História Can't Remember To Forget You - Sizzy - Oh, Lord Montgomery!

“Uma garota só precisa de um garoto que possa ser homem o bastante para prová-la que nem todos os homens são iguais. ”

- Marilyn Monroe

O salto da minha sandália estava prestes a quebrar de tanto que eu batia o pé na recepção, até Helen já havia ido embora e eu aqui esperando Simon que nunca aparecia. De certo modo a semana tinha passado super rápido; o humor de Lilian não melhorou e eu não sabia o porquê, logo na terça ela já me passou os convidados e tive que ir mandar fazer os convites, a verdade era que tudo do desfile estava atrasado, até mesmo sua data, seria no primeiro dia de Inverno e coleção tinha que ter sido lançada agora, no Outono.

Eu realmente não sabia o que esperar enquanto me arrumava hoje, minha autoestima já não estava as melhores depois do fora que eu levei graças a Clary e Jace - Parece que Julian tinha uma namorada – e o ultimo “encontro” que eu tinha tido foi há muito, muito tempo, pelos menos um em que eu sabia que não seria uma simples saída. Clary tinha me ajudado a alisar os cabelos, e o vestido que eu tinha escolhido era muito sexy, mas todas as minhas esperanças de sair tinham ido por agua baixo quando Simon disse que podíamos ir direto para minha casa. Sério, ele não vai nem me levar para jantar antes?

- Desculpe a demora, meu pai me prendeu lá encima – mal percebi a figura alta se aproximando. Tá, tudo bem, até que não seria nada mal bagunçar aqueles cabelos perfeitamente arrumados mais cedo. – Vamos? Só temos que descer para o estacionamento onde eu deixei minha van.

- Tudo bem – respondi o seguindo. Ficamos em silencio no elevador, eu não sabia o que falar; tem dias em que sou tagarela, mas tem dias em que eu sou uma merda para puxar assunto, e esse é um desses dias.

Lá pelo meio do caminho Simon preencheu o silencio cantando baixinho e batucando os dedos no volante, era uma música desconhecida e de um jeito bem lerdo eu finalmente percebi que era a voz dele que saia do rádio.

- Vocês são muito bons – ele sorriu, mas não foi um simples sorriso, foi um daqueles que chega até a alma, que os olhos brilham, a covinha aparece e nada mais ofusca aquela beleza de ver a pessoa sorrindo.

***

Destranquei a porta do apartamento dando espaço para que Simon entrasse, ele tinha deixado o paletó no carro e agora sua camisa já marcava os músculos aparentes em seus braços.

- O que você pensou em fazer? – Levantei uma sobrancelha sugestivamente – Não quis dizer isso. Eu tinha pensado em assistirmos um filme, e eu poderia até cozinhar para você.

- Você sabe cozinhar?

- Melhor do que você – respondeu dobrando as mangas da camisa até os cotovelos. – Ou vai me dizer que seus irmãos mentiram?

- Tudo bem, senhor cozinheiro. Do que vai precisar?

- Foi o que pensei – comentou ele entrando na cozinha. – Hmm... Que tal pão de forma e basta de amendoim?

- Sério isso? Acho melhor pedir comida então – respondi tirando o telefone sem fio do gancho.

- Não quer nem provar? Juro que fica uma delícia - tentou ele.

- Okay, pode fazer, quando eu estiver com fome peço alguma coisa – falei pondo o telefone no balcão.

- Que desfeita! Não venha me implorar mais tarde – revirei os olhos pegando as coisas para ele no armário. – Pensando bem... Eu posso fazer isso mais tarde.

- Sim – deixei as coisas ao lado do telefone, dando de cara com Simon ao virar. O propósito da noite era esse não? Terminar o que a gente tinha começado; se ele não queria espera, não seria eu que iria discordar.

Fechei os olhos assim que senti o leve roçar de seus lábios contra os meus, meus cabelos foram jogados para trás com delicadeza para dar espaço aos leves beijos depositados desde minha clavícula exposta até o pequeno espaço atrás da minha orelha, deixando formigamentos pelo seu rastro.

Seus dedos vagavam pelo meu braço eriçando os poucos pelos, a outra mão estava presa a minha cintura enquanto eu quase ronronava com os outros beijos postos no vão do meu pescoço. Quase transbordava de tanta expectativa, era acostumada com caras diretos, não aguentaria aquilo por muito tempo; então o virei, jogando seu corpo contra o balcão, talvez com um pouco de força demais, mas ele nem percebeu por ter colado nossos lábios. Apesar de estar quase desesperada nossas bocas se moviam com lentidão, como se o tempo parasse para apreciar aquilo, uma memória de duas pessoas comum que se completavam não só fisicamente, mas na alma, de um jeito lindo e intenso.

