História Catfish (Larry!Texting) - S01e12

    — Então quando eu tinha 15 anos, eu desapareci de casa por um dois dias. — Niall dizia sentado na areia, com um sorriso saudosista no rosto, sentindo o olhar sonolento de Liam sobre si. — Eu fui pra uma festa e chegaria em casa muito depois do horário, sabia que estaria com problemas, então resolvi que não deveria voltar de vez. — Ele riu ao fim da frase, como se desse a entender que sabia o quanto aquela ideia tinha sido estúpida.

    — Estudante de Direito em Stanford… Nunca pensei que seria um rebelde! — Liam comentou respirando fundo em seguida. Estava muito cansado, eram quase seis e meia da manhã, mas ele não queria simplesmente que o tempo passasse.

    — Minha fase de “quero ser aceito em Stanford” veio um tempo depois. — O loiro completou e virou o rosto para encarar Payne. — Mas digamos que, no ensino médio, ninguém apostaria num grande futuro pra mim.

    — Bem, parece que você provou que todos estavam errados de qualquer forma. — Liam disse baixinho, fechando os olhos lentamente ao perceber que Niall se inclinava para beijá-lo.

    Os dois não haviam se desgrudado a noite inteira, conversaram, trocaram números de telefone e, por mais animada que a festa estivesse, eles não pareciam interessados em mais ninguém que não fosse um no outro. Niall, no entanto, ainda estava ali e, de canto de olho, cuidando de Harry e volta e meia indo ver se ele ainda estava vivo.

    Os lábios dos dois pareciam magnetizados e atraídos de forma totalmente inexplicável. Mesmo com o bonito pôr-do-sol nascendo longe, no horizonte do mar, deixando tudo em tom amarelo e alaranjado, ainda assim o sol, em todo seu esplendor, não foi capaz de fazer nenhum dos dois virar-se para olhar. Ao fim do beijo, Liam ainda brincava com o nariz de Niall e o via abrir o sorriso aos poucos.

    — Eu preciso ir. — Liam disse afastando-se contra a vontade.

    — Eu sei… — O loiro disse embora quisesse pedir que o outro ficasse.

    — Como está seu amigo? — Liam perguntou levantando-se da areia, acompanhado de Horan, limpando de leve um pouco de areia das calças.

    — Bem, as coisas são como são, não é mesmo? — Niall disse conformado ao ver Harry dormindo na areia. — Sei que ele vai ter uma senhora dor de cabeça hoje.

    — Se quiser, levo vocês em casa. — Liam ofereceu-se e Niall concordou. Não porque ele realmente precisava, mas porque certamente adoraria passar qualquer segundo a mais que pudesse com Liam.

    Niall aproximou-se com cuidado de Harry, o tocou no ombro sacudindo-o gentilmente. Styles gemeu alguma coisa sem abrir os olhos e o loiro insistiu, forçando-o a se levantar. Harry era muito maior do que ele e apenas agradeceu por ter Liam por perto para ajudá-lo. Os dois ajudaram Harry a se levantar, mesmo que o moreno alto não quisesse, e insistia em dizer que precisava dormir mais, murmurando coisas como “eu não vou pra aula hoje”.

    — Harry… — Niall disse rindo um pouco ao que o amigo colocou-se em pé e pareceu dar-se conta finalmente de onde estava e do que estava acontecendo. — Como se sente?

    — Como se a morte se aproximasse lentamente. — Styles respondeu, levando as mãos à cabeça e sentindo a dor de cabeça o invadir no momento em que abriu os olhos para a claridade do sol.

    — Liam vai nos levar pra casa, anda. — Niall disse e só então Harry viu que havia mais alguém em sua frente.

    — Muito prazer, Harry. — Liam disse sorrindo, entendendo bem pelo que Harry estava passando. — Está tudo bem?

    — Posso te responder depois? — Harry disse tentando um gracejo ao apertar a mão de Liam. — Eu não estou podendo ser sincero nesse momento. — Ele concluiu e Payne riu.

    — Tudo bem, eu levo vocês pra casa, acho que precisa de um banho e vai se sentir melhor depois que tomar um banho. — Liam disse e Styles concordou, Niall achou adorável que ele se preocupasse tanto com seu amigo.

