História Cartas para Peter - Preciso de você

Point of View - Harley Benks_

- Filha, você pode ir no mercado comprar umas coisinhas pro almoço, por favor!? - minha mãe pergunta saindo da cozinha.

- Claro! - ela me entrega uma pequena lista escrita num papel que provavelmente saiu de um de seus blocos de notas. O mercado não fica longe daqui, então sigo andando.

Estava quase chegando no mercado quando vejo um casal se beijando encostados em um muro. Sinto que conheço essa loura e... Não, não pode ser... Será?! Com passos lentos e cautelosos me aproximo deles, e sim, é ela. Eles percebem minha presença e param o beijo, olham pra mim e se soltam do abraço, fico meio sem graça, mas tenho que perguntar...

- Emma?! Você é Emma certo? - pergunto me aproximando lentamente.

- Sim, sou eu. - ao responder ela olha pro garoto que simplesmente sai.

- Posso fazer-te uma pergunta? - pergunto com receio.

- Claro! - ela responde gentilmente e me lança um sorriso meigo.

- O que aconteceu de fato aquele dia com Peter?? - pergunto com curiosidade e medo de sua resposta.

- Ah, sim. Você deve ser Harley certo?! - assinto com a cabeça e ela continua. - Eu beijei ele. Beijei porque estava com vontade, ele é lindo e tem um corpo espetacular. - ela da de ombros. Fica calada por alguns segundos me encarando, até que ela suspira e joga a cabeça para trás como se estivesse se rendendo. E então, continua... - Olha, eu não sei o que ele te contou, mas eu só queria beija-lo, eu não sabia que ele tinha namorada ou o que quer que  você seja dele. Mas cara, ele te ama, ele só pensa em ti, sinceramente, ele só não me bateu depois do "beijo" - ela faz aspas com a mão - Porque sou mulher, mas tenho certeza que era a vontade dele. Ele chorou ali na minha frente dizendo que havia te perdido e mais uma porção de coisas, achei meio dramático no início, mas depois vi que ele realmente te ama. Me senti até meio culpada depois. Então, foi mal tá?! Eu não queria acabar com o relacionamento de vocês, ou o que quer que vocês tenham. Mas, ele continua sendo lindo... - ela dá uma piscadela e solta um riso sarcástico e sai na mesma direção que o mocinho que estava com ela a minutos atrás, deixando-me sozinha tentando digerir tudo aquilo que ela acabara de dizer.

        Tudo que eu preciso agora é vê-lo. Eu não aguento mais ficar sem ele, nem mais um segundo. Preciso concertar isso. Vou para a casa de Peter quase que correndo, e ensaiando cada fala, tudo que eu precisava dizer. Toco a campainha, segundos depois, a porta se abre lentamente e encontro Peter. Ele está pálido, com olheiras e parece fraco, veste um moletom cinza e uma calça de mesma cor. Ele me olha confuso, mas posso ver a alegria em seus lindos olhos castanhos. E de repente, tudo que havia ensaiado, as palavras que antes formavam uma linda declaração em minha cabeça, simplesmente sumiram. E então, só consigo abraça-lo. Ele entrelaça suas mãos em minha cintura, envolvendo cada vez mais nossos corpos num abraço apertado.

- Eu estava com medo de perder, pequena... !! - ele sussurra calmamente em meu ouvido, me causando arrepios.

Nos encaramos em silêncio. Ficamos alguns segundos assim, apenas nos olhando e guardando cada detalhe e traço diferente que se formou em duas semanas. Até que ele toma iniciativa e me beija, um beijo longo, calmo e apaixonado.. Como eu estava com saudade desse beijo, desse abraço, desse toque, de tudo, de todas essas coisas que somente Peter consegue me fazer sentir. Do jeito com que ele me olhava. Eu senti falta de tê-lo, de toca-lo, e até do perfume que, pelo que percebi, ele não está usando. Mas agora, eu tinha tudo novamente.

- Eu te amo! - ele diz terminando o beijo.

- Eu também amo!! - sussurro de volta. - Assim, não é querendo atrapalhar o momento, mas minha mãe havia pedido pra eu comprar umas coisas e tenho que voltar.

- Tudo bem! - ele diz sorrindo, ah esse sorriso. Como eu senti falta desse sorriso, o sorriso que só Peter tem. O sorriso pelo qual sou completamente apaixonada.

- Não quer vir almoçar conosco hoje? E passar a tarde comigo, pra matar a saudade...

- Claro! - ele sorri malicioso. - Podemos ir então?! - ele pergunta ansioso. Eu assinto, ele entrelaça nossas mãos e seguimos. É tão bom ficar ao seu lado novamente, poder sentir seu perfume, sentir seu toque, saber que pude arrancar mais que lágrimas dele. Ter ele perto de mim...