(...)
- Uau... - Poliana disse ao nos ver de mãos dadas. - Quando ia me contar sobre seu novo relacionamento, Johnny? - ela parecia muito tranquila, tranquila até demais.
- Logo, só não achei que seria assim.
- Não é maravilhoso? - Jane me abraçou sorrindo.
- É sim. - Poliana disse. - Meus parabéns ao casal. - ela sorriu.
- E o que faz aqui no cinema sozinha? - perguntei.
- Ah não, não estou sozinha.
Logo em seguida vejo um homem se aproximar de nós. Era o mesmo homem que apareceu em nossa casa nos explicando tudo depois daquele fatídico dia.
- Olá, Johnny! Que bom te ver de novo. - ele me abraçou, só não conseguia me lembrar do nome dele.
- Johnny, lembra do Tom? - Poliana disse.
- Ah sim, mas é claro! Como vai? - fui educado.
- Estou ótimo, pra falar a verdade. - ele disse segurando a cintura de Poliana.
- Tom, essa é a Jane. - a apresentei.
- Muito prazer. - ele disse e Jane sorriu.
- Vocês... estão juntos? - perguntei.
- Parece que sim. - ele disse rindo pra Poliana. Ela revirou os olhos sorrindo.
- Sim, estamos.
- Nossa, que... boa notícia.
- Obrigado, cara. - ele disse. - Bom, acho melhor acharmos nossos lugares. Bom filme! - eles foram até seus lugares.
- Obrigado. - meu sorriso se desfez.
Nunca imaginei que isso aconteceria, foi uma grande surpresa pra mim. Eu apenas encarava os dois indo até seus acentos.
- Vamos, o filme já vai começar. - Jane disse.
- Ah sim, claro. - saí de meus devaneios e fomos até nossos lugares.
Poliana e Tom estavam sentados à duas fileiras abaixo de nós. Agiam como um verdadeiro casal. De mãos dadas, se beijando, rindo um para o outro.
O filme começou e eu não conseguia prestar atenção nele. Minha atenção estava voltada para o casal a minha frente. Por que ela não me contou? Quando ia contar? Como que ela encontrou Tom?
De repente os dois começam a se beijar, se beijavam de dois em dois minutos. Eles vieram pra cá pra se beijar ou pra ver o filme?!
- Parece que não está gostando muito do filme. - Jane disse.
- Na verdade não muito, vamos embora? - só queria sair dali.
- Por que? O filme acabou de começar. Vamos curtir um pouco isso juntos. - Jane insistiu.
- Tudo bem.
Jane se recostou em meu ombro e automaticamente minha atenção voltou para Poliana e Tom. Os dois riam, se abraçavam, beijavam mais do que outra coisa. Eu estava desconfortável, cinema não é lugar pra isso, é falta de respeito!
(...)
Depois de duas horas, o filme já havia terminado e eu não fazia ideia do que se tratava. Jane levantou da cadeira falando sobre o filme e eu apenas concordava, mas não entendia uma palavra do que ela dizia.
Quando chegamos na saída, encontramos Poliana e Tom.
- O que acharam do filme? - Poliana disse.
- Muito bom. - Jane disse. - Não é, Johnny?
- Claro, claro. - eu disse baixo.
- Eu adorei o filme. - Tom disse encarando Poliana e a beijando.
- Como adorou se mal viu ele direito?! - eu deixei escapar.
- Como? - Poliana disse.
- Quer dizer... Esse filme não é apenas para ser visto, e sim sentido. Deve-se analisar todo o contexto com cuidado e prestar atenção nos mínimos detalhes. Poucas pessoas fazem isso. - tentei consertar, mas só fiz papel de idiota.
- Ah sim... - Tom disse não entendendo nada.
- Bom, nos vemos em casa mais tarde. - Poliana disse.
- Não vai pra casa agora? - perguntei.
- Ah não, eu e Tom vamos sair um pouco.
- Ah, claro. Nos vemos em casa então. - saí apressado da sala de cinema.
(...)
