1. Spirit Fanfics >
  2. Carpe Diem (EM PAUSA) >
  3. Day Two

História Carpe Diem (EM PAUSA) - Day Two


Escrita por: poetyeeun

Notas do Autor


Hello Hello! Espero que gostem, xx

➡ Capítulo ainda não revisado, perdoem-me se tiver erros.

Capítulo 3 - Day Two


Fanfic / Fanfiction Carpe Diem (EM PAUSA) - Day Two

Eu não dormi bem à noite.

Era algo que já havia se tornado comum para mim. Tudo começava com a minha dificuldade para respirar, como se eu estivesse presa em uma caixa e todos os lados começassem a se mover, prestes a me esmagar. Mas neste caso, os meus pulmões pareciam estar sendo esmagados, pois ar não passava por eles e assim como eu, as enfermeiras que me monitoravam, entravam em completo desespero.

Olhando o meu reflexo no espelho do banheiro, consegui sentir pena de mim. As bolsas de olheira estavam cada vez mais fundas e escuras, minha pele pálida poderia entregar o fato de eu raramente sair na luz do sol, mas era apenas por me sentir casada. Esfrego o meu rosto com ambas as mãos, jogando um pouco de água após escovar meus dentes. Guardo minhas coisas dentro da minha pequena maleta e ajeito a cânula em meu nariz. De um lado, arrasto minha mochila e do outro carrego a bolsa com produtos de higiene, retornando ao quarto.

— Olá, princesa. - o meu pai sorri para mim, assim que entra no quarto.

— Oi, pai. - tento sorrir, mas minha mochila choca-se contra a cadeira que havia no caminho.

— Deixe que eu ajudo com isso. - ele diz e se prontifica a pega minha mochila. Eu nego com a cabeça e coloco-a em minhas costas, sentindo o peso do cilindro, mas conseguiria aguentar até chegar no carro.

Meu pai pega apenas a minha mala com algumas roupas sujas e outras limpas, e a minha bolsa. Saímos do quarto e enquanto passávamos pelos corredores, eu acenava para alguns pacientes e enfermeiros. Eu já era familiarizada com todos eles, simplesmente por viver no hospital desde que descobri o que eu tinha.

— Sua mãe estava louca para vir buscá-la. - meu pai diz e eu rolo os olhos. — Não revire os olhos, Hope. Ela ama você.

— E eu a amo também. Mas isso não é saudável para ela, pai. - digo e abro a porta do carro, do lado do carona. — Qual foi a última vez que vocês saíram juntos? Qual foi a última vez que ela dormiu em casa e não deu um jeito de aparecer aqui? Qual foi a última vez que ela decidiu que voltaria a confeitar os bolos que tanto amava antes de eu ficar doente?

O homem abatido suspira e abaixa a cabeça.

Ele sabia que eu tinha razão.

Desde que o doutor McVey analisou o meu último exame, balançou sua cabeça e olho para a mim como se aquele fosse o meu último segundo de vida, eu soube que teria que prepará-los para o dia em que eu partisse. Ele não precisou dizer as palavras. Eu simplesmente sentia que o meu tempo estava acabando.

Mas o tempo deles não.

— Não é fácil para nós, minha filha. - a voz do meu pai sai arrastada enquanto ele fecha o porta malas e da a volta no carro.

Vejo-o entrando e batendo a porta, claramente frustrado. Eu também entro após retirar a mochila e colocá-la próxima ao banco, sentando-me e fechando a porta ao meu lado. Olho-o de canto e levo uma de minhas mãos até o seu rosto e o acaricio, sentindo as pontas de sua barba recém feitas picando minha pele.

— Vai ficar tudo bem, pai. - digo baixinho.

Ele assente e endireita-se no banco, pegando minha mão e beijando a palma dela.

Isso me quebra, mais um pouco.

Mas eu não posso desmoronar.

