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História A Era Mais Escura - A Serpente Prateada de Losran - Parte 2


Escrita por: MarleyMAlves

Notas do Autor


Olá! Aqui está a parte 2 do capitulo "A serpente prateada de Losran", tenho que dizer que estou gostando dos rumos que a história está tomando e o que está planejado só me deixa mais animado!

Capítulo 6 - A Serpente Prateada de Losran - Parte 2


Fanfic / Fanfiction A Era Mais Escura - A Serpente Prateada de Losran - Parte 2

Andava a mais de uma hora pela capital, agora já escura e quieta, o tempo fresco, quase frio, era um atrativo para a caminhada lenta e reflexiva; por muitas vezes mudou sua rota ou se percebeu parado na calçada, pensando se deveria voltar para o palácio, ou mesmo entrar na taverna mais próxima e encher a cara com alguns estranhos como todos os seus subordinados faziam ao final do expediente, em alguns momentos esse comportamento era muito atraente para seus modos rígidos. Independente disso sempre acabava seguindo adiante, rumo a periferia de Losran. Talvez quando chegasse ao seu destino tivesse a chance de beber algo, quem sabe.

            Não demorou muito mais para atingir uma praça deserta e completamente suja de papéis, panos, entre mil outras coisas. Aquele tinha sido um dia de feira na cidade, quando mercadores vinham de todos os cantos para negociar seus itens ‘raros e místicos’, tinha orgulho de jamais ter sido enganado pela lábia de um comerciante, por isso agradecia seu pai, que o instruíra muito bem sobre como escolher no que investia seu ouro.

            Virou em uma rua poucos minutos depois, estaria igualmente deserta não fosse uma única casa iluminada e vibrante bem ao meio do quarteirão; nesta, uma placa de madeira pendurada a uma haste de ferro exibia o perfil de uma donzela rodeada de flores primaveris, não era necessário nem um nome para se saber qual estabelecimento era aquele; estava diante da famosíssima Primadona, uma das tavernas mais populares e aconchegantes de toda capital, assim como do reino.

            No cinto sua espada parecia pesar mais que o normal, um aviso que aprendeu a ouvir anos atrás, e temia estar certo, então parou diante do bar animado, tão destacado da cidade morta a sua volta, nem mesmo as lanternas a óleo estavam acesas naquela rua esquecida, iluminada somente pela luz pálida da lua e das estrelas naquela noite sem nuvens.

            Observou a fachada tão magnifica que jazia a sua frente, tão não característica de uma taverna daquela parte da capital, ou na verdade, de qualquer outra; sua estrutura de madeira era impecável e atraente, trepadeiras se enrolavam pelas pilastras que mantinham o comercio e a residência acima estáveis, enquanto do segundo andar, plantas repletas de flores em diversos formatos e tons desciam das duas sacadas enfeitando tudo pelo caminho abaixo, por fim, vislumbrou as diversas gaiolas de pássaros que jaziam penduradas no teto das mesmas, as aves de tamanhos pequeno e médios agora estavam quietas, de algum modo já acostumadas com os barulhos e cantorias abaixo de suas jaulas de ferro. Não podia negar o quanto aquela visão o confortava de uma maneira estranha, um sentimento antigo que antes poderia descrever como “magnífico”, mas especialmente agora despertava também nervosismo.

            Subiu a escadaria de madeira e se viu diante das portas vai-e-vem do recinto; lá dentro já conseguia observar as mesas cheias e os homens e mulheres, na grande maioria mercenários e maltrapilhos, bebendo e gritando com largos sorrisos estampados nos rostos. E hesitou, pois não deveria estar ali, e se para sua má sorte, estivesse mesmo certo, mais uma vez estaria mergulhando em um mundo que havia enterrado anos atrás, mesmo assim seu coração ansiava por aquilo e não sabia o porquê.

            Decidiu no último instante desistir daquela ideia estúpida e retornar, retornar para como as coisas deveriam ser, assim como foram nos últimos tempos, porém, quando se deu conta já passava pelas portas em um momento de descontrole que nem mesmo chegou a perceber estar acontecendo, não era como se algo tivesse tomado conta de seu corpo, mas sim que seu corpo e alma tivessem planos diferentes dos da sua consciência.

