História Catch Me - Precisamos conversar

Passei a tarde inteira mantendo distância da Demi, e estou conseguindo evitar a presença dela o máximo possível, menos no jantar que foi impossível de fazer isso. Depois de limparmos a cozinha e lavarmos a louça nos dividimos, pois algumas pessoas foram para o quarto dormir porque queriam sair cedo amanhã e outras se reuniram na sala, mas eu não fiz nenhuma dessas opções. Caminhei até a piscina, ergui um pouco minha calça e mergulhei meus pés na água gelada.

— Amor, o que está fazendo aí? — perguntou Perrie se sentando ao meu lado, mas sem colocar os pés na água.

— Olhando a lua.

— Não quer entrar? Jade e Jesy vão jogar karaokê não quer ir também.

— Não estou muito afim — sorri fraco.

— Tem certeza?

— Sim, pode ir lá, amor — selei nossos lábios.

— Não quer que eu fiquei aqui?

— Não precisa, deve estar com saudade das garotas então vai lá com elas.

— Okay, se precisar sabe onde estarei — me deu um selinho e se levantou.

Fiquei balançando minhas pernas lentamente, isso fez com que eu acabasse molhando minhas calças, mas não me importei, pois estava muito quente ali. A lua refletia na água a deixando prata em algumas partes, e com toda certeza essa é uma das visões mais lindas que se possa ter, é divertido ver as ondas pequenas prateadas se mexem, e eu amo o barulho da água.

Escutei os passos de alguém vindo em minha direção, e com toda certeza é Perrie.

— Ei amor, daqui a pouco vou dormir não se preocupa — falei ainda mantendo meus olhos fixos nos meus pés.

— Amor? — ressoou a voz da pessoa que eu tanto evitei hoje.

— Pensei que fosse a Perrie — olhei para Demi com um sorriso cínico e depois retornei ver a água.

— Por que me evitou hoje? — se sentou ao meu lado.

— Só não estou afim de conversar com você.

— Por quê?

— Realmente não sabe? — perguntei erguendo a sobrancelha.

— Se é pelo que estou pensando, já fazem 10 anos.

— Não importa, acha que é fácil esquecer?

— Não é, eu também não esqueço e por isso precisamos conversar.

— Vai conversar com seu namorado.

— Que namorado?

— Zayn — falei e ela começou a rir. — O que?

— Não sou namorada do Zayn, ele namora a Gigi — ela ria sem parar. — Você não conhece os próprios amigos.

— Andei afasta deles então a culpa não é minha.

— Hum… Mas se você se afastou, tecnicamente é sua culpa sim.

— Isso serve pra você.

— Eu sei — falou quase em um sussurro. — Precisamos conversar.

— Acho melhor não, realmente não estou com cabeça para isso — falei me levantando.

Coloquei o chinelo e caminhei até meu quarto. Tomei um banho demorado e gelado, coloquei meu short cinza e meu top combianndo. Me deitei na cama, chequei as redes sociais e as atualizei, depois coloquei na minha playlist calma, pois precisava dormir logo, pois nem quero pensar na Demi ou no passado.

Ontem a noite dormi tão profundamente que nem vi Perrie entrar no quarto e desligar o som, só acordei porque as cortinas estavam abertas e o sol havia adrentado no quarto me despertando, me levei e fechei as cortinas por causa da Perrie, fui até o closet e vesti uma camisa folgada escrito "20 pegar", coloquei um chinelo e fui para a cozinha.

Quando cheguei na cozinha a única pessoa que estava ali era Demi então resolvi voltar mais tarde, mas meu estômago reprovou minha decisão e doeu, eu não havia jantado direito ontem à noite, eu precisava me alimentar. Bom, vou ter que ignorar ela e procurar algo para comer. Fui até a geladeira e peguei o necessário para fazer uma torrada, após isso, comecei a preparar ela.

— Bom dia — Demi disse sentando na cadeira, droga, ela não vai sair daqui.

— Bom dia — respondi sem olhar para ela.

Assim que minha torrada ficou pronta me sentei para comer, e Demi me observava sem parar, isso já tava enchendo a porra da minha paciência que é extremamente pequena.

— O que foi? — perguntei e depois lambi meu dedo, pois havia derrubado maionese.

— Fica sexy até assim — respondeu, mas eu estava extremamente mal arrumada.

— Você é maluca — ri.

— Aliás, eu quero.

— O que?

Ela apontou para minha camisa.

— Ah sim, mas desculpa, só pego minha esposa — falei me levantando e largando as coisas na pia.

— Então vocês casaram?

— Sim.

— Faz quanto tempo?

— 3 anos.

— Entendi, por que casou com ela?

— Eu a amo — falei e percebi Demi ficar imóvel, parecia que não sabia o que fazer.

— VIADA FAZ TORRADA PRA MIM, EU SENTI O CHEIRO — gritava Harry enquanto entrava na cozinha.

— Você é um folgado, mas eu faço — respondi.

Demi se levantou quase deixando a cadeira cair, mas que foi segurada por Harry, e saiu rapidamente da cozinha.

— O que deu na Demi? — perguntou?

— E eu sei lá — dei de ombros.