Abro um sorriso e ligo o rádio do seu carro, deixando o som do violino ecoar. Eu tinha certa paixão por esse tipo de música suave, desde quando era criança. Minha mãe me dizia que o meu irmão sempre gostou de dormir ouvindo histórias com dragões e heróis, e eu só me acalmava quando ouvia este som, que ouvi pela primeira vez quando a nossa vizinha tocava para treinar.

Um violino foi o meu primeiro presente dos sonhos. Eu fiz as aulas e me encantei por cada música que eu aprendi a tocar. Na noite que eu soube do meu câncer, apenas esse som me fez parar de chorar. Por muito tempo me privei de tocar, pensando não ser mais capaz de o fazer, mas ainda gosto de ouvir. Ainda gosto de me imaginar tocando nos maiores palcos do mundo e entrando em uma faculdade de música, talvez.

É bom permitir-se voar enquanto se sonha.

O único lado ruim é não conseguir se levantar após a queda.

Por todo o caminho eu fui com a minha cabeça recostada sobre o acento, olhando pela janela e sempre que o meu pai parava em algum sinal que estava fechado, eu observava as pessoas se divertindo em lanchonetes ou quiosques, outras apressadas para o trabalho e crianças correndo pelas faixas de pedestre com mochilas nas costas. Aquilo me fazia sorrir.

Eu sabia que todas aquelas pessoas, até mesmo as crianças, podiam lidar com problemas no dia a dia. Alguns, fáceis de solucionar, outros nem tanto. A morte pode ser a última luta na vida de um ser humano, mas durante toda a vida, quantas lutas não são ganhas? Acho que muitas. E eu, mesmos sendo jovem, sei como é importante viver e aproveitar, cada segundo, seja ele bom ou não. Espero que essas pessoas também saibam.

— Pai? - chamo o meu pai quando o vejo estacionar o seu carro na garagem de casa. Ele me olha e para o carro, franzindo o cenho. — Eu te amo.

Vejo-o engolir em seco.

— Eu também te amo, Hope. - ele diz e eu abro a porta do carro.

Coloco minha mochila no chão e ouço as rodas deslizarem sobre o curto caminho até a porta dos fundos de casa. Levanto-a para não amassar as flores do jardim e continuo seguindo. Passo pela porta e vejo o meu sobrinho no colo de Tristan, comendo alguma comida nojenta de bebê, como as que servem no hospital.

— Ei! - exclamo e meu irmão olha para mim. Ele se levanta, tendo cuidado com o seu filho em seus braços e anda até mim.

— Meu Deus, Hope! Como eu senti sua falta, irmãzinha. - ele diz e me abraça, tendo Dave do outro lado de seu corpo, para que não o esmaguemos.

— Você cresceu? - pergunto a ele, afastando-me um pouco, percebendo que precisei ficar na ponta dos pés para conseguir alcançar o seu pescoço.

— Você que parece estar diminuindo. - ele belisca a ponte do meu nariz.

Olho para o meu sobrinho em seus braços. No dia do seu nascimento, nós não pudemos ir vê-lo, pois eu tive uma crise que durou pouco mais de uma noite inteira. Meus pais pareciam que iam enlouquecer, e Tristan tentou manter-se calmo com a sua mulher tendo a criança e sua preocupação comigo.

— Ele está tão bonito. - digo e me aproximo, tocando em suas bochechas arredondadas e rosadas. — Ele tem quantos meses?

— Fará sete no próximo mês. - ele diz com um sorriso orgulhoso. — Quer pegá-lo?

— Oh, não... Eu... - afasto-me e coço a minha nuca. — Eu não sei como fazer isso.

Tristan abre a boca para pronunciar algo, mas nossa mãe, a vovó Annabeth aparecendo na cozinha.

— Minha menina! - vovó balbucia abrindo seus braços e eu me apresso a chegar até ela, sentindo seu abraço acolhedor. — Essa casa não é a mesma coisa sem você.

— Eu sinto falta de ouvi-la resmungar toda manhã. - digo e ela solta uma risada melodiosa.

