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História Caso 287 - Réu


Escrita por: iTaevil

Notas do Autor


Mais uma vez, deixem-me me desculpar pela demora para com este capítulo. O meu tempo é curto e contado, e eu acabo tirando apenas vinte minutinhos antes de dormir para escrever um pouco. A cabeça cansada não me ajuda com uma boa escrita, mas eu estou dando o meu melhor. :(
Não estou 100% satisfeita para com este, porém já enrolei a vocês por ele mais do que deveria. Me desculpem. O capítulo deveria ter 3 partes, mas acabei por decidir postar apenas com estas 2, me perdoem por isso também.

Não tenho muito o que dizer, só espero que, ainda que não seja bom os meus olhos, seja do agrado de vocês e que possam curtir o capítulo. Ademais, obrigada pelo apoio, fighting! Boa leitura!

P.S. Adicionarei as capas em breve, eu prometo!!!! Estou realmente sem tempo, então sooorry!!

Capítulo 7 - Réu


Fanfic / Fanfiction Caso 287 - Réu

Jimin fechou as suas pequenas mãos em punhos, segurando os dedos que insistiam em se contorcer contra a sua vontade pelo constrangimento e mantendo prisioneira a vergonha que queria subir por seus pulsos e dominar o seu corpo, assim como o oxigênio era agora enclausurado por sua laringe. Talvez fosse sábio desviar os seus olhos castanhos dos pretos levemente arregalados de Jungkook e fingir que aquela pergunta tão embaraçosa jamais havia saído de suas cordas vocais, porém, Park havia facilmente sido enfeitiçado pelas irises negras como o infinito do mais alto.

  Jimin não era assim, tão desinibido e desenvolto ao ponto de pedir um contato íntimo com alguém desconhecido, ainda que estivesse sofrendo pelos efeitos da sua crise de ansiedade. Era comum fazer aquele tipo de pedido para Taehyung ou até mesmo para o seu irmão mais novo, mas não para um indivíduo o qual nunca vira antes mais bonito, porque sim, Jimin tinha que admitir como o garoto à sua frente era imensamente bonito, e como estava totalmente encantado agora que havia parado para analisa-lo melhor.

O visual pesado havia ido embora junto com as roupas pretas, dando lugar a uma aparência mais casual e bagunçada a qual havia dado ao garoto um ar ainda mais jovem. Agora, ele vestia uma blusa polo branco que devia ser duas vezes maior que o tamanho que ele realmente precisava, além de uma calça bege que ia até o meio da tíbia. O mais velho suspirou, contemplando-o. Seu autocontrole estava indo para o inferno por um garoto que vinte e quatro horas atrás não conhecia.

— Abraçar...?

Jimin piscou, voltando sua atenção ao mais novo e à indagação que havia surgido no ar com a voz rasgada e falhada do outro: Jeon estava sorrindo, sem-graça, e massageava a própria nuca com a mão direita enquanto mantinha a cabeça inclinada em alguns graus, fitando o chão, numa tentativa frustrada de evitar o contato visual. O mais alto tinha um fofo lado tímido, e o coração do mais velho parou por alguns segundos ao descobri-lo. Se dissessem a ele que aquele mesmo garoto, que agora estava parado a três metros de distância de si, seria capaz de ameaçar três pessoas ao mesmo tempo enquanto empunhava um pequeno punhal manchado de sangue de outrem, Jimin não acreditaria, ainda que seus olhos tivessem sido testemunhas da situação.

— E-Eu... — Jimin engasgou. Não podia, tampouco conseguia, esquecer que toda aquela situação desconfortável era consequência da sua língua solta que havia acabado de despertar.

— Eu não abraço. — Jungkook pigarreou, recuperando a postura e voltando a fitar o menor. — Mas como um líder, eu posso fazer isso por você.

Park, a quem agora vestia a jaqueta de couro da noite passada ainda que não fosse o seu dono — sendo denunciado principalmente pelo perfume cítrico de Jeon que exalava do tecido escuro —, engoliu em seco e sentiu as mãos tremerem outra vez quando o tom sério e indecifrável de Jungkook lhe cutucou os tímpanos. Claramente o mais novo não se sentia tão tranquilo naquela situação, assim como o próprio Jimin que se via mais uma vez sendo consumido pela vergonha ao sentir suas orelhas começarem a queimar, porém, ainda assim ele andava na direção do mais velho com os braços moderadamente abertos, prontos para recebê-lo.

