História Cavaleiros do Zodíaco - A Saga de Gaya - O Fogo de Fênix

Ikki havia percorrido dezenas de quilômetros rastreando Gaya. O cosmo dela oscilava, ora forte, ora fraco, como uma luz prestes a se queimar. Encontrou pegadas em uma trilha estreita e buscou por indícios de que Gaya ou Kanon haviam passado por ali. Foi então que ele ouviu um tiro ao longe. Alguém parecia estar caçando. Ikki seguiu em direção ao barulho e se escondeu atrás de alguns arbustos. Foi então que viu Kanon, com uma espingarda na mão, à espreita e, mais à frente, um grupo de cervos. Ikki olhou para os lados. Nem sinal de Gaya. Aguçou seus sentidos e finalmente localizou de onde vinha o cosmo dela.

Gaya despiu-se e entrou no rio gelado. A chuva que caía ainda era intensa, mas a moça parecia não se incomodar. Pegou um sabonete e esfregou pelo corpo. Com a ajuda de uma espécie de cuia, jogou água pelo corpo, enxaguando-se. Passou um creme nos cabelos e os penteou, desembaraçando com cuidado cada mecha. Molhados, seus cabelos pareciam ainda maiores.

Ikki quase engasgou quando se deparou com aquela mulher de corpo escultural completamente nua. Ficou sem ar por alguns instantes, sem conseguir tirar os olhos dela. Viu quando ela penteou os cabelos e os enxaguou mergulhando no rio. E viu quando ela saiu da água e se enrolou numa toalha.

“Ela está sozinha e distraída, é a minha chance de acabar com ela!”, Ikki deu um salto e parou em frente à Gaya, em posição de luta.

A moça levou um susto e o encarou com os olhos escancarados.

— Onde está seu cão de guarda? — indagou Ikki com um sorriso malvado.

— Eu não domestico animais. Eles vêm até a mim quando querem.

Ikki imediatamente compreendeu a resposta de duplo sentido.

— Você tem inimigos demais para andar por aí sem roupa e sem armas, não acha?

— Veio lutar comigo?

— Lutar? Não... Vim acabar com essa palhaçada de uma vez. Um golpe fantasma meu e tiro essa ideia imbecil que está na sua cabeça.

— Não sou uma boa lutadora, mas... já que você veio de tão longe... — Ela passou a língua nos lábios inferiores e deixou a toalha cair.

Ikki estremeceu por completo. Ela era ainda mais magnífica de perto. De todas as mulheres que já havia visto nuas, nenhuma se comparava a Gaya.

— Fiquei curiosa quanto a esse seu golpe fantasma. Vamos ver se funciona comigo — ela disse.

— Está debochando? Você é muito convencida! Prepare-se! — Ele fez a base de luta e gritou — Golpe Fantasma de Fênix!

Não aconteceu nada. O golpe falhou.

— Não estou sentindo nada — Gaya protestou.

Ele ficou irritado e desferiu outro golpe:

— Ave Fênix!

Não se viu nenhum poder saindo de seus punhos. Gaya deu uma gargalhada.

— O que está acontecendo? O que você fez? — Ikki questionou.

— Para me atacar, você terá de tirar seu Colar do Infinito.

— O que?

— Isso mesmo que ouviu. Seus golpes não funcionarão enquanto estiver com o colar.

— Você é uma mentirosa! Disse que o colar era um presente para nos manter vivos!

— E é verdade. — Gaya pegou a toalha e enrolou em volta de si, cobrindo seu corpo novamente. — Enquanto usar o colar, nada ferirá você. Mas também você não conseguirá ferir ninguém. Muito menos a mim.

Ikki desconfiava que aquele colares não eram apenas um ato de bondade. Gaya era esperta e sabia jogar.

Ela se aproximou dele e tocou seu rosto, passando de leve as unhas compridas na face do rapaz, fazendo-o se arrepiar. Ela enfiou a ponta dos dedos no colar e indagou:

— Quer que eu tire o colar pra você poder acabar comigo? — Ikki sentiu ela puxando o colar e seguro seus punhos. — Claro... Foi o que imaginei. Você quer viver. Muito bem Ikki, deixarei você viver.

Ela soltou o colar e deu as costas pra ele.

— Você é muito desagradável, sabia? — Ele a segurou pelo braço, puxando-a e obrigando-a a olhar para ele.

Ela deu um sorriso malicioso e soltou a toalha mais uma vez.

— Desagradável? Tem certeza?

Ikki olhou mais uma vez aquele corpo nu, a cintura fina, os seios grandes, o pescoço longo, os cabelos molhados e atrapalhados...

Gaya tocou os ombros de Ikki e o beijou. Por alguns segundos Fênix correspondeu aquele beijo. Mas assim que caiu em si, empurrou a mulher e deu um passo para trás.

— Está tentando me seduzir? Não perca seu tempo! Não costumo perder a cabeça por causa de mulher.

— Que pena... — Ela suspirou e levantou os ombros. — Se mudar de ideia estarei na cabana logo adiante. Kanon ainda vai demorar. Saiu desesperado para tentar conseguir uma caça para o jantar. Ele disse estar farto de sementes e raízes. Mas eu alertei os animais e não será fácil capturar algum.

— Que se dane esse traidor! Vou acabar com ele também!

— Boa noite, Fênix.

“Vou acabar com você, sua imbecil”, ele pensou. “Preciso contar à Atena o que descobri sobre os Colares do Infinito”, ele determinou enquanto se afastava rumo à mansão Kido. Caminhou depressa no primeiro instante, mas sua velocidade diminuiu gradativamente enquanto se lembrava daquele corpo escultural.

 Gaya entrou na cabana, pegou uma toalha seca, secou o corpo e sentou na beirada da cama. Esfregou a toalha nos cabelos, absorvendo a umidade. A porta da frente fez um barulho, assustando-a.

— Kanon? — ela indagou.

Ouviu passos fortes se aproximando. Ikki entrou no quarto, encarando-a. Gaya sorriu e mordeu os lábios.

— Veio acabar comigo? — ela perguntou.

— Vou fazer você esquecer até que dia é hoje. — Ele tirou a camisa e os sapatos e beijou Gaya com veemência, jogando-a na cama.

— Eu não quero saber de um mulherengo... — Ela espalmou a mão no peito dele, impedindo-o de beijá-la de novo.

Ikki segurou os pulsos dela e os pressionou contra o colchão. Gaya deu uma risada.

— Não faz assim, Fênix. Se eu me apaixonar por você a culpa será sua.

Cavaleiro a beijou mais uma vez com fervor. Gaya cruzou as pernas ao redor da cintura dele e correspondeu ao beijo de uma forma tão intensa que fez Ikki gemer.

— O que foi que fez comigo, sua bruxa! Me enfeitiçou, não foi? É esse colar amaldiçoado.

— Não, Fênix. O colar não tem parte nisso. O fogo é seu mesmo. Estou apenas desfrutando disso.

Fênix apertou o pescoço de Gaya com uma das mãos, como se quisesse enforcá-la. Gaya o encarou sem se debater e passou a língua nos lábios, convidando Ikki para mais um beijo.

— Estou perdido! — disse ele, soltando o pescoço de Gaya, beijando-a mais uma vez.