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História Canticum - Pacifico


Escrita por: yehunnie

Notas do Autor


Olá amores <3 Enfim, demorei né? Mas eu sei o que escrever, mas acontece que veio mil coisas na minha cabeça e no fim, não consegui escrever um capítulo longo e o que era para ser uma 2shot, se transformou em uma shortfic, com no máximo 5 capítulos (eu tô planejando ir até 4, mas tô colocando uma margem de erro lol) Espero que gostem. Beijos, boa leitura <3

Capítulo 2 - Pacifico


 

Ele tentava respirar, mas não conseguia.

Os braços se movimentavam, junto as pernas, mas ele não tinha mais forças para se mover.

A imensidão azul o cercava por todos os cantos. E seu corpo cada vez mais caia no grande abismo que era o mar. Junmyeon sentia seus pulmões fracos, e a sua força desaparecia, lentamente seu corpo ia se entregando ao mar.

Tão jovem.

Ele sentia aos poucos que não adiantava lutar, mas ele queria lutar.

Junmyeon precisava lutar.

Seu corpo se debatia na imensidão do oceano, seus pulmões precisavam no oxigênio novamente com urgência.

Conforme a água invadia seu corpo, Junmyeon sentia seu corpo amolecer... Sua consciência estava o abandonando e ele podia jurar que antes de apagar completamente, pode ver um humano meio peixe se aproximando.

E por fim, ele desmaiou.

 

_________

O dia estava frio, e Junmyeon sentia os ventos do outono se aproximando da pequena cidade litorânea. O sol já não brilhava tanto e a cada dia estava mais frio, e Pandora se escondia entre as cobertas de sua cama durante a noite e só saia do local quando seu dono a removia das colchas, além dela ter ganhado uma roupinha para se proteger do frio.

A filhota tinha crescido nos últimos dias, praticamente espichado e o coreano como um ‘pai’ orgulhoso sentia seu coração inflar quando a sua pequena realizava um truque ensinado ou não destruía alguma de suas meias – que ela costumava rasga-las.

E era por causa da sua única companhia – e amizade profundamente sincera, que o pesquisador encontrava-se na rua naquele momento.  

Pandora estava se recusando a comer nos últimos dias, seus olhinhos lhe encarava e por mais que Junmyeon a incentivasse a comer, seu rostinho balançava em negação e saia de perto da vasilha de comida. Em busca que a cachorra voltasse a comer, ele saiu atrás de novas rações naquela noite, seu corpo estava cansado e sujo de graxa por passar o dia tentando concertar o pequeno barco que tinha estragado dias atrás, porém, até o momento ele sequer tinha descoberto a origem do problema... Quando ele acionava o motor, ele dava indícios que voltaria a funcionar mas após breves segundos desligava.

Suas mãos seguravam as sacolas com as rações, tinha uns sabores especiais e uns sachês de carne para misturar a ração para caso Pandora nem assim comesse, porém, Junmyeon se surpreendeu passar por uma praça a beirada da praia para cortar caminho a sua casa, e seus olhos se focaram em uma árvore e ele o viu.

Poderia se passar anos, que ele ainda se recordaria aquele rosto.

Os cabelos estavam grandes em comparação a da foto que tinha tirado, e seu rosto não exibia mais aquele sorriso bonito sobre as rochas, mas sim uma expressão de dor estava em sua face. A sua cauda tinha sido substituída por pernas, e tinha sangue escorrendo em uma das delas, a respiração do ser estava pesada enquanto segurava o local que originava o líquido rubro.

O humano estava encantado, e ao mesmo tempo surpreso com aquela cena. Ele não sabia se deveria se aproximar, mas a expressão de dor do outro o fez agir automaticamente, seus pés andavam involuntariamente, enquanto seu corpo não parecia mais sentir o peso que carregava em uma das mãos.

– Você precisa de ajuda. – Não era uma pergunta, mas sim uma confirmação. A voz de Junmyeon soou baixinha, mas chamou a atenção do outro ser.

Os olhos do tritão duplicaram de tamanho quando encarou o outro, não esperava que alguém o fosse encontrar naquela praça escura a beirada da praia, mas tinha sido o local mais seguro que tinha conseguido chegar.

– Não... Não precisa.

