História Cartas para Novak ✿ Destiel - Ajuda part.2

Anteriormente...

[...] Então, me conte o que você tem feito para amenizar a dor da perda?

Continua...

— Temos mesmo que começar por aí?

Perguntei meio sem jeito de falar das cartas enquanto coçava nervosamente a cabeça.

— Não necessariamente. Comece da maneira que quiser. Fale aquilo que estiver pronto para falar.

Respirei fundo tomando coragem para começar a expressar meus sentimentos.

— Bom, como a maioria não consegue ver; eu não superei a morte do Cass. Eu ainda o sinto comigo. É como se ele estivesse aqui. Comigo. Me ajudando de uma maneira que eu não sei explicar. Talvez eu esteja ficando louco, ou apenas me enganado com essas baboseiras. Eu só quero voltar àquele maldito dia e fazer tudo diferente.

Suspirei sentindo meus olhos arderem por conta das lágrimas que eu sabia que derramaria.

— Gabriel, você não sabe o quanto me dói deitar naquela cama — aponto para o corredor. — e não ter quem você ama ali. A seu lado. — fungo deixando as sensações tomarem conta de mim. — Acordar e não vê-lo ali. Não poder desejar a ele um bom dia. Olhar suas roupas em nosso armário e saber que ele nunca mais vestirá nenhuma delas. Me parte o coração ver nossos filhos em meio a isso tudo. Me dói não tomar café com ele, enquanto brincamos com as crianças. Eu não consigo me ver no espelho e não ver através do meu reflexo a culpa pela morte do amor da minha vida...

Sou interrompido pela crise de soluços. Gabriel se levanta e me abraça tirando um lenço de não sei onde. Depois de mais alguns minutos chorando silenciosamente, pigarreio na intenção de continuar a falar mas Gabriel é mais rápido.

— Eu sei que tudo isso é difícil para você. Não precisa continuar. — senta-se novamente frente a mim.

— Mas eu quero. Eu quero aliviar um pouco esse peso. Essa culpa.

— Tudo bem. Quando estiver pronto, prossiga. — estende em minha direção um copo d'agua que eu só havia notado agora. Aceito e me ajeito na cadeira.

— Eu nunca me perdoarei. Não enquanto eu ver nos olhos dos meus filhos e em meus próprios a dor da perda. A falta de quem nós mais amamos.  Eu quase não consigo encarar Claire e suas orbes tão azuis quanto as do pai. Ela me lembra tanto ele. E eu vejo Ben agir de maneira diferente depois da tragédia. Ele não era agressivo dessa forma. E Claire não era tão fechada assim. Eu não era assim. Cass é nossa luz. Sem ele estamos perdidos na escuridão. E eu não sei como nos tirar dela ou ao menos conseguir uma lanterna.

Finalizo tentando não me entregar ao choro novamente. Gabriel tem os olhos brilhantes pelas lágrimas que se acumalavam ali.

— Dean, o acidente não é sua culpa. A morte do Cassie também não é. Apenas aconteceu. Não há nada que possa mudar isso. Mas você pode mudar o que faz no presente. Cassie não gostaria do rumo que a carruagem têm tomado. Eu amo seus filhos. E percebo o quanto eles sentem a falta do pai. Não só do Cassie mas de você também. Você têm estado distante deles. Eles notam sua tristeza por mais que você tente escondê-la. Eles são sensíveis mas eu já vi Claire conversando com Ben sobre o acidente e a morte do pai. E você, mesmo que não perceba fica mais aliviado quando se tranca no quarto. Eu só espero que esteja fazendo algo saudável.

Deixou a incerteza no ar para que eu pudesse continuar.

— E eu fazendo. Eu apenas escrevo cartas ao Cass. Mesmo que ele nunca responderá, me alivia a dor e a saudade. E quando eu me sinto próximo dele novamente.

— Entendo. E eu poderia ler essas cartas?

— Pode sim. — me levantei para ir buscá-las. — Só um minuto.

Segui para meu quarto e peguei meu caderno onde escrevo as cartas, em seguida retornando para a sala de jantar. Me sentei e o entreguei o caderno.

Ele o abriu e começou a lê-lo. Logo seu rosto estava tomado por lágrimas. E o meu também. Relembrar as palavras ali deixadas é extremamente doloroso. Depois de mais ou menos uma hora e meia Gabriel fechou o caderno e me encarou.

— Tive uma ideia.

Proferiu enquanto secava as lágrimas.