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História Cartas nas Sombras - Mister Bunker


Escrita por: FresadelaLuna

Capítulo 14 - Mister Bunker


Fanfic / Fanfiction Cartas nas Sombras - Mister Bunker

"E ultimamente tem sido difícil dormir
Esses espasmos musculares me atingem profundamente
E toda noite eu fico frio
Tipo eu não consigo sentir minhas mãos ou meus dedos do pé
E ninguém me disse que caminho seguir"

 

 

Puxei as correntes presas acima de mim, tentando, em vão, tirá-las do meu pulso. O poço, por mais fundo que fosse, não era o bastante para me manter longe. Gotham precisa de mim e Ra’s Al Ghul sabe que é burrice me manter refém nas profundezas do inferno pela morte de Talia. Não foi minha culpa. Mas nem Damian parece mais acreditar em mim.

Meus músculos estavam sem atividade alguma, o que com certeza os faria doer terrivelmente se eu conseguisse me tirar daqui.

A Liga dos Assassinos estava a espreita do lado de fora da grande morada de Ra’s, mas isso não me importava agora, eu tinha que sair daqui.

Por três anos eu esperei, pacientemente, que eles me libertassem. De início eu não tive escolha, amordaçado e com parte dos ossos do meu corpo quebrado, tive que esperar que tudo voltasse ao lugar. Mas eles os quebravam de novo, e de novo, e mais uma vez. A maldição parecia não acabar. Para Al Ghul, minha dor pela morte de sua filha não era o bastante para curar a sua perda.

Mas agora... Agora eu precisava sair, mesmo que boa parte do meu corpo se mostrasse cada vez mais frágil, eu não podia desistir, minhas raízes não eram aqui e não seria aqui que eu iria morrer.

O suor escorria grosso e escuro pela minha testa, o cheiro de fluídos corporais e terra estava grudado ao meu corpo há dias. O som das correntes se movendo acima de mim reverberam como ecos ocos por todo o cômodo vazio. Meus pés conseguiram tocar as pontas dos dedos no chão. Dobrei as pernas até chegar com os joelhos perto do meu abdômen e me impulsionei para baixo, sentido o tranco chacoalhar meu corpo, sem rumo.

Bom sinal.

Mais uma vez!

Repeti o mesmo movimento, sentindo meu corpo fatigar rápido demais. Não havia mais todos os músculos e força como antigamente, tudo se transformou numa magreza de ossos e barbas negras.

Impulsionei-me para baixo e o teto começou a ceder, jogando farelos de cimento acima da minha cabeça.

Silencioso.

Eu precisava ser silencioso.

Mais uma vez repeti o movimento e meus joelhos se estatelaram no chão num estalo ensurdecedor. Minhas mãos não foram rápidas o bastante para conseguir pegar as correntes no chão, meus dedos tremiam, sentindo a formigação dolorosa, dizendo que o sangue voltou a circular novamente.

Pondo-me de pé, senti o chão frio que havia parado de tocar há cinco dias. Minhas pernas bambearam por alguns segundos antes que eu conseguisse andar normalmente, segurando as correntes como modo de defesa.

Por dois anos e meio eu olhei para cada canto deste cômodo e não encontrei nenhuma falha, nenhum escape ou modo de saída que não fosse as grades de entrada.

Ouvi os passos corridos de um dos soldados da Liga vindo em minha direção. Me escondi nas sombras, tentando evitar a respiração arfante. Assim que o ouvi praguejar e entrar na cela, joguei a corrente contra ele, enroscando-a em seu pescoço. Puxei-o para mim e vi seu corpo cair.

Joguei-me sobre ele, pressionando meu joelho em seu esôfago, tampando sua boca com uma das mãos. Puxei a corrente com mais força, sentindo seus olhos se revirando, a falta de ar se aproximando e a pele bronzeada tornando-se rubra.

Assim que ele foi desacordado, peguei o punhal de sua cintura e a arma que ele carregava em sua calcanhar. Arrastei-o para as sombras de onde eu surgi e procurei meu cinto, mas eles com certeza o haviam pego.

Ainda segurando as correntes, sem consegui-las tirar do meu pulso, andei pelo corredor sombrio, de pequenos filetes dourados que saíam do teto. Procurei por uma saída e a encontrei numa escada de tiras de ferro que subiam pela parede frontal, sem notar que haviam me prendido num bunker.

Soquei a porta de aço acima de mim, abrindo-a assim que a empurrei com os meus ombros. O chão arenoso bateu contra o meu rosto. O céu amarelo parecia me dizer que eu estava bem mais longe do que eu imaginei.

Saltei para fora, sentindo o suor grudar o que sobrara do meu uniforme. Fechei o bunker atrás de mim, vendo a sombra de um metro e meio me olhar de baixo para cima assim que me virei.

Damian me encarava com voracidade, como se tivesse esperado anos para que eu fizesse isso.

Talvez ele me achasse um fraco.

Um perdedor.

Ou talvez ele só sentisse falta da mãe.

- Vamos ter que lutar para me deixar ir? - perguntei, só então notando o quanto minha voz estava rouca.

- Não. - respondeu, demonstrando indiferença.

Jogou contra mim um dispositivo de telecomunicação, que eu havia guardado em casos de emergência no interior do meu uniforme, e eu o peguei no ar.

- Eu não queria isso, mas não quer dizer que você merece!

Ignorando-o, acionei o dispositivo. Não me impressionou saber que ele ainda estava funcionando.

Vi a imagem azulada capturando sinais de rádio.

- P-Patrão Bruce?

- Sim Alfred, sou eu.

Sua voz era tão trêmula quanto a minha.

- Ah, Bruce, graças a Deus! Quase perdi as esperanças…

- Não é a primeira vez que fico longe. - tentei rir, coçando entre as sobrancelhas - Escute, há uma chamada de emergência no Asylum Arkham, vou precisar ir para lá!

- Mas Patrão Br…

- Eu só queria avisar que está tudo bem, não se preocupe. Estarei em casa em breve.

Desliguei o dispositivo, antes, acionando o GPS para a localização do BatWing, e o coloquei preso a minha cintura.

- Preciso ir. - disse a Damian.

- Você sempre vai.

Arrancando da aljava, mais uma vez ele jogou algo contra mim.

A máscara.

Coloquei-a.

- Você poderia vir. - anunciei, assim que comecei a ouvir as hélices do meu pássaro começar a se aproximar.

Damian afirmou, ainda assim franzindo as sobrancelhas.

- É o Coringa, não é? - perguntou, andando atrás de mim.

- Provavelmente...

O BatWing pousou a poucos metros de mim, levantando uma poeira marrom que fez com que eu tampasse meu rosto com os braços.

- Porque não o mata logo? - perguntou, assim que conseguimos entrar e o som cessou atrás de nós.

- Tudo o que eu sempre quis fazer é matá-lo. - admiti, me sentando na cabine do piloto - Mas se eu fizer isso... Se eu me permitir ir para baixo para aquele lugar... Eu nunca mais vou voltar.


Notas Finais


PS: OUÇAM ESSA MÚSICA!!!
É DO Highly Suspect - Bath Salts VÃO NOTAR QUE ELA SERVE TANTO PRO BATSY QUANTO PRO SR. C <3


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