História Cavaleiros do Zodíaco - A Saga de Gaya - Um Sujeito Precipitado

Ao ouvir os gritos de dor dos amigos, Dohko se levantou com um brado. Seu corpo parecia realmente ter mais de 200 anos, pois sentia os músculos sem forças. Parecia estar carregando uma tonelada nas costas.

— Como essa garota fez isso comigo? Ela é mesmo muito poderosa.

— Mestre, o senhor está bem? — Shiryu se ergueu e correu até Dohko.

— Shiryu, não tema, vamos vencer essa luta.

— Sim, mestre, eu acredito!

Máscara da Morte também acordou e se juntou a eles.

— Vamos acabar logo com essa vaca. Não serei humilhado dessa maneira. Dezessete cavaleiros contra uma garota, tomando esse esculacho? Basta!

Câncer avançou, cheio de raiva, mas Dohko segurou seu braço.

— O que está fazendo, Mestre Ancião? — Câncer indagou, perplexo.

— Olhe à sua volta. Milo, Camus, Aiolia e Aiolos jazem na sua frente, inconscientes. Não subestime o inimigo.

— Bobagem! É só uma mulher. — Ele puxou seu braço e correu em direção a Gaya.

Ele foi com muita sede ao pote e, de fato, pegou a adversária de surpresa. Máscara da Morte acertou alguns socos na face e no abdômen de Gaya, fazendo-a cuspir sangue.

— Hahahaha. O que foi, doçura, achei que você queria lutar. Não bato em mulheres, mas como você mesmo disse, isso aí é só um corpo materializado. Você não é uma mulher de verdade. Posso bater à vontade. — Ele deu chutes seguidos de socos e mais chutes.

Após uma cessão de pancadaria, Máscara da Morte desferiu um chute com maior força. Gaya segurou seu tornozelo com apenas uma das mãos.

— O quê...? — Ele se espantou.

— Você é um sujeito repugnante, sabia? Eu deveria ter excluído você da lista e o deixado lá no abismo de onde te tirei. Ingrato de uma figa! Olhe pra mim! Está vendo o meu rosto cheio de hematomas?

— Quer que eu peça desculpas? Hahahaha. Não tenho pena de você!

— Desculpas? Oh, não... de forma alguma. Você tem punhos fortes. Mas o que eu quero de você é sua energia.

— O quê? — Máscara da Morte sentiu o corpo paralisado e as forças se esvaírem do seu corpo. Gaya estava sugando sua vida, assim como fez com Kanon.

— Sabe, quanto mais poder eu absorvo, mais poder eu quero. Isso é viciante!

Dohko não gostava do jeito do amigo, mas sabia que Máscara da Morte tinha suas virtudes e por isso era um Cavaleiro de Ouro.

— Gaya, solte-o! Cólera dos Cem Dragões!

Gaya foi atingida e acabou soltando o Cavaleiro de Câncer, que caiu no chão, quase sem vida, branco como cera.

Gaya deslizou para trás com o impacto do golpe.

— Libra, o que ouvi sobre você é verdade. Seu golpe mostra uma força descomunal, desenvolvida ao longo de dois séculos. Você é o Cavaleiro mais velho e um dos mais fortes. E sua sabedoria é imensa. Seria bom ter você ao meu lado, para ser meu conselheiro no novo mundo. É uma pena que não compreenda e aceite meus planos. Será uma lástima acabar com você.

— Somos Cavaleiros de Atena e sempre que o mundo está em perigo, aparecemos para lutar ao lado da Atena, do amor e da justiça. Você já deveria saber disso. Estava presente em todas as Guerras Santas, não estava?

— De certa forma sim, mas minha atenção nunca esteve voltada para os humanos como agora. Dedicava meu tempo exclusivamente para manter a natureza trabalhando.

— Ouviu isso, Shiryu?

— Sim, mestre. Ela não conhece os humanos a fundo. Por isso acha que dentro de nós só existe o mal. O que ela conhece é o reflexo das nossas atitudes, as consequências sobre a natureza.

— Isso mesmo, Shiryu. Já que não podemos matá-la, o único caminho para vencer esta batalha é convencendo-a de que a humanidade é algo importante para o planeta e para o equilíbrio do universo.

Gaya não conseguiu ouvir o que eles tramavam e irritou-se:

— O que estão esperando? Ataquem! — Ela lançou um golpe contra Dohko, mas ele conseguiu se desviar.

— Droga! Não consigo dominar as técnicas do Máscara da Morte. É tudo muito sinistro! — Gaya estava confusa quanto ao poder do Cavaleiro de Câncer que ela havia absorvido.

Libra percebeu o quanto ela estava atrapalhada e aproveitou a deixa. Encarou Shiryu e os dois atacaram juntos:

— Cólera do Dragão!

Ela fechou os punhos diante de si, mas era impossível deter aqueles socos. Dessa vez ela caiu no chão, sentindo uma dor lancinante no corpo.

— Não adianta absorver energia da natureza, das armaduras ou mesmo das pessoas. Você está causando desarmonia no universo e, na mesma velocidade com que absorve a energia, ela se esvai. Roubar o poder de um cavaleiro é uma ilusão, pois apenas nos primeiros instantes ele permanece com você. Logo se dissipa, pois você não é digna o suficiente para portá-lo.

Nessa hora ouviram uma risada épica. Saga reapareceu por entre as árvores.

— O Mestre Ancião está certo. Seu golpe foi forte, e conseguiu me mandar para outra dimensão, mas não foi treinada e portanto não consegue sustentar seu poder o tempo todo. Eu estar aqui é a prova disso. Seu Triângulo de Ouro foi ridículo!

Pela primeira vez, Gaya sentiu-se em desvantagem. Shiryu, Saga e Dohko, três poderosos e experientes cavaleiros, estavam unidos contra ela.  

— Isso não faz diferença. — Ela disse tentando parecer segura de si. — Completarei minha missão em algumas horas. Logo poderei voltar para o lugar de onde eu vim.

Foi nessa hora que Mu, Afrodite, Aldebaram e Shaka despertaram, erguendo-se e unindo-se aos amigos. Seya foi o úlitmo, pois estava bastante machucado e despreparado. Há dez anos não treinava e isso era um empecilho.

— Seya! — Shiryu sorriu ao ver o amigo de pé.

Gaya experimentou naquele instante o sabor do medo.