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História A Era Mais Escura - O Signo de Ellia


Escrita por: MarleyMAlves

Notas do Autor


Olá! Este acabou demorando um pouco mais que o previsto, acabou que muita, MUITA coisa mudou durante minha revisão, mas posso dizer que agora estou feliz com o texto, e espero que todos fiquem também! Não esqueçam de me deixarem comentários...

Capítulo 9 - O Signo de Ellia


Fanfic / Fanfiction A Era Mais Escura - O Signo de Ellia

Uma rajada de luz explodiu da entrada da ruela, seja o que fosse aquilo, cegou Logan instantaneamente. O som que acompanhou era estranhamente melodioso, o lembrava de sinos tocando ao meio dia.

Algo como um barulho de impacto ressoou as suas costas, e outro logo em seguida, dessa vez mais ao fundo.

Despois que abriu os olhos e esperou até que a cegueira momentânea passasse, percebeu que a lufada já havia se extinguido, mas em seu rastro pontos luminosos e azulados brilhavam, alguns próximos uns dos outros se interligavam quase como constelações; a ruela escura se tornara um céu estrelado. Magia.

            Ouviu o farfalhar de roupas; a luz celestial que o rodeava revelou uma grande silhueta masculina que parecia usar uma longa capa e vestes de panos consistentes, os sons de metais que ressoavam a cada passo do homem misterioso transpareciam as joias que usava.

            Atrás de si ouviu um sibilar já conhecido, e apenas então se deu conta de que a criatura horrenda que o abraçava já não estava mais a centímetros de seu coração; virando-se para olhar por cima de seus ombros (o qual parecia ser um dos poucos movimentos que ainda conseguia realizar), observou o agressor ferido se levantar com o auxílio da parede de tijolos velhos do fim do beco. A feitiçaria o arremessara com tamanha força que causou uma rachadura no local do impacto.

            Já vira outros magos antes, mas como alguém poderia conter tamanho poder?

            Uma mão pesada apertou seu ombro inesperadamente, e ao se voltar para frente encontrou uma face bronzeada, com barba por fazer e cabelos negros, e olhos verdes de expressão forte.

            - Me deve uma cerveja, camarada. – Disse o homem, com um meio sorriso de deboche estampado no rosto.

O sotaque pesado, a vestimenta e os colares. Zankariano.

            Passando direto por ele, este seguiu em direção a criatura que a aquele ponto já havia se erguido completamente. Com dificuldade, usou o seu único braço ainda em funcionamento para auxiliá-lo a se virar, e assim que obteve êxito viu o não humano curvado fitando o feiticeiro que se aproximava; percebeu que dos vãos entre os dentes do crânio que ocultava sua face, escorria aquele mesmo líquido negro e grosso o qual saiu de suas mãos alvas alguns minutos atrás.

            O monstro de sangue escuro investiu em direção ao mago, que em apenas um leve movimento de mão lançou outro pulso brilhante, dessa vez o choque estourou o muro e arremessou o assassino para a rua adjacente.

            Parando ao lado do corpo aberto do rapaz, o homem disse com palavras descaradamente irônicas enquanto observava o cadáver dilacerado ao seu lado, ao mesmo tempo que fazia uma careta de nojo:

            - Vai ter trabalho para limpar isso, general.

            - Quem é você? – Questionou, enquanto tentava sem sucesso se levantar.

            - Illai Zandev Marlock, ao seu dispor, esperava que nos conhecêssemos de uma maneira menos... – Ainda olhando para o chão, para o jovem que tinha seu coração faltando, mais uma vez exibiu aquela face de desagrado. – Podre.

            Os moradores do reino de Zankar jamais foram seus preferidos, pois a gigantesca maioria dos que lá viviam eram pessoas acostumadas com a pompa e as riquezas proveniente do uso da magia, era incrivelmente comum que sempre se colocassem acima de todos os outros reinos e raças. Achava tal comportamento ridículo.