    — Prometo não vomitar no seu carro. — Harry disse enquanto os três começavam a andar até o estacionamento da praia. Niall riu alto e Liam também, mas de nervoso.

    — Por favor, é só isso que peço. — Liam respondeu enquanto Niall abraçava-se em Harry para ajudá-lo a andar.

    Apesar de toda a situação e de Styles sequer lembrar-se direito do que havia acontecido na noite anterior, sentiu-se amparado e pensou na sorte que tinha por ter um amigo como Niall. O problema é que aquela bebedeira toda foi capaz de fazê-lo esquecer de Louis apenas por algumas horas enquanto dormia, pois naquele momento as memórias voltaram em cheio. Lembrava-se das mensagens e principalmente da forma como se sentiu ao lê-las e ouvi-las. Foi um dos piores momentos de sua vida e ele sabia que precisava resolver aquilo o quanto antes.

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    Não que estivesse sendo fácil, mas Louis realmente desligou o celular e ficou totalmente fora das redes sociais durante o final de semana inteiro. Sentia que tinha muita energia para liberar e resolveu de fato explorar um pouco as opções da cidade em que estava. Descobriu que ser funcionário do banco lhe dava acessos a um clube conceituado em San Francisco, ele resolveu passar o sábado por lá, jogou um pouco de futebol, nadou alguns bons metros e, à noite, jantou num bom restaurante e foi assistir a um show de jazz. Certo, nada daquilo era muito divertido sozinho, mas ele tentou. Ficar em casa pensando em Harry era algo que ele se recusava a fazer terminantemente.

    Domingo ele leu quase um livro inteiro, foi ao cinema e fez qualquer coisa possível para não parar de ocupar sua mente. A lembrança de Harry estava cada vez mais forte, mas ele sentiu que precisava fazer aquilo: apagou todas as mensagens, fotos e bloqueou o número do outro. Agora ele tinha certeza de que não poderia nem contactar ele mesmo se quisesse, pois não tinha mais seu número. Parte dele sentia-se até mesmo patético de ter que fazer aquilo, era uma clara falta de disciplina, mas ele simplesmente não conseguia se controlar. Tinha convicção de que a curiosidade era o carro chefe daquele “quase relacionamento”, e aquele sentimento poderia ser tão forte quanto qualquer paixão.

    Sentiu naquele final de semana de “abstinência” que sim, ele iria ficar bem. Nada que algumas taças de vinho em algum bar gay por San Francisco, uma boa noite de sexo com alguém que tivesse gostado, não resolvesse grande parte de seu problema. Sabia que o fato de estar muito longe de casa contribuía também para uma certa carência — mas não que Louis Tomlinson fosse um homem de aceitar migalhas.

    — Bom dia, chefe. — A voz de Liam entrando em seu escritório o despertou de alguns cálculos rápidos que fazia em frente ao computador naquela segunda-feira. Tomlinson sorriu ao vê-lo e notou o bom humor de seu funcionário também.

    — Estava te procurando há poucos minutos, onde estava? — Louis perguntou notando que havia passado do horário normal de Liam estar ali.

    — Eu cheguei um pouco atrasado hoje, me desculpe. — Ele disse um pouco sem graça, mas sem tirar o sorriso do rosto.

    — Sem problemas. — Louis respondeu olhando com mais atenção para o outro, percebendo que ele parecia ter algo para contar. — E aí, como foi o fim da festa?

    — Foi incrível. — Liam disse mais entusiasmado do que havia planejado e Louis aumentou o sorriso. — Eu conheci um cara e ficamos a noite toda conversando…

    — Conversando? — Louis riu usando um tom insinuador.

    — Então… Foi… A gente ficou, beijamos e tal, mas… Sim, a maior parte da noite foi conversando, por incrível que pareça! — O estagiário estava surpreso em perceber aquilo de fato quando contou a história em voz alta. — Claro que eu queria ter chamado ele pra minha casa e tal, mas… Não sei, é como se eu não quisesse estragar tudo.

    — Ele não te chamou pra dele? — Louis perguntou gostando de ver que Liam parecia feliz com aquela situação.