Jimin recuou um passo, por instinto, o que foi o agente responsável por arrancar um sorriso confuso de Jungkook que mostrou parcialmente os seus dentes. Uma risada abafada escapou por entre o pequeno espaço que Jeon havia aberto entre os seus lábios quando Park piscou repetidas vezes para ele, completamente surpreso com aquela situação tão inusitada, uma vez que jurou com cem por cento de certeza que, depois do tom rude do mais novo, ele iria recusá-lo e o tratar com indiferença.

Jungkook alcançou o pulso do mais velho, segurando-o pela jaqueta, e o puxou para si, impedindo que ele se afastasse mais. Logo, escapou suas mãos rápidas para as costas do menor, poucos centímetros acima da cintura, e o envolveu em seus braços cobertos pelo tecido fino da blusa social.

Park congelou, sentindo o corpo grande do mais novo lhe embrulhar completamente como se ele fosse uma criança recebendo o carinho de um pai, e encostou sua testa coberta pela franja no ombro do outro. Ele fechou os olhos, sentindo o calor do garoto lhe esquentar e acarinhar, como se fossem conhecidos há muito tempo, e encheu os pulmões com o cheiro singularmente agridoce — o qual era extraordinariamente bom — que expelia de sua pele branquinha por baixo do tecido e que estava lhe abusando das narinas sem pudor. Era o mesmo cheiro presente na jaqueta, todavia infindas vezes mais forte, e Jimin jurou que poderia ser entorpecido e nocauteado por ele apenas por aquela sua singularidade.

— Jimin...

Jungkook sussurrou, ainda que o mais velho houvesse sentido sua caixa torácica tremer graças a proximidade dos corpos quase colados e o tê-lo ouvido em alto e bom som. Jimin sorriu inconsciente, e levou suas pequenas mãos — que enfim não estavam mais trancadas — ao dorso do outro e o puxou para mais perto, o que fez Jeon arfar e engolir em seco, respectivamente. Não estava acostumado com aquilo, com aquela falta de espaço e a tentativa de Jimin de parecer querer quebrar as leis da física, porém, não podia negar como era bom.

Sim, era imensamente bom ter Jimin em seus braços, tão pequeno, como se precisasse de amor e proteção. Era imensamente bom saber que Jimin se sentia confortável consigo como se sentia com ele, ao ponto de puxá-lo para mais perto. Era imensamente bom saber que era um líder que cumpria todas as suas missões e pedidos dos seus Casos com excelência. Mas, acima de tudo, era imensamente bom sentir o calor do outro e o contato entre eles, ainda que ele costumasse odiar tudo aquilo. Era imensamente bom sentir o quão macio e aconchegante Jimin era. Era imensamente bom sentir como se os corpos de ambos houvessem sido esculpidos para se encaixarem assim tão perfeitamente. Era imensamente bom sentir o seu coração acelerar tão deliciosa e desconfortavelmente por um contanto que poderia ser considerado tão acanhado e insuficiente para ser chamado de íntimo.

E era por ser imensamente bom que Jungkook decidiu com convicção que precisava sentir mais daquilo tudo, apertando, enfim, sem pensar outra vez, o dorso de Jimin onde suas mãos grandes repousavam levemente sobre a sua jaqueta, o trazendo ainda mais para perto do si, colando os seus peitorais.

E era imensamente bom, até Jimin gemer de dor.

— Jungkook?!

O mais novo o soltou, assustado, e recuou um passo. Suas mãos deslizaram pelo braço do menor até alcançar os seus pulsos, os quais segurou com certa pressão, ainda sobre a jaqueta que cobria toda a pele um pouco mais pigmentada que a sua. Jeon procurou por meio segundo os olhos do outro, que os mantinha escondido pela franja enquanto sustentava a cabeça abaixada, logo antes de desliza-los para a porta do seu quarto, onde o homem com a voz tão conhecida que o havia chamado pelo primeiro nome estava em pé, o observando com uma das sobrancelhas erguidas.

