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História Cartas para você - Carta seis


Escrita por: bearwinter

Capítulo 6 - Carta seis


Fanfic / Fanfiction Cartas para você - Carta seis

                  Carta on

Obrigada,

Obrigada por todos os momentos bons que o senhor me proporcionou, por todas as risadas que um dia já me fez dar.

Sei que não era a sua intenção me fazer sofrer, ou talvez sim, mas me fez sofrer dos piores jeitos que alguém pode imaginar. Não me maltratou apenas, também fez isso com minha mãe, a única pessoa que não deveria sofrer, aquela que cuidou não só de mim, como do senhor também.

Sabe quando dizem que quando está perto da morte sua vida passa em um piscar de olhos? É isso que eu estou vendo, e é o que lhe relato.

Lembro-me de quando era criança e você me fazia sorrir, quando comprava sorvete, algodão doce ou chocolate sem que eu pedisse, quando me levava para o parquinho e me deixava brincar em qualquer um daqueles brinquedos e via como as outras crianças ficavam quando me viam brincar onde seus pais não deixavam.

Lembra quando você lia, mesmo que quase nunca, livros infantis para mim. Adorava O mágico de OZ, pois era onde você fazia as vozes mais engraçadas, tentando imitar a Dorothy, uma voz fina que ficava muito engraçada quando fazia, o leão covarde, com a voz grossa que afinava quando falava com a Dorothy. Era tudo tão perfeito para mim.

Mas com o decorrer dos anos as coisas foram se deformando, o arco íris da minha vida, começou a desbotar, ficando preto e branco, monótono. Minha única salvação é meus amigos, que tentavam colori-lo um pouco, e por momentos conseguiam.

E agora minha vida já está acabada, em um poço sem fim, mas fundo o suficiente para não conseguir ver a luz no começo dele. A corda em que estava amarrada se arrebentou, e não tem como voltar para trás, como voltar à superfície, ver a luz novamente.

Essa eu diria ser a última carta, pois a próxima nada tem de bom ou interessante, apenas mais coisas de quando era feliz ao seu lado. Para saber que não lhe odeio realmente, não do jeito que pensava que odiava.

Tchau, papai.
                                     Anne Morsmoth

                       Carta off

-Ela não me odeia, escutaram? - Ronald perguntou para os móveis que não o respondeu. - Estão pravos comigo? Por que não me respondem?

Porque já está de bem consigo, não precisa da gente

Alguma coisa o respondeu, mas não achou o que era.

-Mas se não ficarem comigo, irei ficar sozinho, nessa casa gigante.

Já está na hora de ficar sozinho, passamos tempo demais ao seu lado.

-Eu não consigo ficar sem vocês! Por favor, não se vão.

Nos desculpem

Um vaso cai no chão, olhando para onde ele caiu viu uma rosa murchando e com água escorrendo de suas pétalas. como? Ronald não sabia explicar, apenas olhava para a rosa branca.

Adeus Ronald

A rosa disse por fim, suas pétalas caíram por fim, ficando ao chão, sem cor, sem brilho. Ele havia sido abandonado novamente, sem filha, esposa e sem nada e ninguém para conversar.

-Adeus - disse cabisbaixo.

A carta havia sido arrasadora, mas não mais que ser abandonado por moveis que sabia ser de sua mente e que aprendeu a conviver.

Não deveria ter lido essa carta, ela me deixou sem saída, sem ninguém que conversasse comigo. Já não tem sentido continuar por aqui, não é mesmo?

Se levantando do sofá começou a rumar seu caminho até o quarto. Nas escadas via Anne dançando com meias de dedinho e shorts de dormir, músicas imaginárias que escutava mesmo sem fones ou algum rádio tocando. No corredor via a menina fugindo olhando para trás e rindo, como se ele o perseguisse tentando encher-lhe de cócegas. Entrando no seu quarto via a pequena pulando em sua cama, sobre a mãe dela, chamando-a para ir abrir os presentes de natal que o papai noel deixara para ela.

Deitado na cama, olhando para o teto, refletia no que havia acontecido nos dezesseis anos que passara com a filha e quase vinte e cinco com a mulher, no começo, sempre eram flores e amores, mas com o decorrer do tempo as coisas começavam a mudar, o que achou que duraria para sempre, acabara abruptamente com a morte da filha, mais lados ruins que bons foram deixados para trás. Não sabia mais o que fazer da vida, não via razões de continuar como estava.

Depois de muito pensar, acha uma solução para seus problemas, não era encontrar outra mulher, nem sair da casa, viajar o mundo na procura da misera felicidade que o mesmo pode dar para um homem acabado como Ronald, mas sim acabar com sua vida, assim como acabara com a de sua filha, do mesmo modo.

Tudo já estava pronto, só faltava uma coisa, alguém para fingir ter lhe encontrado, e junto a ele uma carta dizendo que havia se suicidado. Pegou o celular e discou o número da ex-esposa.

