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História Castelo de Cartas - Branca de Neve


Escrita por: Miss_Giannini

Notas do Autor


Olá meu povo!
Este capítulo é do ponto de vista de outro personagem, okay?
Espero que gostem ^^

Capítulo 6 - Branca de Neve


Fanfic / Fanfiction Castelo de Cartas - Branca de Neve

?? POV

            Não me sentia pronta para ir para a escola. Eu até podia não ir, poderia largar os estudos se quisesse e recomeçar do zero em outro lugar. Mas esse já era o meu recomeço, minha segunda chance, e eu não podia desperdiça-la.

            Não havia água quente no chuveiro, apenas uma temperatura morna que não adiantava em nada com o tempo que fazia em Busan. Não podia me dar ao luxo de gastar o dinheiro que havia trazido em coisas supérfluas como água quente ou uma cama mais macia, eu ao menos tinha um teto, e isso bastava.

            Coloquei o uniforme novo, tão lindo quanto eu havia imaginado, um dos meus sonhos era vesti-lo, então ver meu reflexo no espelho com ele me emocionava. Logo precisaria comprar lã para fazer um cachecol, meus cabelos estão um pouco abaixo dos ombros e qualquer ventinho me gelava o pescoço.

            Guardei as últimas coisas que faltavam em minha bolsa e coloquei-a nos ombros. Tranquei a porta de meu pequeno apartamento e sai de fininho para não acordar o homem que o alugava para mim. Quando o contatei por email solicitando um quarto, ele nem pensou duas vezes em aluga-lo para a estrangeira de dezesseis anos.

            Os livros estavam errados, na prática é diferente, os coreanos são muito receptivos

            Isso foi até eu desembarcar no aeroporto e conhecer aquele homem, ele não media esforços para demonstrar sua aversão por mim. E não era diferente com o resto das pessoas.

            O pequeno prédio era longe do colégio, não tinha dinheiro para um que fosse mais perto ou mais confortável. Eu pretendia gastar dinheiro com passagens de trem só quando fosse muito necessário, portanto havia acordado bem mais cedo para iniciar minha caminhada.

            O colégio era enorme, tinha três andares, quadras e jardins que cercavam todo o perímetro, ele me lembrava minha antiga casa, o que não era tão reconfortante assim. Entreguei alguns documentos na secretaria e fiquei feliz quando percebi que foram muito gentis e atenciosos comigo.

            Uma das atendentes pediu para um garoto me levar até a minha nova sala, ele tinha um ar estranho e algo me dizia que não devia confiar em seu sorriso e palavras gentis. Seus olhos brilhavam dizendo o contrário.

            - É por aqui – abriu a porta para mim e eu fiz uma breve reverência para agradecê-lo, “que cavalheiro”, pensei.

            O garoto indicou que eu me sentasse e esperasse a professora, assim o fiz. A mulher que entrou só foi reparar em mim depois de trinta minutos de aula.

            - O que está fazendo aqui? – Perguntou com hostilidade enquanto apontava um dedo esquelético em minha direção. – Isso é alguma brincadeira?

            - Eu sou a nova aluna desta sala, sou intercambista.

            - Não fomos avisados de que um intercambista se juntaria ao segundo ano – seu olhar se tornou menos afiado e eu relaxei, só um pouquinho.

            - Aqui é o segundo ano? Eu deveria estar no terceiro...

            A professora deu uma bronca enorme no garoto que havia me trazido para a sala errada e deixou ele na secretária. Ela me acompanhou até a diretoria para eu fazer a entrada apropriada até minha verdadeira nova sala. A diretora, muito mais gentil e atenciosa do que a professora, parou a aula e pediu que eu entrasse.

            - Essa é a nova colega de vocês, seu nome é Alice Timothy e ela veio de Liverpool, na Ingleterra. Espero que façam com que ela se sinta em casa. Alice, se apresente, por favor.

            Engoli em seco, os livros não disseram que isso aconteceria.

            - Bom dia, sou a Alice, tenho dezessete anos e espero que possamos ser bons amigos.

            Finalizei com uma pequena reverência e o professor indicou que eu me sentasse, meu lugar era na parte da frente à direita, de modo que minha visão dos outros alunos era bem limitada.

            Por mais que tentasse evitar durante as aulas que se seguiram, era impossível fingir que não ouvia os sussurros nada baixos sobre mim. Os alunos sequer disfarçavam, olhavam para mim como se eu fosse um experimento cientifico que deu errado e estavam prestes a me dissecar para ver se minha anatomia era semelhante à deles, como se eu tivesse vindo de outro planeta.

            Juro que um ou dois alunos que estavam perto de mim mudaram de lugar. Uma garota de cabelo tingido veio com suas amigas falar comigo em uma das trocas de aula, ela tinha uma expressão azeda que me constrangeu.

            - É... isso é contagioso?

            Suspirei. De novo não.

            - Não – tentei fingir que não me importava com a pergunta, mas doía. – Sou exatamente igual a qualquer uma de vocês.

            - Mas você é... sabe... estranha – disse uma delas e depois recebeu uma cotovelada da que havia falado comigo. Abri a boca para responder, mas não saiu som algum, então elas deram as costas e foram embora.

            Não me sentia triste assim desde meu último aniversário, quando tive que sair para ver o público e todos aqueles repórteres curiosos. Minha família tentava me esconder em casa, não era segredo de ninguém que eu era a mancha naquele histórico perfeito.

            - Você não pode sair de casa, sabe disso – disse minha mãe uma vez quando eu pedi para ir tomar sorvete com Charles -, as pessoas não vão te aceitar porque você é estranha.

