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História Carona (Hiatus) - Não Fuja De Mim


Escrita por: KookJung

Notas do Autor


Tinha planejado postar o capítulo ontem, mas não deu... Enfim boa leitura :)

Capítulo 2 - Não Fuja De Mim


Pedro recolhe todos os seus materiais, os ajeitando de devida forma.

- Até a próxima turma! – Despede-se brevemente dos seus alunos.

Espera a sala se esvaziar para assim poder sair por último, sem precisar ser esmagado como em outras vezes.

- Erick, você não vem? – Nota que ao fundo da sala, o garoto ainda guardava o seu material escolar.

- Só preciso mandar uma mensagem para o meu tio pai para que ele venha me buscar. – Responde retirando o seu celular do bolso da calça – Ele é muito desleixado e na outra minha escola sempre me buscava atrasado.

- Seu tio pai? – Ergue uma sobrancelha.

- Na verdade tio, mas ele é como um pai para mim, afinal também moro com ele. – Pedro fica surpresa com a maturidade e a forma da criança falar.

- Você tem quantos anos, Erick? – Pergunta andando até a entrada da sala ao lado de Erick.

- Prontinho. –Guarda de volta o celular no bolso – Tenho nove anos, vou fazer dez anos próxima semana.

- No Halloween?

- Isso. – Pula animado – Meus tios vão organizar uma festa de Halloween para mim.

- Isso é muito bom. – Sorrir contagiado por conta do menor.

- E você? Tem quantos anos? – Mostra suas mãozinhas, contando cada dedo.

- Se eu te dizer você jura que vai acreditar?

- Porque não? – Questiona tombando a cabeça para o lado.

- Nada... Tenho 25 anos. – Mostra dois dedos em uma mão e cinco em outra.

- Uau! – Tampa a boca com uma mão – Você é algum tipo de vampiro? – Arregala os olhos – Vai sungar meu sangue aqui para continuar jovem pela eternidade?

Pedro gargalha por breves segundos sentindo seus olhos marejarem.

Uma lágrima desce por seu rosto.

- E se eu for? Vai contar ao seu tio? – O professor decide entrar na brincadeira.

- Não, mas bem que você podia morder para transformá-lo num vampiro também.

- E porque eu o morderia? – Questiona.

- Para resgatar um pouco da beleza dele, porque hoje em dia ele está todo acabado.

- Erick! – Seu queixo vai ao chão – Muito feio você falar mal do seu tio pelas costas. – Adverte, mas no fundo estava rindo eternamente.

- Estou brincando professor. – Pedro finge uma expressão chocada – Ele é um dos homens mais bonitos que já vi nesses meus nove anos de vida... Quando crescer quero ficar igual a ele... Bem bonitão. – Força em seus braços músculos inexistente.

- Vai ficar, mas antes de ficar bonitão, você precisa estudar.

- Você diz isso porque é meu professor. – Morde o lábio inferior.

- Esperto você.

- Sou sim! – Diz orgulhoso de si mesmo.

A conversa foi fluindo por longos minutos, Pedro só notara as horas quando Erick recebera uma mensagem de seu tio avisando-lhe que estava de frente a escola.

- Amei te conhecer, Erick. – Pedro ajoelha-se ao chão estendendo sua mão para o menor aperta.

- Não precisava se abaixar professor, sou da sua altura. – Diz aceitando o cumprimento de bom grado.

- Na altura do meu ombro sim. – Caçoa arrancando uma expressão inusitada do outro.

- Ainda vou ficar maior que você. – Diz convicto dando as costas a Pedro.

“Mal ele sabe que qualquer um fica”. Rir de si mesmo.

Retira-se do local adentrando em um dos corredores do prédio, o mesmo estava bem enfeitado para o Halloween que viria.

- Essas crianças. – Nega, pegando do chão alguns papéis de desenhos amassados. Joga-os na lixeira no fim do corredor – O que é isso? – Olha para outro corredor a sua frente.

Um barulho estranho advinha do mesmo.

Atento anda lentamente até a origem do barulho, notando que o mesmo vinha da entrada do banheiro.

- Olá. – Aproxima-se não recebendo resposta alguma.

Estranha, afinal não havia mais ninguém de si e mais alguns seguranças na escola. Os alunos todos foram embora.

- Ahhh...

- Oi! – Retira da sua bolsa um lápis com a ponta bem feita e pontada.

“Sério mesmo que eu vou me defender com isso?”. Nega para si mesmo.

Sua mão encosta na maçaneta da porta, esta que também estava com um pequeno esqueleto pendurado.

Empurra-a para frente vendo o banheiro totalmente escuro e sem claridade alguma.

- Tem alguém aqui? – Apressado anda até o interruptor ligando a luz que logo ilumina todo o ambiente.

Seu susto fora imediato.

- Segurança Green! – Exclama chocado com a cena a sua frente – O-o que... O senhor está fazen... – Seu olhar recai para as calças abaixadas do homem a sua frente.

O membro ereto ainda estava em sua mão.

