História Catfish (Larry!Texting) - S01e15

Liam [03:56 PM]:
Oi.

Niall [04:00 PM]:
Oi! Até que enfim você respondeu!

Liam [4:00 PM]:
Eu só quero que você entenda que eu não gosto dessas coisas.
Não esperava isso de você, Niall!

Niall [04:00 PM]:
Liam, eu juro que se você só me deixar explicar, você vai entender que eu não sou assim.
São aqueles momentos na vida que você faz merda e, mesmo sabendo que foi errado, não acha que pode ser tão grave…

Liam [04:01 PM]:
Mas é grave!

Niall [04:01 PM]:
Eu sei… Me desculpa, Lee… Por favor…

Liam [04:01 PM]:
Olha, eu não sei, eu preciso pensar.

Niall [04:02 PM]:
Tudo bem… Tem todo tempo do mundo, eu vou esperar você me procurar quando quiser falar então…

    Liam guardou o celular no bolso e voltou ao trabalho, não respondeu. Não queria se precipitar e julgar Niall daquela maneira por algo que ele até achava não tão grave assim. O problema é que ele viu a decepção nos olhos de Louis e foi meio que inevitável não perceber o quanto o afetou — fora o fato de ser totalmente estranho pensar que Louis achava que seu mais novo amor tinha na verdade a cara de Horan, mesmo que não fosse ele.

    Aquela terça-feira não era para ser tão lotada de tarefas, mas Liam sabia porque Louis estava o enchendo de coisas pra fazer: porque seu próprio chefe não queria parar. Tomlinson ainda teria duas reuniões aquele dia e pediu que Liam o acompanhasse. O moreno alto seguia agora para a sala do chefe, para fazerem um pequeno briefing antes de irem de fato para a primeira reunião do dia.

    — Desculpe a demora, me distraí com celular. — Liam disse entrando na sala de Louis.

    — Sem problemas. — Louis respondeu sem tirar os olhos da tela do computador. — Está pronto?

    — Estou. — Payne sentou-se de frente para Tomlinson na mesa.

    — Então, eu estava pensando na gente começar isso logo pelas partes importantes. Independentes de serem boas ou ruins, não quero enrolar até chegar no que realmente importa. — louis falava enquanto mexia em algum documento na mesa. — Até porque não acho que o pessoal está lá com muita paciência de ficar horas intermináveis numa sala falando de números e… — Ele foi interrompido pelo seu telefone tocando na mesa. Reconheceu o toque do ramal de sua secretária.

    — Sim, Jessica. — Ele atendeu no viva-voz, apenas apertando um dos botões.

    — Senhor Tomlinson, desculpe atrapalhar, mas tem um rapaz aqui embaixo querendo falar com o senhor. — A moça disse num tom de voz claramente inseguro.

    — Quem? Eu não tenho hora marcada com ninguém hoje, estou super ocupado. — Ele comentou olhando para Liam, como se perguntasse se ele tinha esquecido de mencionar alguma coisa. Payne apenas sacudiu os ombros dando a entender que também não estava entendendo nada.

    — Eu sei, senhor, eu comentei isso com ele, ele mesmo disse que não tem hora marcada. Mas ele está insistindo muito…

    — Quem é? — Louis agora estava oficialmente curioso.

    — Ele disse que se chama Harry Styles e o senhor sabe quem ele é. — A moça disse e Louis sentiu seu coração falhar uma batida. Liam Payne arregalou os olhos de um jeito engraçado.

    — O que? É sério? — Louis comentou e a moça, um pouco assustada, ficou até com medo de confirmar, mas ainda assim o fez.

    — Sim, senhor…

    Louis ficou em silêncio, nem sabia o que dizer exatamente. Era um pouco estranho que aquilo tudo estivesse acontecendo, ele jamais esperaria ver Harry de novo, até porque tinha certeza que Styles não iria atrás dele. Mas, realmente, parecia que ele estava muito enganado. Encarava Liam como se pedisse por algum conselho ou o que fazer, mas Payne estava tão perplexo quanto.

— Senhor? — A secretária insistiu ante a falta de resposta.

— Sim, estou aqui. — Louis respirou fundo e assumiu uma posição mais dura. — Ouça, Jessica, diga a ele que estou ocupado, tenho duas reuniões, não posso recebê-lo. — Ele concluiu sentindo-se um pouco mal por dispensar o outro, e até mesmo Liam estava surpreso, mas as palavras saíram de sua boca de maneira completamente robótica.

— Sim, senhor, como quiser. — A secretária disse antes de desligar a ligação.

Louis respirou fundo e manteve a postura séria, queria demonstrar que aquilo não o tinha abalado, mas era óbvio que ele sabia que seu coração acelerado não era algo muito normal. Liam resolveu não comentar, mas percebeu a vagueza e confusão no jeito de seu chefe, que parecia sem coragem de encará-lo.

