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História A Era Mais Escura - A Primeira Maravilha - Parte 1


Escrita por: MarleyMAlves

Notas do Autor


Hey! Este é um capitulo que tive que reescrever um milhão de vezes! T-T e agora espero que esteja a altura de ser postado aqui, então, se não for incômodo, deixem suas opiniões e críticas! Sério...

Capítulo 10 - A Primeira Maravilha - Parte 1


Fanfic / Fanfiction A Era Mais Escura - A Primeira Maravilha - Parte 1

Mila e Alyssa caminhavam por vias pouco convencionais de Losran, tais lugares seriam totalmente desertos não fossem os mendigos e as crianças perdidas que ali dormiam. Estes caminhos, quando não usados como abrigo para os necessitados e excluídos da capital, eram utilizados como uma passagem segura por aqueles que não queriam chamar atenção dos cidadãos, isto era uma qualidade útil para a assassina, entretanto não era o porquê de estarem ali. 

            - Mila, não me entenda mal, mas eu queria fazer um ensopado de peixe hoje, só que para isso eu tenho que voltar viva! – Falou a amiga, grudando na companheira que usava um capuz negro para ocultar seu rosto e seus olhos tão facilmente reconhecíveis.

            Se aventurar pelas passagens esquecidas da capital não era a atividade preferida da taverneira, mas mesmo assim insistiu para que esta a acompanhasse, mesmo com as dezenas de desculpas que ela deu sobre precisar cuidar do almoço ou mesmo assistir constantemente enquanto sua massa fermentava.

            - Será que Elena vai lembrar de ir buscar os ingredientes para hoje à noite? Ela sempre compra o ganso errado. – Tagarelava a curandeira com nervosismo enquanto observava com aflição um velho bêbado caído na sarjeta ao seu lado.

            A luz do sol quase não chegava a aquelas ruas devido aos altos e antigos casebres que ali ficavam; aquele era um antigo bairro de luxo, a décadas consumido pelo tempo e pelo desgaste, agora os únicos que se sentiam luxuosos por aquela região eram os ratos e os cupins.

            - Vai ficar tudo bem e você sabe disso. Ela é esperta. – Acamou-a, enquanto observava atentamente as diversas portas velhas e destruídas da rua pela qual andavam. Deveria haver uma que servisse.

            - Ah! É isso é verdade, você se lembra de quando ela começou a me ajudar na taverna?! – Perguntou a moça, animada e com um sorriso no rosto.

            Se percebeu também sorrindo conforme tais lembranças tão puras e inocentes retornavam a sua mente, como pôde esquecê-las?

            - É claro que me lembro, em uma semana ela já sabia todas as tramas e armações dos mercenários... – Não demorou para que as iluminadas memórias se tornassem negras e dolorosas novamente. – Ela me contava todos os planos deles, e me pedia para impedi-los.

            - Você era a heroína dela. – Suspirou a acompanhante ainda sorridente, um instante antes de um pequeno rato sair correndo de um bueiro próximo, fazendo-a dar um salto e se apertar mais na mercenária.

            - Mas agora ela me odeia. – Admitiu, mais para ela mesma do que para a curandeira, enquanto ainda encarava as portas podres e velhas pelas quais passavam.

            - Não é verdade! – Exaltou-se a moça ao seu lado ao que lhe lançava um olhar consolador. – Ela só precisa de mais algum tempo para aceitar tudo o que aconteceu.

            Virando seu rosto encapuzado para a dona do bar, olhou-a com indignação ao lembrar:

            - Fazem cinco anos, Alyssa.

            Percebeu como a taverneira procurava desesperadamente palavras de consolo para lhe dar; em um momento até abriu a boca prestes a dizer algo, porém logo se interrompeu e virou-se para o caminho a frente, deixando os ombros mais baixos do que antes.

            - Eu não me importo, a única coisa importante é que ela está bem. E isso me deixa feliz. – Confessou, ao mesmo tempo que revivia um de seus momentos mais sombrios, morte e fogo passavam por sua mente.

            Percebeu que a amiga também havia se perdido no passado, um passado tão doloroso quanto o dela, só que sem pesos nos ombros e sangue nas mãos; no fundo, invejava-a pela vida simples e livre de fardos que conseguiu construir, mesmo depois de tudo. Havia prometido a muito tempo que para sempre estariam juntas, que sempre estaria lá para protege-la. E isso deveria incluir até mesmo seus pensamentos.

            - Elena seria uma ótima barda! – Exclamou repentinamente, com o intuito de expurgar aquele clima negro que pairava sobre as duas.

            Alyssa olhou-a confusa, quase fazendo uma careta.

            - Mas ela não sabe tocar nem um instrumento, como poderia ser uma barda? – Questionou, erguendo os ombros. Ao menos todos os fantasmas do passado de instantes atrás haviam ido embora.