    — Não, o amigo dele estava MUITO bêbado… acho que foi um dos motivos também. — Payne explicou.

    — Hm… — Louis analisou por um segundo. — Interessante isso… Ao menos mostra bom caráter, imagina se ele larga o amigo dele pra ir transar!

    — Olha, eu ia achar isso bem errado. — Liam franziu o cenho pensando naquilo por um segundo. Realmente Niall era ainda melhor do que ele pensava. — E você? Como está?

    — Estou bem. — Louis disse sereno, mas incerto da resposta.

    — Certeza? O que fez no final de semana?

    — É sério, fiz muitas coisas. — Louis mudou a feição para algo mais animado. — Praticamente não fiquei em casa… Fui ao clube, vi um show, coloquei parte da minha leitura em dia…

    — Que ótimo! — Liam disse percebendo que Tomlinson parecia estar querendo forçar um pouco aquela “felicidade súbita”. — Conheceu alguém?

    — Não, e não estou procurando no momento. — Louis mordeu os lábios e voltou a deixar um pouco mais clara certa tristeza em seus olhos.

    — Entendo, novo por aqui, quer aproveitar… — Liam disse tentando desanuviar e viu Louis apenas concordar com a cabeça.

    — Bem, vamos almoçar? — Louis convidou, até como desculpa para mudar de assunto.

    — Então, sabe o cara que conheci na festa? Combinei de almoçar com ele. — Liam esclareceu. — Mas seria muito legal se você viesse junto! — Gostaria de conhecer ele? Vamos almoçar todos!

    — Não, podem ir, Liam, imagine… — Louis disse sorrindo, fazendo um gesto com a mão, negando o convite. — Tenho certeza que vocês precisam de mais tempo para se conhecer.

    — Sim, mas não é como se você fosse atrapalhar. — Payne insistiu. — Sério, Louis, vamos!

    — Eu agradeço muito o convite, mas eu não estou a fim de ficar de vela! — Tomlinson riu até honesto demais.

    — Qual é, chefe! — Payne estava quase ofendido. A verdade era que ele tinha percebido que talvez poderia animar um pouco aquele que também considerava seu amigo. — Faço questão que o conheça.

    — Tudo bem, mas eu só vou ficar um pouco com vocês, certo? — Louis cedeu, pegando o terno que mantinha no encosto da cadeira. — E só vou porque estou realmente com fome. — Ele riu e viu Liam ficar feliz por ele ter aceitado.

    Os dois saíram do escritório de Tomlinson comentando onde iriam almoçar enquanto Liam dava mais alguns detalhes sobre Niall, contando como haviam se conhecido e alguns outros detalhes dos quais realmente só comentaria com uma pessoa que tinha intimidade. Apesar do pouco tempo de convívio, Payne tinha uma afinidade ímpar com seu chefe e sabia o quão rareada era sua relação com as pessoas naquele banco. Agora não tinha dúvidas da real amizade dos dois.

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Harry [02:44 PM]:
Oi, desculpe por ontem. Eu não vi suas mensagens a tempo.

Harry [03:08 PM]:
Louis, eu preciso te contar uma coisa.

    Harry encarava o celular um pouco em choque e um pouco incrédulo. Tentou mandar uma mensagem para Louis, mas ela sequer foi entregue. Nenhuma das mensagens. Durante todo final de semana esperou que ele ao menos visualizasse, mas nada. A mensagem não foi recebida.

    Obviamente que depois de ficar sem notícias por dois dias, Harry foi mexer no facebook de Louis e viu algumas postagens públicas, inclusive check-ins em bares e num conhecido clube de San Francisco. Pensou se ele poderia estar com alguém, viu então seu status dizendo que desligou o celular durante o final de semana e se sentia bem com aquilo — Harry sabia exatamente porque ele desligou.

    Não precisava ser muito esperto pra saber que aquela era uma mensagem clara de que Louis não queria mais saber dele. Mas por que aquilo doía tanto? Não era exatamente o que Styles queria? Que Louis se afastasse? Afinal, tudo que ele fez na última semana foi ignorá-lo completamente e, para piorar, para colocar a final “cereja do bolo” de comemoração de perdedor do ano, Harry ainda sequer foi encontrá-lo na festa quando Louis praticamente implorou para vê-lo.

