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História Cartas nas Sombras - Lucy hated Bobby


Escrita por: FresadelaLuna

Capítulo 12 - Lucy hated Bobby


Fanfic / Fanfiction Cartas nas Sombras - Lucy hated Bobby

“Você disse para ser legal mas

Eu já sou a mais legal

Eu disse para você ser realista

Você não sabe com quem está lidando?”

 

 

“Você me deixa em um buraco negro de raiva e confusão”, lembro que ele havia me dito isso, naquela maca, enquanto eu disse a ele que eu o havia ajudado. Ele me deixava confusa e indecisa, alucinada e completamente dependente dele.

- Mami?

Virei-me para Lucy, que caminhava vagamente sobre sapatos que ela mesmo enfileirou no chão, imitando uma corda bamba.

- Huh?

- Acha que o Papai vai gostar de mim?

Sentei-me no sofá, cruzando as pernas, enquanto Bud e Lou aninhavam suas cabeças em minhas coxas. Passei aos dedos pelos pelos crespos e tingidos de cores diferentes e sorri para ela.

- Ele vai amar você!

Ela pulou para fora da “corda bamba” e se aproximou.

- Dois! - disse alto.

- Dois? - indaguei, sem entender.

- Dois minutos para começar Bob Esponja.

- Ah meu Deus, BOB ESPONJA! - gritei, saindo do sofá e tropeçando nos sapatos, pegando o controle remoto e ligando a televisão.

Foi quando eu vi a imagem da filha do Senador Bill Kane que havia sido sequestrada, tendo o cabelo cortado pelo Sr. C.

- Legal! - disse Lucy, sorrindo, se ajoelhando ao meu lado, em frente a televisão.

O rosto deformado e repuxado do Sr. C fazia com que o meu estômago embrulhasse, mas ainda assim, eu sabia que era ele. As tatuagens, a voz, a cor do cabelo… Só o maldito rosto que fazia com que tudo nele parecia horrendo demais, até para mim.

Assim que seus olhos caíram na tela, olhando para a lente da câmera, aqueles malditos olhos verdes, ou azuis… Eu nem ao menos me lembrava mais.

A minúscula mão pálida caiu sobre a tela, esticada, tentando tocar a bochecha enrugada para si. Lucy me olhou, ainda com a palma esticada e sorriu.

- Papi!?

Assim que a música cessou, desliguei o controle remoto, vendo um biquinho se formar nos lábios dela.

- É querida, seu pai.

- Ele parece ser legal.

Sorri, pegando-a no colo e bagunçando os seus cabelos assim que ela enroscou suas pernas em mim.

- Hoje é o dia da batalha! - rugi entre os dentes, tentando imitar um leão.

Bud e Lou começaram a rir, mordendo um ao outro.

- Só tem um danone de novo? - perguntou ela, assim que eu a desci.

- É, e dessa vez não fui eu comendo sozinha a noite, eu juro! - cantarolei, cruzando os dedos atrás das costas.

- Então pode ficar.

Agachei-me, olhando-a no fundo dos olhos. Toquei em sua testa e depois, na bochecha.

- Tem certeza? - perguntei - Está com febre?

Ela riu uma risada gostosa, misturada com a minha e a do Sr. C.

- Eu só acho que você deveria comer.

- E se a gente dividisse?

Ela tocou a minha testa, minha bochecha e a tirou rapidamente de perto de mim, chacoalhando as mãos.

- Tem certeza? Está com febre?

Rindo, andei até a parte da cozinha.

- Aonde você vai? - perguntou ela, me seguindo.

Parei perto da pia entupida de louça suja.

- Vou na geladeira, pegar o danone, onde mais?

- Então… - ela começou a torcer o dedo indicador, Lucy normalmente fazia isso quando estava confusa, envergonhada, ou escondia alguma coisa - Eu já te contei sobre o Bobby?

Cruzei os braços, me encostando na porta da geladeira.

- O filho pestinha da velha do 412?

Ela afirmou, cabisbaixa.

- O que tem ele?

- Lembra que você me deixou brincar com ele esses dias? Então…

- Ele mexeu com você? - minhas mãos se tornaram punhos rapidamente.

- No Mami! - disparou rapidamente - Ele foi muito legal comigo, muito mesmo, eu adorava ele!

- Adorava?

- É que ele também foi muito, muito mau, do tamanho de uma bola de basquete!

- O que ele fez, cara de repolho?

- Não me chama assim!

- Mas parece, cabeça grande! - mostrei a língua.

Lucy me mostrou a língua também, puxando as bochechas para baixo com os dedos.

- Você então parou de falar com ele? -  perguntei, ainda tentando entender a situação.

Lucy nunca foi muito sociável, mas adorava ser o quanto podia. Era difícil deixá-la com alguém sem ser recriminada. Graças a nossa nova vizinhança, não muito boa, agora feita por gangster, ladrões e capangas de N vilões, havia poucas pessoas com quem se pudesse interagir, e principalmente, em quem confiar. Eu tinha que tampar todas as minhas tatuagens e usar uma peruca e roupas bregas, assim como Lucy. Eu não faço ideia do que o Sr. C faria caso soubesse que eu estou aqui, ainda mais com uma criança. Não seria nada bom ele saber de Lucy por delatores e terceiros. Eu deveria contar a ele. Mas ainda não sei se é certo. Estou pensando a respeito. É um porre!

- Tecnicamente…

- Você pode parar de ler e falar palavras difíceis, mocinha!? - apontei para ela - Sabia que não deveria ter te dado um pouco daquele Suco Verde da Hera!

Virei-me e peguei o puxador da geladeira, mas Lucy correu até mim, segurando meu ombro.

- Mami… Você conheceu o Bobby?

- Não, eu não conhecia aquele demônio vestido de criança! - revirei os olhos.

- Me promete que não vai ficar assustada?

- Com o quê? - perguntei, intrigada, na verdade, curiosa demais.

- Ele foi rude comigo, quero dizer… Ele tentou montar no Bud e ficou puxando a orelha dele e eu não queria que ele fizesse isso, então eu disse para ele parar, mas ele não parou. Ele era um boboca, Mami!

Olhei para Bud, que continuava a rir juntamente com Lou, agora, lutando entre si para ver quem ficava com uma boneca de pano com parte do pescoço descosturado, cada uma abocanhando uma parte do tecido esponjoso.

- Mas ele não te machucou, machucou?

Ela negou a cabeça, sorrindo.

- Vai brigar comigo?

- Vamos deixar o Bobby Boboca longe disso, huh? - perguntei, abrindo a geladeira.

Não pude deixar de manter o queixo caído, quando vi os olhos sem vida, vidrados para mim, a boca aberta, sem qualquer vestígio da língua, que por sinal, saía pela garganta, numa gravata colombiana. Os dedos, todos quebrados, seguravam alguma coisa prateada que eu quase poderia dizer que era um porta-flautas, que ele costumava carregar de um lado para o outro sempre que podia. A pele cinzenta e o rosto contorcido mostrava que ele havia morrido há quase três dias.

- Então, Mami, esse é o Bobby Boboca!



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