-Eu não vou voltar - Dissera assim que atendeu, no quarto toque.

-Não quero que volte, não para mim. Tenho um pedido para te fazer.

-E qual seria esse pedido?

-Venha até aqui depois de algumas horas e chame a polícia. Apenas isso.

-O que você vai fazer Ronald?

Ele não respondeu, desligou na cara dela e começou a preparar os últimos toques, colocando a carta sobre um lugar que deixaria a vista para qualquer um que entrasse na casa.

Subiu na cadeira e colocou a corda em volta do seu pescoço, arrumou o nó que tinha na mesma e se segurou na corda fortemente na hora em que ia sair de cima da cadeira, mas nesse momento ouviu a porta se abrir e passos apressados na escada.


I thought that I've been hurt before

But no one's ever left me quite this sore

Your words cut deeper than a knife

Now I need someone to breathe me back novamente

Eu achei que tinha sido machucado antes

Mas ninguém jamais me deixou tão dolorido

Suas palavras fizeram um corte mais fundo do que uma faca

Agora, preciso de alguém que me sopre a vida novamente

Ela conversava com alguém no telefone, sua voz estava embargada, mas ainda conseguia distinguir as palavras que dizia.

-Sim filha, ele me disse que iria... iria, se-se matar.

Não sabia a resposta, mas estava supondo com quem conversava e aquilo acabou comigo, pendendo minha cabeça para a frente me desequilíbrio e a cadeira tomba. Sinto a corda em meu pescoço o apertando, me impedindo de respirar.

Hannah finalmente aparece na porta, com o telefone ainda na orelha, paralisou ao me ver tentando soltar aquela corda do meu pescoço, em vão.

Got a feeling that I'm going under

But I know that I'll make it out alive

If I quit calling you my lover

Move on 

Sinto que estou afundando

Mas eu sei que sairei desta vivo

De eu parar de te chamar de amor

E superar

Ela estava lá, mas não se mexia, não queria me salvar, subitamente ela grita ao telefone.

-ANNE!

Meus olhos ficam arregalados, ela estava viva, Anne não havia morrido, mas como? Como isso era possível? Eu fui em seu funeral, eu vi seu caixão, eu percebi a dor de Hannah pela morte de sua menina.

Mas você não viu o corpo, não abriram o caixão

E era a verdade, não tinha visto o corpo de Anne, não tinha visto nada que comprovava que ela estava mesmo morta, eu fui um tolo em acreditar nisso.

-Ele se foi Anne - a voz de Hannah estava embargada, quase inteligível - ele finalmente nos deixou

Ela chorava se por alegria ou tristeza não soube distinguir, minha visão estava ficando turva, não conseguia mais ouvir nada corretamente, apenas murmúrios fracos, mas via a silhueta de Hannah, jovem e madura.


You watch me bleed until I can't breathe

Shaking, falling onto my knees

And now that I'm without your kisses I'll be needing stitches

Tripping over myself

Aching begging you to come help

And now that I'm without your kisses I'll be needing stitches

Você observa enquanto eu sangro até parar de respirar

Estou tremendo, caindo de joelhos

E agora que estou sem seus beijos

Eu precisarei de pontos

Estou tropeçando pelos cantos

Estou dolorido, preciso da sua ajuda

E agora que estou sem seus beijos

Eu precisarei de pontos

   

Nem de relance via mais, agora minha visão escurecia, o vulto de Hannah ainda estava parado. Ela não se movia por nada, apenas me olhava, supunha, apenas via aquele que a maltratou pagar pelos seus pecados da forma mais lenta que o momento deixava.

Outra sombra apareceu, um pouco menor que a primeira, essa correu até mim, senti suas mãos em meus braços, mas não ficaram por muito tempo, pois me debatia, a falta de ar já me atingia fortemente.

Não ficaria mais tempo perto delas, apenas balbucio.

-Eu... lhes... amo

Minha visão escurece completamente e já não vejo e não sinto mais nada, a não ser a macia e quente mão que estava em minhas frias bochechas.

*E então Ronald deixou sua filha e esposa para trás.

Anne e Hannah, estavam arrependidas e culpadas de ter feito tal façanha para se salvar dos abusos que aconteciam em casa, mas não pensaram que Ronald chegaria a esse ponto. Anne chorava, dizendo que era a sua culpa, que não devia ter começado isso, mas sua mãe lhe garantia que nada havia sudo culpa da pequena. Mas Anne não lhe escutava e chorava abertamente.

Por fim, elas foram embora, depois que a policia viu a carta e remexeu em toda a casa. Na manhã da outra semana a casa já estava a venda, não suportariam viver na mesma casa onde seu seu pai e seu marido havia se enforcado*


Notas Finais


UI que reviravolta


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