— Hoseok-hyung?

Jung cruzou os braços, observando os dois garotos a sua frente que, saídos de um abraço, agora se seguravam pelos pulsos, e deixou-se cair lateralmente com leveza no batente prata e frio da porta. Seus olhos, até então concentrados tediosamente em Jungkook, deslizou para Jimin quando este, levantando o queixo e virando o rosto para olhar em sua direção, o encarou com surpresa. Chegava a ser cômico que aquele homem pudesse estar surpreso olhando para si, quando na verdade, em toda aquela incomum situação, Hoseok deveria ser o maior surpreendido.  

O homem de cabelos de mel suspirou, enfiando as mãos nos bolsos do seu sobretudo tão bege quanto a calça do mais novo, e usou de seu peso para criar força em um impulso de endireitar-se em pé e andar a passos lentos até os dois que não estavam, de fato, muito distantes de si.

— Não me contou que estava namorando, Jeon.

Jungkook arregalou os olhos àquela afirmativa carregada de desapontamento, e apressou-se em se afastar de Jimin, contrariado. Hoseok estava com uma expressão irritada e, normalmente, quando isso acontecia, o mais novo acabava levando um ou dois chutes na costela. Park, por sua vez, o olhou confuso, e engoliu em seco ao sentir a falta — quase que instantânea — do calor do corpo de Jeon no seu.

— Porque eu não estou, hyung... — Jungkook engoliu em seco, levando mais uma vez a mão direita à nuca, quando Jung ergueu uma sobrancelha duvidosa à sua resposta. Hoseok era como o seu irmão mais velho, e ser julgado por ele assim tão diretamente por algo que ele não havia feito, trazia mais uma vez a sensação de que estar perto de Jimin era errado, a qual até então, estranhamente, não havia ainda aparecido.

— Nós precisamos conversar.

 O mais velho ditou, depois de assentir sem dar muita importância. Jungkook assentiu, piscando rapidamente. Certamente havia ocorrido algum problema no trabalho, pois aquele tom era exatamente o único a qual ele usava em situações assim.

— Ok.

— A sós... — Hoseok grunhiu, deslizando os olhos rapidamente para Jimin que os observava com os olhos brilhantes de curiosidade, e depois para o mais novo.

Park piscou, sentindo-se, pela primeira vez, inconveniente ali. Seguramente aquele não era um local ao qual era bem-vindo, não depois de ter ouvido o tom daquele homem que não conhecia soar tão rude com Jungkook apenas porque ele estava ali. Foi o suficiente para fazê-lo desviar os olhos dos dois homens mais altos que si: já estava causando problemas para Jungkook, e tudo o que tinha feito era pedir um abraço.

Seus olhos castanhos voltaram-se para o mais novo que soltou um ‘ah’ de entendimento, e voltou-se nervoso para si. Jeon sorriu para si, como se pedisse desculpas por aquela situação, e Jimin não pode não achar lindo as ruguinhas que formaram ao redor dos seus olhos, fazendo-o sorrir de volta para ele, quase que imperceptivelmente para si.

— Jimin, você ainda não comeu, certo? — Jungkook indagou, despertando o mais velho do seu devaneio, e sorriu ao vê-lo assentir com os lábios levemente entreabertos. — Eu acredito que Jihyun ainda não, também, então acho que seria uma boa ideia sairmos todos para jantar, o que acha?

Jimin piscou. Jungkook estava convidando-o para jantar? Certo que o seu irmão mais novo estava incluso no pacote, mas seu coração não conseguiu não acelerar, pelo menos um pouco, com aquele convite.

— É.... pode ser.

O mais alto sorriu mais uma vez e, novamente, lá estavam as ruguinhas nas laterais dos seus olhos, fazendo Jimin molhar os lábios inconscientemente. Queria, mais do que tudo agora, abraça-lo de novo apenas para poder sentir o seu perfume agridoce que dançava por suas narinas e encantava os seus sentidos.

— Você pode ir tomando um banho, eu não me importo em esperar. — Afirmou, chamando a atenção de Jimin de volta para o mundo material. — Eu preciso conversa com o Hoseok-hyung rapidinho.

