Sarah White
Sabe aqueles momentos em que você não sabe o que fazer? Que você sente seu mundo rodar, e de repente fica tudo confuso, e as coisas simplesmente não estão bem?
É, pode-se dizer que estou assim neste exato momento. E sim, eu até poderia resumir tudo dizendo que estou tendo um colapso ou algo do tipo, mas o que é a vida sem um bom drama? Ou melhor, o que é, ou quem é, Sarah White sem um bom drama?
De qualquer modo, ainda não sei o que estou fazendo aqui; em frente ao altar, de joelhos; com um vestido enorme e branco – e com vontade básica de matar minha mãe com um Avada Kedavra estilo tio Voldy, mas ninguém precisa saber disso –, prestes a casar com um cara que nem ao menos conheço.
Tudo bem, eu conheço.
Não, eu não conheço.
Quer dizer... como se pode conhecer por inteiro uma pessoa em um dia? E melhor, você a conhece no dia do seu noivado, que por acaso é com quem você irá se casar. Ou seja, ele é seu noivo, e você tem que sobreviver a isso. E tudo bem, porque até que ele é gostoso. Não que de alguma forma eu tivesse alguma opção; eu sou uma White, e uma White digna e legítima, segue o negócio da família – vírgula, meu pai já pode me deserdar que eu não sei se vou casar, não.
Então você o faria lhe achar mais repugnante do que já, se é que isso é possível — disse uma vozinha maldosa na minha mente.
Ora, Sarah, não há tempo para lamentações... fuja! — falou outra, e eu não sabia distinguir qual era a boa ou a ruim.
Ok, inspira, respira. Inspira, respira. Inspira... como se respira?
O que esse padre está falando? Paaaaai, o que esse velho tá falando? Socorro! Meu coração está muito acelerado, ou seja, ele pode sair pela minha boca e eu posso morrer. Enfim, a morte. Tão perigosa, cruel, silenciosa, te amo...
— Sarah — murmurou uma voz rouca no meu ouvido, me fazendo sobressaltar de susto. Olhei para meu futuro marido.
— Que é? — consegui sussurrar de volta, ajeitando minha pose impassível. Esse homem ainda me mata.
— Levante-se — mandou, ficando de pé ao meu lado, estendendo sua mão esquerda para mim.
Quase abri minha boca pra falar "Quê?", mas seria muito óbvio. Estava na hora de fazer os votos, e até lá eu rezava – que ninguém da minha família saiba disso – ardentemente para que eu desmaiasse ou que aquilo fosse um pesadelo. Ou uma nova forma de tortura que minha mãe inventara. Infelizmente isso é real demais e não dá nem pra sonhar que não é.
Então é fugir (e depois praticar suicídio) ou casar.
Ah, acho que vou...
— Sarah — soou aquela voz novamente, macia, a mão branca continuava estendida e seu olhar de expectativa queimava sobre mim.
Pisquei três vezes seguidas, perplexa, mas acabei aceitando a mão – mesmo que amargamente arrependida por dentro.
Levantei, tratando de manter minha expressão: "sou melhor que tudo e todos, mantenham-se longe porque senão vão receber uma voadora", e fiquei de frente para Klaus.
Olhos azuis, cabelos loiros, barba bem feita, lábios femininos, não muito alto, consideravelmente magro e com um sotaque britânico maravilhoso; ele é visualmente agradável.
— Sr. Niklaus Mikaelson, você aceita a Sra. Sarah Raven White como sua legítima esposa — começou o padre. Minhas mãos ficaram trêmulas. Klaus que ainda estava segurando minha mão direita, percebendo meu nervosismo, puxou a esquerda, mas só segurou as pontas de meus dedos, pois na palma de sua mão havia duas alianças que nem observei serem entregues a ele. Engoli em seco. —, para amar e respeitar, nos momentos de alegria e de tristeza, na saúde ou na doença, até que a morte os separe?
Ele encarou-me intensamente, assentindo, e eu virei a cabeça; olhando ao redor os convidados antes que pudesse ver a aliança deslizar sobre meu dedo anelar e sua boca se movendo em um "sim".
— Sra. Sarah Raven White, você aceita o Sr. Niklaus Mikaelson como seu legítimo esposo; para amar e respeitar, nos momentos de alegria e de tristeza, na saúde ou na doença, até que a morte os separe?
— Sim! — soltei de uma vez, roubando o único anel de sua mão, metendo em seu dedo de qualquer jeito, e foda-se a vida, porque se eu parasse para pensar ao menos dois segundos, sairia correndo dali. Senti as lágrimas queimarem em meus olhos, mas as segurei da melhor forma que pude.
— Então, eu vos declaro marido e mulher — o velhote sorriu como se fosse natal, e eu tive uma grande vontade de lhe mostrar o dedo do meio, mas ele não era digno de minha má educação. — Pode beijar a noiva — completou, e eu já estava prestes a querer mostrar não só o dedo esquerdo, mas o direito também. Entretanto, antes que eu pudesse agir conforme meus pensamentos, braços firmes envolveram minha cintura e um par de lábios vermelhos e macios tomaram os meus.
E pela segunda vez, eu me pergunto... como se respira?
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