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História A Era Mais Escura - Quando as Sombras Dançam


Escrita por: MarleyMAlves

Notas do Autor


Ola! Agora vamos ter uma boa dose de horror e mistério! E então? O que acham que vai acontecer?

Capítulo 8 - Quando as Sombras Dançam


Fanfic / Fanfiction A Era Mais Escura - Quando as Sombras Dançam

O general esperou até que estivesse longe o bastante, até que a escuridão e as sombras da cidade o envolvessem, para enfim olhar para trás, para o Primadona, apenas para ver Mila Dameron, a assassina sanguinária que observava o céu estrelado de Losran da janela do segundo andar da taverna; havia algo naqueles olhos verdes, algo além do poder de fazer qualquer um ficar boquiaberto, pareciam esperançosos. Ficava feliz com isso, mas também com medo.

            Jamais admitiria, mas sentiu-se bem em ver aquela mulher novamente, sabia que isso significava que sua vida se tornaria muito difícil a partir dali. Quando Aurius descobrisse sobre a fuga da mercenária... não queria pensar nisso.

            A visita de um modo ou de outro tinha valido a pena, sabia do paradeiro de Mila e já tinha uma ideia de suas intenções, mesmo que fossem estranhas e incertas. Será que ela tinha realmente mudado, ou era apenas uma vontade? Pela razão, a qual nunca conseguiu deixar de ouvir, sentia que jamais haveriam provas suficientes para comprovar sua mudança, além de disso, nada apagaria seus crimes do passado. A não ser o perdão real.

Seu lado emotivo, tão bem escondido em seu âmago, parecia pulsar por tê-la tão perto e ainda tão disposta a se entregar a seus sentimentos, algo que nunca poderia fazer completamente. E ela sabia disso.

            Ainda não tinha ideia de o que escrever na carta para vossa majestade; em verdade, não desejava escrever tal carta, não queria que o regente soubesse da volta da assassina à cidade. Era egoísmo e sabia disso, esse não era quem ele jurou ser ao aceitar o posto de general, ela deveria ser julgada aos olhos do rei, deveria ser sua vontade e dever informar sobre aquela situação inesperada. Precisava fazê-lo, mesmo que isso despertasse nele sentimentos que deveriam estar sufocados.

            Ainda perdido em pensamentos profundos, caminhou rumo ao castelo pela cidade escura e deserta. A noite era plena não apenas em Losran, também na alma de Logan.

 

            Já fazia uma hora desde que abandonou a taverna de Alyssa, caminhava agora por uma das mais antigas ruas da capital, um caminho que o agradava especialmente pela quietude; as lanternas brilhavam iluminando seu caminho pela escuridão, pois agora até mesmo a brilhante luz da lua e das estrelas o haviam abandonado, cobertas pelas nuvens do outono.

            Quando virou uma esquina avistou mais lamparinas acesas que reluziam pelos dois lados da rua, no entanto uma única delas havia se apagado, fazendo uma zona de escura a sua volta.

            Logan andava pelos paralelepípedos quando começou a ouvir estranhos ruídos vindo de um lugar indetectável. Algo como carne sendo rasgada, um som que o remetia ao cozinheiro do palácio quando retirava a pele de um cervo, era angustiante.

            Se percebeu parado, tentando descobrir a origem de tais sons, inicialmente sem sucesso, entretanto um barulho mais audível, como ossos se quebrando, o levou a crer que seja o que for que estava fazendo tão terríveis sons, vinha da escuridão formada onde a lamparina havia se apagado.

            A curiosidade tomou conta de suas ações, o que ocorria constantemente, e o levou a buscar uma tocha para auxilia-lo na exploração. Encontrou um pedaço de madeira encostado na parede de uma antiga casa em ruinas do lado oposto de onde podia ouvir os ruídos, acendeu-o ao enrolar um lenço que trouxera consigo na extremidade da madeira e depois leva-lo a chama da lamparina mais próxima.

            - Deve servir. – Disse para ninguém mais que si mesmo enquanto atravessava a rua, rumo a região ocultada pela escuridão.

            Assim que a luz de sua tocha atingiu as pedras assimilares da calçada, se viu congelado a um passo de subir o meio fio.

