POV - JOHNNY
- O jantar foi maravilhoso, amor. Obrigada por tudo. - Tom disse para Poliana ao se despedir dela.
- Eu que agradeço por ter vindo. E desculpa pelo idiota do meu amigo. - Poliana se referiu a mim.
- Não tem problema. - ele riu. - Até mais. - a beijou e saiu pela porta.
- Vá com cuidado. - Poliana disse e fechou a porta.
Eu e Jane estávamos em pé ao lado do sofá, os braços dela envoltos ao meu. Poliana foi até nós.
- Obrigada por hoje, isso foi muito bom pra mim.
- Também gostamos muito. - Jane disse e Poliana nada respondeu. É mais do que claro que há um atrito entre elas. Ainda não sei ao certo por que, mas acho que foi por aquela briga que as duas tiveram.
- Não foi nada. - sorri.
- Exceto por aquela hora que você só sabia massacrar o Tom. Seu idiota. - Poliana me deu um tapinha e foi até a cozinha.
- Estou um pouco cansada, vou subir e descansar. - Jane disse.
- Tudo bem. - ela me deu um selinho e subiu.
Fui até a cozinha falar com Poliana.
- Poliana.
- Fala.
- Desculpe pelo o que aconteceu hoje.
- Qual das duas partes? - ela sorriu se referindo a nossa transa. Eu sorri também.
- Pelas duas. - sentei na mesa. Ela parou e me olhou. - Não sei o que deu em mim.
- Tudo bem, não se preocupe. A culpa não é só sua. Sexo casual acontece com várias pessoas, não é? - eu a encarei.
- Poliana, nós somos comprometidos. - eu disse baixo.
- Ai meu Deus, eu sei! - ela se desesperou. - Nós vamos para o inferno!
- Calma, calma. Pelo menos estávamos sóbrios. - eu disse como se isso fosse melhorar em algo.
- Isso é ainda pior!
- Eu sei. - eu disse baixo.
- Johnny, isso não pode mais acontecer. A primeira vez não valeu, estávamos bêbados, achamos que eram outras pessoas, certo?
- Sim, eu acho. - disse baixo.
- Você não acha nada! Não valeu e ponto!
- Tá, tá, não valeu. Mas e a segunda?
Poliana me encarou e sentou na mesa. Ela não sabia o que falar.
- Ah, a segunda foi... foi... Eu não sei o que foi, tá legal?! Não sei o que deu na gente! - ela se desesperou e quase gritou.
- Shhhhh! Quer acordar a Jane?!
- Desculpa. É que eu, sinceramente, estou tentando achar uma explicação pra isso. - ela disse preocupada com as mãos na cabeça.
- O que aconteceu, foi que nós somos dois adultos que sentiram vontade de fazer sexo naquela hora. - eu disse calmo.
- Isso não faz o menor sentido.
- Poliana, é o instinto do ser humano, não há como negar. Tivemos uma coisa sexual ali, nada demais. Eu não quero me casar com você por causa disso.
Poliana parecia pensar.
- É, você está certo. Foi um impulso, nada demais.
- Exatamente, nada mais que um impulso, não precisa se preocupar. - eu disse tentando acalmá-la.
- O problema é, como vamos dizer isso a Jane e ao Tom?
- Ficou maluca?! Nunca! Se eles souberem já era! Foi apenas um erro, somos seres humanos, nós erramos.
- Você tem razão, isso fica só entre nós. - ela concordou.
- Ótimo.
Nós nos acalmamos e pegamos algo para comer.
- Acho que isso se deu pelo fato de eu não transar faz um tempo. Minha primeira vez depois da minha separação, foi na festa com... você. - isso soou tão estranho.
- Meu Deus, que estranho. - ela riu com o nariz.
- Eu sei. - ri também. - Acho que só quis repetir a dose. - ela arqueou as sobrancelhas. - NÃO! Não é isso que está pensando, não queria exatamente transar com você, eu queria só transar, entende? Poxa, sou homem. Não que você seja um objeto, nada disso, eu te respeito, você é minha amiga e... - eu estava deixando tudo cada vez pior.
- Tudo bem, Johnny, eu entendi. - Poliana riu do papel de idiota que eu fiz. - Espera... - ela me olhou surpresa. - Você e Jane não transaram ainda?!