— Você sabe como eu sou. - ela diz e eu assinto, afastando o meu rosto do vão do seu pescoço. Ela coloca as mãos em meu rosto, uma de cada lado. — Você está tão pálida e magra. Irei fazer aquele bolo de baunilha que você adora.

— Mãe, ela não pode... - mamãe tenta dizer, mas vovó a corta, olhando-a com repreensão.

— Ninguém irá me impedir de alimentar esse corpo pequeno. - ela diz e olha-me, estreitando os olhos. — Venha comigo, meu amor. Irei lhe engordar ao menos uns dois quilos.

Tristan solta uma risada e eu sinto-me sendo levada até o balcão da cozinha, me sentando sobre um dos bancos e ouvindo vovó falar sobre minha mãe, relembrando o quão magra ela era quando criança. Logo Nora juntou-se a nós, ela beijou os lábios de Tristan e começou a compartilhar as fantásticas descobertas de Dave sobre tudo.

Poucas horas ao lado da minha família me fizeram esquecer de todos os problemas que me rodeiam. Como prometido, vovó fez um almoço delicioso e eu precisei repetir duas vezes, mesmo tendo devorado boa parte do bolo que ela fez para o café da manhã. Eu queria ter ficado mais tempo do lado dela, mas a medicação que eu tomava após o almoço me deixava extremamente sonolenta, então eu subi para o meu quarto e tirei um longo cochilo, sendo acordada apenas por Mackenzie que fez questão de me acordar, puxando as cortinas do meu quarto e batendo palmas para que eu despertasse.

 — Me deixa dormir, Macke. - resmungo e cubro o meu rosto com o meu travesseiro.

— Não, Hope. Você dormiu por muito tempo. - ela começa a puxar o meu travesseiro. — Nós iremos sair essa noite.

— Não vamos não. - luto o máximo que consigo, mas ela consegue puxá-lo usando a força de uma leoa que ela tinha dentro dela.

— Sim, nós vamos. - ela joga meu travesseiro sobre a poltrona ao seu lado. — Eu ganhei dois ingressos para uma festa restrita.

— Mais um motivo para não irmos. - digo e faço uma careta ao me sentar na cama. Coço meus olhos e bocejo.

— Não irá rolar nada demais, Hope. Por favor, eu não quero ir sozinha.

— Chame aquele garoto... - tento me lembrar de seu nome. — O Chad.

— Não! - ela revira os olhos e balança a sua cabeleira ruiva. — Ele é passado.

Olho-a perplexa.

— Macke, você estava me falando sobre ele ontem. - digo e ela dá de ombros, como se aquilo não fosse nada demais.

— Ontem passou. Portanto, ele é passado. - ela diz e se senta na beira da cama, pulando até se aproximar de mim. — Vamos comigo. Você precisa se divertir.

— Posso me divertir aqui. Vendo filmes melodramáticos e...

— Não ouse terminar essa frase com algo que a auto deprecie. - ela fica séria. — Você não pode se enfurnar naquele hospital e não se permitir viver, Hope.

— Eu não sei como agir em uma festa, Mackenzie. Não sei nem como me vestir mais. - digo e afasto os fios de cabelo que caiam em meu rosto. — Não quero envergonhá-la. Não quero nem mesmo que as pessoas me olhem e sintam pena de mim.

— Pare já com isso. - ela me repreende. — Será uma festa tranquila. Vá comigo, por favor... - Mackenzie faz sua melhor expressão para que eu sinta pena.

Ela sabia que eu sempre me fragilizava quando suas sobrancelhas bem feitas se uniam, um leve biquinho se formava em seus lábios e ela unia suas mãos embaixo de eu queixo, olhando-me assim até o momento em que eu bufasse e cedesse. Sempre luto contra isso, mas nunca consigo lhe dizer ‘’não’’.

— Tudo bem. - digo, bufando e balançando minha cabeça ao ouvir seus gritos animados. — Você sabe que meus pais não irão permitir que eu saia de casa.

