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História Cartas e Reis - O dia em que meu cavaleiro se jogou de um prédio


Escrita por: TheBystander

Capítulo 2 - O dia em que meu cavaleiro se jogou de um prédio


Fanfic / Fanfiction Cartas e Reis - O dia em que meu cavaleiro se jogou de um prédio

Em algum lugar no centro de Tokyo, dentro de um bar de estilo rústico estava a sede do Rei Vermelho, o terceiro rei. Nunca tinha ouvido falar muito de reis em si, apenas sabia que destruíam propriedade publica sem sofrer consequências, também existiam sua “espadas” estruturas enormes que flutuavam no ar de Tokyo dependendo do humor de seu dono.

Reis tinham seus clãs para governar e pelo o que eu conhecia, eram sete clãs existentes. Todos andando livremente pela cidade, alguns eram guardas como o Rei Azul e outros eram pequenas gangues como o Rei Vermelho.

Mas você se pergunta o por que disso ser relevante para história, certo?

Bom, um desses reis se torna muito importante em minha aventura, esse rei sendo o próprio Rei Vermelho, agora entenda que antes eu não sabia nem seu nome, pouco me importava com sua existência, apenas o conhecia de noticiários que o fazia parecer o líder de uma gangue com poderes mágicos e como não me enturmava com lideres de gangues – como Ino – não sabia muito sobre o famoso Rei Vermelho.

Mas enfim, há alguns metros do bar rústico que comentei antes, em um beco deserto sem saída e rodeado de paredes marcadas por grafite, uma vã estava estacionada entre duas latas de lixo. Essa vã em si não tinha nada suspeito em si, na verdade ela tinha um design interessante, uma lataria verde e amassada, um farol esquerdo quebrado e no lado direito da vã um grafite era exposto, esse grafite consistia na imagem de um tigre vomitando uma longa linha de arco-iris, sorrindo para um golfinho com asas no fundo de um cenário psicodélico, de certa forma a vã era mais perturbadora do que suspeita.

O que pode ser considerado ruim para algumas pessoas.

Inclinado no volante estava Neji Hyuuga, o rei vermelho, ele era um homem de cabelos longos e castanhos e um par de olhos cinzas, com um vicio por nicotina e uma boneca humana como irmã mais nova.

Soprando fumaça pela boca em um suspiro, Neji meteu a cabeça no volante batendo a testa contra o couro repetidamente jogando a cabeça para trás e deixando que a mesma caísse para frente, a gravidade fazia o resto do trabalho empurrando seu rosto direto no volante, mas ele parecia não sentir os efeitos das batidas, como se a fumaça do cigarro tivesse afogado algum ponto especifico de seu cérebro que era responsável pelos seus sentidos.

O rei jogou a cabeça para trás, pronto para mais um batida que provavelmente lhe causaria futuras sequelas quando uns toques na janela do motorista o fez paralisar na posição em que estava e olhar em direção da janela.

Tenten, segunda em comando do clã Vermelho e uma beldade morena de personalidade explosiva e independente que se encontrava do lado de fora em uma pose irritada, as batidas leves na janela começaram a ficar mais agressivas com o tempo, um conselho silencioso para que Neji abrisse a janela ou se preparasse para comprar uma nova quando Tenten quebrasse a atual.

O rei decidiu não comprar um vidro novo e abriu a porta saindo para receber a mulher impaciente de braços cruzados.

- O que eu fiz agora?

Tenten abriu a boca para dar uma resposta longa e irritada cheia de detalhes sobre algo com que Neji pouco se importava e honestamente, eu também, tanto que quando Tenten me relatou os fatos eu pedi da forma mais educada que conseguia que não dava a mínima para a burocracia existente no clã vermelho, por que aparentemente tal existia, ela ficou sem falar comigo por dois meses.

Burocracia era muito importante para Tenten.

- Neji... - Uma voz branda e calma interrompeu uma conversa que duraria duas longas horas. Os lideres olharam na direção da voz, no telhado da van Hinata Hyuuga, a boneca humana que mencionei antes, sentava em frente um enorme mapa.

Agora, veja, Hinata tinha o que chamamos de “estilo próprio”.

Não, quando a chamei de boneca humana não quis dizer literalmente uma boneca, como as de plástico, mas quando conheci Hinata isso foi a primeira coisa que eu pensei, ela tinha uma pele pálida e perfeita, aquele tipo de pele que sofria demais com o Sol, seus cabelos eram longos como do irmão, mas de um tom azulado, um estranho variante de preto e seus olhos eram cinzentos, quase prateados, como o de uma pessoa cega ou de um idoso que perdera melanina nos olhos depois de muitos anos.

