História Can't Remember To Forget You - Sizzy - O Fiasco do Desfile

“O valor das coisas não está no tempo que elas duram, mas na intensidade com que acontecem. Por isso existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis.”

— Isabelle, apenas relaxa. Vai dar tudo certo. — Murmurou Simon novamente. Tentei inutilmente dizer que era impossível, estou nervosa demais e ele não entende. Senti suas mãos pousarem nos meus ombros enquanto ele continuava a falar. — Toma um banho e depois descansa, você tá de folga mesmo.

Concordei com a cabeça sabendo que ele estava certo. Tínhamos vindo da casa dele, onde Lilian estava no mesmo estado que eu, só que pior, por que ela não admitia. O desfile finalmente seria amanhã e mesmo eu sabendo que tudo estava certo, parecia que algo ia dar errado a qualquer momento. Fui em direção ao banheiro em meu quarto, tirando a roupa preguiçosamente depois de fechar a porta.

Amarrei o cabelo no alto da cabeça e liguei o chuveiro; geralmente eu demorava séculos embaixo d'Água, mas com Simon em casa eu esperava sair rápido para não o deixar sozinho. Pensando em Simon, não tem como não me lembrar de como ele "aceitou" a minha espécie de pedido de namoro, então oficialmente estávamos finalmente namorando, ainda tinha só uma semana, mas da última vez em que estive num relacionamento passou tudo tão rápido e eu desejava que com ele as coisas fossem mais devagar, mas no ritmo em que estávamos... fazia 3 meses que eu trabalhava com Lily e parece que foi ontem que conheci Simon naquele elevador.

Ouvi a porta ser aberta e me assustei, chamando Simon em seguida, mas ficou tudo em silêncio e só tinha fumaça no resto do banheiro, mas só via as coisas embaçadas. Como uma garota inocente de filme de terror, abri a porta de correr e fui pega de surpresa.

Simon, completamente sem roupa, apareceu de repente e me beijou, me levando para a parede. Seus beijos não eram suaves como muitas vezes pareciam; eram mais selvagens. Suas mãos passeavam por todos os lugares do meu corpo, menos nas partes que eu mais desejava no fundo da minha mente.

— Simon. — Disse quase sem fôlego.

— Izzy. — Ele disse com a boca a milímetros da minha. — Você não entende que eu te quero pra caralho?

Eu entendia isso, mas ele parecia tanto aquele tipo de cara que namora a garota pensando no nome que eles vão dar para os filhos. E eu não queria iludi-lo assim. Ou me iludir...

— Eu sei que você quer Simon, e eu também te quero, mas...

— Não se preocupe. — Ele disse com sua voz safada fazendo minhas pernas tremerem. Sua mão direita desceu preguiçosamente para o lugar onde ansiava para que ele chegasse. E quando chegou, foi a melhor sensação de todas.

Com seus dedos movendo em círculos preguiçosos, sua mão esquerda subindo para os meus peitos e agarrando-os acompanhando o movimento dos outros dedos e seus lábios deixando beijos, dessa vez mais suaves, por todo o meu corpo, fiquei em um

momento de êxtase até que o puxei para de baixo do chuveiro e agarrei o que, no fundo da mente dele sabia que ele queria que fizesse.

E ficamos assim, trocando carícias de baixo do chuveiro até chegar ao ápice da sensação. Nós dois paramos depois disso e ficamos nos olhando e podia ver em seu olhar que era mais do que só essa sensação carnal que ele sentia por mim. E aquilo me fez bem.

Depois dos dois terem tomado coragem de sair do banho, nem nos preocupamos em colocar as roupas: nos secamos, nos enrolamos de baixo do cobertor e ligamos um filme no meu notebook. Simon insistiu em descer suas mãos, mas o repreendi.

— Desculpe. — Ele sussurrou em meu ouvido. — Não consigo me segurar quando o assunto é você. Simplesmente te quero tanto que não me aguento.

Após ele dizer isso abri um sorriso, peguei a mão dele e a coloquei na minha barriga.

— Presta atenção no filme. — Disse recebendo uma risada em resposta.

***

— Já volto, vou buscar alguma coisa para comer. — Murmurei levantando da cama, Simon concordou levemente com a cabeça enquanto eu saia do quarto.

Com Simon e os filmes nem percebi que Clary tinha chegado, ela parecia tão entretida atendendo o telefone que não percebeu que eu estava na cozinha.

— Cala a boca! A culpa não é minha de Jace ter descoberto... você é um idiota. — xingou ela pelo telefone.

— Quem é um idiota? — Perguntei passando por ela e abrindo a geladeira.

— Ninguém importante. — Respondeu desligando a ligação. — Temos visitas?

— É, Simon tá lá dentro. — Falei fechando a porta sem nada em mãos. — Vamos pedir pizza? Estou morrendo de fome.

— Pode ser. — Ela deu levemente de ombros. — Ah! Jace pediu para te avisar que Maryse está querendo falar com você.