— Irei falar com eles. O mais importante agora é vesti-la. - ela diz e corre até o meu roupeiro, abrindo as portas e começando a analisar minhas roupas. — Você não tem nada que não pareça que esteja indo para uma igreja?

— Eu gosto das minhas roupas. - digo, fingindo-me de ofendida. Deixo minha cama macia e estico meus braços, antes, lembrando-me da minha cânula. E se eu não puder sair com o que tenho, eu não irei sair desse quarto.

Mackenzie resmunga algo que não compreendo e puxa dos cabides uma blusa de mangas longas cor de rosa e uma calça jeans, e mesmo vendo a carranca em seu rosto, não deixo de sorrir, porque ela odiava quando eu saia de casa vestida dessa maneira. Porque ao contrário dela, eu não gosto de roupas que chamem ainda mais atenção para mim e por mais que eu me produza como uma modelo, sempre terei algo além que chamará mais atenção das pessoas, e jamais receberei um olhar de apreciação, apenas de pena.

E eu não preciso disso.

— Vá tomar um banho. Irei descer e falar com seus pais.

Vejo a minha amiga jogar minhas roupas sobre minha cama e andar até a porta.

Suspiro e ando até o banheiro. Entro no cômodo frio e dispo-me, tirando a cânula do meu nariz, ela era menor e um pouco mais leve, eu a usava apenas quando ia dormir. Dispo-me e deixo minhas roupas sobre o canto da pia e ando até o box, puxando as portas e entrando. Ligo o chuveiro e sinto a água quente cair e molhar o meu corpo, causando-me uma deliciosa sensação de conforto.

Passo as mãos por meu cabelo, jogando-o para trás enquanto mantinha meus olhos fechados, sentindo as dores musculares que eu sentia durante minhas tentativas de sono de pouco mais que alguns minutos, esvaírem junto a água e o vapor. Eu gostava dessa sensação. Na verdade, eu amava tudo o que a água causava em minha pele, desde o alivio em um dia quente, ou a comodidade de um dia frio. Até mesmo a proteção de um dia em que entro e me encosto contra os azulejos, permitindo que o medo me consuma por inteiro.

Tomo o meu banho e lavo os fios do meu cabelo, demorando mais que o necessário. Quando saio, escovo meus dentes, enrolo-me em uma toalha e faço o mesmo com uma menor em meu cabelo, mantendo-a no alto da minha cabeça, e retorno ao quarto, encontrando Macke se maquiando no espelho da minha cômoda.

— Eles realmente deixaram?

— Seus pais confiam em mim, Hope. - ela diz com convencimento.

— Qual mentira você contou? Porque eles não permitiriam que e fosse a uma festa, ainda mais sendo de pessoas que nem mesmo eu conheço. - a questiono e vejo-a rolar os olhos.

— Relaxa, querida. Agora, vá se vestir. - ela diz e continua se maquiando.

Meneio minha cabeça e deixo a toalha que estava em meu cabelo cair. Caminho até o meu roupeiro e pego uma lingerie simples, vestindo-a e logo em seguida colocando a minha roupa. Seco o meu cabelo com o secador e pondero a ideia de prendê-lo, mas a Mackenzie não permite, ela segura o meu braço e entra em debate comigo, dizendo que preciso usar meu cabelo solto e até mesmo passar um pouco de maquiagem, mas dispenso a sua segunda ideia.

— Por favor, Hope, apenas um pouco de batom. - ela choraminga, andando atrás de mim com sua bolsa de maquiagem. — Pode até ser um pouco de brilho labial, mas por mim, não saia como se estivesse indo para o colégio.

— Não adianta, Macke. - digo enquanto passo os fios da cânula por dentro da minha blusa, vendo se eu conseguiria arrastar a mochila sem precisar lidar com o peso do cilindro em minhas costas.

— O que eu fiz para merecer isso? - ela resmunga, olhando para o teto.

Quando termino com a minha cânula, saímos juntas do quarto. Passamos pelo corredor e andamos até a escada. Mackenzie me ajuda com a minha mochila, e ao chegarmos ao andar de baixo, deparo-me com meus pais e meu irmão, sentados no sofá. Ao notarem nossa presença, minha mãe se levanta e anda até a beira da escada, onde estávamos.