A voz era doce, Junmyeon não tinha como negar, porém, ele não sabia se ele poderia o encantar. Existia algumas lendas sobre sereias, porém, até o momento ele não sabia quais eram verdadeiras e até que ponto deveria crer neles. Alguma das lendas diziam que sereias do sexo masculino, tritões, não tinham a capacidade de encantar humanos, porém, ele não sabia em que acreditar.

– Você não está bem. – Seus olhos se focaram na perna, e o humano constatou que era anatomicamente igual a sua, não tinha nenhuma variação entre a sua e a do tritão, porém, os pés dele eram mais espaçados entre os dedos e o seu pé estava descalço. – Está frio, e você apenas está com um short. – Constatou com as vestimentas do outro, que tremia levemente ao frio. – Você precisa se aquecer.

Era difícil falar, não sabia se poderia admitir ao outro saber da sua origem ou se fingiria que acreditava que ele era um humano comum, e em um breve segundo afirmou que a segunda opção era mais ‘segura’ no momento.

O tritão negou com a cabeça envergonhado, seus olhos vagaram em direção ao mar. O som das águas o acalmava, aquele era o seu lar... Mas não naquela época, as águas estavam muito frias.

– Eu me chamo Junmyeon. – O coreano se agachou na frente do outro, e depositou as sacolas sobre a terra, seus olhos buscaram os do outro, que parecia como um gatinho assustado. Apesar dos traços orientais, o outro possuía olhos verdes que lembravam o mar, com o olhar baixo fugindo do contato direto. – Como se chama?

Os olhos verdes se focaram no outro, como se buscasse alguma indicação que deveria não lhe responder, mas não tinha muito o que fazer no momento. Ele estava ferido e com muito frio, e no fundo, acreditava que aquele humano poderia o ajudar em alguma coisa.

– Jongdae. – Informou baixinho, aquele no mundo dos humanos era seu nome. – Me chamo Kim Jongdae.

– Certo, certo. Kim Jongdae... Você está sangrando... Quer ir para um hospital?

Rapidamente Jongdae negou com a cabeça... Ele não poderia em hipótese alguma ir a um hospital, e conversar com um humano estava o deixando nervoso, aquela era a primeira vez em anos que tinha um contato direto com humanos e ele não sabia o que dizer...

– Você tem que tratar essa ferida... Vou cuidar de você...

O trajeto foi um pouco complicado até a casa do coreano... Jongdae não conseguia se sustentar muito bem, e isso obrigou Junmyeon a passar seus braços pela cintura do outro e deixa-lo apoiar o corpo sobre o seu. O coreano podia sentir o frio do corpo do outro, e como seu corpo parecia que a qualquer momento iria fraquejar e desabar no chão, por isso, ele deu o seu melhor para carrega-lo, enquanto carregava a ração junto.

Ambos foram recebidos com uma Pandora nervosa rosnando para o convidado, o que fez Junmyeon repreender a filhota, e mesmo quando ela parou de latir e rosnar para Jongdae, seus olhos vigiavam o “invasor” enquanto Junmyeon o colocava deitado em sua cama. Ele jogou um dos seus moletons para o outro, e correu para buscar o kit de primeiros socorros.

Junmyeon limpou a ferida do outro em silêncio, enquanto escutava os resmungos de Jongdae com a dor da medicação que era aplicada em sua pele, a ferida consistia em riscos profundos, como linhas fortes ou até mesmo facas bem afiadas, e ele não achou correto questionar o ocorrido.

 – E a sua família? Onde estão?

Família. Aquela não era a palavra correta, não existia uma família no meio dos sereianos. Seus olhos se focaram em suas pernas, era estranho não observar a própria calda se movendo, enquanto permanecia a beirada do mar. Seus pelos estavam eriçados de frio, e o humano percebeu que algo estava errado quando observou o outro se abraçar.

– Eles tiveram que ir embora. – Confessou baixinho, enquanto observava Junmyeon o cobrir com uma manta após terminar os curativos.

– Para onde? – Sua sobrancelha arqueou. Não conseguia entender o motivo dele estar sozinho, sendo que a poucos dias atrás, Jongdae estava cercado de seres iguais a si nas rochas.

– Andamos seguindo a costa, está ficando frio e eles não gostam do frio. – Afirmou, passando os braços pela colcha, Jongdae tinha a noção que a cachorra ainda o vigiava e tinha medo dos animais terrestres, por isso, escolheu fazer movimentos leves.