Agora o motivo de eu chama-la de boneca era suas roupas, Hinata, como seu irmão, tinha suas próprias paixões, Neji tinha nicotina e comportamento auto destrutivo e Hinata tinha vestidos do século dezenove e joias vitorianas.

Eles eram um par muito estranho de irmãos.

Neji subiu no telhado, apoiando o pé na janela aberta da van e impulsionando o corpo para cima com os braços e sentando de joelhos do lado da irmã, Tenten fez o mesmo até recebendo uma mão cavaleira de Neji para lhe ajuda-la a subir, mão essa que ela teve o prazer de dar um doloroso tapa e subir sozinha na van, sentando de pernas cruzadas em frente do par de irmãos.

- Olá Tenten-san. - Cumprimentou Hinata com um sorriso amigável.

- Oi Hina-chan! Como está? - Tenten perguntou educada, sorrindo genuinamente feliz para a jovem.

O rei encarou seu braço direito com uma sobrancelha arqueada em uma acusação em relação a seu comportamento, ela ignorou o rei, algo que em tempos antigos, provavelmente custaria sua vida, mas que hoje em dia, apenas deixava um rei de mau humor. O sorriso de Hinata alargou, ocupando metade de seu rosto pálido e ela assentiu com entusiasmo. Hinata gostava de Tenten e a considerava, tristemente, mais sua irmã do que Neji, seu irmão de sangue.

- Estou bem! Obrigada!

Neji bufou.

- Claro, claro, as duas estão ótimas, eba! Maravilha, podemos continuar agora? - Ele falou grosseiramente entre bufadas irritadas. Tenten revirou os olhos e Hinata riu, alisando o mapa sobre o telhado.

A boneca humana respirou fundo e tirou das mangas largas cheias de babados três pequenas bolas de vidro que poderiam ser confundidas com bolinhas de gude pintadas inteiramente de um forte vermelho.

Como pérolas de sangue.

Ela levou as pérolas aos lábios segurando-as delicadamente nas palmas e beijando-as levemente. Neji assistia tudo em um expressão neutra sem qualquer sinais de emoção enquanto Tenten mordiscava as unhas, ela nunca conseguiria se acostumar com o estranho dom de Hinata e com a energia que emanava de seu pequeno corpo toda vez que o usava.

- Neji, poderia me mostrar aquele vídeo novamente? - Hinata pediu em uma voz baixa, mudando o tom de voz para um sussurro. Os olhos estava caídos e cansados, ela tinha as feições sonolentas, apenas observa-la fazia Tenten sentir sua mente perder o foco e seu corpo ficar dormente.

Ela quis dormir.

Hinata rodou as bolas de vidro entre os dedos enquanto Neji procurava pelo vídeo no celular. Era doloroso ter aquilo salvo, como uma lembrança constante de algo que ele nunca poderia mudar, afinal não importa o quão realista um homem possa ser, morte é algo que nem alguém como Neji conseguisse enfrentar sem passar por algum tipo de dor.

Para alguns dor leva a depressão.

Para Neji, dor levou a raiva.

O rei colocou o vídeo para tocar e deixou o celular em frente a irmã que assistiu com olhos inexpressivos e mãos movendo as pérolas entre os dedos calmamente.

Tenten tremia e Neji se segurava para não fazer o mesmo.

- Uh, olá?- Tenten soluçou cobrindo a boca e fechando os olhos com força enquanto Neji apertava as mãos em punhos, as unhas lhe cortava a palma. O rei parecia desmoronar, sua segundo em comando não parecia melhor.

- Oi... Como vai? Bela noite não? Ah, você veio ver os fogos de artifício? Eu vim filma-los já que a visão é tão clara no topo dos prédios, é muito lindo... Me chamo Rock Lee.

Ele sempre teve uma voz tão fina, como se nunca tivesse saído da puberdade, Neji costumava implicar com isso, perguntando repetidas vezes em quando ele iria finalmente criar bolas e virar homem.

- Enfim, como se chama?

O tiro ecoou pelos pequenos alto falantes do celular, fazendo ambos Neji e Tenten saltarem no lugar com o susto. Neji tinham os olhos nublados enquanto Tenten desistira de tentar esconder qualquer sinal de indiferença, deixando suas lágrimas escorrerem livremente enquanto seu rei continuava a se segurar inutilmente.

- Eu, meu companheiro, sou o sétimo rei, o Rei sem cor. Estava aqui esperando alguém...

- Vadia desgraçada... - Neji murmurou entre dentes, sangue escorria por entre os dedos, as unhas cravadas na carne abriam profundos cortes que precisariam de sérios pontos.

- Uma bela noite, você disse? Sim, realmente, uma ótima noite.