— Continuemos, sim? — Louis pediu educado.

— Por mais que eu queira apoiar isso, acho que você não fez a coisa certa. — Liam não conseguiu simplesmente não dizer nada. — Eu não creio que ele realmente veio até aqui!

— Liam, isso não importa mais, eu não quero saber desse garoto. — Louis respondeu com a voz um pouco trêmula. Não sabia porquê, mas não, não tinha certeza nenhuma daquilo. — Eu realmente não estou com tempo pra isso.

— Entendo bem… — Liam arqueou as sobrancelhas pensando em Niall.

— Qual o problema em ser autêntico e descomplicado, hein? — Louis perguntou frustrado. — Por que as pessoas adoram enfiar problema onde não existe? O que houve com o simples? O tranquilo? O “vamos arriscar”? Sinceramente acho que vou ficar solteiro pra sempre! — Ele disse sério, mas Liam riu do exagero.

— Olha, eu não queria dizer isso, mas estou impressionado por ele ter vindo até aqui. — Payne admitiu e viu que Louis pensava como ele, só pelo jeito que seu olhar mudou quando ele mencionou, mesmo que ele não tivesse dito nada.

— Vamos, não temos mais tempo para briefing nenhum. — Louis levantou-se ansioso e um pouco nervoso. — Vamos para essa reunião logo.

— Certo.

Os dois deixaram a sala de Louis rapidamente e encaminharam-se para uma gigante sala de conferências no último andar do banco. Ambos sabiam que aquele dia seria longo, porém na cabeça de Louis, não era possível para ele focar em mais nada. Harry estava ali e ele realmente não o recebeu.

x.x.x

    Harry conseguia contar nos dedos as vezes em que realmente insistiu em alguma coisa — talvez até mesmo contar nos dedos de uma mão só. Não que ele fosse impaciente, mas ele não achava que a maioria das coisas valiam a pena, inclusive seu plano principal de Spring Break era dormir.

    Mas, já se passava das nove e meia da noite, e ele continuava no mesmo lugar onde havia chegado por volta das quatro horas da tarde: o segundo andar do prédio do banco de San Francisco. Há cinco horas ele esperava Louis sair de lá e já estava até envergonhado de sua própria situação. Ele esperou no saguão enquanto pode, mas depois precisou sair pois os funcionários já estavam indo embora em sua maioria. As portas se fechariam todas por volta das dez e meia e ele sabia que Louis ainda estava lá, pois não o viu sair em nenhum momento.

    Harry estava sentado no chão, no corredor de frente para os elevadores, e algumas pessoas que saíam o olhavam curiosas. Ainda tinha uma pouca luz por ali, mas na maior parte das salas estava tudo escuro, por estarem vazias.

    Ele mexia no celular, olhando o perfil no Facebook de Louis, olhando tudo que estivesse aberto. Dependendo de como as coisas seriam naquela noite, ele até pensou que seria uma ótima desculpa para adicioná-lo e mexer mais naquela parte específica de sua vida.

    Distraiu-se da tela do celular quando viu um par de sapatos pretos caros parar ao seu lado. Sem hesitar, ele olhou pra cima e encontrou o rosto de Louis Tomlinson completamente chocado e com uma certa dificuldade em acreditar no que via. Rapidamente, Harry levantou-se no chão, ajeitou a camiseta simples e sentiu-se um pouco mal de estar tão mal vestido perto da forma impecável como Louis estava.

    — Oi. — Harry disse abrindo um sorriso tímido.

    — O que você quer, Harry? — Louis perguntou completamente atônito. — O que está fazendo aqui a essa hora? Quem te deixou entrar?

    — Eu cheguei cedo, mas você estava ocupado. — Harry respondeu ajeitando os cabelos. — Então resolvi esperar.

    — Você está aqui desde aquela hora? — Os bonitos olhos azuis de Louis se arregalaram.

    — Aham. — Harry respondeu sabendo que era loucura, mas querendo soar não muito importante. Ele mordeu a parte interna da bochecha e encarou Louis, que permanecia em silêncio, provavelmente sem ter a menor ideia do que dizer. — Eu acho que nossa primeira conversa não deveria ter sido daquele jeito, então eu vim aqui pra… — Harry continuou ficando um pouco tenso e, um pouco desajeitado, tirou um papel do bolso. — Falar umas coisas pra você.

    Louis olhou a cena abismado, nem sabia o que falar, se deveria interromper, se deveria ouvir, assistir o que aquilo seria… Estava pregado no chão de qualquer forma. Viu Harry olhar o papel que tinha escrito e, antes de começar a ler, colocou duas mechas de cabelo de cada lado atrás da orelha.

