— Pra onde o Ikki e a Seika foram?
— Não faço a mínima ideia. Por que está tão preocupada? Tem medo de ficar a sós comigo?
— Não estamos a sós, a boate está cheia de gente. Além disso... que mal você pode me fazer?
— Jamais faria mal a você, Freya.
— Então não há porque eu ter medo.
— Você tem medo sim, tem medo de se apaixonar — Máscara da Morte bebeu um gole do uísque e deu um sorriso presunçoso.
A garota escancarou os olhos, surpresa pela audácia do cavaleiro. Algumas memórias tristes lhe vieram à mente e seus olhos ganharam uma sombra cinza.
— O que foi? Falei besteira, né? Me desculpe. — Máscara segurou a mão da garota, arrependido por ter uma língua tão ferina.
— Você está certo. Eu tenho medo. Já me apaixonei uma vez e quando o perdi foi uma dor muito grande. Não quero passar por isso de novo.
— Está falando do Hyoga?
Os olhos da moça arregalaram-se ainda mais.
— O quê?
— Não precisa mentir, Freya, há boatos de que na batalha de Odin você acabou se encantando pelo Cavaleiro de Cisne.
A moça se levantou, com a face vermelha, e disse:
— Desde quando você é meu confidente? Aqui não é lugar para esse tipo de conversa! — Ela saiu de perto dele, sem olhar para trás.
— Espere, aonde vai? — Máscara a seguiu, dando um tapa em sua própria testa. — Estúpido, por que não cala essa boca?!
Freya saiu da boate e atravessou a rua.
— Ei, espere, vamos conversar, não fique constrangida. Você não me deve nada — ele foi atrás dela.
Freya e Máscara caminharam pareados, em silêncio, até que atravessaram a avenida e sentaram em um banco público.
— Quem contou a você sobre Hyoga?
— Eu... não me lembro. Algum cavaleiro de ouro. Foi em uma conversa fiada de bar, nada de mais.
— Nunca houve nada entre mim e o Cavaleiro de Cisne. Hyoga é um homem íntegro e estava focado na batalha. Ele não se permitiria distrair para perder tempo com flertes. Além disso, não acredito que ele seja esse tipo de cara.
— Que tipo de cara?
— Que sente desejo por uma mulher e tenta persuadi-la a ficar com ele.
— Caras como eu.
— Isso mesmo.
Máscara fez uma careta.
— Então está me dizendo que o Hyoga é gay?
— Não se faça de bobo. Sabe muito bem o que estou dizendo. Estou dizendo que se o Hyoga me amasse, ele teria pedido permissão à Srta. Hilda para se aproximar de mim. E então seríamos amigos, e depois, talvez, teríamos um compromisso.
— Deixa eu ver se entendi, você ficou a fim dele, mas o cara não te deu bola. É isso?
— Você é um idiota, sabia? — ela bufou.
— Olha só, por que não para de enrolar e diz logo na lata? Quem foi que partiu seu coração afinal? Foi o Hyoga?
— Eu e o Hyoga nunca tivemos nada, eu já disse! — Ela se alterou, irritada.
— Então quem?
— O único homem que eu amei foi o Hagen. Mas ele estava do lado errado da batalha e acabou perdendo a vida.
— Não faço ideia quem seja esse.
— Lutou contra Hyoga na batalha de Odin.
— E perdeu.
— Sim, Hyoga o venceu. — Ela baixou os olhos e suspirou.
— Eu... sinto muito por sua perda. Sei bem o que é enterrar alguém que amamos.
Freya o olhou, intrigada.
— Não me pergunte. Não quero falar sobre isso — Máscara virou o rosto, sério.
— Eu sei que está falando da Helena. Eu a conheci.
Máscara se levantou e contorceu a boca.
— Pensei que esta noite seria animada e estamos aqui, falando de perdas. Hora, vamos embora!
Ele saiu andando. De repente, sentiu a mão fina de Freya segurar a sua.
— Espere.
O rapaz se voltou para ela e a encarou.
— O que você quer de mim? Seja sincero. Não seja esse tipo de cara... — Freya o olhava, segurando sua mão.
— Eu sempre serei esse tipo de cara. Acredita que eu mudaria só pra ficar com você?
— Eu... acredito.
Máscara ficou surpreso. Não esperava ouvir aquilo.
— Eu gosto de você, Freya. Mas não posso prometer que me tornarei um príncipe. Olhe pra mim, sou isso aqui que você está vendo.
— Eu jamais permitiria que um homem como você chegasse perto de mim. Mas... por algum motivo inexplicável, nos aproximamos. Eu... aprendi a gostar de você.
Máscara travou os dentes, ficando tenso.
Freya enrubesceu e desviou os olhos.
— Está dizendo que vai me dar uma chance? — ele indagou.
— Pra que você quer uma chance? — ela perguntou, encarando-o no fundo dos olhos.
Máscara hesitou alguns instantes antes de responder:
— Pra tentar ser o tipo de cara pra você se apaixonar.
— Quer que eu me apaixone por você? — O olhar ingênuo de Freya deu lugar a uma expressão feminina e enigmática.
— Por que acho que vou enlouquecer se não ganhar um beijo seu. — Câncer deu um passo à frente.
O coração de ambos estava descompassado.
Freya tocou o braço forte do cavaleiro, deslizando a ponta dos dedos do ombro até o pulso.
— Tenho medo de você, sabia? Mas é exatamente isso que me atrai.
Ele deu mais um passo, a puxou pela cintura e cravou-lhe um beijo arrasador. Freya nunca havia beijado. Foi o primeiro beijo mais épico da história da humanidade.
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