Eu fiquei sem graça, mas aquela era uma verdade.
- Na verdade, não. - eu disse baixo.
- Nossa... - ela se surpreendeu. - Por que?
- Eu não sei, acho que quero ir com calma dessa vez.
- Entendi. - ela deu um risinho e foi até a pia da cozinha.
- Por que está rindo?
- Ah, nada.
- Fala.
- Nada, Johnny.
- Fala logo.
Ela se virou pra mim.
- É que... é estranho.
- Estranho? Como assim estranho?
- Ah, é que vocês já foram casados, já fizeram isso várias vezes, não é novidade pra você, muito menos pra ela. É mais do que normal já ter acontecido.
- Está me chamando de covarde? - eu me levantei.
- Eu? Que isso, nada a ver. - sim, ela estava.
- Acha que não dou conta de transar com a minha ex mulher?
- Eu nunca disse isso.
- Então você vai ver, vou fazer isso hoje mesmo.
- Nossa, que bom que é por livre e espontânea vontade. - ela foi irônica.
- É sim.
- Vai lá então, tigrão. Vamos ver se você dá conta. - ela me provocou.
- Eu dou sim!
- Duvido. - ela disse lentamente.
Eu nada disse, estava irritado. Apenas subi e fui até o quarto de Jane. Abri a porta bruscamente.
- Johnny. O que foi? - Jane disse assustada.
- Não fala mais nada.
Fui até ela, tomando seus lábios subitamente. E, bem... nossa noite começou.
(...)
POV - POLIANA
- Bom dia, Poliana! Como vai? Precisa de alguma ajuda? - Jane surgiu na cozinha toda feliz.
- Ham? - eu não entendi nada por um momento, mas depois liguei as peças. - Ah, entendi o motivo dessa felicidade. - pensei alto.
- Como disse?
- Ah, nada. Obrigada, Jane, não preciso de ajuda.
- Tudo bem, então. Vou sair, não sei que horas volto.
- E desde quando isso me interessa? - eu pensei alto novamente.
- Disse alguma coisa? - Jane perguntou.
- Ah não, nada. Pode ir.
Assim que ela ia sair, Johnny apareceu na cozinha.
- Oi meu amor! - Jane disse ao esbarrar com ele na entrada da cozinha. Ela deu um beijo nele.
- Oi, Jane. - Johnny sorriu.
- Vou ao Shopping em Dunkinan, quer vir? - Dunkinan era outra cidade aqui pelos arredores, uma cidade grande, porém longe daqui.
- Não, vou ficar por aqui mesmo. - Johnny respondeu.
- Tudo bem. - ela o beijou novamente. - Até mais.
- Tchau. - Johnny sentou na mesa.
- Como foi perder a virgindade com Jane?
- Engraçadinha. - ele sorriu falso. Um silêncio breve se fez e ele comentou: - Ela está bem feliz. - sorriu.
- De nada.
- Por que eu agradeceria a você?
- O que ela disse sobre o sexo? - perguntei.
- Isso é pessoal, não acha? - ele se envergonhou.
- Ah Johnny, me fala logo. Acho que temos intimidade suficiente pra isso.
- Em uma palavra?
- Só fala.
- Selvagem. - ele disse todo bobo.
- E é por isso que deve me agradecer. - eu disse colocando a mesa do café.
- Ainda não entendi.
- Ontem quando eu te provoquei, você ficou bravo, não foi?
- Sim.
- Eu provoquei você ontem antes de você e Jane transarem, de propósito. Quando você está irritado ou querendo muito aquilo por alguma razão, você fica mais, digamos assim... selvagem. Como ontem, e faz tudo... maravilhosamente bem. - eu estava encostada na pia secando a louça e disse aquilo baixo e naturalmente. Acho que eu não estava me ouvindo.
- Como é? - eu o encarei apavorada. Eu não acredito que eu disse aquilo. Ele sorriu com os braços cruzados e sobrancelhas arqueadas.
- Como é, o que? - tentei disfarçar.
- Você disse que sou selvagem e que faço tudo muito bem? - ele não tirava aquele sorriso debochado do rosto, estava me irritando.
- Eu não disse isso. - eu me virei de frente para a pia terminando a louça.
- Acabou de dizer.