O celular encontrava-se em outra, aberta em uma página de conteúdo pornográfico.

- Oh...

- Pedro, eu posso explicar... Eu... Eu apenas... – O homem embola-se na tentativa de amenizar a situação.

Foi encontrado no flagra.

- N-não precisa, eu já entendi. – Vira-se de lado, se deparando com a sua imagem no espelho – Só deveria tomar mais cuidado, uma das crianças poderia ter entrado por essa porta.

- Eu...

- Não precisa explicar. – Solta, constrangido – Vou deixá-lo sozinho. Até mais!

Bate a porta com pressa ao sair.

 

- - - - - - - -

 

O céu escurecera, anunciando que uma chuva forte viria.

Pedro agradece novamente pelo guarda-chuva que a sua amiga, mas também professora Katy o emprestara.

Não pretendia permanecer na escola até que a chuva dissipasse.

Teria folga o resto do dia, e aproveitaria para corrigir alguns poucos trabalhos escolares que faltavam para serem entregues, para assim poder dormir o resto das horas tranquilamente.

- Dormir é isso que eu preciso. – Suspira longamente armando o guarda-chuva preto e descendo cuidadosamente os degraus molhados pela chuva.

O vento tornara-se mais forte, por sorte estava com o seu casaco grosso que lhe protegia da forte ventania.

Com medo de se molhar totalmente e ficar resfriado novamente, Pedro decide apertar o passo.

Um rápido arrepio passou por sua coluna vertebral ao notar que já estava caminhando pelas ruas vazias de onde antes fora convidado para aceitar carona de um desconhecido.

Nunca cogitou a ideia de que tantas mortes e sequestros aconteceram no bairro em que estava.

Já ouviu sim inúmeros relatos, mas sempre achou que eram superstições de Halloween.

Histórias inventadas de quem gostava de amedrontar os outros.

- Para de pensar nisso, Pedro... – Balança a cabeça entrando em mais algumas ruas, até que avistara sua casa ao longe.

Diferente das outras, a sua ainda não estava enfeitada para o Halloween. Não tivera tempo nos últimos dias, mas iria decorar como todo ano fazia.

Caça a chave em seus bolsos, abrindo por fim a porta.

Normalmente deixava a mesma destrancada, mas desde que surgiram vários relatos de casas roubadas pela vizinhança, Pedro decidiu não arriscar. Engraçadinhos que se aproveitavam do Halloween e furtavam casa por casa.

Apesar do porte de arma ser legalizado, Pedro tinha pavor de tocar em uma. Esse tipo de objeto jamais entraria em sua casa.

- Lar. – Joga a chave e a pasta na mesinha do centro da sala estirando o seu corpo contra o sofá.

Após alguns minutos descansando o corpo numa posição nada agradável, o jovem desabotoa sua calça respirando aliviado como se tivesse acabado de tirar um peso das costas.

De apenas cueca e camisa caminha até a cozinha bem equipada a fim de fazer um pequeno lanche.

- Ainda tem torta de frango. – Extasiado, corta um grande pedaço pondo-o num prato tão grande quanto.

Pequeno lanche... Talvez nem tanto assim...

Instantes após ter terminado de comer, seu celular toca no bolso da calça jogada no meio do sofá.

Bufa, e ao toque de Foster The People senta sua farta bunda sobre o sofá desbloqueando a contragosto a tela do celular.

A música para e ligação se inicia.

- Alô?

- Oi Pedrinho!

- Pedrinho é muito infantil.

- Desculpa, eu não resisto.

Pedro olha para um ponto fixo da sua sala.

- Aconteceu algo para me ligar, Sean? – Queria ser frio, ou pelo menos indiferente, mas odiava tratar os outros de tal modo, não era da sua personalidade, nem da sua natureza.  No final era bobo demais como sua mãe sempre lhe dissera.

- Na verdade não... Sim... – Pedro se confunde com a fala do outro – Farei uma festa na próxima semana e eu gostaria de saber se você deseja vir.

- Festa de Halloween?

- Isso, na verdade o meu irmão que irá organizar a festa, eu apenas irei ajudá-lo. – Pedro notou Sean recuar em sua fala, o que era estranho já que Sean nunca foi homem de demostrar tais reações.

- Acho que irei sim.

- Perfeito! Eu te envio uma mensagem dando mais informações, ok?

- Ok Sean. Tchau.

- Tchau.

Por fim encerra a ligação, não sabendo mais se fora uma boa ideia ter aceitado esse convite.

Queria que Sean fosse uma página virada em sua vida, mas o mesmo insistia em pelo menos continuar a ser um amigo.

Deita a cabeça novamente no sofá, fechando os olhos e deixando-se levar pelo sono.

 

- - - - - - - - -

 

 

“Caramba”.

Pensa, enquanto ajeita rapidamente a sua roupa a procura do seu sapato que tanto amava.

- Atrasado de novo, estou pedindo para ser demitido. – Resmunga de forma frustrante por ter esquecido de colocar o alarme para tocar.