            O lugar como sempre estava cheio e alegre; bardos tocavam, brindes eram feitos aos montes e por motivos quaisquer, não haviam preocupações ali a não ser as que trazia consigo. Percebeu alguns olhares descontentes sobre si, que não era nada inesperado, nem um fora da lei esperava alegremente a visita de um “patente alta” em seu território, mas conhecia aquele lugar, sabia que enquanto não chamasse atenção demais aqueles punhos coçando por briga continuariam concentrados em seus canecos de cerveja gelada.

            Começou a abrir caminho através dos cavalheiros cambaleantes até alcançar o balcão, também cheio de animados senhores envolvidos em algum tipo de história sobre antigos itens sagrados.

            Atrás da longa taboa de madeira trabalhada estavam duas mulheres, Alyssa e Elena, ou também conhecidas como: A dona do Primadona e sua filha.

            Observou enquanto a taverneira enxugava canecos e a menina enchia uma bandeja com peixe frito, frango assado, entre outras coisas; trabalhavam com uma sinergia deliciosa de se assistir, os sorrisos em seus rostos passavam a ideia que aquilo as dava algum tipo de prazer, o que para ele era impossível, nada lhe trazia mais náuseas do que lidar com pessoas daquele nível, um dos mil motivos do por que nunca frequentava tal tipo de estabelecimento.

            Mas apesar de tudo isso, eram apenas elas, sozinhas naquela cidade injusta, por mais que tentasse era praticamente impossível não subestimar duas mulheres morando sós em Losran, mas sabia que apenas uma delas tinha mais força de vontade que um esquadrão de seus homens.

            Parou em frente ao balcão e apoiou os dois braços no mesmo, momentos antes que a morena taverneira o avistasse.

            - Você, o que faz aqui? – Questionou a mulher, Alyssa era uma mulher jovem e muito bonita apesar de estar bem acima de seu peso, era doce e dedicada a sua herdeira de uma maneira que poucos se quer sonhariam em ser, usava desta mesma determinação para odiar o general, com toda a razão.

            - Precisamos conversar, a sós. – Falou para a dona.

            - Hm... Sabe o aquele velho careca ali no canto? – Apontou a mulher para um moribundo que dormia ao canto do bar, babando e quase caindo da cadeira.

            - O que tem ele? – Indagou ao espia-lo por cima dos ombros.

            - O nome dele é Billy, o coitado bebe aqui até cair da cadeira a mais ou menos sete anos. – Contou Alyssa, enquanto continuava a enxugar os canecos, sem olhar para ele. – Quando o Billy virar rei, só quando ele virar rei, eu vou falar com você, seu desgraçado. – Ao menos, ela agora finalmente o estava olhando nos olhos, ou melhor, fuzilando-o com eles, já não podia negar que era um começo.

            - Pare com isso, não vim aqui para discutir, e além do mais... – Fez uma pausa involuntária, sendo jogado de volta para uma época que gostaria de deixar esquecida. – Sabe que não tive escolha. – Tentou explicar, não permitindo nem um tipo de dúvida salpicar em seus olhos. – Eu te considero uma amiga, Alyssa, e você sabe disso, me diga, se eu viesse aqui ferido, você me deixaria morrer na sua porta? – Não era, e nunca foi de seu feitio tirar aproveitar dos sentimentos de outras pessoas, mas naquele caso abriria uma exceção, até mesmo porque sabia que aquele tipo de apelação era uma das únicas coisas que poderiam funcionar, o ponto fraco da taberneira: sua bondade. Isso porque além de possuir o Primadona, a mulher à sua frente era uma curandeira, mas não apenas mais alguém que sabia sobre ervas e misturas curativas, havia magia em seu sangue, pouca, porém o suficiente para que conseguisse aprender a arte da cura, a qual era tão rara naqueles tempos; entretanto não apenas a apreendeu como demonstrou uma maestria fora do comum, tinha a capacidade de se tornar muito mais do que uma taverneira no subúrbio da cidade, mas sua humildade a impedia de cobrar pelo seu trabalho, assim se transformou em um símbolo de bondade e gentileza em uma época de tanta ganância e injustiça. Por isso seu pequeno bar era tão famoso, por isso nunca havia sido atacada ou roubada, tinha o próprio povo a defendendo.