            - Você é diferente de todos nós, deve viver excluída pelo nosso bem, querida – meu pai tentava soar doce, mas aquelas palavras cortavam tanto quanto facas.

            Quando o intervalo começou, sai da sala no mesmo instante. Procurei alguém que parecesse simpático para ficar durante o lanche, nem preciso dizer que não encontrei, era impossível sequer disfarçar que eu não era diferente, eu estava marcada pelo corpo todo.

            Encontrei um corredor aparentemente vazio e me sentei, encostei as costas na parede gelada e abri uma lata de refrigerante de laranja, abri meu livro de histórias favorito e busquei algum conforto nas palavras familiares. Alice no País das Maravilhas. Era daí que vinha o meu nome, e ele foi a única coisa que eu não mudei, tinha que me apegar ao menos a ele.

            Quando o sinal tocou indicando que eu deveria voltar para a sala, uma garota esbarrou em mim e virou o refrigerante em mim e em meu livro.

            - Você não olha para onde anda, esquisita?

            - Desculpe, foi um acidente – ela havia esbarrado em mim, mas pareceu prudente não contesta-la, ainda mais que ela estava com outras duas garotas.

            - Você acha que só porque chegou hoje, terá tudo aos seus pés? Vou mostrar seu devido lugar.

            A garota me empurrou contra a parede e eu arfei por conta do impacto. Eu sabia esgrima, mas de nada adiantava agora. Fechei os olhos com força e ela riu quando uma lágrima escorreu pelo meu rosto. Não tinha como esse dia piorar. Talvez meus pais estivessem certos, eu jamais devia ter saído de casa.

            Alguém segurou os ombros da garota, impedindo que ela desferisse um tapa em meu rosto. Ela pareceu assustada e me soltou, aproveitei o momento e corri para longe dali sem olhar para trás.

            Entrei no banheiro feminino e lavei meu rosto com força, como se tentasse apaga-lo, mas a água não era uma boa borracha. Meus cabelos são tão claros quanto o trigo e meus olhos são bem mais claros do que qualquer tom normal de azul. E minha pele? Mais branca do que a neve.

            Me escondi em uma cabine e chorei em silêncio. Derrubei meu livro quando a garota me empurrou e acabei deixando-o por lá, ele era a única coisa que eu tinha da minha antiga vida da qual eu realmente me importava. Ouvi a porta abrir e me escondi para que a garota não me visse lá dentro.

            - Está tudo bem, pode sair – era a voz de outra garota, ela bateu devagar na porta onde eu estava e vi seus pés se afastando -, não vou te machucar. Prometo.

               Eu devia confiar nela? Devia confiar em qualquer pessoa?

            Abri a porta um pouco receosa e esfreguei meu olho direito como uma criança, ganhei um sorriso em resposta. A garota a minha frente tem os cabelos pretos e brilhantes, sobrancelhas grotas e a pele morena.

            - Não se preocupe com Chin, ela não voltará a te atormentar – observei seus movimentos enquanto ela pegava um punhado de papel e o entregava para mim. – Enxugue o rosto, trouxe uma camisa reserva que parece servir em você, vista-a e vai ser como se nada tivesse acontecido.

            Aceitei a camiseta e me surpreendi quando ela serviu perfeitamente em mim, o que era muito estranho visto que eu sou pequena e miúda, e essa garota tem muito mais corpo do que eu um dia terei a vida toda.

               - Obrigada...

            - Não precisa agradecer, Alice – ela lembrou o meu nome! Fiquei tão feliz que não contive o sorriso. – Vamos esperar essa aula acabar e entramos na próxima, o professor não vai se importar porque você é novata.

                 - Mas e você?

            - Ah, eles já estão acostumados – ela riu baixo e eu sorri, me sentia bem perto dela, a primeira pessoa que me tratou verdadeiramente bem desde que cheguei. - Vamos sair daqui, o Park deve estar impaciente.

            Ela estendeu a mão e eu a segurei, não sabia seu nome, mas sentia que poderia confiar nela a partir de então. Era engraçado – até bonito – de ver o contraste entre nossas peles. Assim que saímos, vi um garoto apoiado na parede, ele estava com meu livro em mãos!

            - Acho que o cheiro de laranja vai sair com o tempo, mas pelo menos consegui tirar muitas das manchas – ele entregou o livro em minhas mãos e eu abracei a capa fortemente.

            O tal garoto devia ser o Park. Ele é apenas um pouco mais alto do que a garota e eu, seus cabelos pretos estavam jogados um pouco para o lado e seu olhar transmitia uma sensação boa. Desviei o olhar quando percebi que estava olhando-o por muito tempo, ele corou e fez o mesmo. A garota riu.

            - Certo, pode voltar para a sala agora, depois apresento ela para o pessoal – a garota o empurrou e ele acenou para mim antes de ir embora. – Aquele é Park Jimin, um de seus novos amigos.

            - Novos amigos? – Soava como música em meus ouvidos. Seu sorriso ficou maior e ela enlaçou o braço no meu.

            - Claro, você acabou de ser recrutada e está intimada a ser nossa nova amiga. Jamais precisará ficar sozinha enquanto estiver conosco.

            - Você sabe o meu nome, mas ainda não me disse o seu...

            - Ah! Eu esqueci – sorriu e estendeu a mão em minha direção, eu a apertei. – Pode me chamar de Mahina.


Notas Finais


Gostei bastante de escrever este cap! Fiquem de olho na Alice, tem muita linha enrolada nesse novelo e muitas pontas soltas, quero ver quem vai pegar as brechas dessa vez ;)
Um beijo na alma e até a próxima!


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