— Como se sente? —Jimin perguntou estendendo a xícara de chá em minha direção.
— Melhor, obrigado
— Você pode me contar o que aconteceu? — Indagou novamente o ruivo, levando a borda da xícara até seus lábios carnudos, bebericando um gole do conteúdo.
Meu olhar se alternava entre encarar o mais velho, e contornar com os dedos todos os detalhes de tom dourado da xícara em minhas mãos. Depois de ter me desmanchado em lágrimas nos braços do menino, o clima que se instalou entre nós era no mínimo estranho. Jimin não dizia absolutamente nada e eu estava com vergonha demais para me dirigir ao ruivo.
Senti-me como se pudesse me afogar naquela merda de silêncio, estava tão desconfortável que dei graças a Deus quando o Park perguntou-me se eu estava afim de beber chá. E já eu, aceitei sem nem ao menos pestanejar, já que não era todo dia que Park Jimin lhe oferece chá.
Então saímos da escola e seguimos até um café que existia ali perto. O lugar era bem bonitinho e aconchegante só que estava praticamente deserto com exceção de nós dois, os funcionários, e um casal que se atracava aos beijos nos fundos da cafeteria.
Podia ser eu e o Jimin, mas a vida não colabora
Neste exato momento Jimin me encarava de forma com um olhar indecifrável, provavelmente à espera de uma reação minha.
“Porra Jungkook, tu encharcou a camiseta do moleque de lágrimas, ele ao menos tem que saber o por que né”
Minha consciência me dava umas porradas de realidade ás vezes. De fato, era o mínimo que eu poderia fazer depois do apoio que o ruivo havia prestado à mim. Eu queria tanto contar-lhe sobre meus pensamentos e sentimentos negativos, sobre toda a minha insegurança e de tudo que me fazia sentir inferior. Só tinha uma coisa que me impedia;
Medo
Sim, eu tinha medo do que o outro fosse pensar sobre mim. Talvez ele nunca entendesse e o mais provável seria rir da minha cara como todos faziam. Só de pensar que ele podia reagir dessa forma, minha vontade de desabafar com ele ia pelos ares. Eu não queria perder essa preocupação que ele mostrou ter em relação sobre mim, essa possibilidade fazia meu estômago embrulhar. Mas quando eu levantava a cabeça para olhar nos olhos profundos dele, algo me dizia que eu estava errado em pensar que Jimin pudesse me fazer algum mal. Eu jamais achei que o mais velho fosse me olhar de forma tão intensa como ele me olhava agora.
Ele parecia analisar-me por inteiro, como se eu fosse transparente, parecia que ele podia enxergar mais do que só a minha insegurança,
Era como se pudesse ver o outro lado da minha alma, meu outro eu.
Mas que porra eu iria fazer?
Jimin pareceu notar toda a minha indecisão, já que ela aparentemente estava estampada no meu semblante, então ele levou uma de suas mãozinhas gorduchinhas até a minha mão tocando a de leve. Indescritível a sensação de ter os dedinhos de Jimin entrelaçados nos meus, praticamente me derreti na cadeira. Ele também me transmitiu um olhar tranquilo, enquanto proferia as palavras mais doces que já ouvi:
— Está tudo bem Jeon, não precisa se sentir pressionado a me contar, só achei que estivesse precisando desabafar.
Ah, que se foda.
—Ah verdade é que eu sou inseguro pra caralho. Não sei nem como estou te dizendo isso já que geralmente não tenho um pingo de confiança pra interagir com alguém. Não consigo sustentar uma conversa com ninguém, já que nunca sei o que devo dizer ou como devo me comportar. Então eu literalmente travo e as pessoas costumam achar que tenho problemas mentais ou somente riem da minha cara. Quando descobri que tinha um clube de teatro aqui na escola, eu realmente acreditei que poderia perder a timidez, mas depois do que aconteceu hoje, eu me sinto tão idiota por ter criado esperanças — Me interrompi para recuperar o fôlego já que estava despejando aquilo tudo de uma vez e logo completei. — Estou tão cansando de ser insignificante, Jimin-ah.
— Bobo, você não é insignificante, não é assim que as coisas funcionam. Mas já que está tão desesperado em mudar sua personalidade, então tem algo que posso fazer mas depende...
— Como assim?
Indaguei confuso, franzindo as sobrancelhas. Aonde exatamente ele queria chegar?
Jimin por sua vez, apenas escorou-se na cadeira e esboçou um sorriso sacana para mim.
—Você quer que eu te ajude, Jungkook-ah?
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