— Você não está sentindo nada?

— Não, mãe. Estou bem.

Ela toca o meu rosto, com as mãos em ambos os lados, olhando-me com extrema cautela.

— Tem certeza que ficará bem saindo sem nós?

— Querida, é apenas uma ida ao cinema. Ela ficará bem. - meu pai diz e eu o olho confusa, logo arriscando olhar para a minha amiga que apenas dá de ombros e anda até a porta da frente.

— A quero em casa as onze e meia. E se sentir qualquer coisa, não pense duas vezes antes de me ligar. Ouviu bem? - minha mãe murmura e eu assinto.

— Ficarei bem, mamãe. - digo em concordância.

— Eu te amo. - ela diz e beija a minha testa, demorando mais que o normal.

— Eu também. - respondo-lhe e me afasto, esboçando um fraco sorriso. — Até mais tarde.

Vou até os sofás e beijo o rosto do meu pai que estava sentado na poltrona e faço o mesmo em meu irmão que estava no sofá ao lado. Aceno para eles e sigo até onde Mackenzie me esperava. Ela torna a me ajudar com a mochila e saímos de casa, indo até o seu carro que estava estacionado ao lado da calçada, atrás do carro do nosso vizinho do lado direito, o senhor Rover.

— Uma ida ao cinema, uh? - questiono-a.

— Era isso ou dizer que íamos a casa da minha avó.

— Sua avó está nas Bahamas, Macke.

— Viu só? Sou ótima com desculpas.

Ela abre a porta de seu carro e eu faço o mesmo, acomodando-me da melhor maneira, deixando minha mochila entre minhas pernas na parte do carpete do carro. Mackenzie liga o rádio, deixando em uma estação qualquer uma música desconhecida tocar. Encosto minha cabeça contra o acento macio e fecho meus olhos, respirando vagarosamente enquanto seguíamos para sabe-se lá onde.

Quando o carro parece estacionar, abro meus olhos e olho para o lado de fora da janela ao meu lado. Haviam vários carros estacionados na rua, tanto do lado esquerdo quanto no direito, que era onde tinha uma aglomeração de pessoas na porta. Franzo o cenho, tentando identificar do que se tratava aquele estabelecimento rodeado por pessoas, mas eu não saberia dizer, pois as luzes do letreiro não estavam todas piscando, apenas duas letras tinham cor e brilho que se destacasse no painel escuro de letras também escuras.

— Onde estamos? - pergunto a ela que apenas abre a porta do carro, do seu lado.

— Venha descobrir. - ela diz e puxa sua bolsa que estava jogada no banco de trás.

Abro a porta e saio primeiro, curvando-me em seguida para conseguir apanhar minha mochila sem acabar tropeçando ou me esquecendo que eu tinha que sempre levá-la comigo. Macke me espera na ponta da grama surpreendentemente tranquila sobre seus saltos e ajeitando sua bolsa em seu ombro direito.

Acompanho-a, olhando de canto para as pessoas que pareciam estar em uma fila no canto esquerdo do lugar e outras que passavam por entre dois seguranças que mantinham-se em frente a uma grande porta de metal. Olho para as pessoas, analisando-as. Nenhuma delas aparentava ter menos que vinte anos, tampouco que estavam a caminho de uma festa calma, pois todos vestiam roupas escuras, jaquetas de couro, botas e os que vestiam-se diferentes, mostravam seus corpos tatuados. As mulheres estavam bem vestidas e seus corpo bonitos eram bem desenhados pelas roupas justas que usavam.

Mackenzie passa na frente de algumas pessoas, abre sua bolsa e retira algo que aparentavam com dois cartões. Um dos seguranças os pegam de suas mãos e olha-os, depois olham para ela e por fim, para a garota adoentada que sentia-se perdida.

— Boa festa. - o mesmo segurança diz, afastando-se para o lado.