Mais um tiro ecoou pelos pequenos alto falantes, não assustando-os como antes mais ainda causando certo impacto emocional. Hinata deixou o celular próximo do colo do irmão que ainda parecia ouvir a voz do sétimo rei, ecoando em sua mente como um fantasma suspirando maldições ao pé do ouvido.

Respirou fundo, parou de mover as pérolas, deixando cada uma entre os dedos, jogando as pérolas sobre o mapa logo depois. Todas moveram sobre o papel calmamente em um linha reta para então darem uma volta grosseira, como se uma corrente de vento repentina tivesse mudado sua rota, mas não havia vento naquele dia, nem mesmo uma brisa.

Não, aquelas pérolas não moviam com o vento.

As três giraram em círculos particulares, cada um em uma direção diferente formando um pequeno vortex sobre o mapa, diminuindo há cada volta completa feita pelas pérolas até pararem em um ponto especifico do mapa onde todas as pérolas jogadas se tocavam.

- Konoha... - Hinata anunciou apontando para as pérolas que cobriam o desenho da ilha que flutuava a poucos quilômetros de Tokyo.

O rei vermelho sorriu um sorriso que se estendeu por todo o rosto seu rosto, lhe distorcendo o rosto de uma maneira que Tenten achou, no mínimo, perturbador. Não diminuindo seu sorriso, Neji riu baixinho até os risinhos se tornarem gargalhadas, ele agarrou os cabelos encarando o céu com olhos tão loucos quanto os da sombra que aparecia nos vídeos.

- Irmão...

- Neji....

Sem responder as jovens, ele espalmou ambas as mãos sobre os joelhos, encarando as pérolas com os mesmo olhos loucos com que encarava o céu, e com dentes trincados e olhos cheios de lágrimas que ele não se importava mais em esconder, o rei disse:
- Te achei, vadia...

Para alguns dor leva a depressão.

Para Neji, dor levou a loucura.

 

 

Ino foi quem me tirou daquele telhado, não por que eu me recusei ou por que pessoas se recusavam a me deixar sair, exigindo respostas de forma grosseira há pessoas inocentes e confusas como as pessoas faziam nos filmes de ação e suspense, não.

Não foi isso que aconteceu.

Não, Ino teve que me puxar para longe do telhado pelo simples fato de que meu corpo estar tão absorvido em choque que não conseguia me mover. Ino me conduziu pelos corredores segurando meus ombros com delicadeza, mandando olhares ameaçadores para quem quer nos olhasse de forma errada. O gato seguia logo atrás com orelhas caídas, encarando o chão as vezes sendo deixado para trás por conta das pernas curtas que não conseguiam manter o ritmo, mas ele não se atreveu a miar por colo, parecia conseguir sentir o clima tenso a nossa volta.

Ino me deixou sozinha em meu apartamento depois de eu muito insistir que ficaria bem, a loira realmente não gostava da ideia de me deixar afogar em minha própria miséria, mas era o que eu sentia vontade de fazer no momento e de preferência com ninguém além de meu amigo felino.

E fora o que eu fiz, pela primeira vez o gato pareceu compreender minhas necessidades e permaneceu quieto enquanto eu o abraçava contra meu peito, chorando até que meus olhos inchassem e eu não conseguisse ver um palmo a minha frente, dormi com o nariz entupido e com o gato deitado sobre meus olhos ele parecia prever que naquele dia em particular eu não sentia motivação para acordar junto do Sol, como fazia desde que cheguei naquela escola, dando sentido a falta de cortinas em minhas janelas.

Uma decisão estúpida, nunca achei que meu espírito do campo me deixaria na mão, acordar junto do Sol sempre fora tão fácil, mas naquele dia, tudo parecia extremamente difícil.

Eu... matei alguém.

Mas, aquela não era eu, certo?

Eu lembraria se tivesse...

Toda vez que começava a pensar demais no assunto meu cérebro parecia querer explodir e escorrer pelas orelhas formando uma poça no chão. Tive um sono conturbado cheio de pesadelos envolvendo sombras, armas e fogos de artifício, o que era uma mistura bem estranha, mas que conseguiu me aterrorizar o suficiente para que eu nunca mais quisesse fechar os olhos até que o Sol aparecesse, mas isso eventualmente aconteceu, não sei certamente quando, mas consegui me envolver em uma noite sem sonhos, o gato fez um bom trabalho em bloquear o Sol e quando eu acordei já havia passado mais da metade do dia paralisada na cama. A outra metade eu passei encarando o telhado e afagando meu gato quando eu chegava perto, pois eu não queria me mover, nem que fosse para chorar contra os pelos arrepiados do meu gato de rua cheio de atitude.