***

Depois daquela conversa com a Demi no café da manhã, não havia mais visto ela, e já são 20 horas. Zayn ligou para Demi, pois todos estavam preocupados, mas ela disse que estava bem e apenas estava se divertindo.

— O que foi, amor? — perguntou Perrie. — Está distante hoje — me deu um selinho e se sentou na minha frente.

— Nada, só estou pensando.

— Anda pensando muito desde ontem, até foi dormir cedo, pensei que curtiriamos a noite.

— Desculpa amor, eu estava cansada.

— Sem problemas, mas está bem?

— Eu estou muito bem, aliás vem comigo — disse me levantando e pegando a mão dela.

A levei até o nosso quarto.

— Me deixe compensar ontem — falei a empurrando na cama.

***

Eu não sei quanto tempo passei fazendo sexo com a Perrie, mas sei que foram horas.

— Te amo meu amor — disse enquanto se abraçava em mim.

Não respondi nada, apenas fiquei fazendo carinho nos seus cabelos loiros.

Não conseguia dormir pelo simples fato de não parar de pensar em Demi…. O passado estava dominando minha mente e a pergunta dela não saia da minha cabeça. "Por que casou com ela?". Por quê? Por quê? Eu também queria muito saber a resposta, e eu nunca tinha me perguntado isso… Talvez casei com ela, pois era o certo a se fazer… Perrie sempre esteve ao meu lado, desde que éramos crianças, sempre cuidou e me protegeu de tudo, quando eu precisava desabafar sempre estava lá para me escutar, quando eu chorava sempre secava minhas lágrimas, sempre tentava me fazer sorrir quando estava triste, e sempre correu atrás de mim… Perrie é uma ótima pessoa, é incrível, inteligente, tem uma voz linda e um corpo perfeito, mas não é o suficiente para mim, ou eu não seja o suficiente para ela, ou talvez não sejamos suficientes um para a outra… Eu não a amo tanto quanto ela me ama, eu sei disso, mas sempre tentei mentir para eu mesma, me dizendo que "EU AMO A PERRIE EDWARDS", mas isso não passa de uma grande mentira, uma mentira que eu carrego faz quase 10 anos… Minha vida ficou totalmente bagunçada depois de Demi sair dela, eu fiz coisas que não deveria e agora vejo que foram extremamentes erradas… Mas isso não importa, pois eu estou casada com a Perrie, temos uma vida tranquila, trabalhos excelentes, dinheiro para fazermos a maior parte do que queremos, e ela me ama, e eu gosto muito dela.

Me levantei, fui para o banheiro e tomei um banho, depois caminhei até o closet e coloquei um short, moletom preto e um Vans preto, tudo sem fazer nenhum barulho, pois não queria acordar a Perrie. Descia as escadas e sai de casa, precisava dar uma volta e esvaziar a cabeça, não queria mais pensar em nada, minha vida estava excelente na medida do possível, até Demi Lovato aparecer novamente.

Estava atravessando a rua quando um carro para bruscamente na minha frente, não tive reação alguma a não ser colocar minhas mãos na nuca e paralisar.

— Não vou assaltar e nem matar você — diz Demi rindo e saindo do carro. — Não é bom vagar sozinha essas horas na rua.

— VAI SE FODER, CALA A PORRA DA BOCA — esbravejei caminhando em sua direção. — VOCÊ É UMA DESGRAÇADA — falei batendo em seu peito, mas ela andava para trás amenizando minhas pancadas.

— Ei, ei, o que houve? — falou colocando os braços na sua frente para evitar meus socos e tapas descontrolados.

— VOCÊ DESGRAÇOU A MERDA DA MINHA VIDA HÁ 10 ANOS ATRÁS E QUER DESGRAÇAR ELA DE NOVO? — perguntei gritando, eu não conseguia me controlar, meu sangue estava fervendo e pulsava tão forte que conseguia o sentir em minhas veias, minhas bochechas queimavam, mas ao mesmo tempo estavam molhadas por lágrimas.

— (Seu nome) calma — ela falou me abraçando forte, me fazendo parar de soca-lá — Isso, calma — afagava meus cabelos enquanto eu chorava, sentia minha respiração travar às vezes e não parava de soluçar, mas ao mesmo tempo que o ódio me consumia o abraço dela me confortava. — Ei, não chora, a gente não pode ir comer alguma coisa e conversar sobre isso? Eu quero me explicar, não quero que tenha raiva de mim — apenas assenti com a cabeça.

Entramos no carro, e Demi dirigiu até a primeira lanchonete que achou aberta, o que foi fácil de achar, mesmo sendo quatro horas da manhã. Não falamos nada até entrar na lanchonete, que embora seja bem simples, era aconchegante, e havia poucas pessoas ali.

— Que tal aquela mesa? — Demi perguntou apontando para uma longe e reservada.

— Pode ser — falei caminhando até lá.

O garçom venho perguntar o que queriamos, Demi pediu panquecas e uma Coca-Cola, e eu apenas um chocolate-quente grande com extra cobertura de chantilly. Os pedidos vieram rápidos, e até então não tinhamos trocados nenhuma palavra.

 — Quem começa? — perguntou Demi.