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História Caos - Cinzas ao Vento


Escrita por: fabricioreis9

Capítulo 6 - Cinzas ao Vento


Harry

Cinco dias.

Foram cinco longos dias na cidade de Slateport. Harry despertou exasperado durante a noite após um pesadelo em que Zane era devorado por um Gyarados gigante. Olhou para a cama do lado e se acalmou ao ver seu irmão dormindo tranquilamente. Desde a aventura de Zane e Lydia com o pokemon Jirachi, Harry mal conseguia tirar os olhos do garoto, imaginando coisas terríveis que poderiam acontecer com ele.

Zane não lembrava muita coisa sobre a aventura e Lydia tampouco. Ela falou apenas sobre uma explosão e quando percebeu, os dois estavam de volta ao barco. Sua partida repentina ao atracarem em Slateport, deixou Harry com uma sensação de vazio, apesar dela ter deixado seu número de celular com ele. Até o momento eles só tinha trocado um “oi”.

Logo pela manhã os irmãos encontraram Spencer irritado enquanto utilizava o telefone do hotel em que estavam hospedados. Ele bateu o fone no gancho e se virou para Harry:

- A divisão de trânsito aéreo de Hoenn continua sem me atender, então continuamos sem carona para voar na região. Não há nenhum barco no porto e a única saída por terra continua bloqueada por tempo indeterminado. Basicamente estamos presos aqui.

Os três se dirigiram para o restaurante do hotel a fim de tomar café, quando se depararam com uma comoção em frente a gigante televisão posicionada no hall do hotel. Uma funcionária aumentou o volume a pedido de alguns hóspedes e Harry ouviu claramente a reportagem enquanto via imagens de destruição.

- A Interpol conseguiu capturar apenas uma aeronave do grupo terrorista, que, ao serem rendidos, acabaram tirando as próprias vidas, – informou a repórter – a polícia reuniu uma equipe em massa em busca de sobreviventes, porém, nenhum cidadão foi encontrado em vida...

Era tudo muito irreal para o rapaz. Como uma região inteira poderia ser destruída e congelada? O medo constante que Harry sentia desde criança ressurgiu mais forte do que nunca. Claro que, ao ouvir os repórteres associarem a ação do grupo terrorista ao aparecimento de Pokemon lendários de Unova, Harry reviveu na hora o dia que seu pai morreu.

“Aquilo não podia ser coincidência”, pensou ele. Era óbvio que se tratava da mesma organização e o fato de eles estarem agindo a tanto tempo, praticamente, nas sombras, só o assustava mais. Destruir uma região inteira era a prova de que eles tinham muito poder e estavam apenas começando a mostra-lo em público.

O fato de Zane ter encontrado um Pokemon lendário e não se lembrar de nada era com certeza a pior parte de seus pesadelos. Afinal, esses Pokemon eram quase mitos, poucos na vida tiveram a experiência de encontrar um destes, e tanto ele quanto seu jovem irmão tiveram a desagradável experiência.

Ele abraçou o irmão que assistia as imagens na televisão com os olhos assustados e considerou pela milésima vez o erro que fora traze-lo na jornada e em como se sentia irresponsável. No entanto, Harry seria incapaz de se separar dele agora, com o possível retorno das pessoas que destruíram sua vida, e o contato do garoto com Jirachi, a sensação de perigo constante de Harry estava consideravelmente maior.

O grupo saiu do hotel poucas vezes durante a curta estadia em Slateport. O acesso as outras cidades de Hoenn ainda estava liberado nos dois primeiros dias, porém, eles estavam esperando a chegada de um contato de Spencer que prometera leva-los a Petalburg de barco, uma vez que eles não tinham permissão de realizar voos com seus Pokemon na região. Porém, ao terceiro dia, todos os acessos e transportes foram interditados devido ao desastre de Unova que colocou todo o mundo em estado de alerta.

