Finais


Olha so voltei!!!
Ate mais e perdoem meus erros!


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