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História Cavaleiros do Zodíaco - A Saga de Gaya - Seya


Escrita por: NinaKurumada

Capítulo 5 - Seya


Fanfic / Fanfiction Cavaleiros do Zodíaco - A Saga de Gaya - Seya

Há quase uma década Seya sofria as consequências da batalha contra Hades. Na verdade, todos os cavaleiros, e até mesmo Atena saíram extremamente feridos. Muitos haviam perdido a vida naquela batalha. Felizmente, Saori e os cavaleiros de bronze sobreviveram, e para Pégaso, essa era a maior vitória. Eles eram sua família, tudo o que ele tinha na vida. A esperança de encontrar sua irmã se desvanecera depois de tanto tempo e tantos esforços em vão. Seika desaparecera sem deixar rastros e nem mesmo a Fundação Kido conseguira encontrar nem ao menos uma pista de seu paradeiro.

Após diversas cirurgias e centenas de sessões de fisioterapia, Seya ficou livre da cadeira de rodas. Contudo, seu corpo havia perdido a agilidade, a força, ele caminhava devagar e com dificuldade, cansava-se rápido, perdia o fôlego. A espada que o traspassara não era apenas uma lâmina afiada, estava impregnada do cosmo maligno de Hades e parecia ter destruído bem mais do que a parte física do corpo de Seya. A alma do rapaz ficou amarga, o coração ficou endurecido, Pégaso não sorria mais, não contava piadas. Seu jeito brincalhão e otimista havia desaparecido. No lugar, surgiu um Seya mal humorado, pessimista, ranzinza e rude.

Assim como os outros, Seya recebeu uma significativa soma em dinheiro como recompensa de suas lutas ao lado de Saori. Mas desde o início ele precisou de muitos cuidados médicos e seria impossível que morasse sozinho. Shiryu e Shun se ofereceram para cuidar dele, ambos ofereceram espaço em suas casas e suas famílias concordaram prontamente. Mas Saori determinou que ele iria morar na mansão Kido e ficaria sobre seus cuidados até que melhorasse completamente. Era a melhor opção, já que ela era uma mulher muito rica e assim Seya poderia ter os melhores médicos e tratamentos, além das enfermeiras que cuidavam dele 24 horas.

Nos primeiros anos de tratamento, entre inúmeras idas e vindas ao hospital, Seya não reclamava, aguentava as dores calado, fazia tudo o que os médicos e o que Saori mandavam. Queria melhorar rápido para voltar a ser o cavaleiros que sempre fora e para não precisar depender mais de ninguém. Entretanto, os resultados eram lentos, os movimentos das pernas não voltavam na velocidade que o rapaz desejava e então Seya começou a desconfiar que nunca mais regressaria ao normal. Começou a faltar às sessões de fisioterapia e se recusou a fazer mais uma cirurgia na coluna. Estava farto de sentir tanta dor e tomar tantos remédios. Começou a beber para ficar anestesiado. Quando estava sob o efeito do álcool sentia-se mais relaxado e as dores desapareciam.

— Seya, por favor, não desista do tratamento — Saori dizia.

O rapaz permanecia em silêncio a maior parte do dia, com o semblante sério, o cenho franzido, sem dar atenção aos conselhos dos amigos. Mesmo morando longe um do outro, Shiryu, Shun. Hyoka e Ikky sempre iam visitar Seya e se reunião para uma tarde de conversas e jogos de tabuleiro.

Saori chorava por ver o homem que tanto amava se deteriorando daquela forma. Ela e Shyna se tornaram amigas e uniam forças para tentar motivar Seya e para cuidar dele. Mas nenhuma das duas conseguia tirar o rapaz daquele estado de autopiedade.

Já era tarde da noite quando Saori bateu na porta do quarto e entrou.

— Está acordado? Posso entrar?