            - O que? Claro que não, eu não sou nem um monstro! – Respondeu exaltada, cruzando os braços abaixo dos fartos seios.

            - Então por que você não pode simplesmente conversar comigo? Juro que não vai demorar, é um assunto importante.

            Respirando fundo e jogando o pano de prato que tinha sobre o ombro em cima do balcão, disse por fim:

            - Muito bem, vamos lá para fora.

            Logan olhou então para a escadaria em espiral que subia para o segundo andar da taverna, a residência pessoal da mulher, sentiu uma sensação estranha, uma excitação que a muito tempo havia perdido.

            - Por que não conversamos lá em cima? Tem muitos olhos por aqui, o que preciso te falar eles não podem ouvir de modo algum. – Falou, encarando-a de maneira séria.

            A curandeira também olhou escada acima por alguns segundos antes de se voltar para ele novamente.

            - Eu moro ali em cima sabia? Acho que eu ia ter nojo de dormir lá se você pisasse na minha sala...

            - Alyssa, não é como se você estivesse escondendo algo, não é? – Hora de jogar verde.

            A mulher revirou os olhos, e mais uma vez cruzando os braços gordos, inspirou antes de responder:

            - Certo, certo! Vamos lá para cima, mas vamos logo, não quero ninguém aqui achando que eu tenho algum tipo de relacionamento com gente como você. – Disse ao começar a andar rumo aos degraus.

            Antes de segui-la escada acima olhou para a taverna a sua volta, ninguém parecia observa-los, todos estavam muito entretidos com a bebedeira e a comilança. A não ser pela jovem Elena que exercia o papel de garçonete, a garota os observava enquanto entregava os pedidos nas mesas do bar, ela era sem dúvidas magnifica; ao contrário da mãe, tinha uma longa cabeleira castanha e muito ondulada, que na maioria do tempo permanecia presa em um longo rabo de cavalo, tinha um corpo esguio que muito combinava com sua pele bronzeada e sua beleza exótica. Normalmente uma menina com tantas qualidades seria constantemente assediada pelos fregueses bêbados e confusos, mas novamente a fama de sua mãe a protegia de qualquer mal. Isso de alguma forma acalmava-o, pois sabia que de alguma maneira aquelas duas tinham alguma proteção contra o mundo corrupto lá fora.

            Logan finalmente virou-se e se pôs a subir a escadaria de madeira até o segundo andar do recinto, onde mãe e filha dormiam.

           

            Quando por fim estavam no andar de cima, a moça rechonchuda o conduziu até a cozinha.

            O sobrado era impecavelmente arrumado e muito agradável, a cozinha era grande, havia uma longa mesa retangular no meio do cômodo, mármore tomava duas das paredes formando uma pia e um balcão. Assim como a fachada do bar, tudo ali em cima era decorado com flores e plantas as quais sem dúvidas tinham alguma serventia médica.

            Sabia que o Primadona tinha uma clientela vasta e fiel, entretanto não tinha ideia de que as duas tinham condições de arcar com tanta beleza e conforto, mesmo porque seu aposento na ala real do castelo não chegava nem perto do charme daquele lugar.

            Se posicionaram cada um de um lado da grande mesa, atrás do comandante havia um corredor que provavelmente levaria para os quartos, e atrás da dona do estabelecimento abaixo, jazia uma grande janela, a qual tinha suas cortinas agitadas pelo vento da madrugada.

            - Fala de uma vez, qual é o problema? – A mulher perguntou, apoiando as duas mãos na mesa.

            - Mila procurou por você, não é? – Indagou, olhando fixamente para a taverneira.

            Esta então rapidamente retirou as mãos da mesa, deixando-as ao lado do corpo, que empalideceu repentinamente.

            - O que? Claro que não, quem dera minha amiga viesse me visitar, mas o senhor e nosso ‘rei’ já tomaram conta disso! – Exclamou ironicamente ao mesmo tempo que cruzou seus braços e levantou o nariz.

