História Casal Hollywood - GaaIno - Espera

Era cedo, talvez entre nove e dez horas da manhã. Ino levantou, tomou banho e vestiu uma justa roupa térmica. Um casaco de pele grosso e cumprido. Desceu até o salão onde era servido o rico café da manhã e se sentou afastada.

– Eu quero morrer! – Murmurou para si mesma. As vozes não cessavam em sua mente. As vozes que a culpavam, que a desclassificavam lhe atormentava a cada segundo e nada que fizesse podia parar.

Olhou a sua direita e era Hinata aparecendo com um gorro cinza e um, sobretudo da mesma cor. Ela fez um pequeno prato no Buffet de café da manhã e seguiu na sua direção.

– Pensei que pediria serviço de quarto. – Ela comentou sentando-se à mesa à frente.

– Eu cansei de ficar dentro do quarto. – Revirou os olhos e levou a boca sua uma garfada de bolo.

– Cansou da dieta também? Bolo recheado de manhã vai fazer você voltar com 5kgs a mais! – Hinata brincou.

– Você tem razão, mas estou nervosa! – Justificou pegando outra garfada.

– Ele ainda não te respondeu não é? – Ela pegou um pão e o olhar da Yamanaka respondeu. – Deve ser o fuso horário... – Sorriu.

– Ou o Jiraya... – Completou.

– O que será que deu nele? Esse ciúme todo...

– Ciúme do Gaara? – Gargalhou. – Ele está louco! Isso sim... – Revirou os olhos e tomou seu copo de coca.

– Não deveria beber refrigerante de manhã! – Hinata reprovou, ela bebia chá.

– É o fuso horário. – Justificou, Hinata balançou a cabeça em negativo.

– Na verdade se aqui é 10hs da manhã, lá é 7hs da manhã! – Riu.

– Que seja. – Riu de volta.

– Acha que o Jiraya fez isso de proposito? – Ela indagou.

– O que? Eu me afastar do Gaara? Que ridículo... – Se recusou a acreditar em qualquer coisa do tipo.

– Ele disse que você atrasa a vida do Gaara, talvez ele dissesse isso por ele e não pelo Gaara. – Concluiu, Ino estreitou os olhos pensando.

– Isso é loucura. – Ino ponderou.

– Loucura é você se encher de doces e ficar no quarto todo esse tempo. Vamos sair e fazer compras. Se remoer por causa do Gaara não vai fazer diferença nenhuma. – Lembrou. Se levantou e esperou Ino fazer o mesmo.

Ino estava arrumada, assim como Hinata. Pegaram a bolsa no quarto e desceram sem encontrar Jiraya no caminho. Não estava nevando e a estrada estava mais adequada a se sair com o carro do estúdio.

Chegaram ao centro de Vancouver em poucos minutos, o intuito era se distrair e fazer compras juntas, como não faziam nos Estados Unidos há muito tempo, mas ao entrar na loja da Victória Secret’s todo o plano vai por água baixo, Ino foi reconhecida pela vendedora.

– Ai meu deus! – Ela sussurrou. – Ino Yamanaka, eu não acredito! – Colocou exageradamente as mãos na boca. – Tira uma foto comigo! – A vendedora sacou o celular e correu de trás do balcão para a direção da loira.

– Claro. – Ino se prontificou, Hinata ia interromper, mas ela não deixou afinal a loja estava vazia e ela só ela. Deu um sorriso para a foto e logo foi bombardeada de perguntas.

– Quer ajuda pra procurar uma lingerie pra usar com o Gaara? Adoraria ajudar. Afinal de contas ele está aqui com você? Saiu na TV que ele está gravando em São Francisco, é mentira? Ou ele te deixou vir aqui sozinha? – Hinata encarou Ino e elas deram um riso discreto.

– Não quero uma lingerie pra usar com ele...

– Verdade, ele tem cara de que gosta tudo ao natural... – Ela não deixou Ino falar, parecia estar até mais interessada em Gaara do que nela, talvez no casal. Hinata interrompeu:

– Temos que ir Ino. – Ela a afastou da vendedora. – Olha moça, eles vão se encontrar em breve, só vamos gravar e vamos embora, beijos. – A moça até tentou continuar, mas Hinata foi mais rápida em tirar Ino de dentro da loja.

– Lingerie pra usar com o Gaara? – Riu inconformada. – Obrigado. – Agradeceu enquanto andavam para dentro de outra loja, onde não foi reconhecida. Era uma loja simples.

– Se não sou eu pra te salvar! – Gargalhou olhando as araras de roupa. – Será que o Gaara gosta? – Hinata perguntou, sabia que Ino ia corar.

–Definitivamente eu não quero pensar nisso! Porque você não me diz do que o Naruto gosta? – Provocou e quem corou dessa fez foi Hinata.

– É, vamos trocar de assunto... – Ela riu pegando duas peças de roupa.