A moça ouviu o cavaleiro de Pégaso dar um suspiro profundo. A luz da lua refletia sobre o corpo inerte do rapaz, sentado em uma poltrona. Ele encara um objeto em cima da mesa e tinha marcas de lágrimas em seu rosto. Saori sentou numa cadeira diante dele e indagou com a voz suave:

— O que o capacete da sua armadura faz aqui? Como o pegou na sala das armas?

— Pedi ao Tatsumi para trazer para mim. Precisava olhar para ele para lembrar tudo aquilo o que eu perdi.

— Seya, querido, não faça isso com você mesmo. Sabe muito bem que foi o que você e os outros fizeram que salvaram a Terra. Você me protegeu. As cicatrizes são testemunhas das nossas vitórias. Se arrepende de ter lutado ao meu lado?

Seya encarou Atena e seus olhos ficaram ainda mais tristes.

— É claro que não me arrependo. Essa é minha missão, proteger você. É para isso que eu existo.

— Então por que age como se lamentasse o que ocorreu com você?

— Como irei te proteger agora, Saori, do jeito que eu estou? Não percebe? Eu não presto mais pra nada. Uma criança me venceria numa luta. Minhas pernas não funcionam direito e meus socos perderam toda a força.

— Mas seu cosmo ainda queima, eu posso sentir.

— Mas estou preso nesse corpo danificado. Como posso continuar sendo um cavaleiro se nem ao mesmo consigo ficar de pé por mais de cinco minutos?

Saori ficou comovida. Segurou a mão do rapaz com carinho.

— Querido... Todas as batalhas foram vencidas. Não precisa mais se preocupar em lutar. O importante agora é você seguir o tratamento e melhorar.

— Isso é perda de tempo Saori. Sabemos muito bem que não vou melhorar mais que isso. Essa é minha condição permanente. O médico mesmo disse que estão fazendo tudo o que podem. Se isso é tudo o que podem fazer, quer dizer que não há mais nada a ser feito.

— Você não era assim, pessimista. Está agindo como um derrotado. — Saori se levantou e começou a caminhar de um lado para o outro. — Quando todos pensavam que vencer seria impossível, era você quem nos ajudava a acreditar e seguir em frente. Sua esperança nos guiou.

Seya deu um sorriso sarcástico e disse:

— Bons tempos... Aquele Seya não existe mais.

Atena não podia acreditar no que estava ouvindo. Não permitiria que o homem que tanto amava se entregasse ao destino daquela forma.

— A Shyna tem razão. Você precisa se consultar com um psicólogo. Talvez um profissional assim poderá te ajudar a dominar suas emoções.

— Você e a Shyna estão perdendo tempo cuidando de mim. Esqueçam-me em um canto e vão viver suas vidas.

A moça se emocionou. Caiu de joelhos e apoiou as mãos nas pernas do amado.

— O que está dizendo? Quer que eu deixe você? Quer que eu vá embora? É isso?

Pégaso olhou para aquele rosto lindo e decepcionado e sentiu um aperto no peito. Não queria magoá-la, só queria que ela fosse feliz.

— Eu não sirvo mais como seu cavaleiro. E muito menos como homem. Você merece coisa melhor. Ser feliz e construir uma família. Antes de ser Atena, você é uma garota cheia de sonhos e planos para o futuro. Se insistir em me incluir, vai bancar a enfermeira para o resto da vida.

— Eu não me importo! Você não entende? Eu te amo, Seya. Eu te amo!!!

Ele tocou o rosto dela, enxugando suas lágrimas. Acariciou seus cabelos roxos. Como ela era bonita!

— Eu também te amo, Saori. Por isso quero que seja feliz.

— Eu jamais poderei ser feliz longe de você. Por favor, não se afaste. Confie em mim, Seys, deixe-me cuidar de você.

Ele apertou os olhos, sentindo um nó na garganta.

— Saori... Você precisa de alguém que possa lutar por você. Não um fracassado como eu. Talvez seja melhor escolher outro homem para assumir o meu lugar como Cavaleiro de Pégaso. Você tem autoridade para isso.

