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História Cavaleiros do Zodíaco - Depois de Gaya - O Dragão Perde a Esperança


Escrita por: NinaKurumada

Notas do Autor


Oi gente, andei meio sumida pois estava de férias e viajando. Espero que estejam gostando da história. Na verdade essa segunda saga é composta por várias histórias, então vai ser legal pois ficaremos juntos por muito tempo ainda. Continuem comigo. Obrigada pelas leituras, favoritagens e comentários.

Capítulo 10 - O Dragão Perde a Esperança


Fanfic / Fanfiction Cavaleiros do Zodíaco - Depois de Gaya - O Dragão Perde a Esperança

Shiryu desceu do carro amparado por Shunrei. Dohko estacionou o veículo na garagem e correu na frente para abrir a porta da casa.

— Querido, quer se sentar aqui na sala e ouvir um pouco de música ou assistir televisão? Farei um chá para você.

— Não Shunrei, vou me deitar. Me sinto muito cansado. 

— Tudo bem, vamos lá pro quarto.

Dohko os seguiu pelo corredor. Shunrei puxou o lençol e ajudou o marido a se deitar. Tirou os sapatos do pé dele e o cobriu.

— Precisa de mais um travesseiro? Está confortável?

— Sim, Shunrei, obrigado. Feche a cortina, por favor, e encoste a porta. Vou tentar dormir um pouco.

A garota fez o que ele pediu. Ela e o mestre foram para a cozinha e começaram a conversar enquanto o chá fervia no fogão.

— Ele está cada vez mais triste e prostrado. Nunca vi o Shiryu assim. Estou com medo, mestre. Se ele perder a esperança de que vai ficar curado, o tratamento não vai funcionar.

— É normal que ele se sinta assim, Shunrei. O tratamento é agressivo e ele tem sentido muita dor. Você precisa ser forte. Precisa cuidar da sua saúde também, seu filho depende de você.

— Eu sei. — Ela baixou a cabeça e derramou algumas lágrimas. — Com essa loucura toda nem estou conseguindo curtir a gravidez. Por que o Shiryu adoeceu logo agora? Era para ser uma época de alegrias. Deus é muito injusto. Parece não gostar que a gente seja feliz.

— Não blasfeme, Shunrei.

— Mas mestre, depois de tudo o que Shiryu fez pelo bem do mundo, lutou em todas aquelas batalhas sangrentas e estava disposto a morrer para vencer o mal. Era para termos um tempo de paz, um tempo para vivermos nossa vida e sermos felizes. Isso não poderia estar acontecendo. Não com o Shiryu.

— Por que não?

— Ele é um homem bom e justo. Já enfrentou muitas coisas difíceis. É órfão, se tornou um cavaleiro ainda muito jovem, lutou ao lado de Atena com lealdade, jamais traiu ou prejudicou alguém. É generoso, paciente e sábio. Ele não merece passar pelo que está passando.

— Shunrei, escute. — Dohko pousou a mão sobre a mão da moça, a quem amava como uma filha. — Tudo em nossa vida acontece pela graça. Estamos aqui nesta vida para aprender a sermos humanos. Isso envolve passarmos por vales sombrios e desertos áridos. A tristeza e a dor são boas ferramentas para aprimorar nosso caráter e nos mostrar uma nova perspectiva de vida. Ao invés de se revoltar e ficar com raiva de Deus, admita que depende Dele para conseguir suportar os problemas e peça a Ele o que você quer. A cura do seu marido, sim, mas também serenidade para aceitar a vontade Dele. Não é nossa vontade que deve prevalecer. Não sabemos nada sobre a vida, tampouco sobre a morte. Precisamos acreditar que há algo muito além do que podemos compreender e acreditar que o bem sempre vencerá no final.  

— Mestre... o senhor não está com medo? Com medo do Shiryu morrer?

Dohko apertou os olhos e suspirou fundo antes de responder:

— Minha filha, eu os amo como pai. Desejo a vocês dois toda a felicidade do mundo e gostaria de protegê-los de todo o mal. É claro que eu estou com medo. Perder um de vocês dois seria como perder um pedaço do meu coração. Mas há coisas na vida que não estão sob nosso controle. A única coisa que nos resta é enfrentar as batalhas e confiar que o futuro nos reserva algo sublime.