Já eram 1:40h da manhã. Jane estava dormindo e eu estava no sofá sem conseguir dormir. Estava preocupado com Poliana, afinal é perigoso uma mulher voltar pra casa a essa hora sozinha. Ela foi com o carro, então com certeza voltou sozinha. Fico preocupado com essas coisas.
Depois de alguns minutos, Poliana aparece na porta.
- Isso são horas? - eu me levantei.
- Como é?
- É perigoso andar por aí a essa hora.
- Ih, Johnny! O que deu em você? Eu estava com o Tom, ninguém me esquartejou ainda, relaxa.
- Quando ia me contar sobre ele?
- Ele quem?
- O Tom! - elevei um pouco a voz.
- Quer parar de gritar?! - ela disse baixo. - Eu ia contar assim que tivesse certeza de que estávamos juntos.
- E agora estão juntos?
- Sim, Johnny, estamos. O que deu em você, hein? - ela disse tirando o casaco e indo até a cozinha.
- É que fiquei chateado por não ter me contado antes.
- Ah é? E você e a Jane, hein? Quando ia me contar? - fiquei sem jeito depois dessa.
- Logo.
- Pois você pareceu bem surpreso quando se deparou comigo. Não queria que eu soubesse, não é mesmo? - ela arqueou as sobrancelhas bebendo um gole de água.
- Não agora. Você ia me dar um sermão de 20 minutos sobre como eu sou idiota, imaturo, inconsequente...
- Essas palavras estão saindo da sua boca.
- Mas com certeza você pensou isso.
- Johnny, eu não ligo. Não quero saber da sua vida amorosa, você é um homem adulto. Pelo menos sabe o que está fazendo? - ela me perguntou. Pensei e disse:
- Sei, claro.
- Então tá. Não vou me meter nisso, tenho mais o que fazer. Só não diz que eu não avisei. - ela subiu para o seu quarto.
(...)
No dia seguinte, acordei com Poliana falando ao telefone. Ela ria e se divertia falando com sei lá quem. Provavelmente com Tom.
- Dá pra falar mais baixo?! Eu quero dormir! - eu disse irritado.
- Cala a boca, Johnny, eu estou no telefone! - ela gritou e continuou a falar. Bufei e me cobri com o cobertor.
Consegui adormecer novamente e acordei com o cheiro do café na cozinha.
- Bom dia. - Jane disse ao me ver chegando na cozinha.
- Nossa, quanta coisa gostosa. - sentei na mesa cheia de variedades.
- Apenas um presentinho pelo passeio incrível de ontem. - me beijou. Eu apenas sorri.
- Bom dia. - Poliana surge na cozinha.
- Bom dia. - eu disse mal humorado.
- Nossa, parece que alguém está nervoso. - ela me provocou.
- Por que não foi você que acordou contra a sua vontade com risadinhas no seu ouvido.
- Hum... Parece que alguém está com ciúmes aqui... - ela disse cantarolando e saindo da cozinha.
- Ciúmes?! - Jane disse me encarando.
- Ciúmes?! - eu repeti. - Não é nada disso, Jane. Ela só está me provocando. - fui até a sala, Poliana estava sentada no sofá.
- Dá pra parar de falar isso na frente da Jane? De onde tirou que estou com ciúmes? - eu disse levemente irritado. Odeio quando as pessoas colocam palavras na minha boca.
- É só ler a placa fluorescente com lâmpadas led na sua testa. - ela disse sem olhar pra mim.
- Não sei em que mundo você vive, mas eu estou com Jane. Ciúmes de você é uma coisa que não está no meu vocabulário. - eu disse mais calmo. Ela só fazia isso pra me irritar. É o passatempo preferido dela.
- Ótimo, por que ele vem jantar com a gente essa noite. - ela disse tomando um gole do seu café.
- Hoje a noite? - perguntei.
- Que parte do "essa noite" você não entendeu?
- Que ótimo, jantar de casais! - Jane brotou ao nosso lado nos dando um susto. Poliana sorriu sínica e irônica pra ela, o que não é nenhuma novidade.
- É... ótimo. - eu disse nada animado.
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