— Que se dane isso! — Ela se levantou e, explodindo em raiva, pegou o capacete em cima da mesa e jogo no chão. — Eu não preciso de um novo cavaleiro. Eu preciso de você!

Há mais de dez anos Saori amava aquele homem. Tantas vezes pensou que o perderia, que o fato dele estar vivo, e os dois morando debaixo do mesmo teto, bastava para que ela agradecesse aos céus todos os dias. Sonhava com o dia em que Seya lhe daria o primeiro beijo. Ser sua esposa era tudo o que ela mais queria.

— Mas que droga, Saori! Tire isso da cabeça! Olhe para mim! Nada mais me resta. — Seya se levantou e caminhou alguns passos com dificuldade. Ainda estava sob o efeito do uísque de mais cedo.

Atena sentou-se na poltrona, cobriu o rosto com as mãos e começou a chorar.

Seya arrependeu-se de sua grosseria. Saori não merecia ser tratada daquela maneira. E ele não tinha o direito de descontar sua raiva em ninguém. Aproximou-se da moça mas, de repente, um forte vento adentrou o quarto, balançando as cortinas e fazendo bater as janelas. O vaso que estava sobre o criado mudo caiu no chão e se espatifou. Saori levou um susto. Seya endireitou ou corpo e aguçou os sentidos.

— Uma tempestade se aproxima — disse a garota, enxugando o rosto.

— Não é uma tempestade... Sinto um cosmo estranho. Alguém está na mansão.

— Um inimigo? — Saori se alarmou.

O capacete de Pégaso reluziu, atraindo a atenção de Seya e Saori, e começou a levitar, como se tivesse vida própria. Uma névoa surgiu no meio do quarto. Saori ficou de pé, assustada e Seya deu um passo, deixando a moça atrás de si, para protegê-la. Viram então surgir uma mulher, que segurava o capacete com as duas mãos.

— Olá, vocês dois. Desculpe interromper a cena romântica.

— Quem é você? — Atena indagou.

Era uma mulher exuberante, de cabelos vermelhos longos, olhos verdes, esguia e com o corpo bem torneado, unhas compridas e prateadas. Usava um vestido longo, num tecido degradê azul, com um decote eu V.

— Me diga, Atena, se o seu amor por Pégaso é tão grande como diz, por que ainda não o curou? Como consegue vê-lo dessa maneira e não dar um basta no sofrimento dele?

Saori arregalou os olhos.

— O que está dizendo? — Seya perguntou. — A Saori faz tudo para eu ficar bom de novo. Quem é você e o que quer aqui?

— A Saori faz tudo o que o dinheiro pode pagar. Não estou falando disso. Estou falando em usar o poder divino que ela tem para curá-lo.

Seya sentiu um arrepio e olhou para Saori, sem entender direito o que aquela intrusa estava dizendo.

— Cale a boca! Devolva meu capacete!

— Claro... Devia voltar a usá-lo. Sua ideia de ser substituído é absurda! Não existe outro homem mais adequado para usar a armadura de Pégaso. Chega de sentir pena de si mesmo! O mundo precisa de você. Saia deste quarto e volte a treinar. Estarei esperando por vocês na sala de visitas. Há algo importante que preciso contar. Nem pense em aparecer por lá com esses pijamas. Você é um exemplo para seus amigos. Preciso que esteja bonito.

A mulher deixou o capacete em cima da cama, abriu a porta do quarto e saiu.

— Quem é ela? — Seya indagou.

— Não sei... — Saori respondeu, com o coração disparado.

— Vou me trocar. Espere aqui, não desça sem mim. Pode ser perigoso. O cosmo dessa mulher é diferente de tudo o que já senti. Ainda não consegui identificar se ela está a favor do bem ou do mal. — Seya disse, entrando no banheiro para tirar os pijamas e colocar algo mais descente.

Quando o rapaz fechou a porta, Saori apertou as mãos diante do coração e olhou para o céu. Estava apreensiva. Quem era aquela mulher, afinal?



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