            Aparentemente não seria hoje que seus conceitos seriam mudados, o bruxo diante de si era tão estereótipo quando possível de sua visão sobre os zankarianos; além é claro de parecer se divertir com o perigo eminente que jazia diante deles, e que novamente já se levantava.

            - Olhem só! – Vocalizou ao observar que a criatura que já estava mais uma vez de pé. – Parece que o nosso amigo aqui é sadomasoquista, meu tipo de pessoa. – Mais uma vez um sorriso se mostrava estampado na face do feiticeiro.

            - Cuidado. – Alertou-o, enquanto o homem que vestia panos pesados andava em direção à rua através da parede destruída. – Não deixe ele te acertar.

            - Há! Com todo respeito, é mais fácil que ele mesmo se acerte. – Debochou Illai, sem nem mesmo lançar um olhar para Logan.

            Neste mesmo instante o monstro saltou em direção ao bruxo, suas longas e afiadas unhas prontas para rasgar completamente sua garganta; porém mais uma vez fora impedido, agora por uma onda de chamas que protegeu seu alvo e logo em seguida envolveu completamente o agressor. Com um movimento de mão o viajante arremessou a criatura novamente para o meio da rua, para onde foi logo em seguida com passos calmos e descontraídos.

            A confiança com que ele lidava com aquela situação, o general era incapaz de compreender, seria possível que coisas como aquela fossem comuns no reino vizinho? 

            - Pelos ascendidos... – Começou a falar o feiticeiro com descontração para a coisa mortífera diante dele. – Como você é feio! Será que é assim que os homens de Ravius são? – Provocou, ao lhe lançar um olhar cômico.

            Não se incomodou em responder a provocação, primeiramente por que não queria dar mais corda ao bruxo egocêntrico, e depois por que o humanoide de pele branca e sangue negro ainda se mexia nos paralelepípedos da rua.

            As chamas aos poucos se extinguiram, entretanto, a pele alva do ser jazia intacta. “O que é isso? ”, questionava a si mesmo, tentando sem sucesso encontrar uma definição para aquele terror.

            - Muito bem, vamos sanar minha curiosidade... – Falou o mago ao erguer uma de suas mãos e movimentar seus dedos de maneira estranha. – E ver o que se esconde por trás da máscara.

            Como se a criatura se transformasse em uma marionete, esta começou a mover-se de um modo anormal, como se cordas invisíveis saíssem da mão do mago e controlassem-na.

            Assim, o ser de quase três metros levantou-se e se ajoelhou diante do zankariano, que observava seu novo brinquedo com um misto de superioridade e prazer.

            - Bom menino. – Falou o bruxo ao aproximar sua outra mão da caveira, esta que aos poucos começou a reluzir com uma luz azulada.

            O adversário imobilizado virou o pescoço para o lado, para a direção onde Logan estava ainda ajoelhada ao chão e incapaz de se levantar. Nunca iria poder dizer com certeza, mas tinha a sensação de que aquela criatura o observava com aqueles buracos vazios que eram seus olhos; parecia sorrir para ele, como se aquilo não significasse absolutamente nada, como se não se importasse com a inutilização e humilhação que passava naquele momento.

            Por um instante, sentiu que tudo aquilo não passava de um ensaio para uma coisa muito maior que viria em seguida.

            A mão do bruxo pulsou algo oculto aos olhos do general, e linhas irregulares e brilhantes percorreram toda a extensão do crânio do não humano; porém no mesmo instante o ser grunhiu sobrenaturalmente enquanto todo seu corpo pareceu chamuscar por um segundo.

            Quando os pedaços da caveira caíram no chão, não restava mais nada da criatura, nada além das cinzas de seu corpo e o resto chamuscados de suas vestes.

- Santo Elo! – Murmurou o feiticeiro, se ajoelhando sobre uma perna e observando com perplexidade os restos do humanoide que estava ali um instante atrás. – Como isso é possível?

- Você fez isso? – Indagou, igualmente boquiaberto.

            - Não, não... – Agora o forasteiro passava a mão pelas cinzas, pegando-as na mão e observando enquanto a brisa noturna as levava. – Jamais vi algo assim antes.