— Eu vou tentar, mestre. Mas é muito difícil ter pensamentos bons diante do que estamos enfrentando. Estou com muita raiva.

— Eu sei, minha filha... eu sei.

Shunrei escondeu o rosto entre as mãos e começou a soluçar. Dohko serviu o chá e apertou o ombro da garota, tentando consolá-la.

Em seu quarto, o Dragão revirava de um lado para o outro na cama, sentindo dores de cabeça e no abdome. “Nunca senti dor tão forte quanto essa”, ele pensou. De repente, sentiu uma náusea aguda, que o obrigou a caminhar depressa para o banheiro, mesmo cambaleando. Debruçou-se sobre o vaso sanitário e vomitou sangue. Ficou ali escorado por um longo tempo até que conseguiu se erguer, lavar-se e voltar pra cama. O travesseiro estava coberto de fios de cabelos. Shiryu passou a mão pelas suas longas mechas e alguns tufos ficaram enrolados entre seus dedos. Ele começou a passar as mãos sucessivamente pelos cabelos e mais e mais fios se soltavam. Seu coração disparou.

— Está acontecendo. Eu vou morrer. Esse tratamento é em vão, não vai adiantar nada. Está estragando o pouco de vida que me resta. A Shunrei vai ficar sozinha. Não estarei aqui para ver meu filho nascer.

Uma lágrima solitária desceu pela sua face. Ele a enxugou depressa com o dorso da mão. Tentou juntar os fios caídos, mas eram muitos. Ele ficou irritado e se levantou, puxando o lençol com violência. Acabou por derrubar o porta retratos que estava no criado mudo. Nele havia uma foto do seu casamento. Ele e Shunrei sorriam e tinham nos olhos o brilho de quem vê um sonho ser realizado. Ele jogou o leçol no canto e abriu a gaveta do criado, pegou uma tesoura e começou a cortar os cabelos. Shunrei entrou no quarto, alarmada pelo barulho.

— Querido, você está bem? — Quando ela viu a cena, arregalou os olhos. — O que houve? O que está fazendo?

Ela se aproximou, mas o marido a impediu.

— Não se aproxime. Me deixe sozinho. Não quero que você e o mestre me vejam assim. — Ele abaixou a mão que estava com a tesoura e virou o rosto, com a respiração afobada.

Shunrei se lembrou das palavras de Dohko. Respirou fundo e pediu serenidade.

— O mestre já foi. Sou só eu, meu amor. Confie em mim.

— Shunrei... — Ele travou os dentes, tentando engolir o nós em sua garganta.

— Meu amor, sou eu. — Ela fez carinho no braço dele e com delicadeza pegou a tesoura de suas mãos. — Você não está sozinho, Shiryu. Deixe-me fazer isso por você.

Ele se virou e a olhou nos olhos. Ambos tinham lágrimas represadas.

A garota passou as mãos pelos cabelos do marido e tocou a mexa mais curta que ele havia cortado.

— Os cabelos começaram a cair?

— Sim.

— E você quer diminuir o tamanho?

— É melhor do que ficar parecendo um mostro.

— Shiryu, é impossível que você fique parecendo um monstro. É o homem mais bonito que já existiu. Ainda que perca todo o cabelo, sua beleza jamais será anulada. Lembra-se daquela cerejeira que adoeceu e perdeu todas as folhas? Aquela na qual escrevemos nossos nomes quando éramos crianças?

— Eu me lembro...

— Pensamos que ela tinha morrido. Mas mesmo com o tronco e os galhos secos e opacos, ela ainda era maravilhosa. E tinha os nossos nomes. Duas primaveras depois ela nos surpreendeu, cheia de flores e revigorada.

O rapaz baixou o rosto e fechou os olhos.

— Eu queria acreditar que acontecerá comigo o mesmo que aconteceu com a nossa árvore.

— Precisamos acreditar!

Ele balançou a cabeça.

— Nós dois sabemos o que vai acontecer, Shunrei.

A moça sentiu um violento nó na garganta e as lágrimas desceram.