– Nada disso, pode me contar vocês já fizeram aquilo? – Ino sussurrou para ninguém mais ouvir e a reação de Hinata foi subir a roupa na altura do rosto e desviou até o trocador, Ino a seguiu. – Eu não vou desistir tão cedo. – Ela insistiu depois de Hinata entrar no provador.

– Eu te odeio Ino. – Ela repetiu atrás da cortina, e não obteve resposta, sabia que a loira não desistiria. – Sim, já. – Ela respondeu e Ino abriu a cortina, surpreendendo Hinata só de calcinha e sutiã. – Sua louca! – Gritou fechando a cortina.

– Me desculpa. – Ino riu. – Eu não acredito... Na verdade eu acredito, mas ai meu deus. – Sussurrou eufórica. – Não acredito que não me contou assim que aconteceu. – Disse frustrada, Hinata abriu a cortina e a encarou rindo.

– Acontece, devia estar acostumada. – Revirou os olhos. – O que achou? – Perguntou apontando para o vestido rodado.

– Leva! – Respondeu. – Me diz agora, dói? – Perguntou estreitando os olhos.

– Não acredito que está me perguntando isso. – Riu fechando os olhos. – Pensei que não era mais virgem... Ainda mais por você ter namorado o Sasuke. – Hinata especulou estreitando os olhos e Ino corou.

– Essa impressão que você tem de mim? – Se fingiu indignada. – Não, nós não! – Avisou.

– Então seu primeiro homem vai ser o Gaara, que lindo. – Hinata provocou e Ino jogou a bolsa nela.

– Você é muito sem graça. – Respondeu fechando a cara e voltando as araras de roupa, procurando aleatoriamente.

– Não pode ficar brava comigo. – Hinata falou de longe, tinha que colocar sua roupa de volta.

Ignorou qualquer palavra de Hinata e saiu da loja, não sabia aonde iria, mas quis andar até encontrar uma praça e sentar ali. Não eram as palavras de Hinata que a incomodou e sim a circunstancia. Pensou se o melhor fosse assim que acabar o filme, sumir. Começar a vida em outro lugar, talvez no Japão, bem longe de Gaara. Seria melhor para ambos.

Sentou num banco de uma praça quase deserta. Ainda estava cedo, sem sinal de movimentação naquela hora. Os bancos estavam cobertos de folhas secas, no centro da praça havia um grande e antigo poste de luz, envelhecido pelo tempo. Era outono, as folhas caiam mortas e seriam levadas pelo vento gelado.

Amava o Canada, com essa vista magnífica. O verdadeiro cenário de um filme e só de lembrar-se do filme, cada momento desde que pisou na Inter-Trak lhe veio à mente. Sorriu ao lembrar-se de Gaara enlouquecendo por cada provocação, por cada bandeira branca que ergueram...

– Me perdoa. – Hinata se aproximou com a sacola na mão. Estava preocupada com Ino.

– Não tem o que perdoar. Você não tem culpa que eu sou idiota. – Levantou e abraçou a amiga. – Eu não devia ter te deixado naquela loja sozinha. – Acrescentou enquanto andavam até o carro.

– Eu sei como você deve estar se sentindo... Vai dar tudo certo. – Encorajou entrando no carro, ela iria dirigir.

– Minha vontade de voltar aos Estados Unidos é enorme. – Confessou olhando as mensagens no celular, nada de Gaara.

Foi direto para o quarto, tomou um longo banho na banheira e foi para baixo das grossas cobertas. Não conseguiu pegar no sono, afinal era 20hs da noite e Hinata ainda estava jantando no saguão do hotel.

Tinha tantas perguntas a fazer a si mesmo que não tinha cabeça para passear e se divertir. A voz irônica de Jiraya era o que mais lhe irritava. Porque Gaara não entrava em contato? Ou Naruto para explicar o porquê da demora?

Cobriu seu rosto e ficou em baixo dos cobertores, e do grande e fofo edredom preto. Não conseguiria fugir de si mesma, dessas vozes, ou se quer das lembranças. Tudo o que queria agora, era a coisa mais improvável de eu ter: Um ruivo irritante e arrogante.

Não havia quase ar debaixo das cobertas. Queria morrer ali embaixo, pensou que só assim teria paz. Quis se afogar em gás carbônico para esquecer tudo. Mas preferiu dar ouvidos á uma vontade de pegar o notebook e entrar outra vez no seu e-mail.

Ligou o notebook e conectou a internet. Rapidamente entrou na "caixa de entrada" do seu e-mail pessoal. Havia cinco não abertos, aniquilou a ideia de que alguma fosse de Gaara. Olhou sem curiosidade uma por uma, nenhuma do ruivo, como o esperado.

Já ia fechar o notebook e voltar à maneira idiota de tentar morrer intoxicada com seu próprio ar, mas algo à fez abrir e olhar o "lixo eletrônico". Ridículo! Mas fez coisas tão idiotas que isso não faria diferença. Abriu a pasta e olhou vários e-mails de propagandas, pensou: "lógico, lixo eletrônico faz algum sentido pra você?”.