            - Aí é que está, minha cara. – Começou, enquanto mexia com uma mecha de seu cabelo que ia até um pouco abaixo de seus ombros. – A verdadeira arte de um bardo é a espionagem, aprender a tocar um alaúde qualquer um consegue. Mas adquirir informações secretas... – A assassina meneou negativamente a cabeça. – É um trabalho difícil e muito perigoso, entre a nobreza um sorriso para a pessoa errada por ser o seu fim.

            Mesmo que pudesse parecer um tanto exagerado, o que descrevia era a mais pura verdade sobre a vida de um bardo nos meios mais ricos de ambos três reinos, assim como também era verdade que a jovem Elena possuía alguma aptidão natural para a arte. Isso tanto a orgulhava quanto assustava, na verdade muito mais orgulhava do que assustava.

            - Santa Leia! Eu nunca iria saber de uma coisa dessas; mas como você sabe disso? – Questionou a taberneira.

            Observando o caminho adiante, abriu em seu rosto pálido um sorriso malicioso enquanto respondia à pergunta:

            - Eu descobri que os levar para a cama pode ser muito interessante quando se está atrás de informações sobre certas pessoas dos círculos mais influentes. – Admitiu com prazer, pois sabia que era uma das poucas que ousavam intrometer-se com os experientes bardos das cortes; eram comuns os casos dos que tiravam a própria vida antes que revelassem informações pertinentes, acontece que nunca fora difícil seduzir os atentos homens e mulheres que fingiam ser nada mais que músicos depois dos bailes longos e cansativos que eram forçados a assistir com atenção máxima. – Além de que, mantive contato durante muito tempo com um bardo de forte primaveril.

            - Quer saber, eu acho melhor que é Elena fique longe de instrumentos musicais. – Concluiu a Alyssa ao olhar com receio para uma mulher com uma grande verruga no nariz que caminhava no sentido contrário ao delas, esta usava roupas desbotadas, rasgadas e negras, e as encarava com uma expressão desprezível.

            Ao acompanhar a idosa com os olhos, também a fitando com desprezo, percebeu um portão de ferro que era a entrada dos restos do que um dia poderia ter sido uma magnifica mansão, com um pouco de atenção, viu que depois do jardim morto, o qual ostentava uma fonte completamente coberta por lodo e com profundas rachaduras, jazia uma grande porta de madeira, a qual provavelmente seria a entrada para os nobres convidados do casarão. A porta perfeita.

            - Finalmente. – Suspirou, enquanto pegou a taverneira pela mão e atravessou a rua, rumo ao portão de ferro que deveria proteger o lugar destruído, já sabendo que ele estaria destrancado devido aos inúmeros saqueadores que sem dúvidas já haviam vasculhado cada canto das ruinas atrás de algum item de valor.

            - Nós vamos entrar ai?! – Perguntou a curandeira aflita, enquanto se apressava com suas curtas pernas para acompanhar a mercenária que já abria o portão de grades. – Parece que o ensopado vai ficar para a próxima vida...

            Atravessou o jardim despreocupadamente, ao contrário de sua rechonchuda amiga, que não desviava os olhos nem por um segundo das estatuas que enfeitavam o terreno imenso e morto, em sua grande maioria estavam com a cabeça em falta, sem contar as vinhas mortas e os corvos que faziam companhia as esculturas arruinadas.

            - Aly, você conhece o conto do “Empório imemoriável”, não é? – Questionou, enquanto passavam pela grande fonte da mansão caindo aos pedaços; esta retratava um anjo que segurava um jarro de água, mesmo que naquele momento uma de suas asas estivesse pela metade, assim como o jarro, e a cabeça.

            - Mas é claro! – Exaltou-se a taverneira as suas costas. – Ah, quantas vezes eu não tentei decifrar a charada... bons tempos.

            Ao chegarem a base da escadaria a qual as levariam a porta, se deteve por um momento e virou-se para a companheira, que imediatamente também parou no lugar onde estava.

            - Você ainda se lembra da charada? Eu esqueci completamente dela! – Mentiu, exibindo um sorriso sincero no rosto. Nada lhe dava mais alegria do que ouvir a amiga recitando o enigma com sua voz melodiosa.

            - É claro que eu me lembro! Eu acho... – A curandeira passou a encarar o nada, por sua expressão, se tornou mais do que claro que tentava pescar do fundo da memória as palavras que compunham as frases que eram tão famosas entre as crianças. – Se não me engano, era algo como...

            Alyssa respirou fundo e ergueu a mão, tentando elevar um pouco a dramaticidade de sua performance.

            - “Um empório escondido a nossa volta mora.

                Mas saiba que encontrá-lo não será tarefa simplória.

                Pois seu lugar de descanso é incerto, assim como qualquer portão para lá aberto.

                Com podres árvores construído.

    E por puro e velho ouro sustentado.

    É normal que o imemoriável empório jamais seja encontrado.