            - Não minta para mim, eu sei que ela veio te ver e quero saber para onde ela foi, sabe que se ela me der a chance de ajudar eu vou. – Explicou.

Sentia-se mal por mentir ao dizer que tinha intenções de auxiliar a fugitiva, porém essa era a melhor maneira de conseguir a tão valiosa informação; mesmo que significasse que teria de tirar proveito da inocência da mulher diante de si.

            Alyssa continuou o encarando, parecia indecisa e preocupada, depois de alguns instantes de silencio ela suspirou de um modo que pareceu a deixar ainda mais tensa, e por fim disse:

            - Ela veio aqui e eu a ajudei, cuidei dela, e algumas horas atrás depois de ter dormido um pouco, ela me disse que ia para as docas achar um lugar para se esconder. – Declarou enquanto desviava o olhar e envolvia a si mesma com seus braços.

            - Obrigado Alyssa, sinceramente, te prometo que vou tentar fazer a coisa certa. – A acalmou, a taverneira não precisava se preocupar mais com fantasmas do passado.

            - Vai prende-la de novo... – Ela olhava para o chão, sentia a dor em sua voz doce, sabia o quanto era difícil para ela. Também não foi para ele.

            - Não cabe a mim decidir, cabe a ela. – Confessou, enquanto começava a andar rumo a escada.

            No entanto, antes que desse mais passos, ouviu o ranger de uma porta se abrindo no corredor a suas costas e se virou instintivamente, então sentiu um delicioso perfume lhe acariciar o nariz, mas não conseguia ver nada, tudo estava escuro lá dentro.

Não tinha a coragem de entrar e descobrir o que o aguardava; era como se seus pés se recusassem a ir em frente, como se soubessem o que esperava na virada daquele escuro corredor. Talvez ele soubesse.

            Olhou por cima dos ombros, para a curandeira; a mulher encarava o corredor com as sobrancelhas levantadas como se também estivesse surpresa, quando o fitou, ergueu os ombros como se disse “lavo minhas mãos”.

            Ainda encarando Alyssa, encheu os pulmões, e prendeu a respiração (algo que não foi voluntario) antes de se voltar novamente para o corredor que havia assumido misteriosamente um ar tenebroso.

Agora pensava em todas as situações possíveis, no que poderia e não poderia estar espreitando na escuridão, não ouvia um passo sequer; mas aquele perfume, o cheiro já lhe era prova o suficiente, o sentira mais de uma vez, e nem se quisesse esqueceria a quem estava ligado. Podia tentar e tentar e tentar achar outras possibilidades, mas sua mente gritava apenas uma, a mais óbvia, mas ao mesmo tempo a mais impossível.

            Uma silhueta feminina apareceu da escuridão andando em sua direção, vagarosamente e com um rebolar mortal; não conseguia e nem precisava distinguir sua face.

            Por puro reflexo sua mão pulou até o punho do sabre em sua cintura, mas ele foi impedido por si mesmo de sacar a espada. Se viu como o rapaz que fora até seu escritório mais cedo naquele dia, envolvido em um dilema; haviam duas vozes em sua mente, uma vociferava para tomasse sua lamina em mãos e esperasse sangue ser derramado, enquanto outra o tentava a esperar e mais uma vez correr o risco de ser iludido.

            - A quanto tempo, general. – Recebeu-o a voz melodiosa de Mila Dameron ao se encostar no batente do corredor.

            Sua mão continuava no punho de Nahash, do mesmo jeito que ele continuava sem ação, não a desembainharia, não tinha por que se enganar.

Temia estar boquiaberto.

            Aquele mesmo ar ainda permanecia preso em seu peito, mas não sentia a necessidade de respirar, pois ali diante de dele estava a mulher mais perigosa que conhecia e viria a conhecer, e a única mulher que amou em toda sua vida.


Notas Finais


Olá! Espero que estejam gostando de tudo o que está acontecendo até aqui! Não esqueçam de me deixarem saber o que estão achando da história! É muito importante pra mim!


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