— Eu sei, é sobre o vestido dela. — Eu tinha trabalhado duro nele e, na minha humilde opinião, tinha sido um dos meus melhores “trabalhos”. Era dourado, longo e tinha um decote que faria meu pai morrer por estar se separando dela, minha mãe é, e sempre foi, linda, não é à toa que todos dizem que eu sou filha dela. O casamento todo seria em dourado, mas como eu nunca era uma das privilegiadas, não seria madrinha ou uma espécie de dama de honra para Alec, Clary faria isso, o que era de se estranhar já que eles não gostam um do outro, mas já que ela iria com Jace nada mais justo.

— Eu também queria falar sobre isso com você. — Murmurou olhando para as mãos. Conhecendo ela, Clary só fazia isso em duas ocasiões, quando ela contaria algo, ou quando ela fosse pedir algo.

— Eu já desenhei o seu. — Respondi vendo-a abrir um grande sorriso. — E sei que você vai estar com 4 meses, por isso já fiz um que pudesse exibir sua barriguinha, ou se você continuar com esse corpo perfeito, dá pra adaptar também, depende só se você vai apro... — Fiquei quieta ao sentir ela me abraçar. Não sei se eu estava doida, mas desde que abri a boca para Jace, achava que Clary estava estranha comigo.

É, talvez fosse só doideira.

***

Eu não estava nervosa. Eu não estava nervosa. Eu estava nervosa.

Uma coisa é você ver um desfile pela televisão, ou então, se você tiver mais um pouco de dinheiro, assistir um pessoalmente, mas estar por trás de tudo é muito pior. Principalmente se sua chefe está ocupada falando com os jornalistas e amigos dela; tudo, exatamente tudo, cai sobre mim.

— Pelo amor de Deus, você tá uma pilha de nervos, Izzy!

— Simon, meu amor, fica quieto ou eu acerto essa bolsa de grife, que eu amei por sinal, pode me dar mais dessas, na sua cara! — Falei enquanto ele me perseguia. — Hey, você! — Apontei para uma das maquiadoras, ela definitivamente não estava dentro das que eu tinha contratado. — A maquiagem dela tá horrível, apaga isso e refaz! Jessamine tem que estar perfeita para o encerramento. — Simon entrou na minha frente, suas duas mãos foram para meus braços, e ele não exibia uma das suas melhores caras, parecia bravo e preocupado.

— Todo mundo sabe que você é nova nisso, mas desde que chegou está sendo uma idiota com todo mundo. Então por favor, se acalme. Já vi minha mãe dar dezenas de desfiles, vai ficar tudo bem. — Ele encerrou tudo me dando um selinho.

— Okay... vai cuidar da Becca. Eu me viro com tudo isso. — Falei mais calma. Ele concordou logo saindo de vista. Respirei feudo contando até dez, se eu fosse uma cretina por estar nervosa seria falta de profissionalidade, e eu não queria isso, principalmente querendo um dia ter meu próprio desfile.

— Isabelle! — Ouvi a voz de Catarina. Ela estava bonita hoje, com os cabelos presos em um coque, um vestido preto rodado que tinha lantejoulas no busto e salto alto; Lily disse que comemoraríamos na sua casa depois do desfile, é certo que estava tendo um coquetel agora enquanto nos arrumávamos nos bastidores, mas ela queria comemorar com quem trabalhou durante o desfile e mais algumas pessoas. — Lívia está passando mal. Ela parece com febre e não para de tossir.

— Tudo bem, tem uma enfermeira para emergências no escritório do pessoal daqui do buffet, vá lá e chama ela. — Pedi e Catarina saiu como um furacão. A modelo não estava muito longe, em uma das cadeiras para se maquiar, ainda usava roupão, e os cabelos já estavam prontos. — Liv, o que aconteceu? — Perguntei me aproximando da modelo, ela era bonita como todo o resto das pessoas que estavam ali, mas parecia prestes a desmaiar, estava pálida e com olheiras terríveis.

— Não sei, acho que peguei um resfriado. — Respondeu se encolhendo.

— Acha que consegue desfilar? — Perguntei e ela negou com a cabeça. — Vamos esperar Catarina chegar. Enquanto isso, voltem a se arrumar e parem de cuidar da vida dos outros!

— E o que eu faço enquanto isso? — Perguntou o maquiador, Malcolm Fade, lembrei ser seu nome, Lily tinha falado muito bem dele. — Quase todo mundo já está maquiado e olha para minha cara, eu não sirvo para arrumar cabelo nenhum ser seu o meu. — Ele passou a mão no cabelo platinado como se completasse sua fala. — Já você, merece um reboquinho, não é querida? — Ele perguntou para Liv que não se controlou e riu.

— Tá, mas rápido, eu tenho que ver se está tudo certo e...

— Senta e cala a boca. — Ele puxou uma cadeira para mim. Eu não sei onde estava minha cabeça em concordar com aquilo, só fechei os olhos por um segundo e quando percebi tinha alguém mexendo no meu cabelo e Malcolm já tinha terminado a maquiagem.

— Izzy, a Sra. Ferraz pediu para avisar que temos 10 minutos. — Beatriz apareceu ao meu lado falando.