            Sangue se revelou respingado no chão, era fresco, podia dizer pelo quanto o liquido brilhava contra as chamas.

            Ergueu a cabeça e viu que a sua frente se estendia uma ruela antes escondida no escuro, sentiu sua pulsação subir quando percebeu que os barulhos já estavam mais intensos ali e que o sangue se transformava em uma fina trilha rumo ao beco sobrenaturalmente negro.

            Sem pensar mais sacou Nahash e forçou a mente a se acalmar. Era chegada a hora de obter respostas.

            Ao adentrar o caminho antes invisível, se certificou de que todos os seus sentidos estivessem afiados ao máximo, uma surpresa ali era a última coisa que precisava.

            O rastro seguia mais e mais, a viela era larga e as paredes que a formavam eram de duas velhas residências a muito tempo ali construídas, logo na maior parte de suas extensões os tijolos estavam a vista e alguns faltavam, haviam caixotes e barris velhos amontoados e esquecidos enfeitando seu caminho tenebroso.

            Aqueles ruídos estavam agora pertos demais, eram como se estivesse ao lado de sua fonte, as chamas de sua tocha insinuaram revelar algo agachado ao chão alguns passos adiante, e mesmo que todos os seus sentidos o repreendessem, se forçou a seguir adiante e descobrir o que lá se escondia.

            Poucos passos depois, se arrependeu de sua curiosidade suicida, pois o que as chamas o revelaram era uma visão perturbadora demais para descrever.

            Havia um ser humanoide ajoelhado sobre o corpo de um jovem, e em suas mãos alvas, com longos dedos e afiadas unhas, segurava o coração ainda pulsante do garoto que parecia ter espasmos silenciosos enquanto aquilo seja o que fosse o dissecava vivo.

            - Pelos Deuses... – Murmurou, ao arregalar seus olhos cinzas diante daquela visão.

            A criatura alta e esguia, usava por cima de suas vestes escuras e desbotadas uma longa e quase transparente capa negra com longas mangas com múltiplos e longos rasgos. No entanto o que mais o tornava amedrontador era o crânio que ocultava sua face. Tal monstro deveria habitar somente o pior dos pesadelos, nada assim poderia ser real.

            O não humano então o notou e virou a cabeça para fitá-lo, os buracos vazios e escuros da caveira então encontraram-se com seus olhos, mas não ousou mover um músculo.

            Segundos se passaram sem que nem um deles fizesse um sequer movimento, o coração que aquelas mãos horrendas seguravam já não batia mais, e o coitado estirado ao chão já perdera a vida, o que soava como um alívio para Logan.

            Sem fazer movimentos bruscos, apertou a mão em seu sabre ao se preparar para o embate que a aquele ponto já se tornara inevitável; entretanto, repentinamente e de um modo graciosamente horrendo, a criatura arrastou-se de volta a escuridão emitindo algo que poderia soar como um sibilo, mas pareceu alguma coisa muito mais assustadora.

            Deu rápidos passos adiante ao caçá-lo com a luz de sua tocha. “Isso é impossível”, pensou ao ver que a poucos metros de onde o ser havia se esgueirado se encontrava o fim daquele beco, era como se tivesse simplesmente se diluído na escuridão.

            Ouviu movimentos a suas costas, e virou-se a tempo de aparar com seu sabre as unhas negras e afiadas da criatura assassina; porém, tão rápido quanto apareceu, o monstro voltou a desaparecer no escuro ao realizar algo que ficava entre um salto e um alçar de voo.

            - Covarde! – Vociferou, colocando sua tocha a frente para tentar iluminar os arredores. Nada.

            Tudo estava no mais completo silêncio, e praticamente aos seus pés se encontrava o cadáver aberto do jovem, seu rosto estava inexpressivo como se admirasse o escuro céu noturno, mas podia ver lágrimas que escorreram aos lados dos olhos.

            Um ruído baixo o suficiente para não passar de vento soou a sua esquerda, e agiu sem pensar duas vezes. A espada sibilou e algo fora cortado.

            A chama revelou logo em seguida um rato em cima de um caixote apodrecido, o animal sem cabeça com fortes espasmos.

            - Droga.

            Agora não ouvia nada além de seus próprios movimentos novamente. “Como pode ser tão silencioso?!”, questionava a si mesmo, nunca ouvira falar ou lera sobre tal coisa.

