História Casa Cheia - Sem rumo

(...)

Eu e Jane voltamos para casa, o frio estava aumentando e nada de Poliana aparecer. Um pouco depois do café, eu e Jane estávamos no sofá vendo TV, quando Poliana chegou.

- Johnny, eu queria te falar uma coisa... - ela disse entrando e fechando a porta, mas ela parou, viu que eu estava com Jane, nos olhou e foi até as escadas. Eu me levantei e a chamei.

- Poliana... - ela me olhou. - O que queria me dizer?

- Nada. - ela subiu.

- Não vai comer? - eu disse, mas ela não respondeu.

Não sei se estou tendo alucinações, ou se de fato ela sente o mesmo que eu. A cara que ela fez ao me ver com Jane, não foi das melhores. O que tivemos ontem deixou claro a nossa situação, mas por que tudo ainda parece tão confuso?

Não vou mentir, estou mais do que dividido. Sinto algo pela Poliana, isso eu sei, mas tem a Jane, a mulher que amei, mas não estou certo dos meus sentimentos por ela. Ela sofreu tanto com a minha ausência, assim como eu sofri. Ficar longe um do outro só nos fez mal, não quero que tudo isso se repita com ela.

- Vem, amor. Volta para o sofá, fica aqui comigo. - Jane me chamou.

Eu sentei novamente no sofá, um pouco preocupado com a expressão de Poliana. Eu estou tendo dor de cabeça com toda essa situação. Estar com Poliana, é a melhor coisa que já experimentei, mas tenho sido relutante a isso, não parece certo. Jane precisa de mim, ela ficou muito mal com nossa separação, mais do que eu imaginava. Não quero que ela se prejudique, não quero vê-la mal, apesar de tudo, ela merece ser feliz.

Minha cabeça estava um turbilhão de pensamentos, não conseguia me concentrar em mais nada. Eu estava sentado no sofá, ainda com Jane, pensando em Poliana e no que ela também estava pensando. Ela não desceu até agora, desde o momento que chegou. O que ela faz tanto lá em cima?

- Johnny...

- Hm?

- Preciso te contar uma coisa. - ela se virou pra mim.

- O que?

- Tive medo de te contar antes, por que não sabia qual seria a sua reação.

- Do que você está falando?

- Johnny, eu te amo. Tudo que eu mais quero é continuar minha vida com você. Não me vejo sem você ao meu lado.

- Jane, o que houve? Está em assustando.

- Eu estou grávida.

Meu corpo paralisou. Minhas pernas tremiam. Meu rosto congelou e minha expressão não tinha forma.

- Johnny? - Jane me chamou, vendo o meu estado.

- C...Como...Como... - me faltou o ar.

- Como aconteceu? - ela completou minha frase e eu apenas balancei a cabeça acenando que sim. - Você sabe né, Johnny.

Logo em seguida, ela abriu um enorme sorriso e me abraçou.

- Vamos ser papais! - ela gritou.

- Va...Vamos...ser...papais...

Eu não estava acreditando. Não acredito que isso realmente esteja acontecendo, eu não estou preparado pra isso. Quer dizer, eu sempre quis um filho, mas agora? Justo agora? Meu Deus, eu não sei o que fazer. Como vai ser minha vida daqui pra frente? Eu, Jane... meu Deus, Poliana. Como vou falar isso pra ela? Como nossas vidas vão seguir? E nós?

- Não está feliz?

- Sim, sim, eu estou. Só muito surpreso. - sorri completamente nervoso.

- Chame Poliana, vamos contar a notícia.

- Não! - eu gritei.

- Por que não? - Jane arqueou a sobrancelha.

- Quer dizer, agora não. Ela está chateada, anda cansada, acho melhor contarmos depois.

- Tudo bem então, mas eu mesma quero dar a notícia quando formos falar com ela. - Jane sorriu e me beijou.

Eu apenas virei para frente, encarando o chão com cara de desespero. Todo um futuro veio diante dos meus olhos, eu não estava preparado pra isso. E não posso deixar Jane agora.

- Johnny.

- Sim. - eu ainda encarava o chão.

- Tenho outra coisa pra dizer.

- Sim. - eu já não respondia por mim mesmo, tamanho era o choque.

- Bom, pelo rumo que as coisas estão tomando, acho que não é nada mais conveniente do que isso agora. Então... você quer casar comigo?

Eu virei rápido pra ela, a encarando.

- O... o que?

- Casa comigo?

- Jane...

- Johnny, vamos ser pais! Não era isso que você queria? Se casar e ter filhos? Eu estou aqui, Johnny, a mulher que você ama, carrego um filho seu. Você espera mesmo que eu crie esse filho sozinha?! - seus olhos estavam marejando.

- Não, de jeito nenhum.

- Não me imagino sem você, Johnny. Nossa vida será maravilhosa daqui pra frente. Eu, você e nosso bebê. - ela sorriu. - O que me diz?

Eu não posso abandonar Jane, não posso. Ela está grávida de mim, nossas vidas vão mudar por completo. Eu precisava tomar uma decisão madura, mesmo que isso doa, mesmo que isso me tire muita coisa, Jane precisa de mim.

- Eu aceito.

(...)