Suspirei, meus olhos já abertos encarando-o ainda apreciar o momento e sorri, involuntária e verdadeiramente.

- Não estou brincando... – Simon abriu os olhos ao escutar a voz de Clary ecoar pela casa, estava embargada e só pelo jeito como fungou parecia prestes a chorar. – Não desligue!

 E sua voz foi se transformando em sussurros enquanto ela ia para seu quarto.

- Deve estar brigando com Jace pelo celular, – disse me afastando – e provavelmente esqueceu que pedi para não vir para casa hoje.

- Você pediu isso? – Ele sorria ao passo que eu corava.

- Talvez – sai correndo até a sala. – Então, o que você quer assistir?

- Eu não sei... Star Wars? - Falou sentando no sofá enquanto eu mexia nos DVDs guardados na raque.

- Pode ser, eu nunca assisti – respondi dando de ombros.

- É sério isso? Tipo, serio?! Como uma pessoa em sã consciência nunca assistiu a perola nerd que é Star Wars?! Como diria um velho sábio de um dos melhores programas de comedia da TV americana, as únicas pessoas que não assistiram Star Wars, são os personagens de Star Wars. Por que eles viviam lá, Isabelle!

- Não é tão estranho assim – respondi na defensiva. Eu tinha razão, ele era muito nerd.

- É sim!

- Vocês viram a Clary? – Droga, ela tinha deixado a porta do apartamento aberta.

- No quarto, Jonathan – falei vendo ele e Alec entrarem. – Vocês vão sair? – Perguntei ao mais velho. Alec sempre foi o mais alto, mas de uns tempos para cá parece que de algum jeito ele cresceu mais, é aterrorizante.

- Vamos. Magnus resolveu dar uma festa de última hora e ela vai com a gente – respondeu ele depois de cumprimentar Simon com um sorriso. – Você ainda tem aquelas fantasias aqui?

- Acho que sim, mas já que eu não fui convidada.... Procura você lá no meu quarto – respondi pegando o DVD e o colocando sobre a mesa de centro.

- Se você quiser ir... – ele deu de ombros e sumiu no corredor.

- Vai buscar as fantasias, dá para ver na sua cara que você quer ir. Conversamos sobre isso – ele levantou o DVD na frente do meu rosto – depois. – Então me levantei já descalça e seguida por Simon fui para meu quarto. Não era bem assim que eu queria que ele entrasse no meu quarto essa noite... - Eu deixei a de vampiro para ele – disse Alec saindo do quarto com a sacola em mãos.

- Como sabia que iriamos? – Perguntei antes que ele sumisse de volta a sala.

- Te conheço melhor que você, Izzy.

- Acho que não tem outro adjetivo para essa roupa que não, horrorosa. Vou ter que usar isso? - Simon tinha colocado a fantasia encima da minha cama.

- Vai, combina com a minha de vampira gótica trevosa.

- Tá mais pra Monster High... Você tem certeza de que não tem problema eu pegar roupas emprestadas?

- Não Simon. Agora veste isso – sem me ofender joguei a camisa da antiga fantasia de vampiro do Meliorn na cara de Simon, não faço a mínima ideia de quando aquilo tinha sido deixado aqui. - Okay, agora parece que você saiu de um romance de época. – Dei uma risadinha e coloquei uma das mãos contra a testa dramaticamente. – Oh, Lorde Montgomery, o que o senhor pretende fazer comigo neste quarto quando estivermos totalmente a sós? Uma donzela inocente e desprotegida? – Lhe direcionei um olhar ardente enquanto o mesmo sentava em minha cama totalmente confuso, eu segurava ao máximo as risadas - minha honra está segura?

- Eu ahn... o que? – Balbuciou Simon, temporariamente desprovido de vocabulário.

- Sei que o senhor é um homem perigoso – declarei, caminhando em direção a cama. Desci o zíper do vestido lentamente, deixando-o cair no chão. Vestia boy shorts preta por baixo da roupa e um simples sutiã tomara que caia combinando. Ele já não estava mais tão confuso. – Alguns o chamam de libertino. Todos sabem que o senhor é um demônio com as mulheres, com sua calça irresistível e camisa poeticamente cheia de babados. – Pulei na cama e engatinhei até ele, fitando-o como uma serpente prestes a devorar sua presa. – Rogo-lhe que considere minha inocência – sussurrei – e meu pobre e vulnerável coração. – De onde eu havia tirado aquilo?