Aquela foi minha rotina durante três dias, encarando o telhado de meu apartamento e sendo assombrada pelos loucos olhos verdes, tão parecidos com o meu, e pelo som falhado de um tiro que explodia a cada cinco segundos, igual a um tiroteio dentro do meu cérebro.

Ino vinha em certas horas dos dias para bater em minha porta e colocar um prato de comida do lado de fora, comida que ela sempre achava no dia seguinte. Eu não queria comer, eu não queria fazer nada, só queria ficar nadando, não, me afogando em meu limbo pessoal.

O gato manteve fiel e foi meu companheiro naqueles longos três dias, em meus curtos períodos de sanidade eu consegui perceber que com o tempo ele parecia se deteriorar junto comigo, seu corpo ficava mais esquelético, olhos mais fundos e grandes tufos de pelo se espalhavam pelo apartamento.

Acho que acabei passei ansiedade crônica para meu gato.

 

 

Enquanto um rei planejava minha morte junto com seus subordinados em um canto de Tokyo e eu sofria de paranoia no meu apartamento junto de meu gato esquelético, meu cavaleiro andava sozinho pelas calçadas do centro da cidade, se embrenhando entre pessoas comuns como uma sombra, o que não era o mais estranho, o mais estranho era que ninguém parecia notar aquele homem enorme em roupas pretas, não, isso também não era lá muito estranho, pessoas hoje em dia são tão narcisistas que geralmente não notam o mundo ao seu redor, mas era de se esperar que notariam um homem daquele tamanho roubando flores, derrubando bonés de crianças e levantando saias de forma descarada.

Mas não, ele era apenas visto como uma brisa forte e repentina.

Meu nobre cavaleiro... era um idiota.

Vagando em passos leves e silenciosos em meu da multidão, ele foi em direção uma pequena banca de jornal onde um senhor, provavelmente o dono da banca, varria a entrada calmamente. Meu cavaleiro deu voltas ao redor do senhor que continuou a varrer sem notar sua presença, o cavaleiro riu zombeteiro e deu um tapa na aba do grande chapéu de palha que o senhor usava, assustando-o ao ponto dele derrubar a vassoura repentinamente.

Riu com força enquanto observava o velho senhor sofrer correndo atrás de seu chapéu que tinha sido levado com o vento.

- Ah... humanos são tão burros. - Murmurou enquanto pegava algumas revistas em exposição, quando tinha uma porção considerável colocou todas embaixo do braço, saindo sem pagar, como sempre fazia, e continuou a caminhar indo em direção a um prédio qualquer e entrando em um que parecia ser um prédio privado com uma segurança um tanto exagerada. Acionou alguns alarmes e subiu as escadas de emergência esbarrando em guardas confusos e chegando no telhado onde ele sentou na beirada e espalhou as revistas. É preciso dizer, que aquelas revistas eram todas de diferente editoras, mas que de alguma forma falavam sobre o mesmo assunto.

Minhas artimanhas tinham dado bastante material para jornalistas.

Ele leu cada um dos artigos atentamente, uma ruga entre as sobrancelhas e um dedo entre os dentes, roendo as unhas.

- Meu rei... o que tem feito? O que pretende com isso? - Murmurou, encarando uma das revistas em que uma foto tomava conta da metade de um página, na tal foto minha sombra olhava ameaçadoramente para quem quer que lesse aquela matéria com grandes olhos loucos.

O cavaleiro então pegou uma das revistas que tinha uma foto panorâmica da famosa Konoha, o instituto que se estendia em uma ilha inteira. Seus dedos pálidos fecharam em torno da revista, amassando as paginas, sua raiva não fazia muito sentido para mim naquele momento, mas eu nunca fui do tipo leal, não como ele, o tipo de lealdade que meu cavaleiro sentia ia muito além das barreiras sociais que separavam um rei de seus inferiores.

Ele apertou as faixas que lhe enrolavas ambas as mãos e ante braço, puxando-as com os dentes enquanto lia a matéria sobre a escola que flutuava longe de Tokyo, com os olhos nas páginas e a ponta da faixa na boca ele foi em direção a beirada do telhado, se equilibrando com um das pernas estendida no ar, como que querendo andar sobre o ar, mas como todo ser humano vivente do planeta Terra, ele sofreu os efeitos da gravidade em seu corpo e despencou prédio abaixo.

Não, eu não entendia sua cega lealdade.

Mas eu iria descobrir.

Sim, eu iria descobrir mais cedo do que imaginava.

 


Notas Finais


sim, eu to enrolando o encontro do rei e seu cavaleiro.
eles provavelmente vão se encontrar no próximo capitulo, dependendo do quão alegre eu me sinta quando escrever.
comentem se quiserem e favoritem também, se quiserem.
não revisado.
tchau


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