– Você não os acompanhou porquê?

– Me machuquei. – A ferida ainda doía, e ele não tinha condições de permanecer no mar após aos rasgos feitos pela rede dos pescadores. – Não conseguia mais os acompanhar.

Era sempre assim, todos os anos, com o fim do verão, eles iam embora pela costa em busca de águas mais quentes. O seu corpo era acostumado com as águas, porém, não quando elas atingiam temperaturas extremamente baixas... Era muito prejudicial a sua saúde. E assim, quando os dias quentes terminavam, eles migravam para um local de temperatura mais agradável, de forma indeterminada.

– Você vai atrás deles?

Jongdae não sabia como responder. Ainda estava muito debilitado, e o seu povo estava fugindo do frio pelas águas do mar, naquele momento era o último lugar no qual poderia ficar. O mar era seu lar, mas ele também pregava peças e ele não sabia ser capaz de o vencer naquela condição. E ele não poderia admitir – e nem queria admitir para si – mas a ideia de viver com os humanos, apesar de assustadora, o encantava.

A sua melhor chance de encontrar os outros, era permanecer no mesmo local.

Aquela ideia o aflingia, em poucos dias as águas se tornariam praticamente impossíveis para mergulhar, e ele sequer tinha alguma chance de sobreviver ao mundo humano sem o conhecer.

– Não sei. – Admitiu. – Eles podem estar a quilômetros de distância e eu posso me desencontrar. Mas primeiro preciso me recuperar.

Se o tritão fosse partir pelo mar, deveria ser no máximo em dois dias, mas os cortes profundos o impedia de nadar. Nenhum dos dois sabiam o que dizer.

Junmyeon se levantou da beirada da própria cama, e arrumou a maletinha de primeiros socorros ainda questionando a própria sanidade. Seus olhos vagaram para o ser deitado com os braços de fora da coberta, apertando-a com força contra o seu corpo com frio. Ainda podia se lembrar de como ele parecia belo sendo banhado pelo sol nas rochas e tinha aquele registro guardado no pequeno escritório, junto as pesquisas que realizava naquela região.

Pandora encontrava-se do seu lado, e tinha percebido que a cachorra tinha se acalmado. Ela parecia o compreender mais do que a maioria dos seus conhecidos, e colocou suas patinhas sobre seus joelhos chamando a sua atenção, para que o dono a pegasse no colo.

– Vou preparar o jantar para nós. – Junmyeon informou, e recebeu um aceno positivo do outro.

O corpo do pesquisador trabalhava em piloto automático preparando uma sopa para ajudar a esquentar o seu hospede, enquanto não conseguia pensar em outra coisa além da primeira vez que viu Jongdae. Ele tinha em sua casa um tritão, ser que procurava entender e pesquisar, não queria o privar da liberdade, mas gostaria de entender o pouco mais sobre ele. E, por mais que as lendas sobre eles indicassem perigo, Junmyeon não conseguia acreditar que Jongdae fosse alguém que o fizesse mal, principalmente com expressões tão ingênuas e sem a menor malicia ao pensar que ele ao oferecer ajuda poderia querer o machucar.

– Você acha que devemos oferecer um lugar para ele ficar, Dora? – O dono perguntou carinhosamente afagando as orelhas da cachorra. – Não acho que ele vá fazer algo contra a gente... O que você acha? Devo oferecer ajuda?

A cachorra desvinculou do carinho e deu uma lambida carinhosa em sua mão.

Muitos poderiam dizer que cachorros não entendiam o que falavam, mas Junmyeon entendia que Pandora dizia que sim.

– Espero que não estejamos errados.

Junmyeon desligou o fogo da sopa, e caminhou para o seu quarto. Iria dizer que a sopa estava pronta e que levaria para que ele pudesse tomar sentado e o convidaria para passar um tempo consigo, oferecendo um teto pelos próximos tempos. Ele tinha certeza que tinha perdido completamente a sua sanidade, porém, encontrou um Jongdae adormecido.

Tão calmo e belo.

Como o mar tranquilo.

 

 

 


Notas Finais


Aha! O Junmyeon sabe que o Chen é um tritão e tá querendo o abrigar em sua casa, hmmm. O que vocês acham? Vai dar certo? Me falem o que acham =))
Estou no: https://twitter.com/yehunnie | https://curiouscat.me/yehunnie
Até mais =)


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