Chegaram a uma parte fechada da floresta. As árvores estavam tão próximas que suas copas pareciam se tocar.
— Onde estamos? — Hyoga questionou.
— Nos trouxe para uma armadilha, Kanon?
— Não, Saga, há alguns de nossos amigos em perigo, eles estão por aqui, eu sei.
Olharam ao redor e só depois que observaram com muita atenção é que viram dois corpos enrolados por cipós.
— É a Marin! — Seya correu. — Marin, eu estou aqui. Vou tirar você daí.
Seya tentou cortar o cipó com as mãos. Hyoga pegou uma pedra afiada e entregou a ele. Saga e Kanon pegaram outras pedras para desatar Aiolos.
Foi uma tarefa complicada, mas finalmente Marin e Aiolos foram libertos. Aiolos se recuperou depressa, mas Marin permaneceu desacordada.
— Não pode ser... Afastem-se! — Aiolos os empurrou e se ajoelhou diante da amada.
Ele fez respiração boca a boca na moça e massagem cardíaca.
— Marin, volte. Acorde!
Seya tirou o colar do pescoço e colocou no dela. Nada ocorreu.
— Eles são intransferíveis — Hyoga deduziu.
Seya estava aflito e Aiolos, desesperado. Sagitário fez mais duas tentativas de respiração boca a boca e então ela deu sinal de vida. Tossiu um pouco e respirou com dificuldade.
— Querida, abra os olhos, você está bem? Quebrou algum osso?
Marin abriu os olhos e se examinou.
— Acho que não quebrei nada — ela respondeu com um fio de voz.
— Fique deitada mais um pouco. A falta de oxigênio deve ter baqueado você — disse Seya, segurando sua mão.
Os cinco homens se sentaram ao redor dela e fizeram uma fogueira. Uma hora foi o suficiente para ela respirar fundo e se erguer.
— Tem certeza de que está bem?
— Absoluta, Aiolos, vamos encontrar os outros. Podem estar em perigo. Um minuto a mais e eu teria morrido asfixiada. Não podemos demorar a encontrar os outros.
— Vamos!
Eles se tocaram e Kanon os teletransportou.
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Apareceram na curva de um rio caudaloso e viram Shun, Ikki e Aiolia desacordados na margem, caídos de barriga pra cima.
Aiolos segurou o irmão e deu alguns tapas em seu rosto. Ele estava branco e com os lábios roxos.
— Aiolia, acorde!
Leão abriu os olhos devagar e começou a tossir. Aiolos o virou de rosto para baixo para que ele pudesse expelir toda a água que havia ingerido. Hyoga fez o mesmo com Shun e Seya com Ikki. Os cavaleiros praticamente tinham se afogado e vomitavam muita água. Quando os colares começaram a fazer efeitos, já tinham revirado o estômago quase do avesso.
— Vocês estão bem? — Saga perguntou.
— Só não morremos afogados por causa dos colares. A correnteza desse rio é mortal — Aiolia disse, ainda atordoado.
Ikki se levantou e encarou Kanon, cheio de raiva:
— O que esse cão sem dono está fazendo aqui?
— Ora, Fênix, relaxa! Ele está com a gente. — Saga defendeu o irmão. — Kanon se deu conta da besteira que estava fazendo.
— Claro. No mínimo levou um pé na bunda e veio correndo como um idiota pedir arrego — Ikki debochou.
— Ora, seu bosta! Não fale assim comigo! Você é muito folgado, sabia? — Kanon ficou nervoso.
— Ikki, pare de provocar. Que bom que ele caiu na real e decidiu nos ajudar. — Shun pousou a mão no braço do irmão, tentando apaziguar a situação.
— E pra que é que precisamos de um traidor?
— O colar dele o permite nos teletransportar. Vai nos levar até Gaya. Mas antes vamos achar os outros — disse Marin.
— Você é um traidor duplo. Traiu Atena e agora está traindo Gaya. — Ikki cuspiu no chão. — Como pode ser tão cara de pau? Ela não perdoará você.
— É claro que Saori o perdoará, o que está dizendo, Ikki? — Seya defendeu a namorada.
— Eu não falo de Saori. Estou falando de Gaya.
— Por que está preocupado com essa cretina? Ela que se dane! Não vai me dizer que sua ida na cabana rendeu mais do que algumas descobertas. — Saga o encarou. Pela sua experiência, Ikki havia se envolvido com aquela mulher. — Ela o seduziu, não foi?
Fênix ficou constrangido.
— Ikki, você não fez isso, fez? — Shun estava decepcionado.
— O que está dizendo? — Kanon fechou a cara. — Levou ela pra cama? Dormiu com ela! Seu filho da mãe!
O Dragão Marinho deu um soco em Fênix. Mas Ikki tinha experiência tanto em briga de rua, quanto no MMA. Deu uma sequência de três socos em Kanon, jogando-o no chão. A máscara de Kanon voou longe.
— Seu bosta, vou acabar com você! — Kanon ficou de pé e partiu pra cima de Ikki com chutes e socos no estilo muay thay, obrigando o oponente a se esquivar e dar passos para trás. Um chute pegou no estômago de Ikki, que sentiu o golpe e ficou um pouco sem ar.
— Filho da mãe! — Ikki revidou o chute com dois socos da boca do estômago de Kanon. Preparou-se para dar um terceiro soco, mas Shun o segurou e Saga segurou o irmão gêmeo.
— Parem com isso, vocês dois! — Seya berrou. — Parecem duas crianças disputando um brinquedo. Não vale a pena brigar por essa mulher, não percebem? Ela seduziu e usou os dois.