Minha amiga segura minha mão livre e me arrasta com ela. Passo ao lado dos seguranças e olho-os, não conseguindo ver seus olhos, pois eles estavam tampados por um par de óculos escuros, mesmo estando tarde da noite. Ao adentrarmos o local, olho para os lados e meu queixo cai quando encontro mesas por todos os lados, balcões e atrás deles atendentes e bebidas de todos os tipos. Um pouco mais ao lado havia mesas de jogos também, desde sinucas a outros tipos.

— Mackenzie, que lugar é esse? - aperto seus dedos, fazendo-a parar de andar.

— Uma festa de lutadores.

— Nós estamos em uma festa de lutadores?! - minha voz altera uma nota. — E só me diz isso agora?

— Se eu lhe dissesse antes, você sequer teria saído da cama.

— Eu não teria saído mesmo!

— Estou apenas querendo lhe ajudar a viver, Hope. Sou sua amiga e não irei vê-la perdendo seus dias deitada em uma cama. - ela diz em tom sério. — Não irei perdê-la para a sua melancolia.

— Macke, eu não sou como você... Como essas pessoas.

— Porque não? Só porque você anda com essa cânula no nariz? - ela solta uma risada e nega com a cabeça, voltando a olhar-me com extrema seriedade, uma que era algo raro. — Isso não a torna incomum, apenas diferente.

— Um diferente que não é bom.

— O diferente sempre é bom, para alguém.

Não digo mais nada, apenas solto uma grande lufada de ar e permito que ela continue me guiando pelo caminho que parecia conhecer. Passamos por entre algumas pessoas que nos olhavam com curiosidade. As rodas da minha mochila ficavam presas em alguns locais ou pequenos buracos ou imperfeições no assoalho velho, e isso me irritava, mas eu continuei andando até me sentar em um dos bancos em frente ao balcão.

— O que quer beber? - Macke pergunta.

— Um suco.

— Um suco de laranja e uma cerveja. - ela diz ao atendente do outro lado que assente e nos dá as costas.

— Isso é uma festa privada?

— Sim. - ela se senta no banco ao meu lado.

— E como conseguiu aqueles cartões?

Ela enruga seus lábios.

— Através de Matt Conner.

— Esse não é aquele lutador?

— Exatamente! Melhor amigo do gostoso Bieber, também.

Estremeço ao ouvir aquele sobrenome.

— Aqui estão as bebidas. - o atendente retorna, trazendo uma garrafa de cerveja e uma lata de suco.

Macke beberica sua cerveja e eu coloco um pouco de suco no copo de vidro, levando o liquido aos meus lábios. Fico algum tempo olhando para as pessoas, sentindo certo incomodo na forma que os olhares se dirigiam para mim, mesmo que não fossem todos que tirassem segundos para me olharem com curiosidade, mas os que faziam isso me faziam arrepender-me de ter aceitado sair de casa.

Não demora muito para que minha amiga comece a conversar animadamente com um homem ao seu lado. Ele se sentou e lhe ofereceu uma bebida. Sua aparência entregava que ele era um lutador e que não era americano pelo seu sotaque imponente, mas era visivelmente bonito e o seu tom de pele negra o tornava ainda mais bonito e charmoso, assim como suas diversas tatuagens que escapavam pela gola de sua camisa e pelas mangas erguidas até seus cotovelos.

Eu percebia que Mackenzie havia se interessado por ele, pois ela começou a rir de tudo o que ele dizia e vez ou outra suspirava, provavelmente enquanto analisava o pacote completo que ele era, assim como parecia estar encantada por seu sorriso completamente alinhado e irresistível. Era como se eu não estivesse ali e nenhum dos dois deram a mínima quando me levantei e desci do banco, endireitando a minha mochila.

— Irei dar uma volta. - digo ao lado de Mackenzie. — Foi bom conhecê-lo, Jesse.

O moreno acena e sorri para mim.

— Tem certeza que ficará bem sozinha? - a minha amiga pergunta.