Jimin piscou outra vez, e olhou por um segundo para o homem de óculos de grau redondos e gorro azul-marinho que forçou um sorriso para si por meio segundo, logo antes de voltar as suas irises acastanhadas para o mais novo.

— Mas eu não tenho roupas.

Jungkook ergueu as sobrancelhas, surpreendido pela própria falta de atenção.

— Ah, não se preocupe. Acho que as minhas cabem bem em você. A jaqueta serviu perfeitamente, afinal. — Sorriu castamente, sem ruguinhas, sem dentes, ao dar um leve puxão no tecido negro do agasalho. — Eu levo para você, no banheiro, pode ir. As toalhas estão no armário do meio, e sabonete extra também.

O mais novo proferiu, usando sua cabeça para apontar para uma porta transparente, mas esfumada, no outro lado do quarto. Jimin assentiu, contradito, e mesmo querendo continuar ao lado de Jungkook apenas por um segundo a mais, seguiu caminhando para onde o mais alto havia lhe indicado ir.

— E então... — Jungkook virou-se para Hoseok, quando percebeu que Jimin havia acertado o caminho para o banheiro de seu quarto. — O que é tão importante que não pode esperar um pouco e me obrigou a praticamente expulsar o Jimin daqui?

Hoseok suspirou. O seu estresse no trabalho havia passado a sua irritação para o garoto que considerava o seu irmão mais novo, no entanto, se as coisas haviam chegado àquele ponto, era por culpa da irresponsabilidade do líder que ele deveria ser.

— Por que cacetes você não me contou que o Taehyung da confusão na boate, era justo aquele atorzinho superestimado que você é fã?

 

[...]

 

Yoongi empurrou as portas duplas com as palmas das mãos e atravessou, deixando-as bater até, enfim, voltarem à sua posição original. Como já lhe era de praxe, jogou os ombros para trás no seu andar marrento, e estralou o pescoço quando a música alta daquele bar lhe cutucou os tímpanos. Seus olhos correram rapidamente pelas pessoas que estavam ali, já bêbadas ainda que tivesse tampouco anoitecido, e sorriu de canto quando os seus olhos felinos reconheceram rapidamente os cabelos longos e lisos coloridos artificialmente pela tinta verde.

Ele aproximou-se, e tocou-a nos ombros ao sentar na banqueta alta de madeira à bancada do bar, a qual um garçom, à frente do mural de garrafas de vidro, habilmente misturava e criava novas bebidas. A mulher sorriu, tirando o cigarro de entre os lábios para forçar a sua ponta contra o cinzeiro ao lado.

— Achei que tinha parado com isso, noona. — Proferiu, entre sorrisos.

— Uma vez aqui, outra acolá, não faz mal. — Ela respondeu, virando-se na direção dele com um sorriso travesso nos lábios, e gargalhou alto quando viu Yoongi erguer uma sobrancelha. — Essa é a sua desculpa, não é? — Yoongi não conseguiu segurar um sorriso incrédulo. — Deixe-me pensar em uma nova: eu paro quando você parar.

— Boa sorte com isso. — Disse, já retirando um cigarro do maço no bolso interno da sua jaqueta e o acendendo.

— Vou precisar... — Murmurou, o observando. — Mas me diz, o que te fez me chamar até aqui?

— Seokjin não confia mais em mim, você sabe.

— E... — Ela se inclinou na direção dele. — Não enrole, Yoongi, você sabe que eu nem deveria estar aqui.

Yoongi suspirou, dando uma longa tragada em seu cigarro.

— Taehyung vai casar. — A mulher de cabelos esverdeados deixou-se cair na banqueta, boquiaberta. — E eu preciso de álcool. — Disse, furtando o copo de whisky que ela tinha em uma das mãos.

— Casar?! — Exasperou, em um alto tom de voz que logo foi censurado por Yoongi. — Mas o garoto tem vinte anos!

— Vinte e um. — Corrigiu, enquanto o barman enchia o copo da mulher outra vez, que agora era seu.

— Grande diferença... — Ela revirou os olhos. — Pois bem, Yoongi. Faça como você sempre fez e desapegue. — Deu de ombros. — Siga em frente.