— É patético ver vocês se morderem de ciúmes por uma mulher como essa — Saga soltou o irmão. — Deixem pra acertar as contas depois. Nossos amigos podem estar em perigo enquanto vocês moleques se engalfinham. Chega!
Ikki e Kanon se acalmaram, mas ainda encaravam um ao outro.
— Vamos, Kanon, esqueça isso. Nos ajude a encontrar os outros — pediu Hyoga.
Kanon respirou fundo, eles se uniram em uma roda e tocaram o ombro um do outro. O Dragão Marinho tocou o colar e desapareceram.
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Chegaram a uma clareira cheia de barro úmido.
— Parece que houve um deslizamento a pouco. Veja, é o chicote da June! Onde será que nossos amigos estão? — Shun pegou o objeto em mãos e começou a gritar o nome da amiga. — June! June!
— Vasculhem a área. Eles podem estar soterrados — disse Aiolos.
Eles procuraram por alguns instantes até que conseguiram localizar Dohko, Mu e, mais adiante, June e Camus. Com as mãos, desenterraram os amigos, que estavam desacordados e todos sujos de barro. Libra, Áries e Aquário acordaram depressa. O estado de June, ao contrário, parecia grave.
— O coração dela está batendo fraco. — Dohko sentiu o pulso da moça.
— June, por favor, acorde. June! — Camus a ergueu pelas costas e a beijou, em meio às lágrimas. — June!
Ouviram o som de estalos. Lá do alto puderam ver um novo deslizamento de terra se aproximando.
— Depressa, vamos sair daqui! — Kanon os puxou.
Camus segurou June nos braços e eles se teletransportaram no momento em que o barro cobriu tudo no local onde estavam.
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Chegaram ao pântano a tempo de ver Afrodite, Aldebaran e Shura serem engolidos pela lama.
Sagitário, Áries e Leão enfiaram os braços no material argiloso e puxaram os amigos para cima.Os outros precisaram ajudar, tamanha era a força da lama. Com o trabalho em equipe, conseguiram tirar os três do pântano. Eles passaram a mão no rosto e cuspiram lama.
— Que nojo desse lugar! Minha boca está cheia de lama. — Afrodite cuspia e passava a mão na língua, tendo ataques de nervos.
— Parece que há um rio logo ali atrás. Ouçam! Vamos até lá para se lavarem — Ikki sugeriu.
Caminharam até o riacho e os três se lavaram. Camus deitou June à margem e deu a ela um pouco de água para beber. A moça abriu os olhos, enfraquecida. Tinha ficado muito ferida.
— Você vai ficar bem, não se preocupe. Aguente firme! — Aquário apertou a mão da moça e voltou a segurá-la em seus braços.
Todos aproveitaram a água para matar a sede e se lavar.
— Vamos nessa! Vamos salvar nossos amigos — Seya falou.
Mais uma vez fizeram a roda, tocaram-se no ombro e partiram.
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— Shina! — Marin levantou a amiga, que estava cheia de marcas de picadas.
— Milo, levante-se! Somos nós. — Shura ajudou o amigo a se levantar.
Meio atordoado, Milo demorou até voltar a si. Quando isso ocorreu, ele viu Shina toda machucada e com os olhos semicerrados. Tomou-a das mãos de Marin.
— Shina, meu bem, olhe pra mim, resista! Por favor, Shina. Você vai ficar boa.
Milo apertou a namorada em seus braços. Camus fez o mesmo com June. Os outros se aproximaram e foram teletransportados por Kanon.
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Apareceram em uma área úmida, onde a poucos metros havia um lago. Viram Shiryu, Shaka e Máscara da Morte caídos no chão, cobertos de sanguessugas. Se reuniram ao redor deles e começaram a retirar os animais de seus corpos. Ao ver aquilo, Marin sentiu-se fraca e desfaleceu. Aiolos a pegou no ar antes que caísse.
— Marin!
— Elas não estão bem. Foram feridas gravemente — Mu alertou.
— O que faremos? Elas precisam de cuidados! — Shun ficou aflito.
— Posso leva-las a um hospital — Kanon ofereceu.
— Não vamos deixar você leva-las — Aiolos se negou a abandonar Marin nas mãos daquele traidor.
— Vamos com você. Nos leve até lá, Kanon! — Ordenou Camus.
Milo se aproximou com Shina do colo. Kanon os levou.
Conseguiram tirar todas as sanguessugas e logo os três estavam acordados e de pé.
— É muito estranho estar quase morto em um momento e estar novo em folha logo em seguida — Máscara da Morte comentou.
— Deixa eu ver se entendi, o Kanon agra está do nosso lado, é isso? — Shiryu indagou, incrédulo. Desconfiava que aquilo podia ser uma armação.
Antes que pudessem continuar a especular, Kanon retornou com Camus, Milo e Aiolos.
— Elas ficaram bem? — Seya perguntou.
— Sim. As deixamos em um hospital, já estão em atendimento — Aiolos confirmou.
Enfim, todos estavam reunidos, restaurados e prontos para lutar contra Gaya. Um por um, os cavaleiros se viraram em direção a Kanon e o encararam.
— Chegou a hora, Kanon. Leve-nos até Gaya — Saga ordenou.
Kanon apertou os lábios e assentiu.
Os cavaleiros fizeram um círculo e tocaram-se nos ombros. Ikki apertou forte o ombro de Kanon e sussurrou:
— A garota é minha!
— Veremos — Kanon retrucou.
Logo em seguida todos desapareceram.
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