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História Cartas nas Sombras - Mundo Cruel


Escrita por: FresadelaLuna

Notas do Autor


Depois de quase um mês sem publicar a fic aqui, decidi dar um toque do novo Coringa para vocês, Puddins <3

Capítulo 11 - Mundo Cruel


Fanfic / Fanfiction Cartas nas Sombras - Mundo Cruel

"Eu estou me sentindo do jeito que me sinto

Fodam-se os outros

Tenho que me lembrar que ninguém é melhor do que ninguém, aqui

Você precisa de algum tempo para pensar sobre isso?

Olhe o que eles fizeram com você

Olhe o que eles fizeram comigo

Você deve estar brincando, se acha que qualquer um é livre, aqui

Levante-se de seus joelhos garota

Fique cara a cara com o teu Deus

E descubra o que você é!"

 

 

A mídia enlouqueceu quando o Coringa decidiu dar as caras. Insano eram o que diziam. Brutalidade era o que mostravam, mas nunca disseram o porquê.

Eu sabia o porquê.

Mesmo que metade da cidade de Gotham City sendo evacuada, ainda sobrou pessoas. Pessoas essas que tinham esperanças de que a Cidade das Trevas se tornasse o lar de todos que partiram novamente, de que tudo se resolvesse e os vilões acabassem atrás das grades, ou melhor! No Asylum Arkham!

Uma dessas pessoas era o Senador Bill Kane, um antigo seguidor de Harvey Dent antes de se transformar no Duas-Caras. Ele acreditava que Gotham City tinha volta, então decidiu ficar, e com isso, uma parcela também se estabeleceu na cidade, muitos deles, ativistas reacionários que não faziam parte dos seus adoradores, mas como boa parte sabe, só queriam ver o circo pegar fogo.

Eles pensaram que de algum modo, nada demais aconteceria dali para frente, que o resto eles poderiam fazer melhor.

Estavam errados.

Numa manhã de sábado a transmissão de TV tornou-se alvo de um espécime de programa teatral macabro, criado pelo próprio Sr. C.

Frente a câmera que filmava com o filtro de cinemas dos anos 60, podia-se ver a filha de Bill Kane, Wila Kane, aos prantos, amarrada numa cadeira, enquanto seus cabelos eram raspados pelos próprio Palhaço do Crime.

Os cabelos caíam em chumaços arruivadas e desapareciam da imagem, provavelmente caindo no chão. Ele ria ao som de Luciano Pavarotti, Figaro. Vez ou outra ele saltitava e batia os calcanhares no ar, balançando a tesoura e cortando as mechas que sobravam, enquanto os choros eram apagados. A música tocava e ele mostrava a língua, gesticulando com os dentes, tentando mostrar todo o seu furor pelo prazer de estar fazendo aquilo.

- Pronto a far tutto, la notte e il giorno sempre d'intorno in giro sta. Miglior cuccagna per un barbiere, vita piu nobile, no, non si da. La la la la la la la la la la la la la! - cantava, a voz rouca, vez ou outra enfiando os dedos na boca de Wila  e puxando seus lábios para cima, tentando criar um sorriso entre os choro.

De repente a música para e o choro volta a ser ouvido como uma sinfonia mal feita. Ele ergue o queixo de Wila e lambe parte da sua bochecha, olhando-a com desprezo.

- Ah, bravo Figaro! Bravo, bravíssimo! - ria descaradamente - Olha o que temos aqui Senador, não é uma graça? - perguntou, chacoalhando o rosto da garota de apenas quinze anos - Vamos, benzinho, diga a ele o que ensaiamos.

Ela fungou e soluçou por alguns minutos até ter forças o bastante para conseguir falar. Suspirando, seu rosto inchado se ergueu para a câmera, reluzindo as sardas que enrrugavam sua pele. Quando o Coringa saiu de cena, ela olhou com o par de olhos arregalados e voltou-se novamente para a câmera.

- P-pai… - negou para si mesmo - Senador Bill Kane… Você foi julgado por ser caridoso demais e não deixar com que o caos fosse empoderado… - fungou, soluçando, olhando vez ou outra para além da câmera, assustada - Como punição, o Coringa…

Ouviu-se um pigarrear surgir ao fundo.

- Quero dizer… O Juiz Coringa o sentenciou à morte, a-as-assim como a sua família. - soluçou e chorou descontroladamente - Não, por favor…

Seus olhos se arregalaram de novo.

- Ou… O-o-ou você pode se livrar de tudo isso se-se---se… - ela suspirou alto, soltando o ar sufocado pela boca - Se transar com uma cabra numa transmissão ao vivo, em até quatro horas, sem truques, ele está vigian… Espera! O que você está fazendo? - gritou, tentando se soltar da cadeira -  Não! - berrou, assim que o Coringa surgiu novamente, segurando um alicate de pontas recém afiadas - Não, por favor, não!

- Acalme-se, docinho, é só um presentinho para o seu pai!

Agachando-se, o Sr. C ainda assim viu-a se debater. O grito estridente reverberou por todos os auto-falantes num impulso alto e então, com os dedos manchados de sangue, o Palhaço mostrou na tela um dedo pequeno e magro cortado, pondo-o numa caixa negra com diversos artefatos de tortura.

- Esse, querido Bill. É para você!

A transmissão saiu do ar imediatamente, deixando apenas o fatídico marco de linhas coloridas verticalmente.

