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História A Era Mais Escura - A Dona de seu destino - Parte 1


Escrita por: MarleyMAlves

Notas do Autor


Olá decidi partir este capítulo em dois, achei que já era um bom momento para terminar, porém como fica óbvio ainda tem muito para acontecer; ainda não sei se a próxima parte vai ter o mesmo nome... Mas será uma continuação direta!

Capítulo 3 - A Dona de seu destino - Parte 1


Fanfic / Fanfiction A Era Mais Escura - A Dona de seu destino - Parte 1

Estava em Ilca, a única floresta considerada santa em seu reino e a primeira a ser criada pela magia proveniente do Elo, Mila andava pela madrugada, ao mesmo tempo admirando a vida e a luz da lua, o satélite agora parecia tão próximo que sua mão o poderia tocar.

            Estava escuro, mas a luz pálida passava pelas copas das árvores criando desenhos no chão, algo tão magnifico que três anos atrás era indiferente para ela, os tempos de isolamento a mudaram, ao menos rezava para que a tivessem; não merecia estar livre se voltasse a ser a cruel e insaciável assassina a qual era a única face que todos conheciam, ou quase todos.

            Carregava ao lado do corpo a espada de Damian Adalion, não pretendia matar mais ninguém a não ser que fosse necessário; quanto menos sangue derramado, melhor para sua sanidade; mas a todo segundo perguntava-se porque não teve coragem para matá-lo. Talvez algo tivesse realmente mudado dentro de dela, e naquela mesma hora soube que tal mudança não agradava certos seres sobrenaturais que espreitavam sua mente. Nunca fora nascida para agradá-los, mesmo que seus antigos atos dissessem o contrário.

            Bastava de olhar para trás, estava livre.

            As criaturas da floresta dormiam, mas avistara corujas a caça de comida, morcegos se esgueirando pelos galhos das árvores atrás de frutas. Mesmo na noite a vida pulsava; mas não eram apenas pequenos animais que vivam naquele bosque, existiam monstros cruéis e que em um único movimento abririam sua barriga para festejar em seus restos, harpias, arachnas, serpes e até mesmo os ferozes espíritos inquietos faziam dos confins de Ilca sua morada, entretanto, se havia uma criatura que Mila temia ali, era o mítico centauro que lá reinava - o protetor - o real motivo por trás da santidade daquelas árvores; nem um lenhador sobrevivia ao dar uma machadada sequer em um tronco. Aquele não era um lugar para homens.

Ouviu então, pequenos grunhidos, vindos de algum lugar indetectável, assim como tudo naquela floresta encantada, que distorcia e abafava os sons o suficiente para proteger seus moradores.

Apenas soube que algo estava realmente errado quando os barulhos cessaram, e um silêncio sobrenatural tomou o lugar dos sons dos pequenos animais. A mulher empalideceu, não estava em condições de lutar com seja lá o que fosse que espreitava por entre aquelas árvores e a escuridão.

- Não, não, não. – Sussurrou tão baixo que mal conseguiu se ouvir.

            Sabia o que viria em seguida, o bote, o predador tentando destroçar a presa antes que tivesse a chance de perceber de onde vinha o ataque, e a floresta, as árvores e a noite, eram cúmplices.

            De lugar nenhum, e sem aviso, uma gigantesca mancha mais branca que a neve, pulou do breu às suas costas, teve tempo apenas de se jogar no chão antes que presas longas e afiadas se cravassem em seu ombro.

            Ao ficar de pé, mais rápido do que achou que era possível, ergueu a espada em posição defensiva, e somente depois de meio ou um segundo sua mente clareou o suficiente para entender o que a atacava: um majestoso lobo branco gigante, uma criatura do inverno e um símbolo sagrado para muitos.

            A criatura era sem dúvidas do tamanho de dois homens adultos, se não maior, os pelos pálidos e longos e incrivelmente brilhantes; era difícil acreditar que algo tão belo poderia ser tão igualmente ameaçador.