- Lorde Montgomery não tem consideração por nada, além dos próprios desejos – disse ele com a voz rouca. – Vou lhe dizer mais uma coisa. Lorde Montgomery tem uma propriedade enorme... e terrenos muito grandes também.

Dei uma risadinha e senti a cama balançar debaixo de nós.

- Tá bem, eu não esperava que você entrasse tanto assim na brincadeira.

- Lorde Montgomery sempre supera as expectativas – retrucou Simon, agarrando-me pela cintura e rolando-me para que ficasse debaixo dele, com o cabelo preto espalhado pelo travesseiro. Com certeza superava expectativas... – Mães, tranquem suas filhas, depois, tranquem as criadas e então se tranquem. Lorde Montgomery está a solta.

Segurei seu rosto com ambas as mãos sentindo o clima se esquentar.

- Milorde – disse com os olhos brilhando. – Temo que não possa resistir por mais tempo aos seus encantos masculinos e modos viris. Por favor, faça o que o senhor quiser comigo.

Simon se inclinou e deu um beijo demorado em minha boca. Meus lábios se abriram sob os dele, e subitamente tudo se transformou em calor doce e sombrio. Ele encostou os lábios no ponto onde o sangue pulsava em minha garganta, abocanhando-o com delicadeza, mas sem morder, fazendo-me ofegar, minhas mãos desceram pela camisa dele. Por um instante, Simon pareceu ficar preocupado com a ausência de botões, mas agarrei o tecido nas mãos e rasguei a camisa ao meio, deixando-a pendurada nos ombros dele.

- Caramba, esta coisa rasga que nem papel – falei surpresa. – Ah meu deus, não tenho outra fantasia! – Sai de seu colo encarando o estrago feito enquanto Simon ria da situação.

- Posso ir de terno mesmo – ele se levantou tirando o resto de pano do corpo e pegando a camisa jogada sore a escrivaninha. – Hmm... seu quarto parece de uma adolescente, faltam só os pôsteres de famosos sem camisa grudados na parede.

- Olha pra cima – não me orgulhava deles, mas nunca reformei meu quarto depois que me mudei e foi há 3/4 anos atrás, eu mudei muito, já meu quarto nem tanto.

- Aquele é o Justin Bieber? E por que você tem um pôster da Shakira? – Ri.

- Ela é a minha ídola, se eu olhar pra frente deitada, posso ter sonhos com ela – era a única coisa da qual eu não me arrependia nem a pau. - Eu ainda vou me casar com essa mulher.

- Tudo bem então, agora se troca antes que seu irmão entre para te chamar e pegue você assim.

O vestido era branco, de mangas longas, curto na frente e longo atrás, exibia um decote maravilhoso e era usado com uma espécie de espartilho preto na frente para afinar a cintura, já tinha pegado minha bota, há tempos não a usava, desde a faculdade, era preta e até os joelhos, eu a amava. Tentei prender o cabelo o mais rápido que consegui enquanto sentia Simon me avaliar da cama, ele não falava nada o que me deixava louca e fazia eu ter que refazer meu cabelo varias vezes.

- Deixa eles soltos, você fica mais bonita com eles assim – disse da cama.

- Tudo bem, então acho melhor nós irmos – ele concordou, se levantou e me seguiu.

- Caramba, Izzy, você está linda! – Jace estava tentando a semana inteira se desculpar comigo por ter ligado para Julian, eu fiquei muito chateada, com ele, por me fazer passar vergonha; eu nem sequer gostava de Julian, ele só era simpático,e a vergonha que eu passei foi desnecessária. – Quantas vezes vou ter que pedir desculpa? Sério, não foi tão ruim.

- O que? – Não tinha percebido que entramos naquele assunto na frente de Simon.

- Na segunda Jace fez Isabelle chamar um cara pra sair e... ele deu um fora nela. – Aiai, os Lightwoods eram pessoas maravilhosas, não?

- Não sabia que estávamos saindo com outras pessoas... – Como explicar isso para Simon agora? Ele me provou que eu estava errada em achar que apenas queria me levar pra cama, e que não era um idiota, mas logo eu que estava cobrando isso dele fiz bem o contrário.

 Pude perceber que o Simon tinha ficado chateado com esse assunto e cabisbaixo.

Depois que todos saíram puxei seu braço e seu queixo lentamente para olhar para mim. Seus olhos estavam tristes então dei-lhe um beijo suave na boca e sussurrei para que somente nós escutássemos:

- Meus beijos são somente seus, lorde Montgomery.

Seu rosto se iluminou completamente e então saímos do apartamento.