O hotel possuía uma pequena arena para treinadores batalharem entre si no subsolo. Harry esteve lá com seu Munchlax e Squirtle para praticar seus movimentos. Os oito anos desde que ele perdeu seu pokemon para o portal não tinham diminuído em nada o amor que ele nutria pelo esfomeado. Cada vez que via Munchlax ele precisava segurar a vontade de chorar, pois acreditava que o mesmo tinha partido para sempre. Squirtle trocava golpes feliz com o antigo companheiro. O pequeno era um lutador nato, e a recente batalha contra Norman acendeu o espirito de batalha que se encontrava adormecido. Harry se lembrou de quando sonhava em sair em uma jornada com Josh e começou a considerar que seu sonho podia não estar totalmente perdido.                                                        

- Harry – chamou Zane distraidamente enquanto o trio tomava seu café-da-manhã – podemos fazer algo hoje? Tô cansado de ficar preso nesse hotel.

Harry ponderou sobre a questão, mas foi Spencer que respondeu.

- Acho que devíamos visitar o Museu da cidade. Já que não vamos para nenhum lugar, devíamos aproveitar Slateport. Soube que eles possuem um laboratório de pesquisa incrível por lá.

Harry assentiu, acreditando que seria bom tomar um pouco de ar. O grupo deixou o hotel após finalizarem a refeição e seguiram caminhando nas ruas agitadas em direção ao museu. Por ser uma cidade portuária, Slateport se transformou em uma grande metrópole e possuía diversas atividades para entreter turistas, mesmo em meio à maior crise dos últimos anos. Durante o percurso, muitos comerciantes ofereciam passeios, atividades noturnas e quinquilharias diversas. Zane ficou tentado a visitar um circo que prometia ter o maior e mais estranho Dustox do mundo.

De acordo com o mapa que Harry pegou no hotel, o museu ficava a aproximadamente um quilometro, logo, após alguns minutos de caminhada, eles encontraram um enorme edifício azul com um leve entra e sai de pessoas. Spencer comprou os tickets na bilheteria e recebeu crachás com seus nomes mais a indicação de que eram visitantes. Logo os três entraram em um grupo com outras dez pessoas, no qual um guia animado explicava as maravilhas do museu.

No momento em que o grupo observava a sessão de fósseis, um rapaz esguio usando um jaleco com o logotipo do museu se aproximou de Spencer com um sorriso.

- Cara eu não acredito! – Exclamou ele – Spencer, meu brother quanto tempo!

- Você tá bem mais profissional hein Phil – disse Spencer recebendo o homem com um abraço – Harry, esse era meu colega de estágio lá em Kalos.

- Prazer, Phil – disse Harry apertando as mãos.

Os antigos colegas logo trataram de colocar o papo em dia, perdendo o resto do tour guiado pelo museu. Enquanto conversavam, Harry notou que Phil possuía um visual bastante peculiar. Seu cabelo raspado contrastava com a enorme barba preta. Os braços eram completamente tatuados e Phil ainda usava um enorme alargador na orelha direita. Apesar da aparência, Harry não tinha dúvidas que o cara era inteligente ao ler Mestre Patologista em baixo de seu nome no crachá.

- Deixem esse tour furado de lado – disse Phil fazendo pouco caso – Vou mostrar para vocês meu laboratório, meus assistentes estão estudando um Anilith que acabamos de ressuscitar de um fóssil.

- Cara, isso tudo é muito irado – comentou Spencer empolgado – mal consigo acreditar que você se tornou chefe aqui.

- O jogo virou não é mesmo? Como anda o seu projeto?

- Estamos em Hoenn para um experimento em campo – respondeu Spencer sem dar muitos detalhes.

- Que legal, se precisar de algum suporte pode contar comigo.

- Só se você souber como ir até Petalburg nesse momento com a cidade isolada – disse Spencer.