— Eu tenho. - forço um sorriso e começo a andar, sabendo que ela merecia aproveitar sua noite.

Distancio-me do balcão e olho para os lados, tentando enxergar por cima das cabeças das pessoas que estavam pelo caminho e encontro a saída. Tento soar de maneira educada com aqueles homens tão grandes e mulheres que olhavam-me com desprezo e me desculpo com todos que acabo me esbarrando.

Respiro fundo quando consigo passar pela porta dos fundos, recebendo um olhar pouco amigável do segurança que me permite passar e franze o cenho quando vê minha dificuldade para conseguir erguer a minha mochila. Ando até a beira da calçada e paro, olhando para os lados, procurando, talvez, por um táxi ou qualquer outra coisa que pudesse me levar ao lugar de onde eu sequer devia ter saído.

Entendo a forma de Mackenzie pensar, mas por mais que ela tente me fazer sentir melhor, já aceitei o fato de ser diferente de outras pessoas ou garotas. Ir a festas, virar noitadas ou encontrar um namorado não é algo que eu possa fazer sabendo que meus dias estão contados.

— Eu estava esperando pelo momento em que a veria saindo daquele lugar. - uma voz grave me faz sobressaltar. Olho para o lado e encontro o lutador da noite passada.

— Desculpe-me?

— Estou te observando a algum tempo. Percebi que não estava muito confortável lá dentro. - ele diz tranquilamente e joga no chão um cigarro que eu nem havia visto que estava em sua mão antes. — Ficou entediada?

— Acho que a pergunta correta seria, o que eu vim fazer nesse lugar?

Ele solta uma risada melodiosa.

— Eu iria perguntar isso também. Então, foi alguma aposta com sua amiga?

— Eu fui intimada a vir.

— Deixe-me adivinhar, você não sabia que estava vindo para um lugar assim. Estou certo?

— Você é bom em adivinhações. - digo e abaixo minha cabeça.

— Foi crueldade da sua amiga trazê-la a este lugar.

— Você não costuma frequentar lugares assim?

— A todo tempo. E por isso eu digo que não é um bom lugar.

Ergo a minha cabeça, o suficiente para olhá-lo.

— Principalmente para uma garota a beira da morte?

— O que? - suas sobrancelhas unem-se em uma linha reta.

— Você está me olhando como os médicos do hospital me olham quando vão me dizer que não é bom fazer algumas coisas, pois eu não tenho fôlego o suficiente para isso ou porque meu corpo não irá agüentar.

— Eu não quis dizer nada disso. - sua voz sai baixa, com culpa.

Sinto-me uma idiota por isso.

Balanço a minha cabeça e esfrego minha testa com a mão livre.

— Desculpe-me por isso. Acho que estou um pouco cansada, mas isso não me dá motivos de perder a calma com você.

— Não há problemas em perder a cabeça de vez em quando. - ele diz complacente, permitindo que um sorriso de canto apareça e a sua expressão confusa deixe seu rosto. — Está com fome? Porque se estiver, podemos comer algo do outro lado da rua.

As batidas do meu coração aceleram e eu não entendo por qual razão, mas sabia que era por causa da fala de Justin.

— Eu não sei.

— Você não sabe se está com fome? - ele graceja.

— Eu... Eu não... Nós nem nos conhecemos. Porque está me chamando para sair?

— Certo... - ele desce da calçada e fica de frente para mim. Sua mão direita ergue-se no ar, ficando entre nós dois. — Sou Justin Bieber, é um prazer conhecê-la.

Sem saber onde ele queria chegar com isso, aperto sua mão.

— Sou Hope.

— Um belo nome. - ele diz e solta minha mão. — Então, Hope, quer ir até o outro lado da rua e comer um sanduíche comigo?

Olho para o outro lado da rua e avisto uma barraca de sanduíches. Reprimindo a risada que queria escapar por meus lábios, meneio minha cabeça e troco o peso do meu corpo para a outra perna.

— Tudo bem. - digo e ele sorri, verdadeiramente.