Esse vídeo, pelo que soube, nunca saiu de Gotham, talvez ele não quisesse que saísse. O Cavaleiro das Trevas desapareceu e o Caos se estabeleceu, talvez ele só precisava fazer com que fosse visto pelo Morcego, para tornar a situação mais interessante, para ver se ele faria algo a respeito. Mas duvido muito. O Batman ter se acovardado só pode ser sinal de desgraça, pelo menos era isso o que eu achava, e claro que adoraria que continuasse assim, ele é um merda. Porém, agora, com a filha única do Bill Kane sendo sequestrada e aterrorizada pelo meu chefe, duvido que as coisas continuariam “quietas” do jeito que estão.

Demorou poucas horas para que se decidissem, pequenas e minúsculas horas que fizeram minha nuca coçar de ansiedade. Não que eu gostasse de ver algum patife engravatado comendo animais, mas porque era algo que ele tinha planejado, e obviamente seria engraçado, ou não, pouco me importava. Estava feito, não estava? Eu nem pensaria em impedi-lo, não sou louco, muitos menos os outros caras malvados que cercam Gotham City. Todos devem estar na frente da televisão, cobertos por porcarias e prostitutas, ansiosos pela transmissão ao vivo de um bostinha pegando uma cabra.

Os capangas pareciam agitados, medrosos. Normalmente eles não tinham medo do chefe, não nesse nível de gaguejar na frente dele e tremer até os ossos. Eles tinham aquele medo contido que só podia ser visto quando se olhava no fundo dos olhos deles, fora isso, não tinha como desconfiar. Havia brincadeiras e chacotas, apostas toscas e desaparecimentos de cartas de baralhos explosivas colocadas nos bolsos das calças de alguns caras insignificantes que ficavam dias sem poder se sentar. Mas agora nem isso existia, era um silêncio sepulcral misturado com pânico. A única coisa que se podia ouvir nesse maldito túnel era a risada gritante do chefe dentro daquele quarto, murmurando e conversando com alguém que todo mundo sabia que não existia. Louco nós sabíamos que ele era, mas alucinado, não.

Era incrível o que uma mulher podia fazer com um homem, pelo menos esse era o meu palpite. Um palpite errado. Ele não estava assim por causa da antiga parceira de crime dele, ele estava assim pelo Batman. Ele estava com abstinência de Batman, o que era uma coisa nojenta de se presenciar.

Além do mais… Olha só! A transmissão começou!

A televisão chiou por um tempo, mesmo a tela estando impecavelmente limpa. Era uma sala usada em estúdios de gravação. Ao menos a cabra parecia bem real. Ela estava presa por uma corda num ferro que descia do teto. Os pés não saiam do lugar. Com certeza entupiram ela de feromônios para dilatação e fizeram com que ele tomasse pílulas gigantescas de viagra.

Uma comédia!

Podia-se ouvir as gargalhadas vindas do quarto. Ele estava lá, assistindo na televisão que ele mesmo instalou. Aquele lugar era sagrado, segundo ele, ninguém entrava, ninguém sabia o que tinha lá.

O chiado parou e com isso, um burburinho de conversa se alastrou até certo ponto, quando por fim, suado, o rosto constipado de Bill Kane surgiu, ainda usando o terno de linho escuro que ele sempre usava, juntamente com os sapatos perfeitamente lustrado. Um palerma.

Tossindo, o vi puxar a gola, arrancando a gravata vermelha e indo até o centro da sala de filmagem, parando atrás da cabra. Com certeza sua equipe de produção estava fazendo tudo o que podia, mas olhando mais a fundo, dava para ver os capangas do Coringa nas lentes dos óculos de Bill. A testa dele suava e os cabelos grisalhos estavam empapados, mas a careca calva no topo do crânio parecia um espelho brilhoso. Patético.

Quase pude ver uma lágrima escorrendo na bochecha flácida e velha daquele homem. Sorri pelo canto da boca.

Qual é! Era insano, mas mesmo assim, engraçado.

Ele transou com a cabra em rede nacional, mesmo com cara de nojo. O futuro dos defensores de Gotham estava praticando zoofilia para que todos vissem e isso era doentio. Ele chorava e suava e tentava tocar ao mínimo a cabra, que parecia não se importar. Dava para ver, no teto, umas imagens pornôs de garotas peitudas, mas nada que o fizesse sentir mais prazer naquilo.

"Pobre Bill Kane, estava acabado, isso era certo!", pensei comigo mesmo.

Eu não aguentei ver o resto, principalmente quando a cabra começava a senti-lo e gritava, tentando dar coices para fugir. Desliguei a tevê assim que ele começou a convulsionar e pensei como era bom estar do lado certo dessa bagunça, afinal, eu sabia que meu chefe me descartaria a qualquer momento, mesmo já fazendo uns anos que estamos trabalhando juntos.

Isso não era o problema.

O problema era ele querer arranjar mais uma lunática para substituir a Harley Quinn, o que era a merda de uma bullshit, ele já tinha o Capetorila e era o bastante para aguentar!

De qualquer forma, não vou me encher com isso, não sou obrigado a pensar por dois, sou muito egoísta para isso, o que vier é lucro, e se for ruim, eu cobro em juros.

Erguendo-me da poltrona, vi o disparo da arma contra a cabeça da garota raquítica, esguichando o sangue para fora da bochecha. O riso estrondoso fez o pelo da minha nuca eriçar.

- Johnny Johnnyyyyy… - ouvi-o cantarolar ao longe, olhando para mim assim que me encontrou.

É, eu precisava voltar ao trabalho.


Notas Finais


PS: Bill Kane foi um personagem que eu inventei, usando como base os criadores do Batman: Bob Kane e Bill Finger.
PS²: Achei incrível essa música e achei que combina muito com o Jonny Frost, se chama My Name Is Human da banda Highly Suspect <3


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