- Foda – suspirou Phil – Minha mulher foi visitar os parentes em Mauville alguns dias atrás e não consegue voltar para cidade. Tô quase a uma semana sem tra... – ele se interrompeu ao se lembrar da presença de Zane – ver ela.

Os quatro entraram em uma área restrita do museu, protegida por identificação digital liberada por Phil. Ao atravessarem uma enorme porta de chumbo, encontraram um salão totalmente branco, cercado de mesas de trabalhos e computadores de alta tecnologia. Homens e mulheres de jaleco caminhavam de um lado para o outro com papeis e dispositivos que Harry nunca tinha visto. Ao fundo encontravam-se máquinas cinzas que zumbiam e apitavam conforme algum cientista a manipulava.

A única pessoa que destoava o local era uma mulher adulta, provavelmente nas faixas dos trinta anos. Ela estava vestida toda de preto, desde a jaqueta de couro até as botas e prendia o cabelo castanho escuro em um pequeno coque. A mulher estava discutindo com um dos cientistas do laboratório que estava claramente assustado diante de seu olhar feroz. Ao perceber a chegada do grupo, ela deixou o cara com quem estava discutindo e veio em direção a Phil.

- Finalmente Dr. Castle! – Exclamou ela exasperada – Achei que teria que esperar uma eternidade pra falar com vossa senhoria.

- Boa Tarde Capitã Modesto – respondeu Phil cautelosamente. – Não esperava uma visita sua hoje.

- Isto é óbvio, já que claramente não está dando prioridade a o que te pedi – rebateu Modesto com os olhos em fúria.

- Lana, eu te garanto que estou dando prioridade total a sua missão. Mas já disse que preciso de ferramentas que estão fora do meu alcance em Slateport. Preciso de acesso ao Laboratório do Professor Birch.

- Já te disse que isso é impossível Castle. – rebateu ela com um olhar alarmado. – Não tenho previsão nenhuma de liberar o tráfico normal da cidade e desde o atentado contra Carvalho, os laboratórios dos professores estão totalmente interditados.

- O professor Carvalho morreu? – perguntou Harry com a boca aberta.

A capitã Lana Modesto finalmente desviou seu olhar para o resto do grupo que acompanha o cientista.

– Ainda não, mas está entre a vida e a morte. Imagino que a televisão fez pouco caso disso em frente ao desastre de Unova – confirmou ela devastada. - E quem são vocês? Achei que essa área era proibida para visitantes.

- Ãh... – Gaguejou Phil – Este é o Professor Spencer Newton. Ele é um especialista de Kalos que veio nos ajudar em uma pesquisa e estes são seus assistentes.

- Ahã, a criança também? – Perguntou ela desconfiada.

O grupo engoliu em seco enquanto pensavam em qual resposta dar para a mulher, quando a expressão da mesma mudou ao encarar o crachá que Harry tinha pendurado no peito.

- Harry Miller – disse ela com suavidade – Eu conheço você. Eu o vi há alguns anos no Incidente do Spear Pillar.

Harry ficou chocado que a mulher lembrasse de seu nome. O rapaz olhou para ela novamente mas era incapaz de lembrar dela, afinal, muitos policiais conversaram com ele nos anos após o incidente.

- Como você se lembra? – Perguntou ele atônito.

- Eu conheço todas as peças da minha operação de cor e salteado – respondeu ela cansada. A raiva de Lana se esvaíra dando lugar a uma expressão cansada. – Você é uma delas.

Harry ficou em silêncio fitando a mulher. Então, a polícia não havia abandonado totalmente o incidente. Zane apertou a mão de Harry tentando conforta-lo mesmo sem entender o que estava acontecendo.

- São eles não são? – perguntou Spencer quebrando o silêncio. – Os responsáveis por tudo que está acontecendo no mundo agora?

Lana ergueu os olhos para o rapaz negro o avaliando.

- Newton... imagino que o garoto desaparecido era seu parente – a expressão de Spencer se fechou apenas confirmando a afirmação da policial – infelizmente não posso dar detalhes das investigações para vocês, sinto muito.