O garoto de mexas azuladas exasperou, encarando o corpo de whisky em sua mão que estava apoiado na bancada de madeira escura.

— Não dá. — Mordeu o lábio inferior com raiva. — Não é assim tão fácil dessa vez.

— Por que não? — A mulher não pode segurar uma risadinha que escapou por seus lábios desenhados. — Não vai me dizer que se apaixonou por ele.

Yoongi olhou-a de soslaio, observando-a jogar o corpo para trás em uma risada tímida que se alforriou em uma alta e gostosa gargalhada quando a dona dos fios esverdeados notou uma risada casta escapar dos lábios do homem a sua frente a quem conhecia a tantos e tantos anos. Vendo-o assim, com aquela risada tímida, podia rememorar bem a chuva que molhava os seus cabelos, na época castanhos, do dia quando, fugindo de seus problemas em Busan, acabou por bater na porta da casa dele em Daegu. Ainda que se conhecessem apenas via internet, Yoongi a acolheu como ninguém nunca antes fizera por ela.

— O que tem de tão engraçado, Suran?

A gargalhada cessou quando o tom rígido e espartano de Yoongi a cortou. Seu rosto estava sério, e não havia mais nenhum sinal da risadinha sem-graça que ele estava oferecendo segundos antes. Era incrível como Yoongi podia ir da água para o vinho em alguns nano-segundos, porém, não era nada incrível para a mulher que atendia por Suran saber como o havia irritado.

— Isso é sério? — Ela levou uma mecha nervosamente para detrás da orelha furada por alguns piercings dourados e redondos. — Eu sei que sempre torci para você encontrar alguém para ter uma relação firme e duradoura, mas tinha logo que se apaixonar pelo Príncipe Kim?

Yoongi forçou um sorriso.

— Você deveria saber mais do que ninguém, nonna, que não conseguimos controlar nossos corações. — Ele levou a bebida aos lábios outra vez, e franziu o rosto ao gosto amargo entrar em contato com as suas papilas gustativas. — Mas me diga, o que o Seokjin te ofereceu para me entregar de bandeja a ele assim? Foi o emprego?

A expressão no rosto de Suran moldou-se em puro horror ao ouvir à acusação de Yoongi.

— Do que você-

— Nem tente. — Ele riu sarcástico. — Você é a minha melhor amiga, e foi a única a quem eu me permiti contar sobre o meu relacionamento com o Taehyung.

Suran entreabriu os lábios, mas encolheu-se na banqueta ao apertar os seus braços em si enquanto sentia o os olhos felinos e julgadores de Yoongi lhe degustarem de cada pedaço. Ela era culpada, e não havia porque mentir para ele para tentar contornar a situação. O remorso lhe consumia como um inseto que comia as suas entranhas de dentro para a fora. Yoongi era o seu melhor amigo, o homem pelo qual havia se apaixonado ainda que virtualmente e que a acolheu mesmo que não fosse possível para ele retribuir os seus sentimentos e, ainda assim, ela o ofereceu de bandeja, tal como ele havia dito, como um porco assado para Seokjin por uma vaga de emprego. As coisas estavam difíceis, porém, nada deveria ser o suficiente para que ela fosse a chefe de cozinha que colocaria a maçã na sua boca.

— Eu ia contar para você... — Murmurou sem forças.

Yoongi levantou-se com brutalidade, derrubando a banqueta a qual estava sentado e batendo com força na bancada à sua frente. Havia, em si, ainda um por cento de chances de que Suran não fosse a responsável de todas as indiretas diárias de Seokjin, além da total perda de confiança do mais velho em si e do seu lugar como o braço direito do mais velho, quando decidiu manter para si o seu relacionamento de um mês com Taehyung.

E que tão amarga havia se tornado aquela doce ilusão agora no seu paladar.

Quando percebeu Yoongi se afastar, irritado e descontrolado, Suran pulou da banqueta com as suas pernas curtas e correu para alcança-lo. Ele virou-se para olhá-la, e a frieza com que suas irises negras como o ponto mais fundo do oceano chocou-se contra as suas amêndoas doces, fez com que os pelos da nuca da mulher se arrepiassem. Ele nunca havia olhado para ela daquela forma congelante.