— Droga! Preciso arrumar alguém para entrar no lugar da Liv. — Disse me levantando da cadeira.

Para minha surpresa estavam quase todos prontos. E Julie e Catarina estavam organizando todo mundo com as outras meninas.

— Ah! Nós já arrumamos uma substituta para ela. — Disse Catarina, ela segurava uma prancheta na mão e do outro lado o vestido que a garota deveria usar. Era azul bebê, tinha mangas longas, e uma fina camada de renda cobria-o inteiro desde o decote canoa até os pés. Era um dos meus favoritos, e por isso eu tinha convencido Lily a colocá-lo logo no começo do desfile. — Tem um provador ali, vai se vestir! Cameron está te esperando, vocês são os primeiros.

— Catarina, não. — Ela só podia ter enlouquecido se pensou que eu faria mesmo isso.

— Não mesmo! — Jessamine entrou no meio, ela ainda não tinha se trocado, mas estava tão perfeita que não parecia real. — Você tem que usar o meu. Ele é perfeito para você. Além do mais, esse vai destacar meus olhos, e o Cameron é um gato! — Ela deu de ombros tomando o vestido da mão da Catarina como se não a tivesse visto.

Os cabelos dela combinaram com o vestido, estavam presos e não tampavam a linda renda prata com azul quando ela saiu do provador e calçou os sapatos. Ela e Cameron fariam um belo par, uma loira, e um ruivo; dois metidos a besta que ganhavam dinheiro para caramba por serem bonitos.

— Você ouviu ela, se troque agora! — Mandou Catarina usando seu tom autoritário.

***

Eu não sei o que me deixou com mais medo. Enfrentar pessoas que conheciam mais o mundo da moda do que eu, ver Lilian chocada comigo na passarela ou ouvir as pessoas comentando sobre o vestido. Os flashes das câmeras também não ajudavam nem um pouco, mas eu tentava a todo custo não curvar as costas, não tropeçar no salto ou me perder encarando a decoração que eu tinha escolhido. Estava tudo tão perfeito e eu não queria estragar nada, principalmente a minha parte favorita, que era aquele vestido.

As mangas ¾, a cor creme, ou as pedras preciosas por todo o busto, não justificavam o porquê de eu me sentir tão bem nele, por pouco não tinha ficado apertado demais e os saltos eram os mais desconfortáveis que eu já calcei em toda minha vida, mas eu me sentia linda de um jeito que nunca tinha me sentido antes.

Então percebi que enquanto eu desfilava na passarela voltando para onde eu deveria estar, tinha conseguido alcançar uma felicidade que todo mundo procurava. Estava tudo perfeito, era até estranho, e nesses momentos, quando você se sente assim espera pela única coisa que pode destruir tudo e eu encontrei ela ao lado de Catarina.

Lily era a única que não estava sorrindo para mim, não deu tempo de ela falar nada antes que eu voltasse com os modelos para passarela. E depois ela fez um discurso, e o tempo foi passando até que eu tivesse me trocado.

— Você foi incrível! — Simon apareceu me abraçando — Era por isso que você estava nervosa? — Neguei com a cabeça enquanto ele me encarava com dúvida. — Vou fingir que acredito. Vai lá pra casa?

— Vou, acho que sua mãe quer falar comigo. — Respondi entrelaçando minha mão na sua.

— Então... O que acontece agora? Você não vai virar uma modelo famosa e me deixar aqui, não é? — Perguntou enquanto me guiava até a saída.

— Não, Simon. Eu gosto de criar, não desfilar. — Respondi enquanto caminhávamos em direção a van dele, não sei porque não ir com Lily na limusine, mas acho que seria bem melhor ficar longe dela enquanto parece que ela quer me matar por ter entrado no desfile sem sua autorização.

— Tudo bem, mas se você gosta de desenhar essas roupas, por que trabalha pra minha mãe?

— Porque é o que eu tenho por enquanto. — Respondi dando de ombros. — Agora vamos logo pra sua casa, antes que algum fotografo apareça.

— Pode deixar, estrela da noite. — Revirei os olhos entrando no carro. — Mas acho que vai ser meio difícil sair despercebida com essa carruagem amarela.

— Ahn... Isabelle? — Ragnor, o amigo de Lily que pegou desenhando no escritório pareceu querer puxar assunto antes que Simon pudesse ligar o carro. — Acredito que todos já devem ter dito que você estava fabulosa no desfile, mas tenho o dever de reforçar que estava tudo maravilhoso, não apenas sua entrada. Fiquei sabendo que

Lilian deixou tudo nas suas mãos, e desde o dia em que fiz aquela breve visita no escritório, percebi que você tem um grande talento para bom... esse mundo da moda.

— Ah, obrigada...

— Ainda não acabei, querida. Quero ser seu sócio, eu entro com o dinheiro e você com... você sabe, o trabalho um pouco mais complicado de criação. Acho que você pode ser famosa, Isabelle. E eu quero ter alguns créditos por isso. — Ele pareceu tirar a carteira de dentro do paletó. — Tome meu cartão se estiver interessada.