            Colocando sua mão por dentro de suas vestes, o estrangeiro parecia procurar por algo, logo passou a tatear toda a extensão de suas roupas densas.

            - Onde esta? – Questionou com perplexidade, enquanto procurava pelo interior de sua capa azulada. – Tenho certeza que estava aqui!

            - Com licença? – Pediu, enquanto observava o feiticeiro que ainda abaixado, parecia estar a caça de alguma coisa.

            - Só um instante, companheiro. – Respondeu ele, levantando a mão para que ficasse quieto.

            Demorou quase um minuto, entretanto houve uma hora em que Illai exclamou com euforia:

            - Achei! Finalmente. – O mago puxou de debaixo de suas vestes um amuleto com uma pedra transparente em formato de um prisma, e estendeu o artefato acima das cinzas e do crânio destruído da criatura.

            Depois de alguns segundos o item começou a brilhar com uma luz branca, e as cinzas e o crânio partido em três começaram a flutuar como se a gravidade fosse desligada, em poucos instantes e de um jeito que não conseguia explicar, tudo foi sugado para dentro daquela joia; a qual foi devolvida as vestes de mago da maneira mais natural possível.

            - O que foi isso? – Perguntou perplexo ao observar o zankariano se levantar, enquanto ele mesmo ainda se encontrava ajoelhado e impotente ao chão.

            - Não tem um nome ainda, é só um guarda-tralhas que eu desenvolvi no meu tempo livre. – Revelou o bruxo, já se aproximando. – Acredito que isso vai ser um sucesso daqui uns anos!

            O homem então se encostou na parede da viela, a qual agora já não se iluminava mais com as partículas brilhantes deixadas por sua magia; porém o rombo no muro no fim do beco permitiu que as luzes das lamparinas da rua adentrassem o lugar.

            - Deixe-me o ajudar a sair dessa situação tão desagradável, meu amigo. – Falou ele ao tirar de suas roupas um vidrinho com um liquido esverdeado reluzente. – Aqui, beba.

            - O que? Esta louco?! – Exclamou ao franzir o cenho. – Não vou beber isto.

            - Eu acabei de salvar a sua vida! O que mais quer de mim? – Questionou o visitante, olhando-o com perplexidade e decepção.

            - Existem mil outras razões para eu não beber isto, meu amigo. – Respondeu, se permitindo retrucar o deboche.

            Estalando a língua, o feiticeiro retirou a rolha que tampava o vidrinho, e saldando-o disse:

            - Saúde! – Então tomou um gole do liquido brilhante. – Eu odeio menta! – Vociferou logo depois, mais uma vez estendendo o frasco para ele.

            Ainda com relutância, aceitou a bebida suspeita, a observando e cheirando antes de levá-la a boca; percebeu que realmente o conteúdo do vidro tinha gosto de menta, o qual o apetecia muito.

            Instantaneamente começou a sentir as veias de seu corpo queimarem e seu estômago a borbulhar, percebeu a ânsia que se aproximava rapidamente, lançou então um olhar de raiva para o bruxo ainda recostado a parede ao seu lado e agora com os braços cruzados.

            Levantando as sobrancelhas e os ombros, ele respondeu:

            - Não vai me dizer que achou que seria gostoso?

Sentiu algo subindo por sua garganta, e não teve outra forma a não ser colocar para fora; o que saiu foi um liquido grosso e escuro assim como o sangue do monstro reduzido a cinzas.

            - Pronto, pronto... – acalmava-o Illai ao dar tapinhas em suas costas – Passou.

            Assim que se virou, percebeu que o mago olhava para outro lado e exibia aquela mesma face de desagrado que fez ao ver o corpo do garoto assassinado.

            - Tire suas mãos de mim. – Murmurou ao afastar a mão do homem com seu braço.

             Demorou alguns segundos para perceber que o braço que utilizara era o mesmo que a um segundo encontrava-se inutilizado, assim como também notou que havia finalmente voltado a sentir suas pernas. Não conseguiu conter o suspiro de alívio que veio instantaneamente.