Sua bicicleta estava no conserto e só voltaria no final de semana.

Teria de ir a pé.

Tranca a porta de casa, descendo rapidamente os degraus e ajeitando os cabelos revoltos com as próprias mãos.

Para a sua infelicidade teria de passar na mesma rua de sempre.

Havia outras rotas, havia, mas essa era a mais rápida de chegar à escola.

Com passos firmes e nada harmônicos até então, Pedro é inusitadamente parado por algumas buzinas que chamam a sua atenção.

Fecha fortemente os olhos, antes abri-los e se deparar com o mesmo carro de antes.

O vidro negro do carro desce.

- Surpreso de encontrá-lo aqui novamente. – O homem portando os mesmo óculos de antes lhe dissera tranquilamente.

- Você está me perseguindo só pode... – Pedro acelera os passos – Não duvido nada que seja um traficante de órgãos ou até mesmo um estuprador.  – O acusa um pouco temeroso com o que o homem poderia fazer consigo.

- Não sou. – Se defende – Se fosse já teria lhe sequestrado e feito coisas inimagináveis com o seu corpo, não acha? – Acelera o carro na tentativa de acompanhar o jovem.

- O que você quer dizer com isso? – Pergunta impaciente.

Os raios solares que batiam em seu rosto delicado também não cooperavam com o seu bom humor.

- Que você é tentador... De uma forma que não faz a mínima ideia.

Pedro engole a seco.

- Não se preocupe, não irei ataca-lo...

- Como se eu fosse acreditar em suas palavras. Deixe-me em paz! – Uma raivosa, mas não tão raivosa expressão toma conta de suas bochechas avermelhadas.

- Aceite minha carona que prometo deixá-lo em paz.

- De novo com isso?! – Bagunça os seus fios – Eu já disse que não... Vou repetir novamente, não! Tenho que soletrar para você? – Cerra os dentes.

- Uau, meu cachorro consegue ser mais bravo que você... E olha que ele ainda é um filhote. – Provoca-o com eficácia.

Pedro estava a ponto de xingá-lo novamente, mas se atrasar mais um pouco não estava conforme os seus planos.

- Não fuja de mim! – Diz divertido arrancando um bufar irritado do outro.

- Vai pro inferno você e o seu maldito carro! – Com passos pesados afasta-se do carro que para de segui-lo imediatamente.

“Sempre foi tão fácil irritá-lo”. O homem pensa, ao que da ré no carro, indo ao caminho oposto ao do professor.

Aquilo só uma parte do começo.

 

- - - - - - - - - - -

 

O sinal toca para o intervalo e Pedro finalmente pode tomar um pouco de ar.

- Você está bem? – Olha para o lado para checar quem era.

- Confuso. – Dita farejando no ar cheiro de café – Café é muito ruim, como conseguem beber isso?

- Menos, Pedro. – Katy dita sentando-se ao seu lado – Quando você vem aqui é porque algo aconteceu.

Pedro sorrir de lado.

Estavam no telhado do colégio, lugar para onde ia sempre que precisava pensar.

- Estou achando que não presto para ser adulto... Não sei lidar com os meus próprios problemas. – Diz frustrado consigo mesmo.

- A vida amorosa anda ruim?

- Não sei o que é vida amorosa, nunca tive isso.

Katy balança a cabeça negativamente.

- É o Sean?

Pedro afirma com um “Sim”.

- Pedro, eu realmente acho qu...

- Eu já sei! – Aumenta o tom – O problema está em mim, sempre esteve...  Eu acho um cara legal, interessante, que me trata bem, que me faz sentir especial... E o que eu faço? – Desabafa – Eu estrago tudo!

- A culpa não é sua! – O defende. Nesses dois anos de amizade observara que Pedro tinha complexo consigo mesmo, sempre culpando a si mesmo, quando na verdade a culpa nunca era sua – Não desamine e não se force a criar sentimentos amorosos pelos outros. Você ainda irá encontrar um amor reciproco, que seja realmente verdadeiro.

- Você fala isso porque já encontrou o seu! – Diz obvio, enquanto tentava segurar as suas lágrimas para não caírem.

Katy suspira.

Pedro levanta-se andando até a beirada do prédio e assiste as crianças ao lado de seus pais ou responsáveis enquanto despediam-se dos seus colegas de classe.

De tanto carros estacionados, seus olhos em especifico focaram apenas em um.

- Não pode ser... – Sussurra enquanto acompanhava com o olhar o novo aluno Erick correr para ser amparado pelos braços do desconhecido que lhe oferecera carona.

O mesmo o recebe com carinho e um forte abraço.

Pedro coça a cabeça confuso.

Vira-se assim que escuta o seu nome ser chamado.

- Vamos descer, a reunião de professores vai começar em alguns instantes. – Katy comenta desaparecendo em seguida do seu campo de visão.

- Ok. – Diz baixinho.

De repente uma corrente elétrica passa por seu corpo.

Sentia que estava sendo observado de costas.

 

 

 


Notas Finais


Até mais :)


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