            O mesmo sibilo de antes ecoou de suas costas; era quase como se chamasse sua atenção.

            Virou-se para mais uma vez aparar uma das mãos brancas do monstro, no entanto desta vez este envolveu-a em sua lamina prateada, segurando Nahash com uma força sobrenatural.

- Quem é você, o que faz aqui?! – Questionou entre dentes, o monstro diante de si.

O não humano inclinou a cabeça para o lado, como se tentasse entender suas palavras, e sentiu quando aquela visão grotesca gelou sua espinha.

Somente então percebeu que em sua espada escorria um líquido grosso e negro proveniente da palma da criatura, a qual ainda segurava firmemente o fio da lâmina; não havia nada que sangrasse algo assim, parecia que quanto mais descobria sobre aquele ser, mais se distanciava de definir sua identidade.

Por fim reagindo, brandiu a tocha para acertar a cabeça do humanoíde esguio que ainda o fitava; mas repentinamente a outra mão surgiu da escuridão, envolvendo a extremidade brilhante da madeira.

Observou aos poucos a face craniana de seu inimigo sumir conforme as chamas eram sufocadas pela palma daquela mão asquerosa e fatal.

Fora enganado.

Instantes depois se viu na mais completa escuridão, não conseguia mais enxergar seu adversário, mesmo sabendo que este ainda o encarava a poucos centímetros de distância.

Como se evaporasse, a força que este fazia contra sua espada e o pedaço de madeira sessou, fazendo com que quase perdesse seu equilíbrio; novamente se viu incapaz de ouvir qualquer som, e agora também na mais completa escuridão. Como acertar algo que não se pode ver?

Uma brisa fria e incomum alcançou seu flanco um segundo antes de unhas afiadas rasgarem tecido e carne do braço onde segurava Nahash, olhou a sua volta em vão, não via ou ouvia nada ali. Se percebeu preso em uma armadilha mortal.

A ferida começou a formigar de uma maneira estranha, e instantes depois ouviu o barulho de metal caindo ao chão bem ao seu lado; não demorou muito para entender que o que havia despencado ao seu lado era seu sabre, pois percebeu que não sentia mais seu braço.

Entendeu então, fora daquele modo que a criatura havia capturado sua vítima, era por isso que esta chorava imóvel ao chão enquanto seu coração ainda pulsante era arrancado de seu peito; havia algum tipo de veneno impregnado naquelas unhas afiadas e podres. Veneno este que agora circulava por suas veias.

Desta vez não ouve aviso quando mais uma vez sua pele fora rasgada com destreza e maestria na região de sua coxa; segundos depois se viu despencando ao chão e já de joelhos tentou mexer suas pernas, em vão. Seu braço ainda estava totalmente amortecido enquanto no outro segurava nada mais que um pedaço de madeira queimada e inútil.

Fora um idiota por ter ido até ali...

Perdeu o fôlego quando repentinamente sentiu a criatura se esgueirar por suas costas, sua longa capa negra esvoaçando com a brisa inaudível enquanto lhe acariciava o pescoço. Não disse uma palavra quando sentiu os longos dedos do monstro tocar seu pescoço em seu caminho até seu peito, sabia que de nada adiantaria gritar agora.

Rezava aos deuses que ao menos o veneno amortecesse a dor quando as unhas de seu assassino adentrassem sua carne em busca de seu coração. No entanto, pelas lágrimas do jovem morto em algum lugar daquela viela escura, achava que a toxina não seria tão rápida, mas pedia que sua morte fosse então.

Sentiu a outra mão do ser tocar seu rosto e depois segurá-lo firmemente enquanto preparava-se para a incisão. Sentiu raiva florescer em seu peito, e sabia bem a razão. “Porque agora? ” Questionou em silêncio, pois, aquela parte esquecida dentro de si ainda se apegava a uma esperança estúpida de que um dia quem sabe, a história poderia ser diferente.

Encarava a escuridão a sua frente enquanto era amparado pela morte à suas costas com um abraço frio e amedrontador.

Não estava pronto para morrer.


Notas Finais


Não esqueçam de me deixarem comentários! Sério, é uma das coisas que mais espero quando posto um capitulo...


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