    Harry sentia-se anestesiado, não tinha certeza da noção do tempo, tendo em vista que passou o final de semana inteiro quase curtindo nada além de uma ressaca e vômitos constantes, Mal conseguia comer ou beber água normalmente. Naquela segunda-feira sentia-se melhor, estava pronto para contar a verdade para Louis, devia isso a ele, mas então percebeu que quem Tomlinson era quem não estava mais interessado em ouvir. Sabia que o analista o tinha bloqueado e agora ele teve certeza de que louis não o queria mais em sua vida.

     E quem o culparia? Depois do papelão que Harry havia feito? Não havia para quem apontar o dedo que não fosse para si mesmo. Harry deitou-se na cama e aceitou que aquele Spring Break seria o pior de sua vida.

    — Ei, estou indo. — Niall deu duas batidas na porta entreaberta do quarto que dividia com Harry. — Quer que eu traga comida pra você na volta?

    — Não, está tudo bem. Eu mesmo vou comer algum macarrão instantâneo. — Harry respondeu sem emoção. — Divirta-se.

    — Está tudo bem? Achei que a ressaca tinha passado… — Niall percebeu que a cara de Harry era realmente uma das piores que ele já tinha visto. — Notícias de Louis? — O amigo apenas negou com a cabeça. — Ligue pra ele.

    — Não. — Harry disse num sussurro. — Depois conversamos, eu não queria falar sobre isso agora.

    — Tudo bem, como quiser. — Niall nem insistiu, sabia que aquele assunto era causa perdida se tratando de Harry. — Até depois.

    — Até. — Eles se despediram e o loiro deixou o dormitório rapidamente, tomando seu rumo para encontrar com Liam.

    Para Niall aquilo estava sendo uma surpresa e tanto. Não que ele estivesse buscando por alguém, até pensou que provavelmente nem iria namorar sério durante a faculdade, pois queria aproveitar ao máximo. Mas aqueles olhos castanhos da noite anterior simplesmente não o deixavam em paz. Talvez o fato de Payne não ser nenhum universitário, fez Horan sentir-se um pouco mais no mundo real, percebendo que a vida era de fato muito mais interessante fora dos muros de Stanford.

    Ele pegou o ônibus para ir ao centro de San Francisco e, com o trânsito, demorou mais do que esperava. Trocou mensagens com Liam no caminho e foi informado que ele estaria com um amigo que acompanharia-os no almoço. Obviamente Niall não viu problemas com aquilo e até sentiu uma certa ansiedade: aparentemente liam já estava até mesmo o apresentando para seus amigos.

    Ao chegar no local combinado, ele olhou ao redor e viu de longe Liam acenando, mostrando onde estava. O loiro apertou o passo para chegar rápido entre as mesas, porém, sentiu seu sangue correr gelado dentro das veias quando viu os conhecidos olhos azuis de Louis Tomlinson sentado na mesa com Liam, o encarando com incerteza, confusão e surpresa.

    — Ei, como está? — Liam o cumprimentou com um selinho e Niall mal pode corresponder. Olhou novamente para Louis que havia perdido a cor do rosto.

    — Oi… — Niall disse para Liam, mas ainda olhando Tomlinson, que parecia paralisado com a cena e a situação.

    — Está tudo bem? — Liam perguntou sem entender a intensa troca de olhares entre os dois.

    Niall, que falou com Louis por vídeo apenas uma vez, sabia que ele era totalmente único e inconfundível. Quando ele levantou-se da mesa devagar, estudando seu rosto como se quisesse ter absoluta certeza do que diria, Horan soube que teria muitas explicações para dar.

    — Harry? — Louis perguntou franzindo o cenho confuso. Liam, mesmo sem entender, fez a mesma coisa olhando para Niall.

    Niall respirou fundo e achou mesmo que aquilo era coincidência demais. Seu primeiro pensamento antes de começar a pensar por onde iniciaria a explicação, foi mesmo querer matar Styles.

    — Louis, eu posso explicar. — Foi tudo que Niall conseguiu dizer antes de suspirar e sentir-se emocionalmente cansado.