— Não diga isso.

— Eu sinto muito.

Ela o abraçou forte, com medo de que algum dia não o visse nunca mais.

— Não perca a esperança, Shiryu. Não desista, por favor.

— Precisamos encarar a verdade, Shunrei. Eu preciso dizer a você tudo o que temos e como você ficará segura quando eu não estiver mais aqui. Tenho um dinheiro guardado no banco e algumas ações em uma das empresas da Saori. Tenho um seguro de vida que permitirá que você não precise se preocupar com dinheiro. Acho que terá direito a uma pensão...

— Pare, por favor! — Ela colocou os dedos sobre os lábios do marido. — Eu não quero ouvir.

— Precisamos conversar sobre isso.

— Não, não precisamos. O que eu preciso é que você reaja e lute pela sua vida.

— Eu... estou tentando.    

Ela pegou a mão do rapaz e a colocou sobre o seu ventre. O bebê estava mexendo.

— Veja, querido. É o nosso bebê.

Shiryu conseguiu sentir os movimentos da criança e sorriu.

— Ele fica assim o dia todo?

— De uns tempos pra cá, sim. Acho que o espaço está ficando pequeno para ele. — Ela sorriu de volta.

— Eu quero tanto segurá-lo em meus braços.

— Você vai, meu amor.

Shunrei segurou as mãos do marido entre as suas. Shiryu respirou fundo e se levantou, recolhendo o lençol do chão.

— Fiz uma bagunça no quarto, me desculpe.

— Deixe isso comigo. — Ela se levantou e abriu a porta. — Venha, vamos cortar o seu cabelo.

Ele assentiu e a seguiu. Antes de sair do quarto, olhou-se no espelho despedindo-se da sua imagem de cabelos longos e brilhantes.

Shunrei colocou uma cadeira no quintal onde o marido sentou. Amarrou em volta do pescoço dele um lençol limpo e com um pente e a tesoura aboliu os cabelos pretos e longos do Dragão, fazendo um bonito corte tradicional, com os fios bem curtos. Em seguida, ela o limpou, tirou o lençol e trouxe um espelho para mostrar o resultado ao rapaz.

— Ficou bom. Preciso me acostumar com esse novo visual.

— Você está um gato.

— Estou é?

Ela sentou no colo do marido e enroscou os braços em seu pescoço.

— Você está lindo, meu amor.

Shiryu a abraçou a passou a mão no rosto dela.

— O que seria de mim sem você?

— Um homem triste e sozinho — ela brincou.

— Tem razão. Você é minha alegria.

Shunrei sorriu e beijou os lábios do esposo, que correspondeu apaixonado.

Alguns pássaros cortaram o céu e a chaleira apitou na cozinha.

— Vou desligar o fogo e trocar a roupa de cama. Por que não toma um banho e coloca uma roupa mais confortável? Vou fazer um bolo bem gostoso.

Ela entrou na casa e Shiryu permaneceu sentado. Olhou para o céu e respirou fundo. Passou a mão pelos cabelos curtos. Era uma sensação estranha, de que algo estava faltando.

— Bobagem! Não sou vaidoso. Posso passar por isso. Eu preciso parar de ser um covarde!

Se ergueu, entrou na casa, foi até o quarto e pegou uma roupa limpa. O mal estar de mais cedo havia passado.

Entrou no banheiro e tomou uma chuveirada. Lavou os cabelos, ensaboou o corpo e deixou a água fria levar embora a espuma e o desespero.

Saiu do banheiro de short, sem camisa, enxugando os cabelos molhados. A cama estava arrumada e limpa e Shunrei o esperava deitada, com uma camisola de seda amarela.

Shiryu sorriu e deixou a toalha sobre a cadeira. Os cabelos úmidos e arrepiados o deixaram lindo, com aquele peitoral malhado, os braços fortes, as pernas grossas, o abdome definido e o rosto perfeito.

— Podemos só ficar abraçados se você não estiver se sentindo muito bem — disse ela, tímida.  

— Estou me sentindo ótimo — ele respondeu, ajoelhando-se na cama e deitando por cima da esposa, beijando-a com intensidade. 



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