História Carta ao destino - Carta

"Porque fui despertar essas lembranças? Porque fui mexer com essa saudade que pensava ter escondido dentro de mim? Pensava. Porem, agora sei que não. Não consegui esconde-la. Simples acontecimentos fizeram algo tao forte  despertar. Algo que nunca me esquecerei.

Todos dormem. Apenas eu estou acordada. Já e quase meia noite, e o sono não vem. E não vai vim enquanto eu não desbafar sobre o que estou sentindo. Preciso fazer algo. Queria dar um grito alto agora. Queria sair correndo sem rumo. Queria arrancar meus cabelos. Queria que já fosse dia, já que a noite não me ajuda em nada. A noite e sedutora, misteriosa, intrigante, desperta os sentidos, e isso tudo me lembra alguém. Queria que o relógio da sala parasse de fazer aquele TIC TAC irritante, ele ne lembra que o tempo passou, passa e vai continuar passando. Aqui estou eu. Nada disso que eu quero e possível, então, tenho que me contentar apenas com o papel. Que outro amigo eu teria para desabafar? Já que todos que eu gosto, acabam se afastando pela minha estupidez?

Sentada na cama, apenas com um caderno e uma lapiseira em cima das minhas pernas, a única luz que vejo e da lanterna do meu celular,  o único barulho que ouco alem do relógio e o da minha respiração. Ora leve, ora agitada... Essa sou eu! Imperfeita, carregada de defeitos, em uma crise de saudades. Não sou mais aquela menina apaixonada e suave que o mundo conheceu ha um tempo. Ha 4 anos, especificadamente...

Ela o amava... Disso eu tinha certeza! Era amor. Ela ficava vermelha quando o via. Não sabia o que falar quando diziam seu nome. Ela teve medo de se declarar. Ela não viu o tempo passar. Ela não viu as coisas mudarem...

Agora desconheço aquela menina sonhadora. Resta apenas uma mulher marcada por arrependimentos. 

Eu sou humana, quero que entenda. Errei buscando acertar. Eu não queria que fosse assim, mas foi. Eu estou conseguindo seguir. Eu juro. Eu não fico mais triste jogada pelos cantos. Eu não vejo fotos ouvindo música e chorando com tanta freqüência, eu não escrevo mais o nome dele no box suado do banheiro na hora do banho, eu não ligo mais pra ele, espero ele falar alô e desligo, só para ouvir sua voz. Eu estou fazendo minha parte, acredite! Porém, eu não sou de ferro. Eu tive um sonho com ele, eu li uma historia que me lembrou ele, eu conversei com ele inesperadamente. Eu estava conseguindo conseguindo me controlar.

Ele se ascendeu dentro de mim novamente. Não que tivesse se apagado um dia. Digamos que estava adormecido apenas,  não morto... Então, como um relâmpago numa noite escura, ele reascendeu, e trouxe consigo uma chuva de lembranças, e agora estou aqui, encharcada delas. O relógio diz que já é meia noite. Mais um dia se inicia. Mais um se vai. Sem ele. A chuva leve que caia lá fora, cessou. Posso ouvir os grilos cantarem, me lembrando que só eu estou acordada.

Tudo que eu mais queria era ele aqui agora comigo. Nem que fosse só pra ouvir sua respiração, o observar, sussurar em seu ouvido "eu te amo", mergulhar em seus olhos negros, sair dessa dimensão, me perder, e me encontrar. Eu ainda o amo. Nunca deixei de ama-lo. Daria tudo para voltar no tempo, e fazer tudo diferente. A unica coisa que me resta sao lembranças, saudades, vagas, profundas, leves, intensas. E e uma luta todo dia para não deixá-las se transformarem em dor.

Só quero que o sol nasça logo, e com ele, eu renasça. Que renasça aquela mulher decidida, apaixonada por livros, com os sonhos claros e o sorriso sincero...

Subitamente chega uma companhia inesperada. O sono. E ele me lembra uma coisa. Estou aliviada. Escrever isso tudo foi bom. Não derramei sequer uma lagrima. Não sei se isso e auto controle ou se elas já não existem. Só sei que tirei um peso das minhas costas. O bom do "nada e para sempre" e que nele também está incluída a dor.

Talvez eu queime essa carta, talvez eu a guarde, talvez nem a termine. Talvez, talvez e talvez. E não concerteza. Ainda tenho dúvidas.

Desculpe-me. Desculpe- me , destino. Eu deixei passar as oportunidades que você me deu. Você fez de tudo para nos juntar, mas eu deixei ele ir. Eu estava bem, estava conseguindo, mais desmoronei...

Eu vou ficar bem, prometo. Isso vai passar. Eu vou voltar ao normal. Já sei o que fazer. Vou aceitar essa saudade. Queria parar de senti-la,  só que assim esqueceria dos melhores momentos da minha vida. A saudade vai me aproximar dele, entenda. Saudade e um sentimento bom, se sabermos senti-la.  Não vou deixar mais ela me castigar. Vou fazer dela o que melhor ela pode ser. Não se preocupe comigo. Vou ficar bem. Talvez eu caia, talvez eu me decepcione de novo. Mais isso faz parte de quem eu sou. Vou seguir, eu, a saudade as lembranças. Já que não posso vence-la, me junto a ela. Desculpe-me destino, sei que você não eperava que eu fosse agir assim. Mas aquela menina cresceu. Aquela menina agora sabe muito bem decidir sua vida."

Carta ao destino. Isso parece loucura. Isso e uma loucura. Não iria fazer isso, não faz sentido isso. Só que senti que deveria fazer. Minha consciência mandou eu obedecer meu sonho. Ela me pedia para escrever essas palavras e entregar ao destino. Acordei assustada, ainda com duvidas. Mais me lembrei daquela menina. Ela me olhava com olhos fundos e tristes, ela era misteriosa, incompreensível. Senti pena dela, senti que deveria fazer isso por ela. Entao comecei escrever, e me emocionei com cada palavra que ela disse. Tambem sou incompreendida, de alguma forma sou naquela garota. Também tenho que ir dormir. O sono também veio me fazer companhia...