— Quer ajuda? - ele aponta para a minha mochila.

— Eu consigo. Obrigada.

Ele se afasta da beira da calçada, dando-me espaço para fazer o mesmo. Desço minha mochila primeiro e coloco meus pés no asfalto. Começo a arrastar minha mochila até o outro lado, mas acabo passando com ela por cima de uma grade de esgoto, sofrendo com as rodas enganchadas entre os quadrados estreitos.

— Droga... - resmungo e olho para Justin que, antes andava na minha frente, agora parando e refazendo o seu caminho. — Eu consigo tirar, é só...

Ele não atende meus murmúrios, apenas se abaixa ao lado de minha mochila e ergue-a, retirando com facilidade as rodas de onde ficaram presas. E me surpreendendo ainda mais, ele não a coloca no chão, ele apenas a leva até o outro lado, esperando-me acompanhá-lo.

Ao chegarmos em frente a pequena barraca de lanches, nos sentamos em uma das cadeiras em volta de uma pequena mesa redonda e somos atendidos. Permito que Justin escolha o lanche por nós dois, e ele me surpreende ao pedir um suco de laranja e um sanduíche natural, tanto para mim quanto para ele. Não tínhamos assunto, eu queria apenas enterrar minha cabeça em um fundo buraco ou correr para o lado oposto ao que ele estava.

Se fosse Mackenzie em meu lugar, ela já estaria perguntando até mesmo sobre a vida sexual de Justin.

— Eu podia ter pagado. – replico enquanto deixávamos a barraca depois de termos nos alimentado.

— Eu a convidei. - ele diz e vira-se de frente para mim, parando no meio da rua. — Quer uma carona para casa?

— Não acho que seja necessário.

— Irá esperar por sua amiga? – ele ergue as sobrancelhas grossas. — Não acho que ela sairá agora.

Eu não podia questionar, pois ele estava certo. Mackenzie parecia estar aproveitando sua noite.

— Eu aceito sua carona. - digo e ele assente.

— Meu carro está logo ali. - ele aponta para um pouco mais a frente do lugar que estávamos e andamos até lá.

Ele abre a porta do carro para mim. Adentrando o veiculo percebo que é tão luxuoso por dentro quanto por fora. Espero que ele entre no carro, ao entrar ele liga o GPS e aponta para ele, e imagino que é para que eu lhe mostre o lugar que deveríamos ir. Com isso, ele liga o carro e seguimos por todo o caminho, em um tortuoso silêncio.

Mas não leva mais que alguns minutos para o carro parar em frente a minha casa. Solto um suspiro cansado e abro a porta do carro. Saio do veiculo e coloco minha mochila para fora, já estando do outro lado, fecho a porta e curvo-me para olhar para Justin por entre o vidro aberto.

— Obrigada, Justin.

— Não por isso. - ele sorri e umedece os lábios. — Eu não sinto pena de você.

Isso me pega desprevenida.

— Obrigada por isso, também. - digo e olho para a minha casa, por cima dos ombros. — Preciso entrar.

— Até breve, Hope.


Notas Finais


Este é o último capítulo do ano, então não posso deixar de agradecer que, por mais que a história ainda esteja no começo, sei que tenho leitores aqui, que me acompanham e que esperam por atualização, e isso faz tudo valer a pena para mim. Espero que 2017 seja um ano ainda mais proveitoso para todos nós. Nunca deixem de acreditar em seus sonhos, pois eles irão se realizar se você acreditar. Muita luz!
Os encontro aqui em breve.

Playlist da Fanfic: https://open.spotify.com/user/baby_beer-/playlist/0G1KlQLqi8DuT4frbBYqby
Trailer da Fanfic: https://www.youtube.com/watch?v=HIuxX6RY5vU
Meu Wattpad: https://www.wattpad.com/user/noorasaetrex
Meu Twitter: https://twitter.com/noorasaetrzx
Meu Snap: ei-and
Meu Facebook: https://www.facebook.com/andressamarianeg


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...