- Capitã. – interviu Phil – o Professor Newton é extremamente inteligente, bem mais do que eu devo admitir – ele deu um sorrisinho pro amigo. – Ele pode levar o objeto para o professor e juntos eles serão capazes de descobrir do que ele é capaz. Se você conseguisse a liberação pra eles saírem da cidade...

A Capitã Modesto ponderou alguns segundos sobre a possibilidade. Harry ficou extremamente grato com a jogada de Phil. Com a permissão para sair da cidade, eles poderiam finalmente chegar em Petalburg e ainda por cima ter contato com a mulher que investigava os caras que mataram seu pai.

- Posso saber do que se trata? – Questionou Spencer tentando incentiva-la a aceitar a ideia.

- Não. Não creio que eu possa confiar algo tão importante a vocês...

- Senhora? – Interrompeu o pequeno Zane levantando a mão. – Você parece ser uma pessoa incrível e inteligente. Tenho certeza que está dando o seu melhor para salvar um monte de gente. Mas precisava confiar no meu amigo e no meu irmão se quiser deter os caras malvados.

Todos olharam para o garoto estupefatos com a sagacidade do menino. Lana ficou boquiaberta e pela primeira vez desde que a encontraram ela sorriu. Harry sabia que seu irmão era capaz de encontrar as palavras certas para convence-lo a fazer alguma coisa, mas nunca vira ele falar de forma tão calma e astuta com outra pessoa além dele mesmo.

- Eu não sou muito de confiar garotinho. – Admitiu ela. – Mas não posso negar que estou sem agentes para essa missão e estou de mão atadas. Parece que vou ter que confiar em vocês.

Harry estava embasbacado. Seu irmão quebrou a dureza da mulher com apenas uma frase. Zane sorriu inocentemente para a policial como agradecimento.

- Há alguns dias eu trouxe um objeto para o Dr. Phil Castle examinar. Recebemos ele direto de um antigo contato de Unova, que agora nem sabemos o paradeiro, e está ligado diretamente a organização que destruiu a região. Os mesmos que você, senhor Miller, teve a infelicidade de conhecer...

Sua voz foi interrompida devido a uma agitação no laboratório. Todos os cientistas se aproximavam dos computadores que pareciam transmitir alguma mensagem.

O grupo se aproximou de uma das telas e Harry notou que o computador parecia diferente. Exibia uma tela preta cheia de comandos que ele não compreendia, porém notou que se tratava de um vídeo pois uma sombra se movimentava atrás dos códigos e também devido a um som de estática misturado a alguns ruídos estranhos. De repente, os mesmos sumiram, sendo substituídos por um enorme “I”. O som ficou mais alto e uma voz reverberou por todos os computadores.

- Boa Tarde. Somos os Inconformados.

 

 

~~//~~

 

 

Laura

 

- Esta transmissão está sendo realizada simultaneamente para o mundo todo. Estamos vindo a público pela primeira vez assumir a responsabilidade pelos últimos acontecimentos em Unova. Admitimos que foi uma tragédia horrível o ocorrido, e tudo foi culpa de apenas um homem. Mark Lohan.

A imagem na tela foi substituída por um homem de terno azul abarrotado amarrado em uma cadeira. Sua cara estava cheia de hematomas e era possível notar que ele respirava com extrema dificuldade.

- O Sr. Lohan costumava cooperar com os Inconformados, porém após uma série de divergências tivemos que tomar algumas medidas drásticas contra o senhor presidente. Mesmo diante de nossas ameaças, ele deixou que sua região fosse destruída, sem entregar o nosso pedido. Por causa dele, milhares de pessoas tiveram que morrer. Para você, Sr. Lohan, guardamos todo o nosso desprezo.

Foi possível ouvir o som de um disparo diretamente contra o peito do Presidente. Sua cabeça tombou para o lado. A imagem voltou a ficar preta com um “I” no centro.