Fechou o notebook outra vez. E voltou a entrar debaixo das cobertas, de forma normal. O notebook apitou, avisando bateria baixa.  Estava animada em começar a gravar já no dia seguinte, pensou que isso pelo menos a distrairia, olha quem está errada novamente. Gravações do filme que está encenando com o Sabaku, como se esqueceria dele?

O notebook apitou mais duas vezes, respirou fundo e pegou para carrega-lo. Abriu rapidamente para ter certeza que era a bateria, sim era ela. Mas tinha uma mensagem nova. Quando ela chegou? Obviamente nada de interessante, até olhar o remetente: Gaara no Sabaku.

– Pra que Ino? – Hinata perguntou sem entender o que a loira dizia do outro lado da linha.

– Meu carregador do notebook está no carro. Estou dependendo de você Hina, o Gaara me respondeu! – Choramingou e ouviu do outro lado da linha Hinata se movimentar.

– Chego o mais rápido que puder. – Ela respondeu antes de desligar o celular. Sabia que ela faria isso o mais rápido possível.

Hinata adentrou o quarto do hotel. Visivelmente muito bagunçado. Roupas e cobertores espalhados por todos os lugares. Um furação passou por ali numa busca pelo carregador: Ino Yamanaka.

– Obrigada Hina. Você salvou minha vida. – Disse pegando o carregador que ela me estendeu. – Eu estou tão nervosa. – Confessou pegando conectando o carregador e o colocando na tomada.

– Você é Ino Yamanaka, vai dar tudo certo! – Disse dando outro abraço na loira e pegando um pijama entre a bagunça do quarto. – Vou tomar banho e depois me conta. – Mandou beijo e entrou no banheiro.

Conectou a internet novamente, subiu na cama e se cobriu. Abriu o e-mail e a mensagem não estava mais lá. Como? Ela estava ali á poucos minutos. Pensou se seria fruto de minha mente perturbada. Suspirou e deitou a cabeça no travesseiro macio...

– Gaara... – Sussurrou seu nome. Era ele o único a sondar seus pensamentos.

Lembrou-se do "lixo eletrônico", claro qualquer coisa iria pra lá. Levantou e abriu a pasta do lixo eletrônico novamente. Suspirou aliviada. Não estava louca, era real. O ruivo respondeu. “Ele nunca pode ficar sabendo desse ibope todo que dei por uma só mensagem”, pensou. Agora á única coisa que queria era ler o que estava escrito. Estava tão animada que ignorou qualquer noticia ruim que poderia ter.

Yamanaka...

Não precisa admitir uma coisa que já sei. Infantil você sempre foi, mas minha vida seria totalmente artificial se você não tivesse entrado nela, por mais que você tenha se recusado a acreditar em mim e tenha ido embora duas vezes.

Eu sei que pareço atuar em todos os momentos da minha vida, mas acredite que nunca vivi tanto na realidade como quando você chegou. Eu não fui sincero, mas isso não significa que sempre menti pra você, quer dizer que não expresso o que sinto. É novo.

Me liga quando ler essa mensagem, não estou em L.A., estou em São Francisco gravando, terminarei lá meia noite e podemos conversar melhor, claro, se quiser falar comigo.

Eles tinham três horas de diferença no fuso horário, poderia ligar para Gaara só daqui a cinco horas. Não era capaz de saber se viveria para fazer a ligação. Releu 10 vezes o que ele escreveu e o nó se formou em seu estomago com a ansiedade. Suas mãos gelaram e a cara da Hinata quando saiu do banheiro era a mais engraçada.

– E ai? – Ela perguntou vendo a amiga encarando o notebook com os braços cruzados.

– Lê isso aqui e faz o tempo passar rápido, por favor! – Pediu dando espaço para Hinata ler.

– A mulher da Victória Secret’s sabia onde o Gaara estava e nós não... – Foi à única coisa que comentou até Ino lhe jogar um travesseiro. – Desculpa! – Gritou em defesa, se protegendo com as mãos. – Vamos tomar um chocolate quente lá embaixo e o tempo vai passar mais rápido, vamos se troca. – Ela levantou procurando alguma roupa para se vestir na bagunça, Ino fez o mesmo.

– Eu vou morrer de esperar. – Choramingou garimpando uma roupa quente.

– Não vai morrer! – Ela riu. – O que vai dizer quando ele perguntar por que veio? – Ela lhe encarou enquanto se trocavam.

– Eu vou dizer que era tarde demais. Não vou citar o nome do Jiraya. – Comentou séria terminando de colocar o casaco.

– Você precisa dizer. – Ela teimou abrindo a porta do quarto.

– Não posso jogar um contra o outro. Ele vai pensar que estou arrumando desculpa. – Revirou os olhos saindo do quarto com a morena que entrelaçou o seu braço no dela.

– Coloca mais fé no Sabaku, se ele for otário a gente arruma um gato daqui pra você. – Hinata brincou enquanto iam até o elevador.

– Por isso eu te amo! – Abraçou a amiga e apertou o botão do térreo.

Continua...