— Me solte. — Ditou, tão ríspido e gelado quanto o seu olhar.

— Eu não sabia que você se sentia assim em relação a ele. — Rebateu. De fato, não estava mentindo.

— Não sabia? — Riu sarcástico outra vez. — Você acha que eu ia perder o meu tempo contando sobre ele para você se não? Taehyung não era e nunca foi só mais um na minha lista!

— E ele sabe disso?

Yoongi apertou os olhos, obrigando os seus cílios a se cruzarem, e molhou os lábios com um movimento rápido e quase imperceptível de língua. Enfim, desarmando-se completamente aos olhos suplicantes por perdão que Suran o enviava, o garoto de cabelos negros e mexas azuis suspirou, dando-se por vencido. Não podia mesmo resistir ao quão adorável aquela mulher era.

— Não sei... — Encheu o pulmão de ar. — Eu contei que terminei para não o prejudicar, mas eu acho que ele não acreditou em mim.

— Você conversou com ele recentemente? — O tom de surpresa se fez presente na voz única de Suran.

— Sim. — Assentiu. — Hoje mesmo, foi ele quem me disse pessoalmente que ia se casar com a nonna dele. — Acrescentou, forçando um enojo na voz que arrancou uma risadinha da mulher.

— Se você se encontrou com ele, então significa que você o quer de volta. — Yoongi desviou o olhar. — Estou certa? — Mas ela o perseguiu com o seu.

— Talvez. — Murmurou, rabugento. — Eu não sei, eu não sei o que eu quero. Eu sei que eu terminei pelos motivos certos, mas eu não consigo ficar com mais ninguém depois dele ter sido meu. — Yoongi franziu o rosto à expressão animada e apaixonada que Suran lhe lançara. — E eu não devia estar te contando isso porque eu sei que você vai correndo contar tudo para o Seokjin.

 Ela o deu um puxão de leve, o suficiente para não o irritar.

— Me deixe tentar consertar isso, por favor. Você é muito importante para mim, Yoongi, e sabe disso.

Ele a lançou um olhar curioso.

— O que está passando por essa cabecinha? — Indagou, sorrindo, enquanto bagunçava os cabelos dela com o pulso que ela não segurava.

— O Seokjin vai no jantar de noivado. — Yoongi piscou, surpreso. — Sim, eu já estava sabendo do noivado, me desculpe, não vou mais esconder nada sobre o Taehyung de você. — Os lábios dele se tornaram uma linha fina irritada. — E... — Ela mordeu o lábio inferior, visivelmente animada. — Eu vou convencê-lo a levar você junto.

O garoto piscou mais uma vez, abismado.

— Você quer que eu vá no jantar de noivado do Tae? — A incredulidade na voz rasgada se fez muito presente, arrancando uma risadinha da dona dos fios verdes.

— Sim, pode ser a última chance de você tentar se resolver com ele. Eu sou a assistente pessoal do Seokjin, eu posso convencê-lo disso! — Ela assentiu, com firmeza. — Apenas me prometa que não vai se meter em confusão...! — Suplicou.

Fora a vez de, finalmente, Yoongi deixar uma risada escapar dos seus lábios.

— O único homem vivo que pode me fazer arrumar uma confusão no meio de um jantar seria o Jungkook. — Ele riu, acompanhado na mulher. — Irei ser um perfeito cavalheiro.

— Bom ouvir isso porque... vamos nos livrar disso!

Suran afirmou, agarrando-se aos piercings e mechas azuis tão característicos de Min. Seria uma hora de uma transformação radical no mais novo.

— Nonna, o que você-

— Para reconquistar o Taehyung, você vai ter que provar a ele que é muito mais que o garoto rebelde que fode bem. — Segurou a risada aos olhos esbugalhado de Yoongi para si. — E nada como surpreendê-lo aparecendo no jantar de noivado dele como um Yoongi completamente novo.

Sorriu.

 

 

 

 

 


Notas Finais


Capítulo repostado por bugs no site e.e

Enfim, sem mais delongas, muito obrigada por ter lido!
Por favor comentem o que estão achando, criticas construtivas e mensagens de apoio são sempre bem-vindas!
Até breve! Irei responder os comentários atrasados assim que possível! :) Beijinhos.


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