            - Que ótimo saber que estamos todos bem, agora levante-se e vamos voltar para o castelo, preciso urgente de uma cama! – Apressou-o o feiticeiro, ao se desencostar da parede e bater as mãos em suas vestes para retirar a poeira, assim como as cinzas do ser sobrenatural.

            - Voltar para o castelo? Por que você estaria indo para o palácio? E aliás, como sabe que sou general? – Indagou, ao finalmente se levantar do chão da viela antiga.

            - Oras, como fui estupido, era óbvio que não iriam te avisar! Fui enviado como convidado de honra e representante de Ellia em Losran, meu caro general, Logan Orioth.

            Se percebeu boquiaberto perante a revelação do mago, mesmo assim não chegou a se sentir culpado por não ter ligado aqueles pontos mais cedo, porque, afinal, sua situação não era a das mais favoráveis algum tempo atrás.

            - Me desculpe, eu não sabia...

            Levantando a mão para que parasse, Illai exibiu um meio sorriso irônico e respondeu:

            - Por favor, não quero que ache que tenha que me tratar diferentemente apenas por isso, sou um homem humilde, general.

            Ainda que houvessem muitas outras questões a serem respondidas, decidiu as omitir ao menos por aquela noite; ainda por que durante este tempo todo estava tratando um convidado real de vossa majestade como um qualquer, mesmo que este convidado fosse um zankariano metido e tagarela, totalmente o tipo de pessoa que odiava, mas jamais seria capaz de negar que estava em profunda dívida com o bruxo, que salvara sua vida e seus movimentos.

Acabou por perceber que também precisava de uma cama para organizar suas ideias.

            Pegou Nahash que este tempo todo encontrava-se no chão ao seu lado, sua lâmina ainda totalmente suja de sangue preto; em seguida a guardou em sua bainha, um peso familiar e confortável ao lado de sua cintura.

            - Vamos, te dou uma carona. – Ofereceu o homem estendendo sua mão para ele, em seu rosto continuava estampado o debochado sorriso que lhe parecia tão característico.

            Uma vez mais com dúvida e relutância, aceitou o aperto de mão do emissário. Assim que suas mãos se tocaram, uma força sobrenatural o sugou repentinamente; era como se estivesse girando descontroladamente dentro de um furacão, porém em questão de instantes se percebeu caindo em algo confortável e macio. Pareceu-lhe estranhamente familiar.

            Assim que teve coragem de abrir os olhos, encarou o teto de seu quarto na ala real do castelo.

            - Desgraçado. – Sussurrou sozinho em seu quarto quando se deu conta que havia sido translocado até o castelo, experiência esta que já havia experimentado anos atrás, e jurou jamais passar novamente.

            Segundos depois e ainda jogado em seu colchão, se viu refletindo sobre os confusos e inacreditáveis acontecimentos de seu dia, pessoalmente considerando o mais impressionante e amedrontador destes a volta de Mila Dameron a Losran; por algum motivo uma parte dele culpava a assassina por todos os momentos fantásticos de sua noite, desde seu embate com o não humano asqueroso até seu encontro com o egocêntrico mago zankariano. A mulher de cabelos de corvo e olhos de esmeralda parecia se sobrepor a tudo e todos. “Porque? ”, questionava, sem nunca encontrar uma resposta racional.

            Mas ainda lhe faltava um último dever.

            Levantou-se de sua cama e se dirigiu até sua escrivaninha no canto do quarto, era chegada a hora de escrever sua carta ao rei e contar tudo o que se passava em sua capital. Com culpa informaria sobre o regresso da Lâmina Sinistra a cidade, com relutância relataria sobre seu confronto com a estranha e indecifrável criatura em um beco escuro, entretanto, ao menos teria alguma boa notícia para passar a Aurius, poderia dizer que para o bem ou para o mal, seu convidado havia chego são e salvo.


Notas Finais


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