            Curiosamente, o animal não lhe mostrava os dentes, apenas a circundava com um silêncio mortal como se estivesse se deliciando com o terror estampado em seu rosto. Mas aqueles olhos, brancos salpicados de azul, havia algo neles, algo que a fazia desejar que aquela bela monstruosidade estivesse rosnando e babando por suas entranhas, era como se seu olhar atravessasse a carne, o osso, e encarasse sua alma, que sem saber para onde correr gritava e gritava, querendo pular do peito e sumir.

            A monstro parou ao chegar perto de um velho carvalho, que as raízes, grandes e salientes, formavam um tipo de caverna embaixo do tronco. Somente então, viu que ali no escuro daquele pequeno e aconchegante buraco haviam filhotes; pequenos, tão pequenos caberiam em sua mão, entendeu que dali vinham os pequenos grunhidos. A criatura que jazia a sua frente, não era apenas um lobo, mas uma loba, uma mãe protegendo seus filhos, seu território.

            Quando voltou a encará-la, viu que o animal permanecia de cabeça erguida, como uma rainha olhando para um porco, percebeu que em seu olhar haviam palavras sendo ditas. Vá, te liberto, mas lembre-se a todo o momento que sua vida pertence a mim.

            Obedecendo a silenciosa ordem, a assassina começou a se afastar, a espada ainda em punhos, nem por um momento elas desviaram o olhar uma da outra; caminhando sempre na direção oposta, observou aos poucos o animal majestoso, a dona de seu destino, sumir na escuridão.

            Quando finalmente encarava o nada, sem se dar nem um segundo para digerir o que acabara de acontecer, se virou nos calcanhares e começou a correr pela floresta, rápida, decidida, pálida.

            No fundo sabia que aquilo era um lembrete, uma mensagem de seja lá qual fossem os deuses da luz que ainda teimavam em zelar por ela. Esta era a hora de mudar, de corrigir os erros e fazer as decisões certas.

           

            Depois de uma longa corrida, que acabou se mostrando mais cansativa do que esperava, alcançou uma estrada de terra que ia de norte a sul. “É uma rota de comércio”, percebeu ao verificar as inúmeras impressões de carroças que marcavam o chão por todo o caminho.

            Suas pernas doíam e temia não ter mais o mesmo fôlego de antes, afinal três invernos presa não iriam servir para deixa-la em forma.

            Agora sem as densas árvores para encobrir o céu, pôde admirar a lua em toda sua glória; uma lua cheia de outono, estação que anos atrás marcavam momentos felizes: o festival de meio ano, o inesquecível baile marrom, e a presença das pouquíssimas pessoas que chamava de amigos; se perguntava como estariam, se ainda lhe consideravam uma amiga. “Falhei com eles, com todos”, percebeu.

            Seus pensamentos foram interrompidos por sons de cascos batendo contra a terra da estrada. Alguém se aproximava.

            Não demorou muito para conseguir distinguir no escuro uma carroça vinda pelo Sul, seguia a estrada rumo a Losran, a grande capital onde também era seu destino.

            Deveriam ser mercadores que se dirigiam para a cidade, para a tão famosa feira da periferia, onde se encontravam todos os tipos de quinquilharias, comidas, roupas e até mesmo itens supostamente mágicos, os quais poderiam fazer coisas como trazer a pessoa desejada em um único dia, deixar o usuário irresistível ao sexo oposto. Obviamente a grande parte eram apenas propagandas enganosas, mas o grande problema era quando a magia concentrada no objeto era real; pois objetos encantados eram instáveis. Já vira casos horrendos envolvendo coisas do tipo, como um jovem que usou um amuleto para atrair mulheres, o único defeito do artefato era que uma magia muito forte foi posta ali, despertando até mesmo desejos canibais nas donzelas que o avistavam na rua; não demorou muito para o garoto ser encontrado morto, devorado vivo. Uma pena, sem dúvidas.

            A assassina abanou a mão para a carroça, esperando que esta parasse e lhe desse uma carona até a capital, mas sabia que coisas do tipo eram pouco prováveis; era muito comum armadilhas de ladrões que utilizavam de belas mulheres para fisgar suas vítimas.

            Para sua surpresa os cavalos diminuíram a velocidade, e pararam um pouco para trás de onde estava. “Graças aos deuses! ”, comemorou internamente, enquanto estampava um sorriso no rosto branco.