    — Louis… — Harry começou o pedaço de papel que tinha trazido. Era meia folha de caderno rasgado escrito a próprio punho. — Meu nome é Harry, eu tenho 19 anos e estudo engenharia na Universidade de Stanford. Eu nasci aqui, sempre quis ser engenheiro, mesmo que com cinco anos eu quisesse ser astronauta, mas acho que isso não conta… — Ele divagou por um momento. — Enfim… Hm… Eu gosto de Arctic Monkeys e toco violão, o píer de Santa Monica é minha praia preferida e eu surfo um pouco. Meus pais moram em Boca Raton atualmente e eu tenho uma irmã mais velha chamada Gemma. Ela é arquiteta. Eu moro no…

    — O que você está fazendo? — Louis o interrompeu ao mesmo tempo que fechou os olhos, achando uma certa dificuldade em de fato acreditar que aquilo era real. Quando abriu os olhos novamente, Harry olhava pra ele um pouco sem graça, voltando a guardar o papel no bolso.

    — Estou me apresentando. — Styles disse um pouco ingênuo, olhando para um Louis ainda confuso.

    Tomlinson, que raras as vezes passou por uma situação sequer parecida com aquela, não viu alternativa naquele momento que não fosse rir. Ele mordeu o lábio inferior, mas não conseguiu esconder. Ele riu olhando para Harry e vendo um traço lúdico, mas ainda assim não forçado. Mal podia acreditar que um homem daquele tamanho achou que aquela seria mesmo uma boa ideia.

    — E você precisou anotar essas coisas num papel? — Louis perguntou relaxando os ombros.

    — Preciso, porque eu não queria esquecer. — Harry respondeu mais calmo ao ver que Louis não estava irritado com ele mais.

    — Certo… — Tomlinson ajeitou a pasta do laptop que levava no ombro e estudou Harry um pouco melhor, por um pouco mais de tempo. Não era muito fácil pra ele.

    — E eu queria… — Harry engoliu a seco antes de continuar, não sabia se teria coragem. — Queria saber se você gostaria de jantar comigo. — Ele viu novamente uma certa surpresa nos olhos de Louis.

    Louis baixou os olhos e soltou o ar preso dentro de seus pulmões. Esfregou as têmporas sem entender exatamente como se sentia. Voltou a olhar Harry e, naquele momento, percebeu um certo brilho especial em seus olhos, mas ainda assim não se sentia preparado para ceder.

    — Eu não sei se é uma boa ideia, Harry. — Louis respondeu honesto.

    — Qual é, você está me devendo. — Styles comentou de um jeito até engraçado, sorrindo com um canto da boca. — Pelo que eu saiba você impressionou seu chefe por causa de um restaurante recomendado por mim. — Ele concluiu e abriu ainda mais o sorriso ao ver um traço saudosista nos olhos de Louis.

    Para Tomlinson recuperar a confiança naquela situação toda ainda era algo complexo pra ele, mas o simples fato de Harry ter mencionado algo simples como aquilo, ajudou a fazer Tomlinson começar a encaixar a primeira peça do que parecia ser um quebra-cabeças enorme. Lembrava-se perfeitamente daquele sentimento de ansiedade ao receber as mensagens de Harry e finalmente conseguiu pela primeira vez associar aquele homem ao que conhecia. Era estranho, mas ao mesmo tempo o deixou um pouco aliviado.

    — Tudo bem, acho que um jantar não seria um problema. — Louis rendeu-se e viu em sua frente o que precisava admitir ser um dos sorrisos mais incríveis que ele já tinha visto. — Quer que eu passe te buscar?

    — Não. — Harry disse empolgado. — Eu passo te buscar.

    — Você tem carro?

    — Não, mas posso pegar com a minha irmã. — Ele disse um tanto orgulhoso daquilo e Louis não conseguiu não achar totalmente adorável. — Amanhã, às oito e meia, tudo bem? — Ele perguntou e Louis apenas assentiu com a cabeça, concordando. Harry voltou a sorrir como se nem acreditasse que aquilo tinha de fato funcionado.

    — Preciso ir agora. — Louis disse por fim, não iria facilitar tanto assim a vida daquele garoto. Queria ver se ele realmente estava pronto para levá-lo a sério naquele momento.

    — Claro, tudo bem. — Harry disse o acompanhando com os olhos, enquanto Tomlinson pegava o elevador. — Posso te mandar mensagem mais tarde? — Styles perguntou assim que Louis entrou no elevador.

    Tomlinson não respondeu, apenas disse que sim com a cabeça e viu novamente o sorriso se Harry se abrir conforme as duas portas metálicas do elevador se fechavam. Era bonito ver a forma como um homem claramente atribulado como Harry Styles estava ali, despido do que parecia ser muito medo e insegurança, apenas para tentar dar um jeito de fazer Louis ouvi-lo — claro que esperar por ele durante cinco horas adicionou uma certa pressão para que o analista cedesse. Fosse como fosse, Louis não se arrependia de ter aceito o convite.