- Não disse não.
- Você me acha selvagem... - ele me provocava.
- Para com isso, Johnny. Parece uma criança.
- Você quer mais um pouco do tio Johnny? - ele ria.
- Você é um babaca.
- Você me acha gostosão, pode falar. O tigrão aqui vai te mostrar a selvageria. - ele ria cada vez mais.
- Tá bom, Johnny! Você é bom de cama, só isso! E daí? Foi selvagem sim, foi bom sim! Quer que eu coloque uma placa na minha testa falando isso?! - eu me irritei. Johnny só ria.
- Tá bom, desculpa, vai? Só queria te irritar.
- Percebi. - eu disse ainda irritada.
- Gosto quando me elogia, só isso. - eu parei e o encarei.
- Ham?
- É difícil ver você me elogiando assim, é difícil até você ser legal comigo. - ele riu.
- Não exagera.
- Tá, você é legal. Mas é bom saber que eu te satisfiz... assim como você me satisfez, e... - ele olhou para a parede. - ...nossa. - ele suspirou.
Acho que ele também não se ouviu. Ele estava olhando fixamente para a parede quando disse isso, parecia pensar. Eu o olhei da mesma maneira que ele olhou pra mim.
- Como é? - cruzei os braços e seu rosto ficou sério.
- Nada. - ele pegou o café e foi para sala.
- Quer dizer então que eu também te satisfiz e fui... "nossa". - suspirei imitando exatamente como ele descreveu.
- Eu não disse isso. - ele sentou no sofá para assistir TV.
- Aham, eu que disse. - eu ria.
- Para de se achar, tá?
- Quer dizer que o senhor Johnny Depp está extasiado pela tigresa aqui. - eu o provocava e ria.
- Está passando vergonha. - ele disse tomando o café.
- Você que está, já que me ama e não consegue admitir.
- Eu não te amo.
- Ama sim, confessa.
- Não amo não. - eu me pus em frente a ele, tapando sua visão da TV.
- Pode falar que eu sou incrível, você sabe disso. - eu disse baixo. Eu adorava implicar com ele e deixá-lo sem graça.
- Tá bom, Poliana! Você é ótima na cama! Eu amei a noite de ontem, sim! Está bom pra você?! - ele gritou tudo de uma vez. Eu ria muito alto.
- Eu sabia! - continuei a rir. - Adoro te deixar assim. - eu baguncei o cabelo dele e voltei para a cozinha.
(...)
POV - JOHNNY
Quando ela voltou para a cozinha, um sorriso se formou em meu rosto. Foi bom descobrir que nossos corpos se atraem.
(...)
Eram 22:40h quando Jane chegou. Poliana estava no quarto e eu na sala vendo TV.
- Oi amor. - ela veio até mim e me beijou.
-Oi Jane. - sorri. Estranhamente, eu ainda não conseguia chamá-la de "amor".
- Como passou o dia?
- Bem. - respondi.
Ela sentou ao meu lado e ficou ali em silêncio abraçada a mim, até que ela disse:
- Eu não estou nem um pouco cansada. O que acha de subirmos e nos divertimos um pouco? - ela beijou meu pescoço. Eu me afastei.
- Hoje não.
- O que? Por que?
- Não estou me sentindo muito bem, estou com dores fortes de cabeça.
- Tomou algum remédio?
- Sim.
- Não pode fazer um esforço? Esperei o dia todo por isso. - ela disse manhosa.
- Desculpa, mas não me sinto muito bem.
- Tá. - ela se levantou e subiu para o quarto, estava brava. Parecia que eu era obrigado a transar com ela agora.
A verdade é que, eu realmente não queria. Ontem a noite, ela me elogiou, dizendo que sentiu saudades e que foi incrível, mas apenas pra ela. Eu não gostei nem um pouco. Não sei o que houve, mas foi tudo muito forçado, sem sal e sem paixão. Não me senti bem, não me levou as alturas, foi sem graça. Óbvio que não disse isso a ela e muito menos a Poliana. Ela ia começar e me zoar e a se achar, só por que com ela é diferente.
"Com ela é diferente". Essa frase não saiu da minha cabeça por alguns instantes. Por que com Poliana era diferente? E por que com a mulher que amei não dá mais certo? Isso está errado, muito errado.
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