- Isso não é uma ameaça amigos. É um aviso do que acontece quando não há cooperação. Esperamos que a partir de agora, todo o mundo esteja ciente do poder da minha organização. E o que acontece com aqueles que ficam em nosso caminho.

A imagem se apagou e a televisão da sala voltou a exibir sua programação normal.

Laura estava tremendo de nervoso. Segurava a mão de Aiden com tanta força que podia ver os dedos do rapaz ficando mais brancos. Ele a envolveu em um abraço enquanto ambos absorviam a mensagem dos Inconformados.

Eles se encontravam na casa dos pais de Aiden, na cidade de Viridian. Sua mãe a proibira de deixar a cidade até receber novas instruções da Interpol. Ela e Aiden tiveram que realizar alguns depoimentos referentes ao ataque contra o  Professor Carvalho, mas graças a posição de Top Coordenadora de Laura, a polícia comum não demorou em deixá-los livres. A garota suspeitava que houvesse dedo da sua mãe também, mas não podia deixar que ninguém soubesse de seu outro trabalho.

- Estou cansada de esperar Aiden. – Suspirou a garota. – Temos que agir.

- Eu sei que você quer fazer alguma coisa. – começou Ele – Mas não podemos esquecer que você precisa levar a encomenda para sua mãe. E ela te proibiu de deixar a cidade.

A Bluma. A esfera que custara a vida do professor estava dentro da bolsa de Laura. A garota não tirou o objeto de vista há dias, com medo que mais agentes viessem atrás dela.

- Temos que ir até Celadon.

- Celadon?

- Aqueles dois agentes estiveram lá em algum momento antes de irem até o laboratório – disse a garota. – Se lembra do que eles tinham consigo?

Os dois Inconformados que atacaram o laboratório acordaram antes mesmo da polícia chegar. Ao se verem presos em uma corda que Aiden tinha encontrado na sala do professor, os dois simplesmente caíram para o lado. Mortos. Laura descobriu mais tarde com a perícia, que eles possuíam uma substância tóxica em um de seus dentes. Ao ver que seriam capturados, os dois simplesmente rasparam os dentes até a substância ser liberada e leva-los a morte.

Laura não conseguia entender como essa organização possuía seguidores tão fiéis ao ponto de se suicidarem para não serem capturados. A garota descobriu que eles não carregavam nada demais consigo. Além das armas, um deles possuía uma carteira no formado de Clefairy, totalmente vazia.

- Um dos agentes tinha uma carteira Clefairy lembra? Eu achei estranho nunca ter visto aquilo, e descobri que é um item super raro e só é vendido em um lugar do mundo, na Loja de Departamento de Celadon. Quer dizer que ele esteve lá em algum momento.

Aiden ponderou um pouco sobre a situação enquanto afagava o pequeno Bulbassaur que estava deitado no chão aos seus pés tirando uma soneca. Os poucos dias que eles tiveram juntos foram o suficiente para os dois se apegarem.

- Estaremos desobedecendo ordens diretas da sua mãe. E você sabe muito bem que essa não é necessariamente a melhor das pistas né?

- Ela provavelmente está muito ocupada com tudo que está acontecendo, precisamos descobrir o máximo possível por nossa conta. – a expressão da garota se fechou. – Temos que trabalhar com o que conseguimos.

O rapaz a fitou com seus belos olhos azuis e disse exatamente o que Laura queria ouvir:

- Vamos nessa!

 

~~//~~

 

Liam

 

Mais que caralho! Porra, puta que pariu, todos os palavrões misturados nesse inferno.

Será que eu estava puto? Imagina né? O fodido do Rik faz a gente cair numa armadilha e só eu que sofro? Parece que eu nasci pra tomar no... tá bom chega vou me controlar.

