1. Spirit Fanfics >
  2. Car Radio >
  3. Car Radio

História Car Radio - Car Radio


Escrita por: AryaStarkdeWint

Notas do Autor


Oiee, essa é minha primeira "oneshot"; não coloquei muitas informações porque gostaria que comentassem oq acham que é ofkdldklfnesk desculpem qualquer erro, espero que gostem! =)

Capítulo 1 - Car Radio


Fanfic / Fanfiction Car Radio - Car Radio

O vento balançava as árvores lá fora. As folhas e os galhos eram puxados por uma força invisível que os arrastava – ao mesmo tempo que, os deixava no mesmo lugar.

Minha janela embaçada e não limpa há muito tempo me privilegiava de ver a movimentação de toda a rua, embora, com o tempo ruim que estava fazendo naquela época, não eram muitos os corajosos que decidiam sair de casa.

Meus braços estavam em volta de meu joelho. Eu estava deitado em cima da cama, em posição fetal, coberto por algumas mantas e com o capuz cobrindo o topo da minha cabeça. Tudo estava uma zona – meu miniapartamento, minha cabeça, meu quarto, minha vida. As roupas que eu usara a semana toda estavam em meu corpo, mesmo que, houvesse muito mais delas pelo chão.

Como uma onda passageira, forte o suficiente para impulsioná-lo na água mas não o suficiente para mantê-lo, senti de novo. A sensação de afogamento. A mão invisível que me empurrava para o fundo do oceano, me fazendo enxergar o fim, cada vez mais próximo dos peixes e dos tubarões. 

Todos nós já sentimos essa sensação. Quando crianças, na praia, ou na piscina, mesmo que por alguns segundos, parecia que todo o nosso mundo fosse desabar. Para as pessoas normais, essa sensação só durava o tempo de voltar à superfície. Mas faz um tempo que eu deixei de vê-la.

Meus pulmões se enchiam de dor, depois se esvaziavam de solidão.  Até a dor, a única a quem eu podia me apegar, fora embora. 

A sensação voltou, e dessa vez não foi embora. O desespero começou a tomar conta de mim, então, desfiz minha posição fetal e levantei-me da cama, seguindo em direção à cozinha. Abri a geladeira – a sensação de frio se chocou com a minha habitual sensação de ardência -, mesmo com o casaco, e o capuz. Peguei a cerveja, fechei a geladeira e tomei um longo gole. Por meses, a minha única dieta.

E sim, estava funcionando. Eu estava emagrecendo, me degenerando, desaparecendo. Olhei para o relógio da cozinha, e ele estava girando para trás. A cada aniversário, uma festa. O que ninguém percebia, era que era de despedida. Um ano a menos, não a mais. Estamos todos presos numa cadeia invisível, onde cortamos os pauzinhos na parede aguardando o tempo restante. Nosso relógio gira para trás. Ele volta. E, num certo ponto, ele para.

 

No sofá, terminei a cerveja e arremessei-a longe, ouvindo seu vidro sendo quebrado. Era o único barulho que eu ouvia em dias. Meu rádio quebrou, e estou em silêncio.

Ele estava vindo. O choro descontrolado, os surtos de pânico, o desespero. Já havia tomado a cerveja; agora precisava de um ar. Entretanto, antes disso, fui até meu quarto. No meio da bagunça, achei papel e caneta. A luminária, branca, fazia meu olho lacrimejar. Iluminando tudo, inclusive a minha escuridão.

Perdoe-me por destruir sua vida

A sua ida

Destruiu a minha

Eu perdi a linha

E a capacidade

De ficar parado

Porque sem meu rádio

Eu fico em silêncio

E assim eu permaneço

Bebendo cerveja

Sem nenhuma certeza

De terminar a noite

Com alguma clareza

 

 

Eu a matei. Estávamos os dois mortos. Mas ela continuaria dormindo, e eu acordado.

Meu rádio quebrou, e eu estou no silêncio. Me sinto violento. Não consigo controlar o que estou sentindo; eu me tornei minha máscara. Minhas emoções estão à vista. Somos um só. Eu, você, e a máscara. Meu medo é da Mão Invisível, que continua me empurrando, me afogando. Você era minha bomba de oxigênio, e agora estou sem ar. Sua voz era o som do meu rádio, e hoje permaneço em silêncio.

Meus pais estavam longe, me ligavam todo dia. Como você está? Precisa de alguma coisa? Você sabe que não foi sua culpa. Aconteceu. Eles tentavam tirar a culpa de meus ombros, mas a mão invisível continuava empurrando-a para mim.

A casa era tão silenciosa.

Saí do apartamento, e logo passei a ouvir o atrito dos meus pés nas escadas, rápidos e barulhentos como uma britadeira. A rua estava deserta. Nada se ouvia. O choro começou, as lágrimas frias descendo pelo meu rosto, rasgando minha pele internamente.

Sinto muito, meu amor. Eu matei você, e nem pude ao menos me despedir. Seus pais jamais me perdoariam. Seu corpo frio, num caixão de madeira, sereno, silencioso.

Soltei um grito grave e doloroso na rua; mais do que jamais havia gritado. O silêncio, tinha que terminar.

Eu tinha que me entregar.

Tinha que ir à polícia.

Eu já estava preso, dentro da minha cabeça. As grades apenas terminariam o serviço. Eu teria companhia. Não teria meu rádio, mas o silêncio iria acabar. O tilintar das chaves da minha cela seriam a minha libertação.

 



Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...