01/09
A casa não era muito acomodativa, não sorria, o vento entrava e saia sem interrupções naquele grande quarto branco. Algumas vezes me traziam o que comer, para ser mais exato, duas vezes a cada 100 anos, mas de qualquer forma eu não queria comer. Só passava pela minha garganta uma grande e suculenta maçã verde, mas naquela época a estação estava mais para as amoras. Odeio amoras...Por mais que ele vinha a cada 100 anos me trazer uma sacola cheia dessas. Falando nele...Ele está chegando agora, fique quieto ele não pode te ver.
Ele : - Te trouxe algumas....
Eu : - Amoras
Ele: - Como você sabe que são elas?
Não respondi.
Ele: - Estava falando sozinha?
Eu: - Apenas comigo mesma
Ele se senta na minha frente em uma cadeira revestida de branco. Apenas uma mesa estreita entre nós. Ele acomoda as amoras em cima da mesa.
Ele: - Se lembra de algo?
Eu: - Lembro de mais coisa do que imagina.
Ele: - Espero que lembre da verdade.
Eu: - Eu espero que você morra...
Soou como a coisa mais normal do mundo. Mas ele não está surpreso com a resposta
Ele: - Um dia você vai me agradecer.
Ele está saindo...Apenas deixou as amoras em cima da mesa e eu vou come-las. Eu sei que falei não gostar delas, mas eu não suporto ter que olha-las e não fazer nada. Confesso que gosto um poucos delas, mas você não pode contar para ele. É segredo...E eu não tenho muitos para te contar, porque nem me lembro, mas vou te falar o que eu recordo muito bem.
Uma vez achei uma passagem secreta aqui mesmo! Tem uma ali debaixo da minha cama branca. Sim é ali, naquele quadrado que sai ar. Você quer ir lá?. Tem certeza?! Nunca tive coragem...Mas se você for comigo eu paro de comer as amoras agora mesmo e vamos!.
Espero que me lembre depois de tudo que vamos passar juntos.
Não me deixe esquecer...
Vamos!
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