Já tinha dois dias que aquela menina louca tinha capturado nós dois, mas como o bonitinho ainda estava doente (na verdade, ele estava ainda mais doente), logo, a garota tinha alguma piedade dele, deixando ele solto e até dando comida.

Eu? A cretina me deixava amarrado o dia inteiro num tronco, só me soltando para fazer xixi. A comida que ela me dava era ainda pior que a que eu e Rik caçávamos por conta própria, uma espécie de pasta de cor esverdeada, com sabor ainda pior do que a aparência.

- Ei amiga. – tentei puxar assunto ao final do segundo dia de “cativeiro” – Sei que começamos um pouco mal, mas eu tô realmente exausto de ficar aqui amarrado, então a gente podia tentar algum exercício de confiança?

A garota se virou pra mim com um olhar fulminante. Ela parecia ter mais ou menos a mesma idade que eu. A propósito eu nem disse minha idade né? Dezesseis primaveras, disponha. Como eu dizia, ela usava uma camiseta simples cor verde musgo e uma calça marrom totalmente surrada, estilo exploradora, o que devo dizer que até combinava com o ambiente da ilha. Seu cabelo castanho escuro ficava sempre preso num rabo de cavalo.

- Eu realmente não sei qual é a tua jogada, mas se não calar a boca, eu vou enfiar um galho na sua garganta.

- Ei, segura essa agressividade moça – o rapaz rebateu – Você que está mantendo a gente de refém.

A garota sacou uma faca do seu cinto, e se aproximou da minha cara com a expressão ainda mais feroz.

- Logo meus amigos estarão aqui e decidiremos o que fazer com vocês, invasores malditos.

Engoli o seco tentando olhar para faca e para garota ao mesmo tempo. Sua face era cheia de cicatrizes e seus olhos castanhos cintilavam com a selvageria.

- Ok ok, tenho certeza que chegaremos em um acordo em que todos saiam com vida, de preferência.

Ela se afastou um pouco e começou a me observar de cima a baixo. Fiquei nervoso com isso, apesar de me achar até que atraente, não parecia o tipo de estudo que a menina estava fazendo.

- Por que você não está doente também?

- Não sei, mas gostaria de estar também. Pelo menos estaria solto.

A menina me deu um tapa na cara violento.

- Imbecil. Eu tô fazendo o impossível pra manter ele vivo.

- O que? – A informação me deixou realmente chocado. Ela não deixava que eu e Rik trocássemos mais do que poucas palavras, mas ele não parecia estar morrendo. – Não achei que ele estava tão mal.

Rik estava encostado num tronco próximo deles tirando um cochilo. Apesar de não estar preso na árvore como eu, suas mãos estavam atadas com uma corda.

- Pois está, e apesar de eu acreditar que seria bem mais fácil deixa-lo morrer, eu não sou assim tão cruel.

A menina coçou o pescoço e reparei pela primeira vez que ela usava uma discreta corrente em volta do pescoço, com um pequeno pingente que descia pelo seu peitoral. Tentei ver o que tinha no pingente, mas a garota já estava novamente com a faca encostando no meu pescoço.

- EU TO FALANDO DO SEU AMIGO E VOCÊ TÁ PREOCUPADO OLHANDO PROS MEUS PEITOS? – Seu punho apertava o cabo da faca que já começava a arrancar uma gotinha de sangue de mim.

- Calma moça – sussurrei em desespero – Pra começo de conversa, eu gosto de pinto. E segundo, eu só tava olhando o seu pingente.

Ela se afastou e tirou o colar do pescoço, guardando em um dos bolsos da calça.

- Maldito o dia em que vocês decidiram pisar em nossa ilha.

Nem eu e nem ela sabíamos, mas nós dois íamos nos tornar grandes amigos, e ela ainda ia agradecer MUITO o dia em que nós pisamos naquela ilha. Mas estou me adiantando. Porém, agora as coisas vão começar a esquentar, e tudo começa no dia em que o Rik morreu.

 

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