            A felicidade durou muito pouco, por que os homens que vinham do sul não eram mercadores, não, mercadores não usavam espadas nos cintos, nem tinham as roupas sujas de sangue e terra. Gatunos desceram da carroça, exibindo seus sorrisos maliciosos e desdentados para ela.

            - Oi belezinha, não é seguro andar por essa floresta de noite, sabia? – Falou um deles, um homem alto e com cabelos loiros, imundo assim como todo o resto; já era muito óbvio que estes haviam acabado de assaltar alguém, mesmo que não visse ferimentos, sabia que uma luta aconteceu pouco tempo atrás, o sangue e a sujeira em suas vestes eram provas disto.

            - Sei muito bem disso. – Retrucou exibindo um meio sorriso para o maltrapilho.

            - Vejam só rapazes, a moça tem atitude! – Exclamou um segundo, este mais baixo, forte e com curtos cabelos castanhos. – Ia ser muito legal se a gente se divertisse um pouco com ela, não é?

            - É sim, bem na hora em que eu estava sentindo aquela vontade chegar. – Concordou o terceiro e último, da mesma altura e cor de cabelos do anterior, mas com o rosto mais estúpido que via em anos. Mesmo porque não vira muitos rostos nos ultimamente.

            - Vamos fazer o seguinte. – Propôs para os sanguinários que se aproximavam, enquanto escondia a espada de Damian sob sua capa negra. – Eu saio do caminho e vocês seguem viagem, sem ressentimentos ou sangue derramado! Todos felizes, o que acham? – Esta seria uma situação muito fácil de lidar, mas como tentava evitar o contato com o escarlate que corria nas veias dos desgraçados, tentaria achar alguma outra alternativa.

            - Há há há! Olhem só, a moça acha que tem garras! – Berrou o terceiro enquanto olhava para os comparsas.

            - Queridinha. – Ronronou o homem alto de cabelos loiros, ainda caminhando lentamente em sua direção. – Pensa bem no que esta pensando em fazer, nós somos três e você... – Continuou ele ao puxar uma adaga e aponta-la para ela. – É uma mulher.

            Sentiu seu próprio sangue queimar, aquele tipo de homem era sem dúvidas a escória das escorias, o mundo não precisava de pessoas assim. Esperou a voz invasora em sua cabeça tentá-la, a incitar ao crime; mas nem um som ecoou por sua mente, talvez seja o que for que a estava incomodando foi embora, ou já sabia que sua decisão havia sido tomada e nem um tipo de persuasão seria necessária.

            - Hm. – Agora foi a vez dela de ronronar para o estrupício loiro que já se encontrava a menos de um metro. – Adoro homens que sabem como me tratar. – Ainda com uma das mãos escondendo a lamina em suas costas, passou a outra pelo corpo, começou por sua cintura e subiu até seu pescoço, onde com movimento um tanto exagerado jogou as mechas negras de seu cabelo para as costas, deixando revelar a pele pálida antes encobertas pelos fios. – Venha, quero saber o quanto você consegue me fazer gemer.

            - A vadia sabe o lugar dela! – Gritou o segundo, dando uma longa gargalhada para mostrar os poucos dentes em sua boca. – Vai Jorgan! Mostra para donzela como é bom ter um homem de atitude!

            Jorgan assim o fez, aproximou-se e tocou seu rosto gelado pela fria brisa noturna, tinha sua permissão; suas mãos eram grosseiras e nojentas, mas não se importava com isso, pois estava ali para passar uma mensagem. O homem desceu o toque até seu pescoço, que oferecia de bom grado, e puxando-a para mais perto com agressividade enquanto exibia um sorriso nojento no rosto, se pôs a beijar sua pele exposta.

            Já era hora daqueles cretinos aprenderem uma lição.

            Quando sua espada sibilou, teve certeza de que a lamina penetraria da forma mais dolorosa possível.


Notas Finais


Olá! Como sempre peço queria que deixassem aqui seus comentários! Gostaria muito de lê-los e considera-los para melhorar minha narrativa!

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