    Uma pena, de fato. ”

Ao que a amiga terminou, se sentiu obrigada a aplaudi-la com suas mãos enluvadas. Sem dúvidas ela levava jeito para a coisa.

- Ah, a infância é a melhor época da vida! – Constatou a companheira.

Virando-se e se pondo a subir a escadaria, respondeu em deboche:

- Depende da vida.

Ao chegarem ao topo das escadas se viram diante de uma magnifica porta de folha dupla, feita em madeira maciça e com dobradiças de ouro magnificamente adornadas, era triste que a madeira estivesse podre e cheia de cupins, e o ouro já tivesse sido tão consumido pela ferrugem que seu brilho dourado quase não podia ser visto.

            As paredes de tijolos dos dois lados estavam destruídas, tanto que pôde olhar através das grandes fendas e observar os escombros de um hall de entrada, ao longe, uma linda escadaria partida ao meio levava a uma bifurcação de dois outros lances de escadas, os quais subiam até o segundo andar do casarão, este já completamente destruído. Nesta bifurcação, notou um quadro que retratava em tamanho real um homem gordo e bigodudo posando enquanto se apoiava em uma bengala dourada. Os nobres e suas mansões idênticas.

- Mas Alyssa, havia uma outra parte, não é? Sobre algo dourado, tenho quase certeza! – Fingiu novamente ao olhar por cima dos ombros, aquilo já estava se tornando uma diversão.

-Oh! É mesmo, eu quase nunca pensava nessa parte, nem mesmo conseguia entender a primeira; só que não faço ideia de como era. – Admitiu a taverneira, ao lhe lançar um pedido de desculpas pelo olhar tão sincero.

- Sabe, eu acho que me lembro... – Disse ao se aproximar e passar a mão pela madeira velha.

Sorrindo consigo mesma, tomou fôlego antes de começar:

- “No entanto, se por ventura a entrada perfeita for encontrada.

    Não se anime, a tarefa ainda não estará acabada.

    A única luz dourada por um pobre coitado perdida, deve ser achada.

    Por fim, resta que o afortunado ofereça seu tesouro dourado.

    Do mesmo modo que seu passado. ”

A acompanhante que ainda esperava a suas costas a encarava boquiaberta, e com a mão no coração.

- Mila, você deveria ser uma cantora! – Brincou ela.

Soltando uma gargalhada honesta, aproximou-se da amiga e puxou-a para mais perto da porta antiga, fazendo-as ficar cada uma diante de uma folha da entrada.

- E se eu te dissesse que o conto é real? Que você não ficou procurando tanto por nada? Você acreditaria? – Perguntou, sem olhar para rechonchuda mulher ao seu lado.

- Eu... não sei dizer, existem tantas coisas sem explicação nesse mundo, eu achava até alguns anos atrás que atum era um pássaro. Também achava que você tivesse morrido.

Não disse nada, não haviam palavras que poderiam consolar Alyssa, não depois dos três anos que a abandonara, fisicamente, pois somente agora percebia que seu espirito estava longe havia muito mais tempo.

            Envolveu os ombros da curandeira baixinha com seu braço e apertou-a carinhosamente. Era tudo o que podia fazer sem que envolvesse lágrimas.

            - Acontece, que eu sei como entrar. – Revelou, ainda fitando a porta orgulhosamente.

            - Ah, não fique brincando com a criança interior das pessoas! É cruel. – Avisou-a a taberneira, cruzando os braços.

            Novamente se viu rindo; era curioso como isso se tornara uma prática tão estranha para seu corpo.

            - É sério, preste atenção... – Disse, ao dar mais um passo em direção a porta podre.

            Passou vagarosamente a mão pela madeira velha e cheia de furos.

            - “Com podres árvores construído. ”

            Logo em seguida levou-a até as dobradiças.

            - “Por puro e velho ouro sustentado. ”

            Virando nos tornozelos, olhou para a companheira quando de seu bolso retirou uma moeda de ouro e estendeu-a na palma de sua mão, enquanto falava:

            - “A única luz dourada por um pobre coitado perdida. ”

            Abaixou-se e com cuidado, passou a moeda dourada por baixo da porta.

            - “Por fim, resta que o afortunado ofereça seu tesouro dourado. ”

            Ao ficar novamente de pé, levou a mão até a maçaneta redonda, feita de ouro assim como as dobradiças, girou-a. Percebeu que Alyssa estava vermelha como se não respirasse; hesitando por um momento, se percebeu pensando o quanto era sortuda por ter uma amiga verdadeira. Um luxo quase tão raro quanto dragões naqueles tempos.

            - Bem-vinda ao Empório imemoriável. – Disse, um segundo antes de escancarar a porta e observar um grande corredor se estender diante delas.


Notas Finais


Uma das minhas intenções aqui era desenvolver um pouco a relação das duas, sem jogar todas as cartas na mesa, é claro! Então por favor, digam o que acharam!


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