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História Catarina: a homossexualidades nos anos 50 - Capítulo Nono


Escrita por: xxthays

Notas do Autor


Os capítulos serão postados a cada 15 dias, sempre aos sábados.
Próximo capítulo: 26/08

Capítulo 9 - Capítulo Nono


- Vou pedir pra Senhora Liviana ficar com as crianças e pegar água pra você. Se acalme. – Ela falou baixo em meu ouvido, ainda me abraçando.

                Me sentei na cadeira e não queria pensar em nada do que estava acontecendo. Eu queria mesmo era sentir a Catarina, sentir seu toque, seu cheiro e sua voz que embora me dissesse tantas outras coisas, tudo soava como um “vai ficar tudo bem”.

- A Senhora Liviana vai embora só depois das 18h30. Então temos um bom tempo para conversar. Tome essa água com açúcar. Vamos sentar nas nossas cadeirinhas pequenas. – sorrimos – Você tem duas opções e eu não vou interferir no que decidir fazer. 1. Você pode me contar tudo o que está acontecendo e chorar o que tiver pra chorar agora ou 2. Não contar nada, fingir que nada aconteceu e viver num mundo paralelo onde essa sala aqui é uma dimensão só nossa.

                Sorri.

- De onde você tira essas coisas?

- O que? Outra dimensão? Eu sou professora. Posso te contar uma história e fazer dessa sala um mundo que só nós duas conhecemos e você não vai querer nunca mais sair dele.

- Então me conta. – sorri novamente, já calma, sem mais vontade de chorar.

- Hm, você escolheu a opção de número dois mesmo?

- Sim.

- Está certa disso?

- Estou. – ri um pouquinho mais alto. Ela apagou a luz, ficamos apenas com a claridade que vinha da janela.

- Este é o Maravilhoso Mundo de Analu. Onde tudo, exatamente tudo, é lindo e sai como você imagina. – Ela disse enquanto se dirigia ao final da sala – Esta é a casa de Analu – pegou uma casinha de bonecas e apoiou na mesa que estava ao meu lado – Você mora bem ai, com quem quer morar?

- Com a Rafa e com o Renato.

- Estes são Rafaela e Renato – Pegou dois bonecos e os colocou dentro da casinha, se dirigiu até a janela – Oras! Está na hora da mamãe ir trabalhar. Espere um minutinho. – Abriu toda a cortina e foi até o armário de sua sala pegar uma arma de brinquedo feita de madeira. – Tome, seu objeto de trabalho! Cuidado pra não morrer em nenhuma missão, viu?! Ah, não! Espere um minuto! Onde já se viu, estou ficando doida? Nenhum policial do mundo sai de casa sem sua boina. Tome! Coloque-a para ser identificada na rua – Tirou um boné de sua gaveta e me deu. Coloquei. Sorri. – Ótimo! Uma policial completa. O que será que lhe espera hoje em seu dia de trabalho? Um assalto? Assassinato? Briga de família? Ou um trote que algum engraçadinho vai passar? Vamos descobrir. Pegou um carrinho de brinquedo e fez o barulho da sirene. – Você chegou no seu trabalho. Olha, que legal! O delegado disse que é seu dia de treinamento! Vai! Levanta! Vamos treinar esse tiro. – Pegou algumas latas de milho que estavam pintadas pelas crianças e as empilhou em sua mesa. – Vai, atire! Não, não! Está muito perto.

- Eu estou sem munição, não sei se você percebeu. – Brinquei

- Você sabia que para ter munição tem de merece-las? Ou você acha que qualquer doido sai com uma arma cheia de balas por aí?

- E quem pode me dar essas munições? Preciso treinar meu tiro urgentemente.

- Eu mesma. – Pegou alguns elásticos que estavam em sua mesa e um giz de lousa.

- Todo policial que se prese deve saber desenhar uma arma de fogo. Se você desenhar bem, recebe as munições do dia.

- Eu nunca desenhei uma arma na vida! – Ri um pouco. Nesse momento já não lembrava mais nada de minha vida real.

- Sem desenho, sem munição.

                Comecei a desenhar a arma de fogo e pensar como queria que aquela fosse a minha realidade. Não a de policial. A de amiga intimida de Catarina. Pude ouvir seus risos por ver que meu desenho estava saindo um fiasco total.

- Pare de rir! Venha desenhar melhor! – Olhei pra trás, ela apenas acenou que não com a cabeça. Finalizei o desenho.

- Olha, por esse desenho você merece no máximo meia munição.

- COMO OUSAS? – Sorri.

- Mas como o Delegado está num dia bom, onde acabou de prender o maior corrupto de San Pitter, ele vai te liberar algumas munições a mais.

- Tudo bem, mas agora eu quero ver você desenhar uma arma melhor que a minha! Olhe bem para isso, é uma obra de arte!

                Sem falar nada, Catarina se levantou e desenhou, em menos de dois minutos, uma arma maravilhosa.

- Só falta um detalhezinho – Ela disse e depois desenhou uma flor na boca da arma.

- Quem dera se todas as armas fossem assim.

- No Maravilhoso Mundo de Analu elas são. – Pegou um papel e fez uma rosa em dobradura. Me entregou. – E aqui estão as suas munições. – Me entregou os elásticos.

- No Maravilhoso Mundo de Analu as coisas são tão lindas que as armas são usadas apenas para brincar.

- Como assim?

                Coloquei os elásticos na arma de brinquedo e comecei a atirar em Catarina, que não estava esperando e tentava fugir dos “tiros” pela sala.

- Você é boa em me acertar. Mas quero ver derrubar essas latinhas.

- Ah, você duvida? – Coloquei mais elásticos na arma e comecei a atirar nas latas. Derrubei todas. Olhei para Catarina, ela estava abismada. – Treinei muito até meus 16 anos, não se espante.

- Eu sou ótima em desenho e em dobradura, mas jamais acertaria uma latinha dessas.

- No Maravilhoso Mundo de Analu, Catarina é Aspirante a Policial e está em treinamento. Vem, sua vez de atirar. – Ela nem hesitou, apenas sorriu e pegou a arma da minha mão. Cinco tiros errados. – Você tem algum tipo de problema na sua coordenação? Porque não é possível que...

- AH, ME POUPE! Faça uma rosa com um pedaço de papel que conversamos depois.

- Você consegue pegar errado EM UMA ARMA DE BRINQUEDO.

- DESCULPE SE NÃO NASCI PRA ISSO...

- É assim que se pega numa arma. – A abracei por trás despretensiosamente, mas meu coração acelerou. Encaixamos nossos braços e mãos perfeitamente e atiramos nas latas. Ela ficou feliz por conseguir derrubar algumas. – O Maravilhoso Mundo de Analu tem o seu cheiro. 



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